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GESTÃO E MAPEAMENTO DE PROCESSOS AULA 2 Prof. Roberto Candido Pansonato 2 CONVERSA INICIAL Após conhecer os conceitos de processo e de gestão por processos e entender a importância do fluxo horizontal nas organizações, para se absorver melhor este pensamento faz-se necessário ter uma visão sistêmica de todo o processo. Vamos iniciar a aula 2 com foco na compreensão do mapeamento e da modelagem de processos e suas principais técnicas e ferramentas. Vamos aos temas desta aula: 1. Modelagem e técnicas de notações de processos 2. Notações I (BPMN e Fluxogramas) 3. Notações II (SIPOC, Cadeia de Valor e VSM) 4. Notações III (Diagrama Tartaruga e Service Blue Print) 5. Fluxo de Processo e técnicas para mapeamento De acordo com Müller (2003), o mapeamento tem papel de relevância dentro das empresas: O mapeamento de processos nos permite definir e destacar quais são as atividades-chave da empresa, bem como as medidas de desempenho que possibilitarão o estabelecimento de um sistema de controle simultâneo sobre as atividades. Com o mapeamento, é possível visualizar onde e porque os recursos da empresa são alocados. A partir do mapeamento, é possível identificar as oportunidades de melhoria e compreender como as atividades se comportam nos processos de negócio das organizações, tanto para processos correntes como para processos propostos. CONTEXTUALIZANDO A empresa XYZ é uma indústria fabricante de produtos para o segmento de telecomunicações. Em determinado momento, houve um problema na entrada de material de fornecimento de uma empresa terceirizada em condição de anormalidade (fora das especificações dimensionais). Este material, depois de montado com os demais itens para formação do produto final, foi enviado ao cliente, que detectou uma falha no produto, o que ocasionou uma reclamação. Segue o fluxo de processo apresentado (resumido): 3 Figura 1 – Trecho de um fluxograma Como ocorre na maioria das empresas, focou-se mais a busca de possíveis culpados do que a solução da não conformidade, não se chegando a uma solução sistêmica. Agora responda à questão proposta: De acordo com o fluxo estabelecido e com as informações anteriores, um dos motivos que pode ter causado este problema foi: a. Falta de implantação de técnicas de liderança dentro da organização. b. Comunicação ineficiente no processo. c. Ausência de responsabilidades no fluxo de processo. d. Não houve falha no fluxo, pois o ocorrido é inerente a qualquer processo. e. Não seguimento as regras propostas por Frederick Taylor. Análise Neste caso específico que aconteceu em uma empresa real, a causa-raiz estava na indefinição de responsabilidades das atividades dentro do processo estabelecido (procedimento com fluxograma sem raias e/ou sem indicação de responsáveis – handoffs – que será visto mais adiante). Essa indefinição fez com que os procedimentos de inspeção não fossem elaborados, ocasionando falta de informações para o controle de recebimento, o que causou sérios problemas ao cliente. O mapeamento de processos tem como um de seus objetivos apresentar de forma clara os diversos processos de uma empresa e suas respectivas atividades, para que se possa analisá-los e propor as possíveis melhorias. Portanto, resposta certa: alternativa c. TEMA 1 – MODELAGEM E TÉCNICAS DE NOTAÇÕES 4 Como dito anteriormente, o objetivo do mapeamento de processos é buscar um melhor entendimento dos processos existentes e dos futuros para melhorar o nível de satisfação do cliente e aumentar desempenho do negócio, sendo uma ferramenta básica e primordial para execução da Gestão por Processos. Para melhorarmos o nível de entendimento desta disciplina, é importante diferenciarmos alguns termos que ainda geram confusões, tanto no meio acadêmico quanto no meio empresarial, entre Gestão por Processos, Mapeamento de Processos e Modelagem de Processos. Mesmo na literatura técnica especializada não existe um consenso, principalmente referente a mapeamento e modelagem e interpretações de tradução de termos técnicos. Gestão por processos, como mencionado na aula 1, trata-se de um conceito de gestão em que as empresas se organizam por processos, o que requer uma visão horizontal, com as pessoas trabalhando não mais em uma função, mas em um processo voltado para o cliente. “Existem responsáveis pelos processos e não pelos departamentos e funções” (Hammer, 1998). Para retratar esses processos são utilizadas as ferramentas de mapeamento e modelagem de processos. O CBOK 2.0 (ABPMP, 2009) define modelagem como “um mecanismo utilizado para retratar a situação atual e descrever a situação futura dos processos de negócios”. Tem como objetivo otimizar os processos executados dentro de uma organização. Pode ser dividida em dois grandes momentos de análise do ambiente de negócio: situação atual (as is) e situação proposta (to be), portanto entende-se modelagem como sinônimo de mapeamento. No conceito anterior, o termo desenho, proveniente da tradução para o português do termo design, refere-se à criação de novos processos ou modificações em processos existentes. Em uma outra definição, mapeamento de processos é o entendimento de processos já existentes, por meio da sua descrição e representação gráfica, identificando sua inter-relação. É extremamente útil às empresas, visto que com ele consegue-se ter uma visão ampla e mais clara da organização. A modelagem de processos, apesar de ser um conceito comumente citado junto com mapeamento, faz uma análise mais específica e profunda do processo, criando um modelo de seu funcionamento com vistas a atingir algum objetivo, como automação ou acompanhamento de longo prazo, por exemplo. 5 Para a condução desta disciplina, iremos adotar as definições descritas anteriormente, estabelecendo o mapeamento como a descrição de um processo (existente ou não) e a modelagem como o ajuste necessário conforme modelo a ser objetivado (de cunho administrativo, financeiro etc.). Mapeamentos ou modelos devem ser fáceis de entender, objetivos e claros. Atualmente existem várias formas de notações gráficas. Conforme Pavani Junior e Scucuglia (2011), existem três fatores que devem ser levados em consideração para escolha da melhor notação: a cultura da empresa a ser mapeada, os níveis de compreensão das partes interessadas em ler o modelo e o nível de detalhe e informações exigido para o objetivo do modelo. A seguir serão representados os principais tipos de notações utilizados para modelagem de processos. TEMA 2 – NOTAÇÕES (I) – (BPMN E FLUXOGRAMAS) 2.1 BPMN Business Process Modeling Notation (BPMN) é um padrão de notação relativamente novo. É seguramente a maior e mais amplamente aceita notação para modelagem de processo por profissionais de BPM, porém, como possui uma simbologia especial, carece do conhecimento do grande público (profissional, acadêmico etc.). A seguir, apresentamos os principais tipos. Figura 2 – BPM: Diagrama de fluxo de tarefas simples Fonte: CBOK-V 2.0 6 Figura 3 – BPMN: Diagrama de fluxo de tarefas mais detalhado e complexo Fonte: ABMP, 2014. Figura 4 – BPMN: Diagrama tradicional com raias Fonte: CBOK-V 2.0 2.2 Fluxogramas Provavelmente o padrão de notação mais utilizado é baseado em um conjunto simples de simbologia para tarefas, decisões e outros elementos primários do processo. Esse tipo de notação está associado ao surgimento do movimento de Gestão Total da Qualidade (TQM), que surgiuda década de 1950 Fonte: CBOK-V 2.0 7 e foi amplamente utilizado na década de 1970 para representação de fluxos de processos. Existe um padrão de simbologia baseado na norma AISI para fluxogramas, entretanto algumas derivações são utilizadas por profissionais de diversas áreas que adaptam os fluxogramas de acordo com as necessidades pertinentes. No entanto, um típico fluxograma deve ter uma tipologia específica, que será vista mais adiante. 2.3 Fluxograma simples (tradicional) Provavelmente entre os fluxogramas é o modelo mais utilizado em função da facilidade de aplicação. O inconveniente dessa notação é o fato de ela não mostrar os departamentos (ou funções) pelos quais fluem os processos, portanto é mais indicada quando o processo está restrito a um único departamento ou função. Figura 5 – Fluxograma simples 2.3 Fluxograma com raias ou funcional Notação que representa como o fluxo de trabalho cruza unidades organizacionais (departamentos, setores, áreas ou cargos da organização). Possui este nome porque as unidades organizacionais são semelhantes às raias de uma piscina. A vantagem da utilização de raias, como foi evidenciado na problematização, é que a notação permite uma fácil visualização dos 8 departamentos envolvidos no fluxo. Nesse aspecto, é importante salientar a expressão handoff, que significa transferência de controle, tal qual identificado nas raias. A princípio, é de senso comum entender que quanto menor o número de handoffs, mais bem-sucedido é o processo. Figura 6 – Fluxograma com raiais ou funcional TEMA 3 – NOTAÇÕES (II) – (SIPOC, CADEIA DE VALOR E VSM) 3.1 SIPOC – Suppliers/Inputs/Process/Outputs/Customers Tipo de documentação utilizada em Six Sigma. Esta simbologia possibilita visualização simples de um fluxo com a identificação de fornecedores, entradas, processos, saídas e clientes. Como benefício desta notação, pode-se destacar: a. Identifica claramente as fronteiras do processo em estudo; b. Resolve conflitos de equipe; c. Assegura que o analista tenha alcance e controle sobre o processo a ser estudado; d. Identifica os requisitos básicos. 9 Tabela 1 – SIPOC dos processos realizados no galpão da associação Fonte: Lobato, 2010. 3.2 Cadeia de Valor Notação introduzida por Michael Porter e tipicamente aplicada em Planejamento Estratégico, pressupõe um fluxo simples da esquerda para a direita dos processos que contribuem para gerar valor aos clientes. Uma cadeia de valor representa o conjunto de atividades desempenhadas por uma organização desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção e de venda até a fase da distribuição final. A adoção da gestão por processos de forma corporativa quase pressupõe obrigatoriamente a existência de cadeias de valor para representar graficamente a lógica de interação dos macroprocessos de uma organização. É muito importante essa representação para abordar as relações genéricas entre os processos da companhia (Pavani Junior; Scucuglia, 2011). 10 Figura 7 – Cadeia de Valor Genérica Fonte: Porter, 1996. 3.3 VSM – Value Stream Mapping (Mapeamento do Fluxo de Valor) Notação bastante utilizada em programas de Lean Manufacturing (Produção Enxuta). Na Toyota, é conhecido como Mapeamento do Fluxo de Informação e Material. Parte do pressuposto de mapear um fluxo de valor num quadro mais amplo, não só os processos individuais – ou seja, melhorar o todo, não só otimizar as partes. É uma ferramenta que ajuda a enxergar e entender os fluxos de materiais, informações e de processos/pessoas para eliminação dos desperdícios e agregação de valor ao cliente. O mapa de fluxo de valor é uma ferramenta qualitativa com a qual se descreve em detalhe como a sua unidade produtiva deveria operar para criar o fluxo. Números são bons para criar um senso de urgência ou como medida de comparações entre antes e depois. O mapeamento do fluxo de valor é bom para descrever o que você realmente irá fazer para chegar a esses números (Rother; Shook, 2003). A Figura 8 demonstra um exemplo prático dessa ferramenta. 11 Figura 8 – Mapeamento do fluxo de valor Fonte: LEAN Summit, 2014. 12 TEMA 4 – NOTAÇÕES (III) – (DIAGRAMA TARTARUGA E SERVICE BLUE PRINT) 4.1 Diagrama Tartaruga Linguagem utilizada em algumas empresas que buscam certificação da gestão da qualidade baseada na norma automotiva ISO/TS 16949. O nome deste diagrama é uma referência ao formato de sua representação, que se assemelha a uma tartaruga vista de cima. Esta ferramenta é composta de quatro perguntas sobre o processo (pernas da tartaruga) e duas perguntas referentes às entradas e saídas do processo (cabeça e rabo da tartaruga). O diagrama apresenta os seguintes elementos: Descreve o processo e as suas atividades principais, podendo ser descrito em forma de fluxograma; Indica como o processo será realizado, incluindo métodos, processos e técnicas necessárias para a sua realização; Lista os materiais, equipamentos e ferramentas necessárias para o processo; São informadas as competências (treinamento, habilidade e conhecimento) que os executantes do processo devem dominar; Indica como o processo será medido e avaliado; São relacionadas as entradas necessárias para a realização do processo; Indica as saídas, ou seja, o que deve ser entregue. Figura 9 – Diagrama tartaruga Fonte: AIGA, 2009. 13 4.2 Service Blue Print Trata-se de uma linguagem dedicada ao mapeamento de serviços. O Service Blueprint foi uma das primeiras técnicas desenvolvidas para o mapeamento de processos de serviços devido à falta de um método sistemático para projeto e controle, diferenciando-se dos demais fluxogramas por considerar o aspecto da interação com o cliente (Shostack, 1984). Cada vez mais a atuação de profissionais da área de engenharia vem sendo utilizada no setor de serviços, no entanto as ferramentas tradicionais de mapeamento de processos não cobriam eficazmente o mapeamento de serviços, pois neste caso o cliente de serviços faz parte do processo de transformação, o que torna difícil a separação entre o projeto do produto e o projeto do processo. Em muitas organizações, os processos ocorrem na presença do cliente (front office ou operações de linha de frente) e outros sem a presença dos mesmos (back office ou operações de retaguarda). O Service Blueprint oferece ao profissional de mapeamento a oportunidade de identificar essas duas frentes, conforme demonstrado na figura a seguir. A principal diferença do Service Blueprint para os outros fluxogramas tradicionais é que ele unifica o cliente e suas ações na mesma estrutura juntamente com toda a operação envolvida, proporcionando a leitura dos processos sob a perspectiva também do cliente e não só da empresa, agregando assim uma visão mais ampla para análise e tomada de decisão. Figura 10 – Exemplo de Service Blueprint em um processo de entregas de refeições Fonte: Adaptado de Mello et al., 2002. 14 TEMA 5 – FLUXO DE PROCESSOS E TÉCNICAS PARA MAPEAMENTO 5.1 Fluxo de processos Para se conseguir elaborar um mapeamento de processos, é necessário que se tenha informações sobre as atividades desempenhadas na organização. Essas atividades devem ser obtidas por meio de entrevistas ao profissional de modelagem (ou mapeamento) de processos e representadas graficamente por fluxos. Dentre as diversas notações para mapear processos, nenhuma delas tem se mostrado mais eficaz do que o fluxograma, por sua simples notação que proporcionaum fácil entendimento e compreensão dentro das organizações. Conforme Pavani Junior e Scucuglia (2011), “a modelagem do estado atual (As-Is) pressupõe o retrato fiel da realidade corrente dos processos da organização”. Além disso, “a estrutura hierárquica funcional deve ser representada no mapeamento, sendo um dos fatores para mensurar a qualidade da modelagem” (ABPMP, 2009). Portanto, para organizações ainda com a filosofia de gestão por processos não internalizada (ou em fase de amadurecimento), é necessária a escolha de uma notação que considere a realidade dos cargos do organograma vigente. Neste caso, os fluxogramas atendem plenamente a esse requisito, conforme mostrado na Figura 11. Figura 11 – Estruturas Organizacionais por Processos Fonte: Paim et al., 2009. 15 5.2 Técnicas para mapeamento Para inserir as atividades em forma de fluxo em um mapa de processos, é primordial que se relembre a definição de processo. De forma simples, Harrington (1993) define processo “como uma ação que recebe uma entrada (input), transforma agregando valor e gera uma saída (output)”. Se fizermos uma simulação de uma entrevista para se obter dados das atividades e compor o processo de lavar carros em um posto de combustíveis, por exemplo, provavelmente iremos ouvir do lavador de carros instruções como posicionar o carro dentro do local de lavagem, fechar os vidros, abrir a mangueira de água pressurizada, fazer a primeira lavagem somente com água para eliminar excessos de barro ou poeira etc. Acredito que raramente o lavador saberá dizer o que ele recebe e o que ele entrega – ou seja, recebe carros sujos e entrega carros totalmente limpos –, que são as entradas e saídas de um processo. Portanto, além das atividades, que supostamente todos que as executam devem conhecer, também as entradas e saídas devem ser mencionadas no fluxo. O que se percebe nas organizações é que muitos colaboradores (assim são chamados na maioria das empresas), se questionados sobre o que recebem e o que entregam, provavelmente terão dificuldades em responder a esta questão. Assim sendo, o entendimento desses elementos é de suma importância para criação do mapeamento do processo. Para definição de como iniciar um trabalho de mapeamento dentro de uma empresa, dois principais modos de abordagem podem ser utilizados: Efeito chuveiro (top-down ou de cima para baixo): nesta abordagem, são definidos quais são os processos organizacionais por meio de reuniões, workshops, brainstorm ou por determinação de executivos. A partir deste momento, o profissional de mapeamento inicia o trabalho por meio de fluxogramas (ou outro tipo de notação). É a abordagem mais comum e a mais utilizada na condução de mapeamentos. Efeito bidê (bottom-up ou de baixo para cima): nesta abordagem, tem-se como premissa que os fluxogramas devem ser realizados com base nas atividades, porém a definição dos limites dos processos deve ser feita após a existência dos mesmos, em que se obtém o encadeamento real das atividades a partir de fatos e evidências. 16 Figura 12 – Diferenças entre duas alternativas de abordagem Fonte: Pavani Junior; Scucuglia, 2011. 5.3 Critérios para mapeamento de processos A princípio, mapear processos por meio de fluxogramas ou outro tipo de notação parece ser algo relativamente fácil, mas não é bem assim. Processos mal mapeados não irão traduzir na realidade a metodologia utilizada pela empresa estudada. Por experiência, muitas vezes erros no mapeamento fazem com que algumas empresas se precipitem ao adquirir softwares para gestão de processos que não funcionam na prática. São recursos gastos sem que de fato se agregue valor aos processos da organização. Portanto, alguns critérios devem ser levados em consideração. A seguir serão apresentados dez passos importantes para mapear e modelar um processo. Não se trata de uma receita ou regra rígida a ser seguida, mas sim um guia para melhor aplicação dos conceitos de modelagem (elaborado com base em <www.comexito.com.br>). Passo 1 - Identificar os objetivos do processo a. Os objetivos do processo estão relacionados com a razão de existir do processo e com o papel que ele exerce na organização. b. Entender os objetivos do processo é fundamental para avaliar o quanto o processo adiciona valor, bem como para classificar e selecionar seu correto tratamento. Passo 2 - Identificar as saídas do processo a. Saídas são produtos ou serviços produzidos por um processo. 17 b. Saídas podem ser físicas (um relatório ou um produto físico como um televisor, por exemplo) ou informações, como uma decisão. c. Todos os processos, independentemente de seu tamanho ou complexidade, transformam entradas em saídas. Passo 3 - Identificar os clientes do processo a. Muitas pessoas foram ensinadas a reconhecer os clientes como pessoas que recebem produtos acabados ou serviços. Uma descrição mais acurada de um cliente é: alguém que recebe ou usa uma saída de um processo. b. Existem duas classificações de clientes na maioria dos processos: Clientes internos: geralmente empregados ou unidades de uma organização. Clientes externos: indivíduos ou empresas fora da organização. Passo 4 - Identificar as entradas e componentes do processo a. Entradas são itens físicos ou informações que são mudadas pelo processo. b. Componentes do processo são os recursos que fazem ou auxiliam a transformação das entradas em saídas. Os componentes geralmente se enquadram em uma das categorias abaixo: recursos humanos; materiais; tecnologia; métodos; gerenciamento; máquinas; meio ambiente etc. Passo 5 - Identificar os fornecedores do processo a. Fornecedores são os provedores de serviços ou matérias-primas que são entradas para o processo. As entradas que eles entregam permitem o início das atividades do trabalho. b. Existem duas categorias de fornecedores: Fornecedores internos: pessoas na organização que fornecem informação, serviços ou componentes para um processo interno. Fornecedores externos: vendem matéria-prima e serviços para uma organização. Passo 6 - Delimitar os limites do processo a. Os pontos em que os processos iniciam e terminam definem os limites. b. O ponto de início do processo é quando entradas são recebidas de um fornecedor e as pessoas que fazem o trabalho passam a ter controle do processo. c. O ponto final do processo é quando a saída e o controle do processo passam a um cliente interno ou externo. Passo 7 - Documentar o processo atual a. As informações obtidas sobre o processo devem ser colocadas no papel. 18 b. O processo documentado deve ser revisado por todos os envolvidos para garantir que as informações estão corretas e que não faltam informações. c. O modelo utilizado para documentação de processos pode ser o fluxograma. Esta metodologia tem algumas variantes, portanto deve-se escolher a melhor metodologia a ser utilizada. Passo 8 - Identificar as melhorias necessárias ao processo a. Devemos identificar qual a missão do processo para avaliar se não estamos fazendo demais ou de menos. O importante é obter resultados com eficiência e eficácia b. Durante a identificação das diversas atividades do processo devemos já identificar problemas e não conformidades a serem corrigidas (conhecimento de valor agregado neste momento é muito importante, tal qual os sete desperdícios, que serão visto adiante). c. Os problemas identificados devem ser priorizados (por meio de uma matriz GUT ou do gráfico a seguir, por exemplo) e soluções para eles devem ser pesquisadas. Figura 13 – Matrizseveridade versus impacto Passo 9 - Conciliar melhorias a serem aplicadas ao processo a. Em função dos objetivos do processo devemos escolher as soluções que mais foquem atingir resultados. b. As soluções identificadas devem ser debatidas com os envolvidos no processo até que se obtenha consenso. c. Um plano de ação deve ser elaborado no modelo 5W2H (por exemplo) para implantação das soluções. d. As ações planejadas devem ser acompanhadas para se garantir que realmente sejam implantadas e sejam eficazes. Passo 10 - Documentar o processo revisado a. O processo revisado deve ser documentado e aprovado pelos envolvidos. b. As ferramentas e a metodologia utilizadas podem ser diferentes da documentação inicial caso se tenha percebido que outra metodologia ou ferramenta é mais adequada. c. Esta alteração de metodologia e ferramenta só deve ser feita na análise do primeiro processo. Todos os processos documentados devem ser consistentes e ao final usarem a mesma linguagem (padrão). d. Os processos devem ter as conexões entre eles claramente identificadas. 19 TROCANDO IDEIAS O exercício proposto tem como objetivo fazer com que alguns conceitos de mapeamento sejam praticados. Considere o processo de fazer pipoca na panela. Imagine passo a passo o que você faria e identifique: Fornecedores Entradas (insumos) Atividades do processo Saídas (produto) Clientes. Neste momento, não se preocupe com padrões de simbologia, utilize uma simbologia macro conforme sugestão abaixo. Para melhor distribuição dos elementos, deixe um espaço maior para os itens de processo ou faça-os fora do fluxo. Faça-o sem ver a possível solução. Figura 14 – Sugestão de solução da atividade Fonte: Comexito.com.br, S.d. Compare a sua proposta com as propostas de outros alunos. 20 Figura 15 – Solução ao exercício "Fazer Pipoca na Panela" Fonte: Comexito.com.br, S.d. 21 NA PRÁTICA Nesta aula deverá ser analisado um artigo referente à aplicação dos conceitos previamente estudados. Após a análise, algumas atividades deverão ser realizadas conforme orientação a seguir. a. Leia o artigo atentamente acessando o link: <http://blog.iprocess.com.br/2014/01/a-diferenca-entre-desenhar-e- modelar-processos/>. b. Identifique no texto de aprendizagem conceitos que se associam ao texto proposto. c. Realize as atividades indicadas a seguir: 1. “Não basta saber usar o editor de texto para ser um bom escritor” (Sganderla, 2014). Fazendo uma analogia com mapeamento/modelagem de processos, o que a autora quis dizer? 2. No artigo, a autora traça um paralelo entre a escrita e a modelagem de processo para construção de uma habilidade prática. Quais são os pontos relevantes para se obter essa habilidade? 3. A autora cita alguns cuidados que o profissional de mapeamento de processos deve ter ao modelar um processo. Entre eles, o de “criar modelos limpos. O que isso significa? Análise do Artigo 1. Ela quis dizer que o que ocorre com a escrita também ocorre com o mapeamento de processos. Não adianta apenas conhecer as notações de processo, é necessário adquirir técnicas para mapear de forma eficaz. 2. Os pontos mencionados pela autora são: ● desenhar os processos; ● após concebê-los, fazer a leitura sob a ótica do leitor; ● validar a gramática e a lógica dos fluxos representados em conjunto com a pessoa interessada; ● após a validação do “cliente”, se possível fazer uma avaliação com os demais analistas no sentido de verificar possíveis alterações para melhorar a interpretação. 22 3. Na elaboração de um diagrama de processo, deve-se pensar nas pessoas que irão analisá-lo, portanto ele deve ser de interpretação fácil. Você pode obter essa clareza de interpretação evitando desenhar linhas sobre linhas, cruzamento de linhas, descontinuidade de fluxo etc. Outra dica para se conceber modelos limpos é a de usar nomes breves e objetivos para os eventos/atividades. FINALIZANDO O propósito desta rota foi aguçar os conceitos de gestão por processos, diagramas, mapeamento de processos e modelagem de processos, pois frequentemente ocorrem dúvidas a respeito desses elementos, tanto da parte acadêmica quanto da parte empresarial. Outro objetivo foi apresentar as principais notações de mapeamento de processos. De entendimento quase que geral, o fluxograma é disparado a notação mais utilizada; no entanto existem várias outras, inclusive a baseada no BPMN que começa a ser utilizado em algumas empresas. Para que o administrador ou o profissional de modelagem de processos consiga implantar o mapeamento de processos, foram abordados os principais passos a serem seguidos. Mais uma vez foi ressaltado que o entendimento dos fluxos de processos é primordial na meta de se implantar a gestão por processos em uma organização e o cuidado que se deve ter com softwares que são vendidos como solução para gestão por processos. 23 REFERÊNCIAS ABPMP BRASIL. CBKOV-V 2.0. ABMP, 2014. BPMN – BUSINESS PROCESS MODEL AND NOTATION. Disponível em: <http://www.bpmn.org/>. Acesso em: 3 abr. 2018. DEMING, W. E. A Nova Economia. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. E. WILDAWER; L. WILDAWER, D. B. S. Mapeamento de Processos: conceitos, técnicas e ferramentas. Curitiba: InterSaberes, 2015. LOBATO, K. C. D.; LIMA, J. P. Caracterização e avaliação de processos de seleção de resíduos sólidos urbanos por meio da técnica de mapeamento. Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, out/dez. 2010, p. 347-356. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 41522010000400007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 3 abr. 2018. PAIM, R.; CARDOSO, V.; CAULLIRAUX, H.; CLEMENTE, R. Gestão de processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. PAVANI JUNIOR, O.; SCUCUGLIA, R. Mapeamento e gestão por processos: BPM. São Paulo: MBooks, 2011. SMITH, H.; FINGAR, P. Business Process Management: the third wave. Tampa: Meghan-Kiffer Press, 2007 SGANDERLA, K. A diferença entre “desenhar” e “modelar” processos. Iprocess Soluções em tecnologia, 22 jan. 2014. Disponível em: <http://blog.iprocess.com.br/2014/01/a-diferenca-entre-desenhar-e-modelar- processos/>. Acesso em: 3 abr. 2018. STADLER, A.; MUNHOZ, A.; GUERREIRO, K.; FERREIRA, P. Gestão de processos com suporte em tecnologia da informação. Curitiba: InterSaberes 2013. TEIXEIRA NETO, F. Pensamento sistêmico. FNQ, 18 maio 2015. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e- entrevistas/artigos/pensamento-sistemico>. Acesso em: 10 abr. 2018.
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