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REUMATISMOS DE PARTES MOLES SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL CONCEITO A síndrome dolorosa miofascial (SM) é um quadro de dor muscular regional associado à presença de um ou mais pontos gatilhos (PG). Os PG são definidos como pontos de sensibilidade exacerbada presentes em bandas palpáveis tensas nos músculos e em suas fáscias. Quando palpados, dão origem a dor e fenômenos autonômicos e de hipersensibilidade dolorosa em áreas referidas de seu sítio (quadro 1). Pontos gatilhos = Trigger point = foco de hiperirritabilidade EPIDEMIOLOGIA A SM é a principal causa de dor musculoesquelética, com uma prevalência ao longo da vida de até 85%, sendo responsável por 30% dos quadros dolorosos crônicos na população geral. A maior parte dos casos de dor lombar e cervical crônica, cefaleia tensional, dor orofacial, entre outras, encontra-se associada a SM. Acomete ambos os sexos, principalmente na faixa produtiva. Em alguns estudos foi verificada a presença de SM em 54% dos pacientes c/ cefaleia ou cervicalgia crônica, e em 85%, com queixa dolorosa lombar. FISIOPATOLOGIA Uma sobrecarga da capacidade muscular, gerando uma alteração metabólica responsável pelo surgimento de um foco de contração contínua. QUADRO CLÍNICO A dor musculoesquelética regional é o principal sintoma, podendo ser em peso, queimação ou latejamento, e pode ocorrer de forma contínua ou em surtos. A região dolorosa depende da localização do PG. Este pode ser classificado como ativo ou latente. O PG ativo é aquele associado ao quadro doloroso espontâneo e, quando palpado, reproduz total ou parcialmente a dor referida pelo paciente. A região referida de dor em geral encontra-se distalmente ao PG, e sua intensidade é consequencia da força empregada na manipulação. O PG latente não apresenta essa capacidade de reprodução, sendo um ponto doloroso com potencial de tornar-se ativo. Os PG ativos podem localizar-se em qualquer músculo e geralmente situam-se no interior de uma banda de contratura muscular, denominada “banda rígida”. Além da dor, pode-se observar uma contração muscular local (twitch response) durante a palpação ou agulhamento do PG. Com a destruição do PG por agulhamento, há um alívio ou até desaparecimento dos sintomas. Frequentemente observa-se contratura ou rigidez muscular limitando o movimento, porém ser perda objetiva de força, mas muitos pacientes queixam-se de fraqueza muscular subjetiva, decorrente de dor e fadiga muscular regionais. A dor pode se agravar na manipulação exagerada da região, ocasionando contraturas musculares. A diminuição da mobilidade e posturas viciosas podem contribuir para o aparecimento de novos PG, amplificando o quadro. Manifestações do sistema nervoso autonomo, como distúrbios vasculares (palidez ou vermelhidão da pele e mudanças de temperatura, para calor ou frio), piloereção e mudanças no padrão de sudorese pdoem estar presentes. PG localizados nos músculos da face e pescoço pdoem desencadear sintomas como lacrimejamento, vermelhidão da conjuntiva e secura ocular. Embora formigamento e dormência sejam sintomas frequentes, inexistem anormalidades neurológicas que as justifiquem. Distúrbios do sono, stress emocional e alterações do hábito intestinal podem estar associados e podem agravar o quadro. Outras condições musculares podem desencadear ou cronificar o quadro miofascial, como isquemias, compressões neurológicas, macro e microtraumas, inflamações, sobrecarga funcional, má postura, deformidades e deficiências nutricionais. Dor muscular mal definida, profunda e descrita como fisgada ou queimação, geralmente c/ sensação de rigidez local Agravada pelo uso, estresse psicológico, ansiedade, frio e desequilíbrio postural. EF a palpação do ponto doloroso desencadeia dor desproporional a força aplicada Mais comuns em regiões da cabeça e pescoço. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clinico, por intermédio de uma história bem elaborada e exame físico minucioso. A presença do PG e a reprodução dos sintomas pela sua palpação são imprescindíveis ao diagnóstico. Os exames laboratoriais e de imagem são normais e devem ser solicitados para afastar diferenciais. O mesmo ocorre com exames de neurocondução, porque não é um problema neurológico. O diagnóstico diferencial com SM deve ser realizado diante de qualquer outra causa de dor musculoesquelética regional, principalmente os espasmos musculares, as artropatias mecâncias e inflamatórias periféricas ou axiais, as radiculopatias compressivas ou não, as síndromes de compressões nervosas periféricas, miopatias inflamatórias ou não, tendinites, tenossinovites e bursites. Outro diagnóstico diferencial importante é a FM. Para diferenciar basta lembrar que a FM é caracterizada pela presença de dor e hipersensibilidade dolorosa a pressão, difusa, e a SM é caracterizada pela presença de dor muscular regional associada aos PG. Obs: importante sobreposição de FM com SM, sintomatologia semelhante, alguns autores dizem que compartilhariam o mecanismo fisiopatológico, ou que SM seria um quadro minor de FM. TRATAMENTO Como toda condição crônica dolorosa, há necessidade de esclarecimento adequado do quadro ao paciente. O tratamento básico consiste no controle da dor e no recondicionamento funcional da região afetada, com inativação dos PG inativados manualmente por procedimentos invasivos ou não, e devem ser associados a sessões de alongamento da musculatura retraída. Agulhamento do ponto de contração muscular a seco ou lidocaína 1% Correção postural e ergonÔmica Alongamento + sprEy congelante