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As dimensões do planejamento e da avaliação em Artes Visuais na Educação Infantil

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As dimensões do planejamento e da avaliação em Artes Visuais na Educação Infantil 
Maria Carolina Soares Barretti
Rosa Iavelberg
 
Gestão do tempo
Para pensar o ensino da Arte na escola, vale lembrar que, sobretudo para as crianças pequenas, a frequência é um fator determinante para a aprendizagem. Uma atividade que foi realizada na semana anterior com os pequenos não será facilmente resgatada por eles, o que desafia o estabelecimento de relações entre uma experiência e outra. Ao mesmo tempo, se dedicarmos um tempo muito extenso a uma mesma atividade, as crianças tendem a se desmotivar, já que costumam diversificar seus focos de interesse num tempo mais curto.
O ideal é que possam viver experiências com a linguagem visual diariamente e que as atividades estejam organizadas de modo a contemplar os campos fundamentais para a aprendizagem que já destacamos anteriormente: sentir, fazer e conhecer.
 
Organização da rotina
A rotina dos alunos pode ser planejada a partir do que Délia Lerner (2002) chama de modalidades organizativas, que se caracterizam como projetos, sequências didáticas, atividades permanentes e situações esporádicas.
Os projetos se configuram como o planejamento de uma sequência de atividades, que tem como finalidade desenvolver um produto final, que, no caso das Artes Visuais, poderá ser a elaboração de uma mostra, um mural, uma exposição para os demais colegas da escola, para os pais, um vídeo, uma performance, uma instalação, um happening, e assim por diante.
As observações sensíveis dos professores poderão indicar projetos interessantes para o seu grupo de alunos. Caso o professor perceba que os alunos se interessam muito por desenhar um determinado tema, por exemplo, poderá considerar o desejo das crianças e ampliar as possibilidades de representação, levando-os a conhecer imagens de diferentes artistas que também produziram a partir desse tema. Ou então, poderá elaborar um projeto para colocar as crianças em contato com uma linguagem que ainda não conhecem.
As sequências didáticas indicam uma organização de um percurso de atividades, de modo que uma se relaciona com a outra, dando condições para que o aluno investigue e aprofunde seus conhecimentos a respeito de um tema ou de um fenômeno, por exemplo.
As atividades permanentes são aquelas que variam pouco na sua organização e planejamento, mas que julgamos que não poderiam faltar na rotina das crianças, por exemplo, as atividades que envolvem o fazer e as rodas de conversa sobre as imagens (de colegas, de artistas…). Essas atividades podem fazer parte dos projetos e sequências didáticas caso se relacionem com os temas que estão sendo investigados.
As atividades esporádicas, como o próprio nome diz, são aquelas que julgamos importantes, mas que não ocorrem com frequência na rotina. Uma saída para uma galeria de Arte, por exemplo, uma entrevista com um ilustrador etc.
 AS DIMENSÕES DO PLANEJAMENTO
A elaboração do planejamento pode ser concebida como uma trama, de que fazem parte elementos que, conectados entre si, podem favorecer relações entre as experiências, que assim ganham sentido para a aprendizagem.
A seguir, explicitamos quais são esses elementos e como podem alicerçar a elaboração do planejamento do professor:
A avaliação contínua;
A seleção da linguagem da Arte a ser explorada;
A seleção de artistas e imagens da Arte que podem apoiar e ampliar aprendizagens;
A seleção dos materiais;
A seleção de imagens produzidas por colegas para a leitura;
A organização de agrupamentos produtivos;
A explicitação de propósitos comunicativos e de ensino e aprendizagem para as atividades;
A investigação de conexões interdisciplinares.
Antes de planejar as situações didáticas, é fundamental selecionar a linguagem visual que se quer explorar com os alunos, que pode ser: desenho, pintura, colagem, modelagem com barro, construção com materiais naturais ou não estruturados, instalações, performances, fotografia, entre outras.
Os critérios para a seleção dessas linguagens poderão considerar as experiências anteriores dos alunos, as principais manifestações culturais do lugar em que se encontra a escola, que são fundamentais para significar a aprendizagem, e as manifestações culturais que o grupo de professores considerar relevantes para a expansão dos saberes dos alunos.
Nessa linha, uma escola situada próxima à uma comunidade indígena poderá priorizar o contato das crianças com os modos de fazer os grafismos ou a cerâmica dessas comunidades, assim como uma comunidade urbana poderá privilegiar a aproximação com as manifestações da Arte de rua que as crianças observam no bairro e seus sentidos. Em todos os casos, também é necessário refletir sobre as ampliações culturais, para que as crianças possam aproximar-se da diversidade de modos de fazer e significar a Arte em diferentes tempos e lugares.
Um equívoco comum nesse sentido é conceber a Arte Europeia como fonte única, ou mais importante de pesquisa e ampliação. Um currículo interessante é aquele que possibilita o diálogo com manifestações populares e eruditas de diferentes tempos e lugares. Sobretudo na Educação Infantil, a única prioridade é a cultura do seu povo, que poderá se configurar como base para o contato com novas aprendizagens, além de uma possibilidade maior de experimentar a Arte nos seus usos sociais.
Vale acrescentar aqui que a ilustração é uma linguagem que merece destaque, sobretudo pelo intenso contato que as crianças na Educação Infantil costumam ter com ela. Conhecer ilustradores, seus estilos, e refletir sobre a relação das imagens com o texto dará aos pequenos condições de realizar leituras cada vez mais amplas e complexas. Também, nesse contexto, é fundamental fugir dos livros com forte apelo comercial, que geralmente ocupam as primeiras estantes das livrarias, contendo imagens estereotipadas e pobres do ponto de vista estético.
  
Em especial, os chamados livros-álbum, que são obras em que a relação entre texto e imagem se faz fundamental (o texto não tem sentido sem a imagem e vice-versa), são ótimas fontes de ampliação e investigação para a aprendizagem de leitura da imagem e também do repertório gráfico dos alunos. 
 
Para saber mais sobre o livro-álbum, acesse o site indicado e conheça também uma lista de títulos imperdíveis. http://ataba.com.br/67-livros-album-que-voce-precisa-ler-antes-de-crescer (Links para um site externo)Links para um site externo
 
A avaliação é um instrumento que tem duas funções: a de adequação do planejamento (e o replanejamento) do professor e a de medir as aprendizagens dos alunos.
Numa perspectiva construtivista, que parte do pressuposto que os alunos aprendem na medida em que conseguem conectar novos saberes ao seu repertório, um primeiro passo fundamental é investigar os conhecimentos prévios dos alunos, ou seja, verificar o que eles já sabem em relação ao que queremos ensinar.
Uma avaliação contínua, ou seja, uma avaliação que ocorre ao longo de todo o processo planejado, é bastante relevante para investigar os conhecimentos prévios dos alunos (além de seus interesses) e suas aprendizagens.
Mais do que analisar os produtos, é fundamental estar próximo das crianças enquanto elaboram as imagens. Só assim é possível conhecer as possibilidades dos alunos, as pesquisas que fazem, os interesses e os desafios que desejam superar, todos esses elementos que costumam compartilhar enquanto produzem.
Vale acrescentar que a organização de um portfólio do aluno enriquecerá a observação do professor, que poderá conhecer o seu processo de fatura das imagens, os temas que mais interessam, as linhas que sabe combinar. Mais adiante, abordaremos os processos de avaliação de acordo com as diferentes dimensões do currículo.
Além disso, essa avaliação dará oportunidades para que o professor possa organizar agrupamentos produtivos e selecionar imagens dos colegas para apreciação para enriquecer as tarefas, tanto do ponto de vista dos interesses de produção, quanto da aprendizagem de procedimentos do uso de materiais,e assim por diante.
Esses saberes que o professor coleta no ato da fatura dos alunos poderão apoiar a seleção de artistas e imagens a serem compartilhados com o grupo. Nesse sentido, é possível selecionar artistas, imagens e espaços que levem a conhecer a Arte de diferentes épocas e estilos para que as crianças possam estabelecer relações entre elas e as imagens que produzem. Só assim se criará uma situação de diálogo dos alunos com a Arte que se produz fora da escola.
A seleção dos materiais e suportes para a produção estará diretamente ligada com a escolha da linguagem e também das imagens e artistas eleitos. Esse é um fator que merece bastante atenção dos professores, e um dos objetivos deve ser o de fazer com que a criança ganhe progressiva condição de escolher os materiais mais adequados a depender da sua intenção, o que possivelmente se dará apenas quando ela acumular bastante experiência - é saber, por exemplo, que o lápis grafite permite desenhar detalhes, que o giz de cera ajudará a colorir uma área maior, e assim por diante.
Um outro ponto de atenção é que as imagens selecionadas para a apreciação dos alunos estejam diretamente ligadas com as pesquisas que estão realizando e com os materiais que estão utilizando para produzir as imagens, o que favorecerá o diálogo significativo das crianças com aquilo que estão conhecendo.
As conexões interdisciplinares com outros campos, relacionados aos fenômenos naturais e sociais, à literatura etc., podem garantir um maior sentido para o trabalho e também enriquecer as experiências dos alunos, contudo, é preciso cuidado para não colocar a área de Arte a serviço de outras que se julgam mais relevantes para a aprendizagem, geralmente Língua Portuguesa e Matemática. Um bom modo de não cometer equívocos nesse sentido é verificar se os objetivos de aprendizagem da Arte se mantêm nos projetos interdisciplinares.
 O ESPAÇO
A estética do espaço escolar deve ser considerada como situação didática essencial à aprendizagem da Arte. A organização do ambiente, a disposição dos murais e exposições, mais do que mera decoração, se configuram como lugares que educam o olhar e expressam a função social que as imagens ocupam na escola.
Para Ester Broner, doutora pela Universidade Estadual de Campinas em 2015, a escola pode ser lugar para compartilhar narrativas de aprendizagem - de hipóteses, investigações, pensamentos e descobertas - expressas nas mais diversas linguagens, como o desenho, a colagem, a pintura e muitas outras.
Essas narrativas se constituem como sínteses ou recortes de processos de aprendizagem, a que a autora chama de cenografia do conhecimento, percursos compartilhados com a comunidade escolar que, por sua vez, também podem instigar o olhar, o diálogo, os pensamentos, outras possibilidades de leitura e aprendizagem sobre o mundo.
Nesse sentido, as exposições dos trabalhos e processos dos alunos podem se configurar como situações que impulsionam a aprendizagem de todas as crianças, que assim enriquecem suas possibilidades de produção a partir do contato com os fazeres e ideias de outros colegas.
Vale retomar aqui o importante papel da escola no sentido de ampliar o diálogo estético dos alunos com uma cultura da Arte, esquivando-se das imagens estereotipadas da mídia que tanto invadem e por vezes empobrecem o repertório dos pequenos.
Ao organizar murais e exposições, o professor deve ter em mente que estes revelam suas concepções de ensino e aprendizagem e que serão tão mais interessantes quando puderem comunicar as hipóteses, as pesquisas, os pensamentos e as descobertas dos alunos.
Uma concepção equivocada sobre a aprendizagem da Arte poderia levar professores a desconsiderar os desenhos de ação ou de imaginação como imagens interessantes para integrarem os murais. Contrários a essa ideia, sabemos que essas imagens podem servir como fonte de pesquisa para todos os demais alunos da escola, independentemente dos momentos conceituais em que se encontram. A organização das linhas, das formas, as cores, os temas desses desenhos certamente suscitarão novas ideias, desejos de investigação e sensibilizarão o olhar.
 AVALIAÇÃO PROCESSUAL
Conforme já descrevemos em trechos anteriores, a avaliação é um processo contínuo, que tem como objetivos alicerçar o planejamento e mensurar as mudanças que as experiências de aprendizagem puderem favorecer.
A avaliação só pode ganhar sentido para medir mudanças quando relacionada às expectativas de aprendizagem selecionadas para os alunos, que, por sua vez, devem estar ligadas às dimensões fundamentais do currículo - o sentir, o fazer e o conhecer.
Algumas perguntas podem apoiar a elaboração das expectativas de aprendizagem para os planejamentos.
Sentir:
Que gestos e sensações as crianças podem experimentar por meio das experiências que oferecemos?
Como o corpo pode intensificar e enriquecer a conexão da criança com a Arte?
O que as crianças dizem diante das imagens que observam?
Quanto podem avançar em relação ao vocabulário que utilizam nestes diálogos?
Fazer:
Qual é o grau de intimidade das crianças com a linguagem e com os materiais selecionados?
Quais parecem ser as investigações possíveis?
Que temas costumam aparecer nas imagens?
Em que momento conceitual a criança se encontra?
Conhecer:
Que artistas ou espaços de Arte as crianças já conhecem?
Como podem participar da organização de exposições ou mostras para compartilhar as experiências com outros?
O desenvolvimento do planejamento, no contexto da aprendizagem significativa, só ganha sentido para os alunos quando o professor conhece o repertório de experiências do grupo (as linguagens de que já se aproximaram, os artistas que conhecem etc.) - o que já podem fazer e em que pontos ainda podem avançar. Nesse sentido, a construção de um portfólio de experiências dos grupos na escola servirá como fonte de investigação para a seleção dos projetos e das experiências a serem planejadas.
A sondagem inicial, que poderá ser feita depois de selecionada a linguagem a ser explorada com os alunos, é uma situação bastante relevante, pois pode ajudar o professor a conhecer como os alunos se relacionam com essa linguagem, como usam os materiais, os temas que costumam aparecer, e assim por diante. Essa experiência também servirá de apoio para que o professor estude formas de ampliar as possibilidades de produção e leitura de imagens a serem feitas pelas crianças.
Além dessas questões, a sondagem poderá dar pistas para a montagem de agrupamentos produtivos, de acordo com os interesses comuns observados nas crianças ou desafios a serem superados por elas.