Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos CÂNCER GINECOLÓGICO Os cânceres ginecológicos mais comuns são: câncer do colo uterino, câncer do corpo uterino (endométrio) e o câncer de ovário. Também há outros mais incomuns como câncer de vulva, câncer de vagina, câncer das trombas, são tumores mais raros. Vamos falar dos três mais comuns sendo os dois primeiros (câncer de colo uterino e câncer de corpo uterino) mais parecidos entre si, e o de ovário mais distinto. Mas os três também se diferenciam muito. Talvez seja parecida a história natural do colo e do corpo uterino, mas fora isso, os fatores são diferentes, as classes sociais são diferentes, os fatores predisponentes são diferentes e a evolução também é diferente. CÂNCER DE COLO UTERINO É ainda a 2ª causa de morte entre mulheres no mundo, sendo muito comum nos países subdesenvolvidos, países em desenvolvimento, é a 3ª causa nos países desenvolvidos. É o único câncer previsível no nosso organismo, é o único que tem prevenção, o único que podemos detectar antes de se transformar em câncer, é um dos únicos que a gente pode ver a indicação, a promoção e a progressão. Infelizmente falta conscientização do povo em relação a prevenção que se da através do exame papanicolau. Então o colo uterino, também chamado de cérvix - que significa pescoço, sempre devemos pensar que é um tumor epitelial. O colo uterino é uma estrutura cilíndrica que tem 2 cm de diâmetro e 3 cm de comprimento recoberto por um epitélio pavimentoso estratificado, que é um epitélio de proteção. Tem limite com a vagina através dos fornicex e o limite superior é o epitélio colunar simples do endométrio. O utero é ligado/ sustentado por ligamentos o maior é chamado de parametrio, ligamento largo e redondo e é recoberto por uma camada de peritônio, é importante a gente falar isso pois esse tumor tem um tropismo muito grande para parametrio. A gente consegue palpar o parametrio através do toque retal. É um tumor mais comum em países subdesenvolvidos e países em desenvolvimento, a faixa etária dele gira entorno de 48 anos, o in- situ pode acometer uma idade menor (32, 33 anos) o in-situ pode evoluir para o carcinoma invasor. Essa progressão demora. Fatores pré-disponentes: Qual o fator pré-disponente mais comum no câncer de colo uterino? HPV. Antes disso, voltaremos um pouco em histologia, temos o epitélio pavimentoso estratificado que vai chegar até o colunar só que tem uma regiãozinha chamada junção escamo celular (JEC) ou região escamo glandular (JEG) que quando a mulher está na menopausa ou na fase infantil ele está mais pra dentro e quando a mulher está na fase do menacme (início da menarca até o início da menopausa) ele está mais exteriorizado, e esse vírus (HPV) gosta dessa região. Existem várias cepas de HPV, Barretos descobriu uma nova cela agora o 55 muito comum em mulheres na Europa, os mais comuns no Brasil são o 6, 11, 16 e 18. O 6 e o 11 não estão relacionados diretamente com a causa, não são muito virulentos e nem muito carcinogenicos, eles causam verrugas e essas verrugas podem se transformar em câncer. Os mais comuns em nosso meio são o 16 e 18, tendo mais destaque o 16 sendo o que a gente mais vê em 70% dos casos de HPV. O HPV está presente em 90% dos casos de câncer de colo uterino. Temos também os tipos 31, 33 e 35 são menos virulentos e também menos comuns no Brasil. Já temos hoje a vacina bivalente pro 16 e 18 e a tetravalente pros tipos 6, 11, 16 e 18. A rede pública oferece a bivalente e já está muito bom. O ideal é que a menina/mulher que não teve contato sexual ainda faça esse uso, eu acho que nada impede quem já fez também de vacinar-se. Porque já se sabe que 80% das mulheres já teve ou terá contato com o HPV. Então tem duas prevenções contra o câncer de colo de útero: a vacina e o papanicolau Infelizmente, ultimamente, estou vendo muito câncer de colo uterino avançado. Quando comecei minha residência em 1996 na Santa Casa do Rio de Janeiro era o auge da AIDS, morriam jovens da idade de vocês, homens e mulheres, tinha pouca medicação, a sobrevida média era de 1,5 ano. Nessa época nos víamos muito no INCA o Sarcoma de Kaposi que é um ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos câncer nos vasos (causa por HIV) isso criou pânico, tínhamos pânico do HIV. Graças a Deus em 1997 criou-se o coquetel, depois dele raramente passou a se ver algum sarcoma de kaposi, então o coquetel foi uma coisa boa. Mas, aquela geração do passado teve pânico, tinha muita propaganda para usar camisinha e isso que era contra o HIV indiretamente protegeu contra o HPV. Logo a incidência de câncer de colo uterino diminuiu muito nessa época. Foi uma prevenção que deu certo. O problema é que passou aquela geração que teve pânico, as pessoas não tem mais medo da AIDS, acham que vão ficar bem com o remédio, consequentemente está voltando a subir os números de câncer de colo uterino. O número de câncer de colo uterino avençado que estamos vendo ultimamente não está no gibi. Geralmente a paciente chega com sangramento e não estava fazendo preventivo. Outro vírus que predispõe ao ca de colo é o HIV (está relacionado com o câncer de colo uterino, sarcoma de Kaposi e linfomas principalmente os não Hodgkin). É o câncer da mulher pobre. Raramente você vê uma mulher rica com câncer de colo uterino. É o câncer daquela mulher multipara, que teve vários parceiros, mulheres com infecção de repetição (pois gastou a DNA polimerase responsável pelo reparo). Imunossupressão também é um fator predisponete. O tabagismo também é um fator, já foi comprovado que a secreção vaginal fica com nicotina e alcatrão. Em 90% teremos esses fatores. No colo uterino, no canal temos o epitélio colunar então também teremos o adenocarcinoma que é muito parecido com o tumor de endométrio. Então as causas de câncer de endométrio também são correlacionadas com as causas de câncer de colo uterino, que é estimulado principalmente pelo estrogênio assim como o câncer de mama. Nós temos uma Tríade tanto pro Adenocarcinoma de endométrio quanto pro Adenocarcinoma de colo: • Obesidade • Diabetes • Hipertensão É a tríade clássica que atinge aquela mulher pós- menopausa no adenocarcinoma de colo uterino e de endométrio. Voltando ao CA de Colo Uterino... Se o epitélio é pavimentoso estratificado o câncer que temos ali é qual? Carcinoma epidermoide ou carcinoma escamoso ou carcinoma escamo-celular, temos esses três nomes. Então é o carcinoma escamoso que é o mais comum daqui, que é o que mais está ligado ao HPV. Aqui de 80 a 90% é o carcinoma escamoso ou outros 5 a 10% é o adenocarcinoma no canal cervical, então esses dois tipos são os mais comuns do colo. Mas, temos outros também como o carcinoma adenoescamoso, que é um carcinoma misto, ele tem a parte glandular e a parte de proteção (pavimentada) ele é 2% dos casos, ele é muito agressivo, o grau dele é 3, é considerado o mais agressivo entre esses três. Ainda não se sabe, mas acredita-se que o prognóstico do adenocarcinoma é pior do que o carcinoma epidermoide mas não tem nada comprovado em estudo fase 3 ainda. Câncer de útero é drenado pela artéria uterina que é ramo da mesenterica inferior e o útero também é muito rico em linfáticos, temos também os linfonodos da pelve que vou falar agora na história natural dele. A história natural do câncer de colo uterino é a evolução dele, é a fisiopatologia dele, como ele vai se comportar, é o comportamento dele. É o TMN. É um tumor epitelial, tem um formato exofitico ou endofitico e vai crescendo por continuidade podendo ir pro canal ou pra vagina. Mas ele cresce por contiguidade também, ou seja, ele penetra, podendo penetrar no miometrio e penetra principalmentena parede pegando o parametrio que faz parte do estadiamento dele, pode descer pra baixo e pegar a bexiga ou o reto que também faz parte do estadiamento, ele também tem um tropia para os linfonodos, pegando os linfonodos próximos e é previsível! Quais linfonodos ele vai pegar? Anotem aí!!!! ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos • Paracervical: porque fica próximo a cervice • Parametrial • Obturadores • Ilíacos internos • Ilíacos externos • Pré-sacrais • Ilíaco comum Esses são os linfonodos regionais, depois vai para o linfonodo para-aórtico que não é regional mais, já é considerado metástase a distância M1. Só que aqui a gente não usa o estadiamento da TNM a gente usa o da FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) que veremos adiante. O estadiamento da FIGO pecava pois não colocava os linfonodos a partir de 2018 passou a colocá-los sofrendo uma atualização. Clínica do câncer de colo uterino Sangramento vaginal excessivo, mas o mais comum é a mulher chegar falando que está tendo corrimento direto tipo água de carne, geralmente é indolor, durando mais de 6 meses, aí o que você faz? Mete o especulo lá e faz uma biópsia. Geralmente é uma lesão vegetante ou em formato de barril. O que é a lesão em formato de barril? O adenocarcinoma faz muito isso, é aquela lesão que cresce ali dentro e o colo de útero incha mas isso em 10% dos casos, o mais comum é ter uma lesão vegetante, infiltrante já em sangramento. O sangramento pode evoluir pra metrorragia, desde pedaço, geralmente a paciente só procura quando desce pedaço. É um pedaço de sangue, é o sangue já coagulado. Pode causar dor, pode invadir a bexiga causando cistite, pode invadir o reto causando diarreia, sangramento e evolui pra insuficiência renal porque aqui, bem no meio do parametrio, passa o ureter e essas mulheres em grande maioria morre de insuficiência renal pós-renal, porque obstrui. Existe o preventivo, quais são os 3 cânceres passíveis de rastreamento no Brasil? • Câncer de colo uterino, • Câncer de colo retal, • Câncer de mama. Mas e o novembro azul? Próstata ainda não entrou no rol do ministério da saúde, só para aqueles pacientes que tiveram caso familiar. Então a OMS junto com a FIGO em 1961 criou a 1ª classificação dessas lesões pré-malignas, mostrando a promoção e a progressão até o ca in-situ. Richard em 1968 fez a classificação em NIC (Neoplasia Intra-Celular) e Bethesda criou em 1988 uma nova classificação. De tudo isso a gente usa mais l, ll, lll, lV e V que já é o carcinoma invasor. Ao ver um NIC l, ll e lll conseguimos ver como é a história natural da doença. Tal história natural inicia na indução pelo HPV ou por outro meio como o tabagismo. Pra você ter um NIC l ou ll a média é 30 anos, um NIC lll/ Carcinoma in-situ a média é de 35 a 40 anos, o câncer invasor é de 55 a 60. Então olha quantos anos! Meu Deus, não dá pra prevenir isso? Só me leva a crer que a indústria farmacêutica é mais forte que a da prevenção. Lembrando que também pode inverter, pode ocorrer uma involução espontânea do câncer e ele regredir. Isso é uma coisa que tinha esquecido de falar pra vocês. Os principais tipos de câncer que pode ocorrer essa involução espontânea é o melanoma e o linfoma, um dos motivos é o câncer crescer muito, lembrando de que quem o alimenta é o sangue, então o câncer pode crescer tanto a ponto de obstruir a artéria que o irriga e ele morre. No caso do câncer de colo uterino seria a apoptose acelerada. A involução também pode ocorrer por ataque maciço do sistema imunológico. Quando chega ao NIC lll ele progride mais do que regride. Ele é o 3º mais comum no sexo feminino no Brasil ele perde pra pele, atualmente tá perdendo pra pulmão, então acho que é o 4º. O que temos que lembrar é que é o 3º de causa mortis perdendo pra mama e pulmão. É muito frequente principalmente na região norte e nordeste. Carcinoma in-situ varia de 25 a 40 anos e o invasivo de 48 a 55 anos. Faltes de risco (já falei pra vocês) • relação sexual precoce • Gravidez ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos • Multiparidade • HPV • Tabaco • Imunodeficiência Obs: na década de 60 os anticoncepcionais continham doses altas de estrogênio logo as mães que fizeram uso desses anticoncepcionais as filhas desenvolveram adenocarcinoma de células claras que é um câncer mais agressivo. O mais agressivo de todos é o adenoescamoso que é o misto, eles falam que o adenocarcinoma tem um pior prognóstico que o escamoso, mas ainda não foi comprovado. Existem outros tipo também, mais raros, eu já vi um melanoma de colo uterino, carcinoma neuroendócrino de pequenas células, adenoide cístico, sarcoma de endométrio. Vamos parar para história natural dele, ou seja, o estadiamento usando a FIGO. Lembrando que nós temos o carcinoma microinvasivo que se comporta como um carcinoma in-situ praticamente não invade linfonodo. Estabelece 5 mm de profundidade e 7 mm de invasão lateral, a OMS considera menos, 3 e 5 mm. Sintomas eu já falei pra vocês: leucorréia tipo água de carne, sangramento, metrorragia, e quando está muito avançado temos a chamada SÍNDROME DO OBTURADOR quando acomete o linfonodo que fica na fossa do obturador, da púbis, geralmente essa síndrome é unilateral, fazendo um edema de membro inferior, edema frio, edema unilateral pelo aumento do linfonodo obturador que não deixa a drenagem do membro chegar até lá. METÁSTASES: São principalmente pra fígado, pulmão e osso. São os sítios mais comuns. Existe uma coisa no câncer chamada Síndrome Paraneoplasica que são algumas substâncias que aquele tumor vai produzir que vai causar sinais e sintomas a distância. Existe uma síndrome paraneoplasica que tenho acompanhado muito no câncer de colo uterino que é a trombose venosa profunda em membros inferiores geralmente bilateral. Estimulam a substâncias que estimulam o fator Vlll e lX causando a TVP, pode causar anemias, etc. O rastreamento é através do exame de papanicolau. O Ministério da Saúde orienta que mulheres a partir dos 21 anos devem começar a fazer ou se teve a atividade sexual mais precoce tem que iniciar a prevenção antes, essa prevenção após os 30 anos é bom ser anual. Fazendo 2 anos consecutivos pode mudar pra bianual e depois para trianual isso é a recomendação do ministério da saúde. A prevenção tem sucesso em 85% dos casos, a colheita do exame tem que ser bem feita, tem que passar a espátula na frente do colo e embaixo dele pegar uma escovinha e pegar dentro do canal. Muitas das vezes o preventivo é colhido errado dando falsos negativos. Quando o preventivo der positivo o que a gente vai fazer? Vamos encaminhar ao ginecologista que vai acompanhar a paciente, entrará com o especulo, visualiza e joga ali o lugol (ácido acético) o local onde tem câncer não vai absorver então ele fica esbranquiçado, logo faremos biopsia dessa região. Diagnóstico de câncer só é feito com biópsia. Coloque isso na cabeça de vocês. São raros os cânceres no organismo que não necessita de biopsia. Vou dar dois exemplos: um é o câncer de tronco cerebral, se fizer uma biopsia mata o paciente, hoje com a ressonância a gente já consegue ter a evidência que se trata de câncer, o segundo é o tumor da pineal que temos marcador positivo como beta hcg e alfafetoproteina no liquor, então são os únicos casos, também pode ter em alguns casos no nefroblastoma (tumor de Wilms) quando ele é bilateral. ESTADIAMENTO: Antigamente a gente só conseguia estadiar com Raio X de tórax e urografia excretora pra ver se tinha hidronefrose ou não, porque a história natural dele é ir pro parametrio, obstruir, causando hidronefrose e morre de insulficiencia renal pós-renal. Então,hoje pedimos a tomografia de tórax e abdômen e a ressonância da pelve, são poucos lugares que fazem isso no Brasil. Mas pelo menos o Raio X de tórax, ultrassonografia e pelo menos uma tomografia pélvica pra gente ver ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos linfonodos ou não pra gente ver se é passível de cirurgia. Geralmente é um estadiamento clínico, e agora temos o advento da ressonância que nos ajuda de mais. Geralmente estádio l é aquele restrito só ao colo de útero. O estádio ll já sai do colo se útero ou já vai pra vagina ou pega um pouquinho do parametrio. O estadiamento lll é aquele já avançado, já pega terço inferior de vagina e já pega todo parametrio, ele já causa hidronefrose, hidronefrose mesmo que pegue só metade é estadiamento lll B que é o mais comum na brasileira. O IV A é quando vai na bexiga ou reto e o IV B é metástase a distância. Fatores prognósticos mais comuns é presença de linfonodos, também tamanho pois um tumor acima de 4 cm já é considerado inoperável, o grau, o tipo histológico e a idade da paciente, pacientes abaixo de 30 anos tem um tumor muito mais agressivo do que pacientes acima de 30 anos ou contrário de câncer de ovário e endométrio que a gente vai ver. SOBREVIDA MÉDIA: O estadiamento l ele tem uma sobrevida média de 80, 90%. O estadiamento ll varia de 65 a 80%. O estadio lll 40% e o estadiamento lV tem sobrevida média de 7 a 20%, ainda é um tumor curável, apesar de avançado. Temos fatores predisponentes relacionados a paciente como: • obesidade: dificulta o tratamento • Anemia: dificulta o tratamento principalmente devido o fator oxigênio a maioria dos tratamentos pra câncer de colo uterino é radioterapia. • Condições socioeconômicas • Condições associadas como diabetes, hipertensão e idade Quanto mais jovem menor a responsividade ao tratamento. TRATAMENTO: Geralmente eu não cobro tratamento, mas esse é tão clássico que sou obrigado a cobrar e cai em todas as provas. O carcinoma in-situ com Estadiamento lA aquele microinvasor você pode fazer uma conização, você pega um aparelho parecido com um guarda chuva (umbrella) coloca dentro do colo uterino, aquilo abre como se fosse um cone e tira o cone, se tirar com margens a paciente está curada. Geralmente é paciente que ainda está em fase produtiva então ela ainda pode ter filhos após realizar esse procedimento. Também poderia fazer a histerectomia simples se ela já tem filhos, já pode tirar de uma vez. Agora o estadiamento l B até ll A é a chamada cirurgia de Wertheim-Meigs que consiste na retirada do útero, dos ligamentos parametrio, terço superior da vagina e linfadenectomia, você deixa os ovários porque a grande maioria das pacientes está na menacme. Isso vai muito em prova. Qual a principal cirurgia usada pra câncer de colo uterino? É a CIRURGIA DE WERTHEIM- MEIGS. Acima desses estadiamentos será quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. Em casos de tumores volumosos o que fazer? Se tiver I B por exemplo, pode fazer radioterapia neoadjuvante e operar depois. Quando fazemos radioterapia pós-operatória? Por exemplo pós Wertheim-Meigs. Podemos fazer quando tem uma histologia desfavorável (adenocarcinoma ou carcinoma escamoso) quanto tem mais de 4 ou quando tem linfonodos comprometidos, invasão do espaço linfavascular, um tumor muito grande, quando não faz a linfadenectomia só faz a histerectomia total que a gente vê muito aqui. Coto cervical: acontece muito isso, a paciente jovem tira o mioma e deixa o colo de útero lá pra “ter câncer”. Grávida: o que fazer com pacientes com câncer de colo uterino grávidas? Você tem duas opções, ou pedir ao juiz para ela abortar, demora 6 meses, ou você iniciar o tratamento e ela fará um abortamento espontâneo (se tiver até 3 meses, se tiver mais a gente espera, é um tumor de crescimento lento). A síndrome do obturador é quando os linfonodos crescem e obstruem a drenagem do membro inferior. Lembrando que temos os ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos linfonodos paracervical, parametrial, obturadores, ilíaco interno e externo, pré- sacrais e comum, que fica mais encima. NOVA CLASSIFICAÇÃO DE ESTADIAMENTO DA FIGO: Até o I B não mudou nada, no ll também não, no ll ele invade o útero. O ll A 1 é uma lesão clínica abaixo de 4 O ll A 2 é maior que 4 O ll B teve invasão da metade do parametrio, já tem invasão O lll A já invade terço inferior de vagina O lll B invade até a parede pélvica ou causa hidronefrose O lll C 1 é metástase dos linfonodos pélvicos lll C 2 é metástase para linfonodos para aorticos O lV A é invasão dos órgãos adjacentes O lV B é metástase a distância, por exemplo, o linfonodo mediastinal já é metástase a distância. _______________________________________ CÂNCER DE ENDOMÉTRIO OU CÂNCER DE CORPO UTERINO Nos livros o nome que vamos achar é câncer de corpo uterino. 95% do câncer de endométrio vem do epitélio, o epitélio do endométrio é um epitélio colunar simples, é um epitélio glandular, começou na junção do istmo e pega todo endométrio. É o tumor da mulher rica ao contrário do câncer de colo uterino (da mulher pobre). Tem fatores pré-disponentes diferentes do câncer de colo: • é mulher rica • Tem muita correlação com o estrogênio, a exposição prolongado ao estrogênio - como dizia um professor meu é o câncer de “freira” daquela paciente que nunca teve filhos, aquela que teve um menacme longo (menarca abaixo dos 12 anos e a menopausa acima dos 48 anos). • Paciente nulipara - nunca teve filho, logo fica mais exposta ao estrogênio, na gravidez sai o estrogênio e entra a progesterona, logo a promoção é parada, então como é um processo longo e reversível, as vezes você consegue parar aqui um câncer. Esses são os fatores predisponentes ao câncer de endométrio, a exposição prolongada ao estrogênio, logo pacientes com menacme longo, nuliparas, que teve poucos filhos, que teve filhos acima dos 35 anos. Exposição ao tomoxifeno (estrogênio) que se usa pra câncer de mama, usa pra proteger contra câncer de mama, mas aumenta em 8 vezes mais câncer de endométrio. Temos também a tríade clássica: • Diabetes • Obesidade • Hipertensão Porque todos eles vão virar colesterol e o colesterol vai gerar o estrogênio, é o produto final do colesterol. A história natural é um pouco diferente, geralmente surge nessa região e por continuidade pode invadir as trompas e os ovários (inclusive isso está no estadiamento), pode também invadir a vagina por continuidade. Mas por contiguidade ele atravessa o miometrio, quando ele atravessa menos da metade é chamado de l A e quando atravessa mais da metade é estadiamento l B. Quando ele vai pro colo uterino já é estadiamento ll. Estadiamento lll quando ele já ultrapassa e IV A e B é igual o câncer de colo uterino. Pode dar metástase para fígado e pulmão. Ele pode invadir linfonodos também, mas nesse caso, atinge os de cima, tem mais chance de invadir o para aórtico. O para aórtico hoje não é considerado mais metástase (seguindo essa nova classificação) é considerado lll C. Metástase hoje só o lV B que é fígado e pulmão. Se tiver um linfonodo mediastinal ou na fossa supra clavicular esquerda aí é considerado metástase. É o tumor mais comum nos países desenvolvidos, é o 7º câncer mais comum do mundo. A idade mediana é basicamente na pós- menopausa, aos 61 anos. ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos Nesse tumor o papanicolau não é tão efetivo, enquanto no colo uterino era 80-85% aqui será somente 40, 50%, mas ele tem um vantagem, é um tumor geralmente descoberto mais rápido. Por ser em mulheres de nível socioeconômico mais altoa paciente procura rápido e é descoberto em fases iniciais. l e ll é quase 80% da descoberta desses tumores. É um tumor que também conseguimos ver sua história natural, geralmente começa com uma hiperplasia simples, passa pra atípica até complexa. Na hiperplasia simples você tem até 1% de chance de desenvolver câncer e a complexa você já tem 30% de chance de desenvolver câncer. O tamoxifeno estimula essa evolução. Ele não é passível de prevenção. O Adenocarcinoma aqui é subdividido em 2 tipos: • Endometrioide: 80% dos casos é endometrioide que é grau l no máximo grau ll, aqui o grau vai ser importante para estadiar. • Já os outros 20% são aqueles adenocarcinomas não endometrioides como adenocarcinoma de células claras, aqueles tipos mais graus lll, são mais agressivos. São pacientes mais idosos, ao contrário do câncer de colo uterino que as mais novas que é mais ruim, aqui as mais idosas que terão pior prognóstico. Então são de células claras, serosos papilar, epidermoide que é raríssimo e aqui tem os chamadas sarcomas, o leiomiosarcoma é o mais comum, mas temos também o mulleriano misto que é o carcinosarcoma que é uma junção do tumor mesênquimal com o epitelial. O sarcoma tem uma particularidade ELE NÃO INVADE LINFONODO só tem T e M, geralmente só tem metástase pulmonar, não se sabe porque, mas sarcoma adora pulmão. Costuma poupar o fígado. Sempre pergunto isso em V ou F e o pessoal erra no prova. DIAGNÓSTICO: Geralmente são pacientes pós-menopausa, vocês viram que só 20% é na pré-menopausa que são tumores mais agressivos. Tem um fator predisponente que eu esqueci de falar pra vocês, é uma fator genético, chama Síndrome de Lynch ou Carcinoma de Colo Retal Não Polipoide Hereditário, está ligado a um defeito no reparo do DNA, tem associação dessa síndrome a câncer de colo retal, câncer de endométrio, com adenocarcinoma de estômago, câncer de próstata. Na verdade é a Síndrome de Lynch ll, a l está mais relacionada somente ao câncer de colo retal. COMO É O DIAGNÓSTICO? Aquela paciente pós-menopausa que tem sangramento, o sangramento mais comum na mulher pós-menopausa é por atrofia endometrial, mas 20% dos casos pode ser o adenocarcinoma. O endométrio tem uma espessura média de 5 mm, se passou disso tem que investigar, isso na pós-menopausa. O exame de estadiamento é o mesmo e a cirurgia aqui é diferente, o fator prognóstico é o grau e a invasão e a presença de linfonodos pélvicos. Tem melhor prognóstico na pós-menopausa mais jovem (a pré-menopausa também tem um prognóstico ruim). TRATAMENTO: Aqui o tratamento mais famoso é HPA ESOB, não se faz muito linfadenectomia porque acreditam que isso não terá muito valor, no câncer de endométrio ele é quase que totalmente passível de um tratamento adjuvante. Estadio l e ll radioterapia. Estadiamento lll quimioterapia com radioterapia. Ele é muito passível de recedivar na cúpula vaginal. Então aqui é só histerectomia total com salpingo-ooforectomia bilateral. No colo uterino não falamos de salpingo-ooforectomia, aqui tem! Você já tira ovário e trompa. Sobrevida média do câncer de endométrio é de 80% em 5 anos já que a maioria são estadio l e ll. _______________________________________ ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos CÂNCER DE OVÁRIO Pra vocês terem uma ideia ele representa somente 23% dos tumores ginecológicos. Mas ele representa por quase metade das mortes de câncer ginecológico. Aqui a gente não consegue pega-lo no início, então praticamente 70% desses tumores são estadio lll ou lV, porque? Não dá sintoma. É um tumor que está dentro da pelve e além disso não tem prevenção. Ele é um tumor que cresce dentro da pelve e que da sintomas tardios. Não dá sintomas iniciais. O câncer de ovário no Brasil é o 3º mais comum, mas é incomum. Representa de 2 a 3% dos tumores femininos, mas 23% dos tumores ginecológicos, a incidência aumenta com a idade, idade média de 60 anos, mas a sobrevida em 5 anos é de somente 37%. É lógico que se descobrir em estadio l tem 80%, mas o mais comum é descobrir em estadio lll tendo só 20%. Temos fatores endócrinos, alimentares e genéticos: a nuliparidade, ou seja, não ter riscos aumenta o risco, pois também está relacionado com o estrogênio. Mas aqui nesse caso os anticoncepcionais orais é um fator de proteção para câncer de ovário, ter filhos também é um fator de proteção para câncer de ovário. Os genéticos, nós temos a síndrome de câncer familiar mama-ovário que geralmente acomete pacientes mais jovens e ele está relacionado com aquele gene de mutação da mama BRCA 1 e BRCA 2. Se ele for positivo BRCA 1 é 67% de chance de desenvolver câncer, câncer de mama é quase que 80%, BRCA 2 também. São genes novos, BRCA 1 só foi descoberto em 1994, e o BRCA 2 em 1997. São genes que ainda são caros pra fazer, difícil de conseguir pelo sus e particular entorno de 10 mil reais. Se a paciente tiver esses genes positivos pode tirar a mama e o ovário como prevenção. Geralmente ocorre em pacientes 10 anos mais jovens. Tem os fatores ambientais como exposição ao abesto. A histologia do câncer de ovário é complicada, porque tem uma miscelânea, tem muito tumor benigno, tumor borderline que aquele que você não sabe se é maligno ou benigno, alguns chamam de carcinoma in-situ do ovário, não sabe se vai evoluir ou não, alguns já falaram que tem uma sobrevida média de 98% em 5 anos, mas os tumores mais comuns que vamos estudar são os tumores mais epiteliais que são aqueles mais periféricos que são os: Serosos malignos, mucinosos malignos, endometrioide e indiferenciados. Eles são chamados também de adenocarcinoma só que eles crescem dentro de cistos. Então são chamados cistos- adenocarcinomas, o seroso é mais comum, seguido do mucinoso, 70, 80% são tumores epiteliais também, mas tem tumores do estroma gonadal que são os outros 10% como granuloma estromal e androblastomas, androblastomas é interessante porque produz hormônio logo a mulher pode ter hirsutismo, voz rouca, ter pelo, produz testosterona por isso é chamado de androblastoma. Os tumores germinativos são 5% dos casos, acomete mulheres mais jovens com teratoma, disgerminoma e tem os tumores benignos como o teratoma maduro, mas não é esse tipo de teratoma. São tumores mais curáveis em pacientes mais jovens de 20, 30 anos. Também temos um tumor metastático, que não cai em prova, despenca! É o Tumor de Krukenberg, é um implante do câncer gástrico lá no ovário. Tumores Benignos temos o Adenoma, como o cistoadenoma mucinoso e seroso, que representa boa parte, acho que tem mais benigno que maligno. Sendo que os malignos são seroso em 50% e mucinoso em 30% e o buderline que a gente não sabe se é benigno ou maligno. A história natural do ovário é diferente dos outros dois. Como eu falei pra vocês, os tumores epiteliais de ovário são periféricos, eles crescem dentro do cisto, então pode ter uma invasão por continuidade sim, podendo invadir trompas, endométrio é vagina. Mas ele tem mais invasão por continuidade como está mais próximo da cápsula dele ele cresce pra fora. Estadio lll ele já cresceu pra fora. Geralmente ele vai pra fora do ovário. Aqui o grau também é importante. Ele cresce pra região pélvica. As células já começam a pegar a região pélvica, então ele tem uma transmissão chamada transcelomica, o que é essa transmissão transcelomica? O líquido vai pra pelve, ele através da goteira parietocólica, principalmente no lado direito e implanta no peritônio, tem um tropismo muito grande pelo ONCOLOGIA – AULA 4 – P1 Dr. Túlio Tinoco – 13/03/2020 – Resumo da aula Lucas Ribeiro – Guilherme Neves – Anderson Bastos peritônio. O implante ainda é o T dele, implante ainda é considerado estadiamento lll, não é metástase. A transmissão é através do líquido. Pode invadir oslinfonodos também, pélvicos, para-aórticos, até chegar nos mediastinais e metástase a distância. Sua metástase a distância é fígado e pulmão. Essa é sua história natural. É difícil da gente ver, vemos mais quando da metástase. Ele cresce para o abdômen dando ascite e aquilo vai evoluindo causando derrame pleural, causa edema de membro inferior, qual o nome dessa síndrome? SÍNDROME DE MEIGS anasarca causada pelo câncer de ovário. DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE OVÁRIO: É dificílimo, aquilo vai crescendo no abdômen, e começa a causar polaciúria, peso, plenitude pós- prandial, dor, sintomas urinários, não diz muita coisa pra gente. Quando atinge 15 cm torna-se palpável e tem algumas síndromes associadas a ele como: Cushing, hipercalcemia, tromboflebite (TVP), e neurotoxicas. DIAGNÓSTICO: Na maioria das vezes só faz com biopsia. As vezes, em caso inicial é chamado de Acidentaloma é quando a mulher vai fazer ultrassom e descobre um cisto no ovário. Se esse cisto for misto tem que biopsiar acima de 5 cm. Então tem que fazer uma laparoscopia ou biopsiar através de agulha fina, pra depois partir para uma cirurgia. Só 20% descobrem em casos iniciais. Aqui existe um marcador tumoral, é o CEA-125. Ele está muito relacionado ao câncer de ovário. No estadiamento l, ll ele é apenas 50%, no estadiamento lll e lV ele é 80%. Você tem que estadiar esse paciente, pelo menos uma tomografia de tórax, abdômen pélvico, e CEA-125. O CEA é um marcador principalmente para os tumores mucinosos, serosos não muito. O CEA- 125 está bastante aumentado quando invade a pelve dando ascite. Tratamento cirúrgico: é a maior cirurgia ginecológica oncológica que existe porque tem que tirar tudo. É a chamada pan-histerectomia, você opera essa paciente até quando ela tem implante, porque ainda tem chance de cura. Quando é estadio l e ll, que é quando está localizado ali no ovário e útero você faz a pan- histerectomia, tira tudo ovário, útero, linfonodos e tem que biopsiar todos os linfonodos suspeitos e aqueles que estão ali, tem que tirar todos que você ver e jogar líquido pra colher e ver se a citologia está positiva ou não. Quando tem implante peritoneal você faz a chamada cito-redução, ou seja, você reduz essas metástases ou implantes até 1 cm ou até quando não se pode mais ver, pra depois entrar com quimioterapia pesada. Ou então a paciente chegou com anasarca, você faz quimioterapia, aquilo diminui aí depois você opera aquela paciente. Faz a quimioterapia neoadjuvante. Estadiamento usado é da FIGO também. FATORES PROGNÓSTICOS: Impossibilidade de causar essa cito-redução adequada, envolvimento visceral, idade (para as mais jovens é um pouco pior), estadiamento lll e lV. TRATAMENTO: Cirurgia com quimioterapia, aqui não se faz radioterapia.
Compartilhar