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05/12/2013 1 Microbiologia e sanidade do pescado Agosto 2013 Lavras/MG Thales Leandro Coutinho de Oliveira UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS DEPARTAMENTO DE CIENCIA DOS ALIMENTOS CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS 2 Plano de aula: 1) Microbiologia e deterioração do pescado (in natura e processado); 2) Aspectos toxicológicos do pescado -Aminas e N-BVT (amônia e TMA) -Alérgenos (IgE) -Metais pesados 3) Parasitos em pescados; Deterioração do pescado: Introdução � Pescado é altamente perecível: 3 Aw favorável pH, tamponamento Rico em nutrientes: proteínas, fosfolipídios e ácidos graxos poliinsaturados Frouxa constituição do tecido conjuntivo Hiperemia (muco: glicoproteínas) Rápida instalação do rigor-mortis Fatores de crescimento Pobre em antimicrobiano naturais Microbiota psicrotrófica 4 Deterioração do pescado: Introdução Brânquias / Guelras Superfície: pele/couro/escamas Cavidade intestinal: Microrganismos Parasitos 05/12/2013 2 � Após capturado, o pescado deve ser imediatamente resfriado � Hiperemia>>>>microbiota superficial � Gelo fabricado e mantido em condições higiênicas � Higiene do barco, utensílios etc..(elevação da carga natural) � Tempo de exposição do pescado à Tambiente � Tempo x Temperatura x Higiene 5 Deterioração do pescado: Introdução Microbiota: aspectos quantitativos � Número e espécies de bactérias presentes no pescado vão influenciar sua decomposição; � Peixes de águas tropicas: microbiota mesófila Gram (+) � Peixes de água fria: microbiota Gram (-) � Psicrotróficas: Pseudomonas, Moraxella, Acinetobacter, Shewanella, Flavobacterium, Aeromonas, etc. � Pescado marinho ou de água doce - Reflete o local de onde foi capturado (qualidade ambiente aquat.) � Microbiota mais rica proveniente de locais mais poluídos � Muco e pele: 102- 106 UFC/cm2 � Fluido intestinal: 103-108 UFC/mL � Brânquias: 103-106 UFC/g 6 Carga inicial – potencial de conservação � Qualitativo (diversidade de espécies): � Quanto maior a contaminação ambiental, maior diversidade; � águas do alto mar contém quantidades muito pequenas de bactérias/mL � Águas costeiras podem estar muito contaminadas � Bactérias psicrotróficas: T ótima = 20-30ºC, mas conseguem crescer em temperatura de refrigeração causando deterioração do pescado. � Lavagem, evisceração, refrigeração imediata após a captura são formas de controlar o crescimento de MO. 7 Microbiota: aspectos qualitativos � Pescado água doce e marinho: � Microbiota semelhante � Psicrotróficos: Pseudomonas, Moraxella, Acinetobacter, Shewanella, Flavobacterium � Pseudomonas Aeromonas e Enterobactérias (coliformes) � Poluição fecal dos mananciais aquáticos - coliformes � Microbiota predominante do pescado: � A temperatura das águas de origem (++signf.) � Águas tropicais e frias/temperadas 8 Microbiota: aspectos qualitativos 05/12/2013 3 Classificação: Bactérias contaminantes do pescado: � A) Microrganismos deteriorantes: � Apresentam metabolismo que provocam a deterioração do pescado (proteolíticas, lipolíticas). Ex: pscrot. Pseudomonas e Aromonas. � B) Microrganismos indicadores de higiene/processo � Indicam as condições higiênicas do pescado. Ex: bactérias mesófilas, coliformes totais � C) Microrganismos indicadores de contaminação fecal � Coliformes termotolerantes: E. coli, Salmonella e Enterococcus faecalis9 Bactérias contaminantes do pescado: � D) Microrganismos indicadores de manipulação inadequada � Indicam falhas nos PCC: Staphylococcus aureus, Enterobactérias (Enterobactereaceae) E) Microrganismos capazes de causar doenças veiculadas ao pescado (patógenos) � Vibrio parahaemolyticus, V. cholerae, Listeria, Salmonella, E. coli enteropatogênica 10 11 Isolados de bactérias em pescados de origem marinha, estuarina e doce Matriz Bactéria Caranguejo Vibrio spp e Salmonella Ind. Process. Camarões Coliformes termotolerantes Ostras Vibrio parahaemolyticus e Vibrio cholerae Moluscos, peixes, camarões, lulas, filés de peixes Listeria monocytogenes, Pseudomonas sp. Process. Pescados em geral Salmonella e Shiguella, Escherichia coli Peixes de estuário Aeromonas hydrophila Carne de Siri Coliformes termotolerantes e S. aureus RDC n°12 (ANVISA item 7) – Coliformes termotolerantes; Stafilococccus coagulase positiva, Salmonella, Vibrio parahaemolyticus Importante: Listeria monocytogenes, A. hydrophila, Clostridium.. fora Deterioração microbiana do pescado � Se o pescado não for eviscerado imediatamente? 12 As bactérias do intestino vão para as paredes e cavidades intestinais, com o auxílio de: Enzimas proteolíticas do intestino (inerentes do peixe) – rigor, liberação e descompartimentalização enzimática Enzimas proteolíticas de origem bacteriana Rigor mortis>>>ATP/Glicogênio/ acumulo de lactato – efeito protetivo de pH Stress pré-abate = exaustão de reservas energéticas 05/12/2013 4 Microbiologia do pescado processado � Fontes primárias de contaminação do pescado: pele, brânquias e intestino: removidos resulta numa redução da contaminação do músculo >>>>>PROCESSAMENTO 13 In natura Pescado processado Microbiologia do pescado processado � Pescado resfriado e/ou congelado � Pescado abatido, manipulado, filetado ou recortado e congelado � Coliformes: E. coli, enterococcus e Estafilococos � Fonte de contaminação: manipulação do pescado, contaminação cruzada (facas, mãos) 14 Microbiologia do pescado processado � Pescado salgado � Salga � Método de conservação: desidratação osmótica � O sal poderá conter organismos halófilos = vermelhão no produto � Pescado defumado � Defumação � Método de conservação: redução da conteúdo de água � Fumaça elimina as formas vegetativas e não os esporos � Risco de crescimento do Clostridium botulinum � Pescado enlatado � Método de conservação: tratamento térmico (calor) � Esporulados (Bacillus e Clostridium) � Subprocessamento e falhas na recravação Pescados fermentados Acúmulo de ácidos (Anchovas a Aliche)15 Controle da qualidade microbiológica do pescado � Ambiente, manejo, sanidade (microbiota inicial) � Imediatamente após a captura: lavado, eviscerado e refrigerado. � Adotar no mínimo BPF � O gelo utilizado para resfriar o pescado deve ser preparado com água potável (Portaria 518 – MS) � Saúde dos manipuladores � Um plano de controle de qualidade APPCC deverá ser aplicado desde o barco/pesca até a comercialização 16 QUALIDADE: VIDA DE PRATELEIRA LONGA E SEGURANCA MICROBIOLOGICA 05/12/2013 5 Aspectos toxicológicos do pescado � Proteínas e NNP � Autólise pós-rigor mortis � Desenvolvimento de microrganismos � Produção de componentes nitrogenados pelas enzimas proteolíticas teciduais � Degradação das PTN a peptídeos e AA livres � Descarboxilases e desaminases microbianas � A degradação de AA origina as aminas biogênicas � Efeitos tóxicos e perigo potencial à saúde 18 Aspectos toxicológicos e ação microbiana 19 2) Aminas Biogênicas -Pescados elevado teor de proteínas – NNP (aa livres) x Autólise Crescimento microbiano – descarboxilases e desaminases ação sobre NNP (aa livres) Desacarboxilase R-CH2-NH2 + CO2 Aminas biogênicas Aspectos toxicológicos e ação microbiana 20 Principais produtos de decomposição de aa Lisina (descarb.) Cadaverina +CO2 Ornitina (descarb.) Putrecina + CO2 Histidina (descarb.) Histamina + CO2 Cisteina e Metionina H2S e dimetil sulfeto Acumulo de aminas biogênicas: odores pútridos alem de efeitos tóxicos e perigo potencial a saúde HISTAMINA 05/12/2013 6 21 HISTAMINA Histidina (aa) Histamina – Amina biogenicaAlergeno altamente ativo ao consumo humano (>50 mg/100g de pescado) Termoestavel – 102°C/3h Outros componentes nitrogenados � Deterioração: Produção de N-BVT � OTMA e Trimetilamina (TMA) e Uréia e amônia (NH3) � OTMA: naturalmente presente em pescado marinho � Promover o equilíbrio osmótico do tecido frente ao meio hipertônico � Post-mortem: OTMA (inodora) é reduzida à TMA (odor NH3) � Ação de sistemas enzimáticos microbianos (bac. psicrófilas) � TMA confere odor de pescado deteriorado � Amônia (microrganismos urease positivos) : NH3 (volátil e odor forte) 22 23 3) Nitrogênio das bases voláteis totais: N-BVT -Dimetilamina -Trimetilamina (TMA) -Amônia (NH3) Voláteis: N-BVT -Maiores componentes em termos quantitativos de reações químicas associadas a deterioração -Legislacao Nacional: 30mg/100g de carne N-BVT Trimetil oxido redutases (psicrotroficos) TMAOTMA Outros componentes nitrogenados Alérgenos em pescados � Os alérgenos alimentares são antígenos (proteínas ou glicoproteínas) capazes de estimular o sistema imunológico do corpo para produzir anticorpos específico imunoglobulinas (IgE - anticorpos). � IgE – acumulado >>>receptores específicos>>>alergia � Pessoas com alergia a peixe produzem anticorpos específicos contra sequência de AA encontrados específicamente encontrados nas proteínas do pescado. 24 05/12/2013 7 Alérgenos em pescados � O alérgeno principal em crustáceos (camarões) e moluscos é a proteína tropomiosina. � Tropomiosina dos invertebrados é alergênica � Tropomiosina dos mamíferos não é alergênica � Glicoproteína – (Gadc1 – reconhecida como antígeno) - bacalhau 25 A alergia a crustáceos e peixes são as formas mais comuns de alergia alimentar. Sintomas: dificuldade respiratória, coriza, espirro, vômitos, náuseas, cólicas abdominais e diarréia. Em alguns casos anafilaxia (risco de morte): inchaço da boca, espirros severo e falta de ar. Metais pesados em pescados � Muitos elementos são essenciais em baixas concentrações, mas podem ser tóxicos em altas concentrações Cádmio, mercúrio e chumbo são tóxicos mesmo em baixas concentrações, ingeridas durante longo período � Metal pesado no pescado é decorrente do habitat � Proporção e concentração dos metais varia de acordo com o ambiente que o pescado vive � Mar aberto: ainda pouco afetado pela poluição � Áreas poluídas (atividade industrial) ou água sem intercâmbio com os oceanos � Concentração maior de metais pesados 26 Metais pesados em pescados � Pescado absorve metais pesados através da alimentação (fitoplancton) e água (passa pelas brânquias) � Metais pesados: altas concentrações em peixes grandes e adultos � Efeito cumulativo: � Hg � Pb � Zn � Cd � Al 27 Parasitos em pescado 05/12/2013 8 Parasitos em pescado � Consumo de pescado � Alimentação saudável � Fácil digestibilidade � Altos níveis protéicos / perfil de aa favorável � Baixo teor de gordura � Ácidos graxos insaturados (W-3, EPA, DHA). � Se ingeridos crus ou semi-crus e não tomadas as medidas de controle e prevenção Problemas de saúde pública � O pescado marinho e de água doce possuem uma vasta fauna parasitológica (parasitos) � Espécies capazes de infectar o ser humano � Alguns produzem toxinas que causam reações adversas 29 30 Parasitos em pescado Formas parasitárias relevantes: 1) Classe cestoda (cestóides): - Ordem Pseudophyllidea – patologia relevante (difilobotriose humana) - OrdemTrypanorhyncha 2) Classe nematoda (nematóides): -Ordem Ascaridoidea, família Anisakidae 3) Classse Trematoda (trematódeos) Difilobotriose humana � Zoonose causada por parasito da ordem Pseudophyllidea gênero Diphyllobothrium � Associada ao consumo do pescado cru, mal cozido, defumado a frio – estado larval (plerocercóide) � Muito frequente nos países asiáticos � No Brasil: consumo de sushi e sashimi (salmão importado) � O verme parasitário se instala no intestino delgado humano onde ataca a mucosa (10m e mais 3000proglotes) � Serviço de Inspeção Sanitária adota normas e procedimentos para detectar presença e controle de parasitos 31 32 05/12/2013 9 33 Trypanorhyncha � Não são transmissíveis ao homem (não causam patologias) � Altas taxas de infecção em peixes teleosteos � Na inspeção e higiene do pescado têm importância pelo aspecto repugnante que causa nos consumidores � Os peixes contaminados devem ser descartados pelo Serviço de Inspeção 34 35 36 candling table 05/12/2013 10 Nematoda - Anisakidae � O ser humano é hospedeiro acidental � Ingestão de pescado cru � Anisaquiose � Invasão da mucosa gástrica ou intestinal – sintomas gastrintestinais � Reações alérgicas com presença de urticárias � No Brasil, até o momento não existem relatos de anisaquiose humana 37 38 39 Controle e Prevenção � A utilização de congelamento (-20 ºC) por 7 dias ou (-35 ºC) por 15 horas inviabiliza as larvas de anisaquídeos e plerocercóides (Diphyllobothrium) � Prevenção pela não ingestão de carne crua de peixes � Cozimento: 70 ºC / 7-10 minutos � Salga e defumação a quente inviabiliza as larvas � Observação física utilizando mesa de inspeção (candling table) – permite visualização de larvas na musculatura 40 05/12/2013 11 41
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