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CURSO DE NUTRIÇÃO WWW . L O V E A T . P T M A F A L D A ROD R I G U E S D E A LM E I D A C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 Os oligossacáridos são compostos por 3-10 unidades de monossacáridos e são geralmente doces. Os polissacáridos são hidratos de carbono compostos por 10 ou mais unidades de monossacáridos. As plantas armazenam estes hidratos de carbono sob a forma de grânulos de amido, produzindo 2 tipos de amido: amilose e amilopectina. A amilose é uma molécula mais pequena, simples e existe em menor quantidade, enquanto a amilopectina é altamente ramificada. Por esta última ser maior em tamanho, é mais abundante nos alimentos, especialmente em grãos e tubérculos ricos em amido. O amido do milho, araruta, arroz, batata, tapioca e outros, é muito semelhante do ponto de vista químico. É muito mais difícil digerir o amido cru presente, por exemplo, nas batatas, do que depois de cozinhado. A cozedura faz com que o amido gelatinize, tornando-se mais facilmente digerível. O amido, que se mantém intacto durante e após a cozedura, recristaliza após o arrefecimento, resiste ao trabalho das enzimas e fornece quantidades limitadas de glucose para absorção. Este amido denomina-se amido resistente. Os monossacáridos geralmente ocorrem como componentes básicos dos dissacáridos e/ou polissacáridos. É raro encontrar monossacáridos livres na natureza que podem ser absorvidos e utilizados por humanos. Os monossacáridos mais importantes são a glucose, a galactose e a frutose. A glucose é a única substância capaz de passar a barreira hemato-encefálica do cérebro, fornecendo energia para o funcionamento do mesmo. Assim, o organismo tem mecanismos fisiológicos adaptados a manter os níveis de glucose sanguínea adequados. A frutose é o monossacárido mais doce. Tanto a frutose como a galactose são metabolizadas pelo fígado, mas a frutose tem capacidade de contornar as enzimas controladoras da via glicolítica. A galactose é produzida através da hidrólise ou digestão da lactose, no processo digestivo. Os dissacáridos mais importantes para a nutrição humana são a sacarose, a lactose e a maltose. Estes açúcares são formados através da junção de monossacáridos. A sacarose ocorre naturalmente em diversos alimentos e é um aditivo utilizado em produtos processados e industriais, sendo consumida em grandes quantidades pela maior parte da população. A lactose é produzida nas glândulas mamárias de animais em fase de lactação. A maltose pode ser encontrada de forma natural em alimentos e é também muito usada como aditivo em produtos alimentares. Os hidratos de carbono são produzidos através das plantas e representam a principal fonte de energia. Fornecem 4 kcal/g e podem ser categorizados como monossacáridos, dissacáridos e oligossacáridos, e polissacáridos. MACRONUTRIENTES Contrariamente às plantas, os animais utilizam hidratos de carbono para manter estável a glucose sanguínea entre refeições. Para garantir que de uma forma ou outra há sempre alimento disponível, as células musculares e hepáticas armazenam hidratos de carbono sob a forma de glicogénio. Este é armazenado hidratado com água e a água é responsável pelo seu aumento em tamanho e a sua indisponibilidade para servir de alimento a longo-prazo. Um indivíduo com uma média de 70 kg armazena glicogénio que serve de “abastecimento de combustível” apenas durante 18 horas. Por outro lado, a gordura armazenada fornece energia para cerca de 2 meses. Se todas as reservas de energia humana fossem armazenadas como glicogénio, o ser humano teria de pesar mais cerca de 27 kg. Aproximadamente 150g de glicogénio é armazenado no músculo e não está diretamente disponível para manter a glicemia estável. O glicogénio hepático (~90g) é que está envolvido no controlo hormonal da glicemia. A fibra dietética refere-se a componentes inteiros presentes nas plantas que não são digeríveis pelas enzimas gastrointestinais, enquanto a fibra funcional se refere a hidratos de carbono não-digeríveis que foram extraídos das plantas. Ambos os tipos de fibra são benéficos para a saúde gastrointestinal e têm ainda efeitos comprovados na diminuição do risco de desenvolver algumas doenças, nomeadamente as cardiovasculares. Os homopolissacáridos são compostos por unidades repetidas da mesma molécula. A celulose, presente nas cenouras e outros vegetais, é um exemplo de um composto que não consegue ser hidrolisado pelas enzimas amílases. Os beta-glucanos, presentes na aveia e cevada, já têm algumas ramificações o que os torna mais solúveis. Os heteropolissacáridos são produzidos através da modificação da estrutura da celulose para formar compostos com diferentes solubilidades em água. As pectinas contêm açúcar e álcoois de açúcar que tornam estas moléculas solúveis em água. As gomas e as mucilagens são semelhantes às pectinas, mas as suas unidades de galactose estão ligadas a outros açúcares, tais como a glucose. Os frutanos (incluem fructooligossacáridos, inulina, frutanos de inulina e oligofructose) são compostos por polímeros de glucose que normalmente estão ligados a uma glucose inicial. Todos os frutanos contêm frutose e têm um sabor doce. As fontes principais de frutanos são: trigo, cebola, alho, bananas e chicória. Uma vez que não são absorvidos no intestino proximal, os frutanos têm sido utilizados como um substituto do açúcar em pacientes diabéticos. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 4 Além da fibra, existem outros componentes das plantas que podem interagir com nutrientes e diminuir a sua absorção. Estes componentes denominam-se fitatos ou ácido fítico e podem ser encontrados na casca das sementes e legumes, tendo a capacidade de se ligar a iões de cálcio, cobre, ferro e zinco diminuindo a sua absorção no intestino. Os hidratos de carbono dietéticos são digeridos em glucose, frutose e galactose através de enzimas. A capacidade de digestão dos mesmos depende da disponibilidade do amido e da ação das respetivas enzimas, e da presença de outros fatores como a gordura, por exemplo, que atrasa o esvaziamento gástrico. Assim, uma alimentação rica em fruta, vegetais, leguminosas, frutos secos e cereais diminui a velocidade de absorção da glucose. Uma vez digerida, a glucose é absorvida pelas células intestinais e transportada para o fígado, que por sua vez remove cerca de 50% para oxidação e armazenamento como glicogénio. A glucose sai do fígado, entra na circulação sistémica e torna-se disponível para tecidos que necessitam de energia. Os pré-bióticos são substâncias não-digeríveis que estimulam o crescimento e a atividade de bactérias benéficas residentes no cólon (probióticos). Vários tipos de pré-bióticos, tais como inulina, frutanos de inulina e fructooligossacáridos estimulam o crescimento das bifidobactérias. O papel da fibra difere bastante no organismo consoante a solubilidade. As fibras insolúveis encontram-se sobretudo em alimentos como vegetais de folha verde escura e cereais integrais (ex: arroz, pão integral, massas integrais, etc.) aumentam a capacidade de retenção da água, aumentam o volume fecal, a frequência de evacuações por dia e diminuem o tempo de trânsito gastrointestinal. Por outro lado, as fibras solúveis, que se encontram na fruta, legumes, leguminosas e cereais como aveia, centeio ou cevada, formam um gel, atrasando o trânsito gastrointestinal. Estas fibras juntam-se a outros nutrientes, tais como o colesterol e minerais, e diminuem a sua absorção. Em pessoas com prisão de ventre, o reforço de fibras insolúveis é essencial, por outro lado, para pessoas com diarreia ou malabsorção de nutrientes, deve fazer-se um reforço de fibras solúveis. Considera-se que uma ingestão adequada de fibra se caracteriza por 38g diárias para homens e 25g diárias para mulheres. EM ESTADO HIPOGLICÉMICO , O ORGANISMO LIBERTA ÁCIDOS GORDOS , LEVANDO AO AUMENTO DE TRIGLICÉRIDOS NO SANGUE Os principais reguladores da concentração da glucose sanguínea após uma refeição são a quantidade e digestibilidadedos hidratos de carbono ingeridos, o grau de absorção do fígado, a secreção de insulina e a sensibilidade dos tecidos à ação da insulina. O índice glicémico (IG) indica a velocidade a que um hidrato de carbono é digerido e libertado na corrente sanguínea como glucose. Um alimento com um IG elevado irá elevar mais rapidamente o nível de açúcar no sangue (glicemia) do que um alimento com um IG mais baixo. No entanto, o IG não tem em consideração a quantidade de hidratos de carbono que contem um alimento e por isso, a carga glicémica acaba por ser um indicador mais viável. A carga glicémica (CG) é um sistema de classificação de alimentos ricos em hidratos de carbono que mede a quantidade de hidratos de carbono numa porção de alimento. Os alimentos com uma CG < 10 são considerados alimentos com baixo teor de hidratos de carbono e têm pouco impacto na glicemia. Os alimentos com CG entre 10- 20 têm um impacto moderado na glicemia. Por fim, os alimentos com CG > 20 tendem a causar picos na glicemia e são, por isso, desadequados a indivíduos com diabetes. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 5 O organismo regula os níveis de macronutrientes para fornecer energia suficiente e adequada para os tecidos do corpo. O cérebro utiliza aproximadamente 200g de glucose por dia. Quando os níveis de glucose diminuem para menos de 40 mg/dL, são libertados macronutrientes que estão armazenados. Uma ingestão excessiva de hidratos de carbono estimula uma produção excessiva de insulina como resposta compensatória. Aproximadamente 2 horas após uma refeição, a absorção intestinal já está completa, mas os efeitos da insulina persistem e a glicemia diminui. O organismo interpreta isto como um estado hipoglicémico e faz com que sejam libertados ácidos gordos das células adipostas, que por sua vez vão para o fígado e elevam os triglicéridos no sangue. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 6 Dividem-se em ácidos gordos saturados (AGS), ácidos gordos monoinsaturados (AGM) e ácidos gordos polinsaturados (AGP). Geralmente, as gorduras compostas por cadeias mais pequenas de ácidos gordos são líquidas à temperatura ambiente, como é o caso do azeite ou do óleo de sésamo. As gorduras saturadas, compostas por cadeias maiores, são sólidas à temperatura ambiente como é o caso da manteiga ou do queijo. Uma gordura como o óleo de coco, que é altamente saturada, é semilíquida à temperatura ambiente porque os ácidos gordos que predominam são de cadeia curta. Existem ainda alguns ácidos gordos denominados essenciais, tais como o ácido eicosapentaenoico (EPA), ácido gordo ómega-3, e o ácido docosa-hexaenóico (DHA), ácido gordo ómega-6. Os lípidos constituem aproximadamente 34% da energia na alimentação humana. Como a gordura é rica em energia e fornece 9 kcal/g, o ser humano consegue obter energia suficiente através de um consumo moderado de gordura. A gordura dietética é armazenada nas células adiposas. A capacidade de armazenar e utilizar quantidades grandes de gordura permite ao ser humano sobreviver sem alimentos durante várias semanas. Alguns depósitos de gordura não são capazes de ser utilizados eficientemente durante um período de jejum, sendo classificados como lípidos estruturais. Estes lípidos dão estrutura para manter os órgãos e nervos ligados, protegendo-os ainda contra traumas. A gordura dietética é essencial para a digestão, absorção e transporte de vitaminas lipossolúveis e alguns fitoquímicos, tais como licopeno e carotenoides. A gordura dietética diminui as secreções gástricas, atrasa o esvaziamento gástrico e estimula o fluxo biliar e gástrico, facilitando a digestão. Os ácidos gordos são um tipo de lípidos que varia consoante o seu tamanho em cadeias de carbonos. Tal como a glicose, os ácidos gordos são uma importante fonte de energia para as células. O ser humano armazena os ácidos gordos no tecido adiposo sob a forma de triglicéridos. São ainda percursores de fosfolípidos (moléculas presentes nas paredes das membranas das células) e muitos outros lípidos no organismo. Os ácidos gordos são extremamente importantes para o funcionamento do sistema hormonal, do sistema imunitário e ainda do sistema cardiovascular. Apenas as plantas conseguem sintetizar os ácidos gordos ómega-3 e ómega-6. No entanto, os humanos conseguem dessaturar o ácido linoleico em ácido araquidónico e ácido alfa-linoleico (ALA), que por sua vez dessaturam em EPA e DHA. Assim, tanto o ácido-linoleico como o ALA são essenciais na alimentação. As principais fontes alimentares de ácidos gordos ómega-6 são as fontes de gordura com origem animal como a carne, os ovos, o leite e derivados, a banha, e ainda no óleo de coco, girassol e colza e na margarina. Os ácidos gordos ómega-3 EPA podem ser encontrados, sobretudo, nos óleos de peixes gordos como o salmão, a cavala e a sardinha, e os ALA podem ser extraídos de algumas sementes como as de linhaça ou de chia. Um desequilíbrio no rácio ácidos-gordos ómega 3 e 6 pode contribuir para o desenvolvimento de algumas doenças inflamatórias e cardiovasculares. O rácio ótimo de ómega 6/ómega 3 é 2:1. A hidrogenação é o processo químico que adiciona moléculas de hidrogénio a óleos formando uma gordura sólida, tal como a margarina. Os ácidos-gordos trans (AGT), à medida que se adicionam à cadeia, vão-se juntando mais, formando uma estrutura compacta como se estivessem totalmente saturados. Estes AGT inibem a dessaturação do ácido linoleico e ALA, que são críticos para o desenvolvimento cerebral fetal e desenvolvimento dos órgãos. As fontes mais conhecidas de AGT são a margarina, produtos fritos, bolos de pastelaria e outros produtos alimentares processados. O consumo de AGT está a associado ao aumento da probabilidade de desenvolver cancro, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e inflamações cutâneas. Diferentes ácidos gordos podem formar um triglicérido (TAG), este processo depende dos ácidos gordos ingeridos através da dieta e da quantidade de síntese que está a decorrer. A maior parte dos TAG armazenados são saturados pois estes não são tão suscetiveis à oxidação. Os animais marinhos de águas frias mantêm os seus ácidos gordos sob a forma liquida, por isso, os TAG em óleos de peixes contêm ácidos gordos altamente insaturados. As recomendações da ingestão de lípidos integram os conhecimentos que existem acerca dos efeitos da gordura na saúde. Por exemplo, sabe-se que os AGS aumentam o colesterol LDL e HDL enquanto os AGP os diminuem. Recomenda-se que o consumo de AGS seja menor do que 10% da ingestão energética total (IET), uma vez que a gordura saturada está associada ao aumento do risco cardiovascular, o seu consumo deve ser limitado. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 7 Para uma alimentação saudável devemos procurar consumir óleos virgens de primeira pressão a frio. Estes são obtidos através de mecanismos unicamente físicos e mecânicos o que garante que sejam livres que substâncias químicas e sejam mais ricos em vitaminas e fitonutrientes como carotenoides e tocoferóis. Para evitar a degeneração das gorduras, evite sobreaquecê-las. Coloque o azeite no fim da cozedura da sopa, evite manter o lume muito alto nos cozinhados e procure manter a temperatura do forno entre 170 a 180ºC quando faz assados. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 8 De acordo com as recomendações atuais, um adulto saudável requer 0,8 g de proteína por kilograma de peso saudável. Para obter esta quantidade, deve ingerir cerca de 10-15% da sua ingestão energética diária em proteína. Estas necessidades aumentam em alturas de maior stress e/ou na presença de patologias. Os alimentos ricos em proteína são principalmente alimentos animais (carne, peixe, leite, ovos, etc.), sendo as fontes vegetais relativamente pobres em proteína, com a exceção de leguminosas e sementes (grão, feijão, lentilhas, sementes de cânhamo, etc.). A estrutura humana é formada principalmente por proteína. As funções principais da proteína no organismo incluem estruturas, enzimas, hormonas, transporte e imunoproteínas. As proteínas são compostaspor aminoácidos. A sequência de aminoácidos determina a estrutura e função da proteína que é determinada pelo código genético do ADN. A síntese de proteínas requer a presença de todos os aminoácidos durante o seu processo. Os aminoácidos não-essenciais podem ser sintetizados pelo organismo enquanto os aminoácidos essenciais têm de ser obtidos através da alimentação pois o ser humano não os consegue sintetizar em quantidades suficientes. A proteína também fornece energia, mais especificamente 5 kcal/g, no entanto, o seu metabolismo tem um custo metabólico de 1 kcal/g. Assim, a proteína ingerida pela dieta fornece 4 kcal/g. Quando a alimentação é pobre em hidratos de carbono, a proteína contribui para a formação de glucose de novo através de um processo denominado neoglucogénese. Só dois dos 20 aminoácidos é que não podem ser utilizados para produzir glucose: a lisina e a treonina. Eles produzem produtos que são convertidos em cetonas e utilizados para energia, conhecidos como os “aminoácidos cetogénicos”. A qualidade da proteína dietética é de extrema importância. A digestibilidade é um dos fatores que afeta a qualidade da proteína e por isso os procedimentos de preparação da carne envolvem geralmente a utilização de vinho e/ou vinagre, promovendo a desnaturação e libertação da proteína do músculo tornando todas as proteínas mais acessíveis às enzimas digestivas. As proteínas de origem vegetal têm uma menor digestibilidade do que as animais e estão menos disponíveis para a ação das enzimas digestivas. Algumas plantas contêm enzimas que interferem com a digestão da proteína e requerem a inativação pelo calor para serem consumidas. Por exemplo, os grãos de soja contêm a tripsinase que inativa a tripsina, a maior enzima de digestão proteica que existe no intestino. O processamento dos alimentos pode danificar os aminoácidos e reduzir a sua digestibilidade de diversas formas. O tratamento com calor para reduzir os açúcares do leite (glucose e galactose) causa uma perda de disponibilidade da lisina. A lactose reage com a lisina e torna-a indisponível. Em condições quentes e na presença de açúcares, todos os aminoácidos se tornam resistentes à digestão. Quando a proteína é exposta a tratamentos alcalinos, alguns aminoácidos podem reagir e formar um potencial tóxico. Assim, é extremamente importante que haja uma manipulação adequada de alimentos ricos em proteína. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 9 A qualidade da proteína dietética pode ser melhorada através da combinação de uma fonte de proteína com aminoácidos limitantes. Os aminoácidos essenciais são adequados para promover a síntese de proteínas e existem combinações específicas de alimentos que se devem fazer para obter os aminoácidos necessários para a síntese proteica. Estas combinações são os cereais e as leguminosas (arroz e feijão, caril de lentilhas e arroz, etc.), os cereais e produtos lácteos (massa com queijo, sandes de queijo, etc.) e leguminosas e sementes (hummus, sopas, etc.). O álcool fornece 7 kcal/g e não contém absolutamente nenhum valor nutricional. É capaz de infiltrar todas as membranas e é rapidamente absorvido. É metabolizado pela enzima álcool desidrogenase (ADH) para acetil- CoA, que será utilizado para sintetizar gordura. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 O termo vitamina descreve um grupo de micronutrientes essenciais que são compostos naturais que podem ser encontrados nos alimentos; que não são sintetizados pelo organismo em quantidades adequadas, e que podem desencadear uma deficiência devido à sua quantidade insuficiente. As vitaminas dividem-se em duas categorias: 1) Lipossolúveis; 2) Hidrossolúveis MICRONUTRIENTES - VITAMINAS Como o nome indica, este tipo de vitaminas necessita da presença de gordura para serem absorvidas e atuarem de forma adequada, sendo depois excretadas pelas fezes. São geralmente encontradas nas partes gordas das células tais como membranas. VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS Vitamina A A vitamina A refere-se a três compostos preformados que exibem uma atividade metabólica importante, o retinol, o retinal e o ácido retinóico. O retinol pode ser encontrado em proteínas animais. A forma ativa da Vitamina A existe apenas em alimentos de origem animal. No entanto, as planas contêm um grupo de compostos conhecidos como carotenoides, que fornecem retinoides quando metabolizados pelo organismo. Apesar de os alimentos conterem inúmeros antioxidantes que podem ser identificados como carotenoides, só alguns destes têm atividade da vitamina A. Absorção: o fígado é o órgão mais importante para a absorção da vitamina A pois as proteínas que a transportam vão ter diretamente ao fígado, onde é armazenada 50-80% da mesma. Posteriormente são metabolizadas e excretadas pelos rins. Funções: a mais importante é a visão, sendo que também tem um papel significativo na diferenciação e reconhecimento celular, no crescimento e desenvolvimento, nas funções imunitárias e na reprodução. DDR: Homens: 900 mcg (3,000 UI) I Mulheres: 700 mcg (2,333 UI) Fontes: as preformas de vitamina A são exclusivamente de origem animal, estando presentes nas reservas hepáticas ou na gordura do leite e dos ovos. Há quantidades elevadas de Vitamina A no bacalhau e nos óleos de fígado de vários tipos de pescado. Os vegetais de folha verde escura, os legumes, tubérculos e fruta de cor amarela e laranja são também fonte de carotenoides que podem fornecer vitamina A. Exemplos de estes alimentos são: cenoura, abóbora, laranja, batata doce, meloa, espinafres, brócolos, couves de bruxelas, etc. Geralmente, os leites magros são fortificados com retinol, uma vez que lhes é retirada a matéria gorda, sendo assim também eliminada a Vitamina A. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 Défice: resulta da ingestão inadequada das suas preformas, ou seja, alimentos que fornecem retinol ou carotenoides. Défices secundários podem resultar de má absorção que por sua vez pode resultar de uma ingestão insuficiente em gordura, ou noutros casos de insuficiência pancreática e/ou biliar. Alguns sintomas são a cegueira noturna, xeroftalmia, pele e cabelo seco, constipações e complicações respiratórias frequentes devido a uma baixa na imunidade. Vitamina D (Calcitriol) A vitamina D é conhecida como a “vitamina do sol” pois a exposição ao sol promove uma síntese endógena desta vitamina. A penetração dos raios ultravioleta depende da quantidade de melanina que existe no corpo, do tipo de roupa e da utilização de protetores solares. Uma exposição de 5-10 minutos nos braços e pernas ou na cara, braços e mãos, 2-3 vezes por semana, é considerada uma exposição ligeira ao sol, sendo esta suficiente para promover a síntese endógena. Além disso, pensa-se que até mesmo durante o inverno, uma exposição desta natureza é suficiente para manter os níveis adequados. Caso não seja possível, recomenda-se o consumo de alimentos fortificados ou de uma suplementação nos meses em que a exposição ao sol não é possível. As formas de vitamina D mais importantes para a nossa saúde, são a Vitamina D3 ou colecalciferol e a Vitamina D2 ou ergocalciferol. Através da exposição aos raios ultravioletas, é possível originar vitamina D3, sendo muito importante para a fixação do cálcio, promovendo a saúde óssea e dentária. A Vitamina D2 é exclusivamente obtida através dos alimentos. Absorção: a vitamina D é absorvida com os lípidos no intestino. Entra dentro do sistema linfático para o plasma e é transportada para o fígado. Funções: estima-se que mais de 50 genes sejam regulados pela vitamina D, sendo esta a função primária da mesma. Outra função importante é o seu papel na regulação da homeostasia do cálcio e fósforo. Por outro lado, também é importante para a diferenciação, proliferação e crescimento celular na pele, músculos, pâncreas, nervos e sistema imunitário. DDR: a DDR de vitamina D contabiliza a vitamina D2 e a D3, utilizando-se a medida de unidades internacionais (UI) para contabilizar as mesmas. Estima-se que 100 UI (2,5 µg) são suficientespara prevenir o défice da mesma, no entanto, recomenda-se uma ingestão relativamente mais elevada, especialmente nas crianças. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 A DDR para bebés é 400 UI, enquanto para crianças é 600 UI. É esperado que o adulto consiga obter níveis adequados de vitamina D através da exposição solar e ingestão de pequenas quantidades presentes nos alimentos. Caso isto não se verifique, a suplementação é uma opção válida. Fontes: existe naturalmente em produtos de origem animal, como óleo de fígado de bacalhau, salmão, atum, leite, iogurtes, margarina, sardinhas, fígado de vaca, cereais fortificados, ovos e queijos. Défice: o défice manifesta-se como raquitismo em crianças e osteomalacia em adultos. Estudos indicam que o défice pode aumentar o risco de desenvolver osteoporose e fraturas nos ossos em adultos e está ainda associado ao desenvolvimento de alguns tipos de cancro, doenças autoimunes, hipertensão e doenças infeciosas. Vitamina E A vitamina E tem um papel fundamental na proteção do organismo contra a ação de substâncias produzidas metabolicamente ou fatores externos, como os ambientais. A vitamina E inclui duas classes de substâncias biologicamente ativas: tocoferóis e tocotrienóis. Absorção: é absorvida no intestino através da difusão micelar. A sua utilização depende da presença de lípidos dietéticos e funções biliares e pancreáticas adequadas. As formas esterificadas encontradas em suplementos são mais estáveis e mais facilmente absorvidas. Estima-se que a eficiência de absorção varie entre 20-70%. Funções: conhecida como o antioxidante lipossolúvel mais importante na célula. Encontrada na parte lipídica da membrana celular, tem a capacidade de proteger os fosfolípidos dos processos oxidativos e degenerativos dos radicais livres. A vitamina E realiza as suas funções através da sua capacidade de reduzir os radicais livres a metabolitos inócuos (doando um hidrogénio). Assim, tem um papel importante na proteção do sistema imunitário e no combate ao stress oxidativo. DDR: 15 mg, ou seja, cerca de 22 UI de Vitamina E de fontes naturais e 33 UI de fontes sintéticas. Fontes: as duas formas de vitamina E são sintetizadas apenas por plantas, sendo que os óleos vegetais e as sementes representam as suas melhores fontes. Alguns exemplos de alimentos são as amêndoas, sementes de girassol, óleo de canola, espargos, óleo de amendoim, azeite, margarina e cajus. Défice: as manifestações clínicas variam consideravelmente. Geralmente, são observadas a nível neuromuscular, vascular e através do sistema reprodutor. O défice pode demorar 5-10 anos a desenvolver, manifestando-se pela perda de reflexos nos tendões e alterações no equilíbrio e coordenação. Apenas existem casos reportados em indivíduos com malabsorção lipídica. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 3 Vitamina K A vitamina K é extremamente importante para a coagulação sanguínea, formação óssea e regulação de diversos sistemas enzimáticos. Existem três formas de vitamina K: K1, K2 e K3. As K1 são sintetizadas pelas plantas e podem ser encontradas nos alimentos, enquanto que as K2 são sintetizadas pelas bactérias, na flora bacteriana. A K3 é produzida em laboratório e é capaz de, por sua vez, produzir menaquionas no fígado e é duas vezes mais potente do que as formas K1 e K2. Absorção: o processo de absorção da vitamina K decorre no intestino delgado. Funções: é essencial para a atividade coagulante e regulação enzimática. Pode ainda ter um papel significativo na manutenção da saúde óssea, prevenção de doenças cardiovasculares e regulação inflamatória. DDR: Homens: 120 mcg I Mulheres: 90 mcg Fontes: existe em vegetais de folha verde escura, normalmente em quantidades superiores a 100 µg por 100 g de alimento. Alguns exemplos são espinafres, brócolos, espargos e couve. Défice: o primeiro sintoma do défice de vitamina K é a hemorragia, que se pode tornar severa e em casos muito graves pode resultar numa anemia fatal. O défice é raro e tem sido associado apenas com malabsorção lipídica, destruição da flora intestinal e doença hepática. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 4 As vitaminas hidrossolúveis são, como o nome indica, solúveis em água e tendem, por isso, a ser absorvidas por difusão passiva quando ingeridas em elevadas quantidades e difusão ativa quando ingeridas em pequenas quantidades. VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS Vitamina B1 (Tiamina) A Tiamina tem um papel importante no metabolismo dos hidratos de carbono e na função neural, e tem de ser ativada para ser utilizada. Absorção: é absorvida no intestino delgado por difusão ativa quando está presente em pequenas quantidades e difusão passiva quando ingerida em grandes quantidades. A difusão ativa é inibida pela ingestão de álcool, interferindo com o transporte e absorção da vitamina. Funções: a principal função é a sua ação no metabolismo dos hidratos de carbono. DDR: Homens: 1,2 mg I Mulheres: 1,1 mg Fontes: a tiamina está distribuída por diversos alimentos, no entanto, em concentrações muito baixas. Apesar da maior parte dos cereais ser rico em tiamina, é quase totalmente removido durante os processos de moagem e refinação. Os alimentos de origem animal contêm a vitamina na forma em que é mais facilmente absorvida. Défice: o défice em tiamina é caracterizado pela anorexia e perda de peso, assim como sintomas cardíacos e neurológicos. Os sintomas incluem obstipação, perda de força muscular, dormência dos membros, edema nas pernas, hipertensão, entre outros. Vitamina B2 (Riboflavina) A riboflavina é essencial no metabolismo dos hidratos de carbono, aminoácidos e lípidos. Além disso, tem também um papel significativo na proteção dos antioxidantes contra radicais livres. Absorção: é absorvida no intestino delgado sob a forma livre. A maior parte dos alimentos apresenta esta vitamina na sua forma de coenzima, pelo que a absorção fica dependente da clivagem da riboflavina na forma livre. Podem ser encontradas quantidades mínimas desta vitamina no fígado e nos rins, no entanto, não é uma quantidade considerável, pelo que deve ser ingerida pela alimentação. Funções: a riboflavina é importante no metabolismo dos macronutrientes, atuando como coenzima em diversos processos e reações. Além disso, é também importante na oxidação lipídica. DDR: Homens: 1,3 mg I Mulheres: 1,1 mg C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 5 Vitamina B3 (Niacina) Absorção: a Niacina é sintetizada no aminoácido triptofano e apesar deste processo não ser muito eficiente, a ingestão do triptofano é importante para os valores séricos de vitamina no organismo. Esta vitamina consegue entrar nos tecidos através de difusão passiva, não necessitando de energia para ser absorvida. Funções: tal como a Riboflavina, a Niacina é muito importante para o metabolismo dos macronutrientes. Assim, tem funções importantes nos mecanismos de reparação de ADN, na estabilidade dos genes, no combate do stress oxidativo e consegue ainda modular alguns processos relacionados com a morte celular. DDR: Homens: 16 mg I Mulheres: 14 mg Fontes: a Niacina pode ser encontrada em diversas fontes alimentares, tais como carne, peixe e amendoins, entre outros. Défice: os primeiros sintomas de défice de Niacina são a atrofia muscular, a anorexia, a indigestão e problemas de pele. Fontes: a riboflavina está amplamente distribuída em diversos tipos de alimentos, tais como carne, produtos lácteos e vegetais folhosos, em menores quantidades. Alguns exemplos são o fígado de vaca, leite, iogurte, cereais fortificados, queijo, espinafres e brócolos. Défice: o défice manifesta-se através de sintomas após alguns meses com privação da vitamina. Os sintomas iniciais incluem sensações desconfortáveis tais como ardor e dor nos olhos, e ardor nos lábios, boca e língua. Os sintomas mais avançados incluem fissuras nos lábios, e pequenos rasgões nos cantos da boca. Vitamina B5 (Ácido Pantoténico) Absorção: o ácido pantoténico éabsorvido para dentro das células onde é convertido para CoA, sendo a forma mais comum na maior parte dos tecidos, incluindo o fígado, rins, cérebro e coração. Funções: é essencial para a síntese de ácidos gordos e colesterol. DDR: aproximadamente 5 mg Fontes: está presente em quase todos os tecidos animais e vegetais, sendo que as fontes mais importantes são o coração e o fígado. Os cogumelos, abacate, brócolos, gema de ovo e batata doce são todos boas fontes desta vitamina. Défice: o défice resulta numa desregulação lipídica e compromete a produção de energia. Uma vez que a vitamina é amplamente distribuída pelos alimentos, o défice na mesma é rara. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 6 Vitamina B6 (Piridoxina) Absorção: por difusão passiva no jejuno e íleo. A maior parte das reservas, 80-90%, estão presentes no músculo. Funções: é muito importante para a atividade dos aminoácidos e suas respetivas funções. Além disso, a vitamina B6 é necessária para a biossíntese de neurotransmissores importantes na regulação de diversas coisas, nomeadamente a fome e saciedade. DDR: apesar de não ter sido estabelecida uma DDR, estima-se que a ingestão deve variar entre 1,3 e 1,7 mg. Fontes: existe maior quantidade desta vitamina na carne, nos cereais integrais, vegetais e frutos secos. Geralmente, tende a haver maior biodisponibilidade quando a ingestão provém de uma fonte animal. Défice: as manifestações costumam ser dermatológicas e neurológicas, tais como fadiga, fraqueza, sono, glossite, estomatite, e imunidade fraca. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 7 Vitamina B9 (Ácido Fólico) Absorção: a absorção ocorre geralmente por transporte ativo no jejuno, onde pode ser diretamente transferida para a corrente sanguínea. A biodisponibilidade dos folatos na fruta, vegetais e fígado equivale aproximadamente a 80% da do ácido fólico. Assim, uma dieta rica em alimentos fontes de folatos pode melhorar as quantidades séricas de ácido fólico. Funções: tem um papel importante em diversas reações metabólicas. Por exemplo, tem função na síntese de novo e reparação do ADN. É também essencial para a formação de eritrócitos e glóbulos brancos na medula óssea. A sua função imprescindível na divisão celular torna-o essencial durante a conceção e gravidez. DDR: 400 mcg, sendo extremamente importantemdurante a gravidez. Fontes: apesar de estar presente em diversos alimentos, ocorrem perdas que variam entre 50-90% durante a cocção, armazenamento e processamento dos alimentos. A biodisponibilidade varia consideravelmente no alimento podendo estar 100% biodisponível na sua forma crua, mas apenas 10% na sua forma cozinhada. Défice: o défice de ácido fólico resulta numa biossíntese inadequada de ADN e ARN, comprometendo a divisão celular. O que acontece na maior parte das vezes é uma multiplicação excessiva de eritrócitos, leucócitos e células epiteliais no estômago, intestino, vagina e útero. Vitamina B12 (Cobalamina) Absorção: a vitamina B12 está ligada à proteína ingerida através da alimentação e é libertada durante a digestão no estômago. Posteriormente, liga-se a outras proteínas e vai para o intestino delgado, onde é absorvida por difusão ativa. Funções: como outras vitaminas, a sua atividade é sob a forma de duas coenzimas. Estas formas da vitamina são importantes para o metabolismo das proteínas, entre outros processos. DDR: 2,4 mcg C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 8 Fontes: a vitamina B12 é sintetizada por bactérias, mas a vitamina produzida pela flora intestinal não é absorvida. As fontes mais ricas desta são o fígado e rins de animais, leite, ovos, peixe, queijo e carne. Os alimentos de origem vegetal apenas contêm a vitamina por contaminação ou por síntese bacteriana, que, mais uma vez, não é absorvida. Défice: o défice provoca alterações na divisão celular e anormalidades neurológicas, resultando em sintomas que incluem dormência, sensação de formigueiro, e perda de força nas pernas. A causa exclusiva do défice em vitamina B12 resulta de uma ingestão insuficiente de alimentos de origem animal. Vitamina B7 (Biotina) Absorção: a biotina na sua forma livre é absorvida no intestino delgado, mas quantidades pequenas da mesma podem ser absorvidas no cólon. Funções: as funções da biotina estão ligadas às funções do ácido fólico, ácido pantoténico e vitamina B12. DDR: 30 mcg Fontes: algumas fontes de biotina são os amendoins, amêndoas, proteína de soja, ovos, iogurte, leite magro e batata doce. Défice: é muito raro, uma vez que a biotina pode ser ingerida através do consumo de diversos alimentos. Os casos raros que foram documentados envolveram pacientes recebendo nutrição parentérica ou bebés a amamentar cujas mães não continham a vitamina em quantidades suficientes no leite. Em todos os casos os sintomas incluíram dermatite, glossite, anorexia, náuseas, depressão e hipercolesterolemia. Vitamina C (Ácido Ascórbico) Absorção: a vitamina C é sintetizada através da glucose e galactose pelas plantas e animais. As espécies que não conseguem sintetizar endogenamente o ácido ascórbico obtêm-no através da dieta por transporte ativo e difusão passiva. Funções: uma das principais funções da vitamina C é o combate ao stress oxidativo provocado pelos radicais livres, pelo que a sua deficiência pode aumentar o risco de isquemia cardíaca. Além da sua função antioxidante, esta vitamina também promove a resistência às infeções através do seu envolvimento com o sistema imunitário dos leucócitos. Estudos reportam o efeito benéfico da ingestão de alimentos ricos em vitamina C no combate a constipações e gripes. DDR: Homens: 90 mg I Mulheres: 75 mg I Fumadores: mais 35 mg que a dose recomendada C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 9 Fontes: a vitamina C pode ser encontrada em diversos tipos de fruta e vegetais. No entanto, o ácido ascórbico presente nestes alimentos é facilmente destruído pela oxidação e, por ser solúvel em água, muitas vezes é perdido na mesma durante a cocção dos alimentos. Alguns alimentos ricos em vitamina C são pimentos amarelos, laranjas, brócolos, couves de bruxelas, morangos, meloa, manga, couve kale e tomate. Défice: o défice começa a ser sintomático após 45-80 dias em privação da vitamina. Alguns sintomas incluem o edema, hemorragias e fraqueza óssea e dentária. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 0 C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 1 C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 2 C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 3 Cálcio Função: essencial para a saúde óssea e dentária. A sua ingestão adequada é especialmente importante para as mulheres, para prevenir a osteoporose após a menopausa. Fontes alimentares: leite e derivados, sardinhas, ostras, couve kale, vegetais de folha verde escura, tofu. Défice: estudos indicam que grande parte da população não atinge a DDR de cálcio. O défice a longo prazo pode ser responsável pelo desenvolvimento de osteoporose. A ingestão insuficiente de cálcio combinada com o défice em vitamina D podem contribuir para o desenvolvimento de osteomalácia (enfraquecimento dos ossos), cancro do cólon e hipertensão. MICRONUTRIENTES - MINERAIS Os nutrientes minerais são reconhecidos como sendo essenciais para o funcionamento do organismo, apesar das necessidades não terem sido totalmente estabelecidas para alguns deles. A composição em minerais representa 4-5% do peso corporal, ou cerca de 2,8-3,5 kg em mulheres e homens adultos, respetivamente. Cerca de 50% deste peso é cálcio e cerca de 25% é fósforo, sendo dois minerais essenciais para a saúde óssea e dentária. Por exemplo, a absorção do zinco fica comprometida na presença excessiva de ferro, enquanto a ingestão excessiva de zinco reduz a absorção do cobre, e a ingestão excessiva ou inadequada de cálcio reduz a absorção de ferro, zinco e manganês. Outros componentes alimentares podem ter um papel no aumento e/ou diminuição da absorção dos minerais. Por exemplo, a vitamina C potencia a absorção de ferro. A biodisponibilidade também pode serafetada por fatores fisiológicos tais como acidez gástrica, adaptação homeostática e fermentação bacteriana no intestino. Biodisponibilidade: a biodisponibilidade dos minerais depende do elemento mineral após a digestão dos alimentos e antes de ser utilizado pelas células e tecidos. A baixa biodisponibilidade pode resultar da ligação do cálcio e magnésio a ácidos gordos livres, na presença de uma má absorção lipídica, por exemplo. Algumas interações mineral-mineral também podem influenciar a absorção dos mesmos, uma vez que se pode dar uma competição. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 4 Fósforo Função: componente de todas as células e alguns metabolitos, é importante na regulação celular e do pH. Fontes alimentares: queijo, gema do ovo, leite, carne, peixe, cereais integrais, entre outros. Défice: não é comum, se a ingestão proteica e de cálcio for adequada. Contudo, em casos severos, o défice reflete-se em funções corporais desadequadas, por ser importante em diversos processos no organismo. Alguns sintomas são a diminuição da síntese de ATP e anormalidades a nível neuronal, muscular e renal. Magnésio Função: é muito importante para a atividade muscular, aprendizagem e memória. Fontes alimentares: cereais integrais, tofu, frutos secos, carne, leite, vegetais verdes, leguminosas e chocolate. Défice: o défice por uma ingestão inadequada é raro, mas pode haver um défice desencadeado por cirurgias, hábitos alcoólicos, malabsorção, perda de fluidos corporais e patologias hormonais e renais. Os sintomas incluem náuseas, enxaquecas, asma, tremores e caibras musculares. Enxofre Função: essencial para as atividades dos aminoácidos. Fontes alimentares: fontes de proteína como carne, peixe, ovos, leite, queijo, leguminosas e frutos secos. Défice: a quantidade sérica depende exclusivamente da ingestão de aminoácidos que contêm enxofre e, por isso, o défice está associado ao défice proteico. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 5 Ferro Função: muito importante para o sistema imunitário e essencial para um transporte adequado de oxigénio Fontes alimentares: fígado, carne, gema do ovo, leguminosas, cereais integrais e/ou fortificados, vegetais de folha verde escura, camarão e ostras. Défice: pode estar associado a perdas de sangue, presença de parasitas ou malabsorção, causando anemia ferropénica. Zinco Função: importante para a função imune e expressão de informação genética. Fontes alimentares: ostras, crustáceos, fígado, leguminosas, leite, farelo de trigo. Défice: as consequências do défice em zinco podem resultar numa insuficiência imunitária. Cobre Função: contribui para a produção de enzimas. Fontes alimentares: fígado, crustáceos, cereais integrais, cerejas, leguminosas, rins, ostras, carne de aves, chocolate e frutos secos Défice: não existem casos documentados de um défice em cobre causado por ingestão insuficiente. A doença de Menkes é genética e resulta do seu défice. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 6 Manganês Função: importante na formação de tecidos, crescimento e reprodução. Fontes alimentares: beterraba, mirtilos, cereais integrais, frutos secos, leguminosas e chá. Défice: apesar do défice ser raro, na sua presença pode afetar o sistema reprodutivo. Molibdénio Função: cofator de enzimas. Fontes alimentares: leguminosas, cereais integrais e vegetais de folha verde escura. Défice: o défice pode causar alterações mentais. Iodo Função: importante para o bom funcionamento da tiróide. Fontes alimentares: sal iodado, marisco, água e vegetais em algumas regiões. Défice: em crianças, está associado a uma disfunção cognitiva e em adultos pode causar bócio (aumento da glândula tiroideia) Flúor Função: componente dos ossos e dentes, reduz as caries dentárias e minimiza a desmineralização óssea. Fontes alimentares: alguns tipos de águas, chá, café, arroz, edamame, espinafres, cebola e alface. Défice: como não tem papel em nenhuma função metabólica, o défice não resulta em nenhuma doença. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 7 Selénio Função: envolvido no metabolismo lipídico e tem função antioxidante. Fontes alimentares: cereais, cebola, carne, leite, vegetais (a quantidade presente nos mesmos depende do seu conteúdo na terra). Défice: estudos indicam que o défice ocorre em pacientes fazendo nutrição parentérica total sem suplementação em selénio ou em paises subdesenvolvidos. Crómio Função: potencia a ação da insulina e influencia o metabolismo glucídico, lipídico e proteico. Fontes alimentares: brócolos, uvas, cereais integrais, batata e alho. Défice: o défice pode resultar numa resistência à insulina. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 8 C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 2 9 Como o peso corporal é afetado pela composição do peso, um indivíduo com maior percentagem de massa magra terá necessidades energéticas diferentes do que um indivíduo com o mesmo peso corporal, mas com maior percentagem de massa gorda. A taxa metabólica basal (TMB) reflete a quantidade de energia utilizada pelo organismo num espaço de 24h. A taxa metabólica de repouso (TMR) é a energia despendida em atividades necessárias para sustentar as funções normais do corpo. Estas atividades incluem a respiração, circulação, síntese de compostos orgânicos e a passagem de iões através das membranas. A energia pode ser definida como a “capacidade de trabalhar”. As plantas verdes aproveitam a energia solar para sintetizar proteínas, lípidos e hidratos de carbono através de um processo chamado fotossíntese. Os animais e seres humanos, por outro lado, obtêm estes nutrientes e a energia neles presente através do consumo de alimentos vegetais e animais. As necessidades energéticas são definidas como a ingestão de energia dietética que é necessária para o crescimento ou manutenção de uma pessoa consoante a idade, género, peso, altura e nível de atividade física. O organismo tem uma capacidade única de ajustar as necessidades energéticas consoante a ingestão de hidratos de carbono, proteína e lípidos. No entanto, o seu consumo elevado ou insuficiente poderá resultar, a longo prazo, em alterações no peso corporal. NECESSIDADES ENERGÉTICAS EM CADA FASE DA VIDA C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 0 C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 1 O efeito térmico dos alimentos (ETA) refere-se ao aumento no dispêndio energético associado à ingestão, digestão e absorção dos alimentos. A termogénese é a energia necessária para digerir, absorver e metabolizar nutrientes, incluindo a síntese de reservas de proteína, lípidos e hidratos de carbono. A ETA varia consoante a composição da alimentação, aumentando imediatamente após a ingestão de uma refeição, sendo este aumento mais acentuado após uma refeição rica em proteína, comparativamente a uma refeição rica em gordura. Os fatores que afetam a TMR são: - Idade: uma vez que a TMR é afetada pela quantidade de massa magra, é normal que a mesma seja maior em alturas de maior crescimento. - Composição corporal: a massa magra é metabolicamente mais ativa do que a massa gorda e contribui em cerca de 80% para as variações na TMR. - Área de superfície corporal: indivíduos com maior área de superfície corporal têm, geralmente, maior TMR. Por exemplo, se dois indivíduos pesam o mesmo, mas um é mais alto, à partida, o mais alto tem maior superfície corporal e por isso, maior TMR. - Condições climatéricas: a TMR é afetada por condições climatéricas extremas. Indivíduos que habitam em climas tropicais tendem a ter maior TMR do que indivíduos habitantes em áreas temperadas. - Sexo: os indivíduos do sexo feminino tendem a armazenar mais gordura em proporção ao músculo, do que os indivíduos do sexo masculino. Assim, costumam ter uma TMR 5-10% mais baixa do que os homens. - Estado hormonal: as hormonas afetam a TMR. Os distúrbios endócrinos, tais como o hipertiroidismo e o hipotiroidismo, aumentam ou diminuem o dispêndio energético, respetivamente. A estimulação dosistema nervoso simpático em períodos de excitação ou stress emocional estimulam a libertação de epinefrina, que aumenta a atividade celular. Além disso, a TMR varia consoante o estado menstrual da mulher. - Temperatura: a febre aumenta a TMR aproximadamente a 7% a cada grau de febre que excede os 37ºC. - Outros fatores: a cafeina, nicotina e a ingestão de álcool podem afetar a taxa metabólica. GRAVIDEZ A gravidez é um período onde ocorrem diversas alterações fisiológicas e físicas na mulher. O crescimento fetal exige energia e nutrientes e as necessidades energéticas devem ser ajustadas. É necessário aumentar a ingestão de energia durante esta fase para sustentar a exigência metabólica da gravidez e do crescimento fetal. O metabolismo aumenta em cerca de 15%, devendo a ingestão energética manter-se igual durante o primeiro trimestre, e ser aumentada em 340-360 kcal/dia no segundo trimestre, adicionando a esse valor mais 112 kcal/dia no terceiro trimestre. É ainda de extrema importância que o peso da grávida seja controlado, uma vez que as diferenças no dispêndio energético e TMB variam individualmente. A restrição energética é extremamente perigosa durante a gravidez e deve ser evitada. Uma das consequências observadas pela restrição energética é a produção de cetonas. Embora os fetos tenham capacidade limitada de metabolizar cetonas, os efeitos a curto e longo paazo da cetose materna são desconhecidos. Existe um aumento das necessidades proteicas durante a gravidez para sustentar a síntese de tecidos maternos e fetais, mas a magnitude deste aumento é incerta. A dose diária recomendada (DDR) atual é 0.8 g/kg/dia de proteína para mulheres grávidas no primeiro trimestre, podendo aumentar até 1.1 g/kg/dia no terceiro trimestre. A DDR de hidratos de carbono durante a gravidez é entre 135-175 g/dia, garantindo energia suficiente para prevenir a cetose e manter a glicemia adequada. Este valor pode aumentar em situações específicas mas é mais importante a atenção ser focada na qualidade dos hidratos de carbono, garantindo uma ingestão adequada de todos os nutrientes. O consumo de fibra através da ingestão de farinhas integrais, legumes, leguminosas, sementes, frutos secos, fruta fresca e desidratada deve ser encorajado para a manutenção de uma boa saúde gastrointestinal, reforço imunitário, equilíbrio hormonal e saúde cardiovascular. A DDR de fibra durante a gravidez é 28 g/dia e deve ser atingida para evitar a obstipação que é comum em grávidas. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 2 C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 3 Não existe DDR para lípidos durante a gravidez. A quantidade de gordura ingerida deve depender das necessidades energéticas para um ganho de peso consciente. Contudo, existe recomendação de 13 g/dia para o consumo de ácidos gordos ómega-6 e 1.4 g/dia para o consumo de ácidos gordos ómega-3. Uma ingestão adequada de vitaminas é essencial durante a gravidez. Inúmeros estudos indicam que a suplementação de vitaminas na fase preconceção e/ou início da gravidez reduz o risco de defeitos cardiovasculares no feto. A maioria das necessidades de vitaminas e minerais sofre um aumento de aproximadamente 15%. As principais vitaminas a ter em atenção durante esta fase são: - Ácido fólico: a DDR para mulheres saudáveis não grávidas é 400 mg/dia e em fase de gravidez deve ser suplementado. O défice de ácido fólico é demonstrado pela diminuição da taxa de síntese de ADN nas células. - Vitamina B6: as funções desta vitamina são um cofator de aproximadamente 50 enzimas, especialmente no metabolismo dos aminoácidos. Uma vez que a carne e o peixe são boas fontes da mesma, o défice não é comum e nem sempre é necessário suplementar. Em grávidas com um regime alimentar vegetariano ou vegan, aconselha-se a suplementação desta vitamina para prevenção de qualquer possível défice. - Vitamina B12: esta vitamina é necessária para várias reações e pode ser encontrada em alimentos de origem animal (carne e produtos lácteos). As grávidas vegetarianas e vegans apresentam um risco acrescido de desenvolver um défice de vitamina B12, no entanto, aconselha-se a suplementação na maior parte dos casos. - Colina: um nutriente essencial porque não pode ser sintetizado em quantidades suficientes para atingir as necessidades metabólicas. Os alimentos ricos em colina são o fígado, carne de porco, carne de frango, carne de peru, gema do ovo, lecitina de soja e gérmen de trigo. Mulheres grávidas que não consumam estes alimentos podem necessitar de suplementação. - Vitamina C: o ácido ascórbico está envolvido na síntese do colagénio e tem uma função antioxidante. A sua ingestão diária deve ser encorajada. Não existe evidência que comprove a necessidade de suplementação para prevenir a rutura de membranas desde que a alimentação da grávida seja completa, variada e equilibrada. - Vitamina A: o défice é teratogénico e pode resultar em fetos de muito baixo peso. Os recém- nascidos que nascem prematuramente têm reservas muito pobres de Vitamina A e baixa função pulmonar. A suplementação é uma opção para quem necessite, mas é extremamente importante não exceder o limite. - Vitamina D: a Vitamina D é muito importante para o desenvolvimento cerebral e do sistema imunitário. O défice materno de Vitamina D está associado a hipocalcemia neonatal, que pode ser manifestado na mineralização inadequada dos ossos do feto, hipoplasia dentária e/ou convulsões. As concentrações em Vitamina D costumam ser muito baixas em recém-nascidos cujas mães tinham o mesmo défice durante a gravidez. A suplementação pode ser necessária para atingir as concentrações séricas desejadas. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 4 Além das vitaminas, também é de extrema importância atingir as necessidades em minerais como: - Cálcio: os fatores hormonais afetam o metabolismo do cálcio durante a gravidez. O estrogénio inibe a reabsorção pelo osso, provocando uma libertação compensatória da hormona paratiroideia, mantendo o cálcio sérico estável e aumentando a absorção de cálcio no intestino. As consequências deste processo verificam-se na retenção de cálcio que aumenta as necessidades ósseas do feto. Aproximadamente 30 g são acumuladas durante a gravidez, sendo que 25 g representam o esqueleto do feto. O limite de consumo de cálcio durante a gravidez é 2500 mg/dia. - Cobre: a sua deficiência pode alterar o desenvolvimento embrionário. - Vitamina E: as necessidades aumentam durante a gravidez e o seu défice pode causar abortos espontâneos e partos prematuros, apesar de não terem sido documentados défices em gravidezes humanas. - Vitamina K: uma alimentação adequada e variada deveria ser suficiente para atingir as necessidades em Vitamina K, uma vez que as suas fontes incluem os vegetais de folha verde escura. A Vitamina K é importante para a saúde óssea e para uma adequada coagulação, pelo que as suas necessidades devem ser atingidas durante a gravidez. - Fluor: a função do fluor no desenvolvimento perinatal é controversa. O desenvolvimento da dentição primária ocorre entre a 10ª-12ª semana de gestação. No final da gestação, é normal que tenha havido o desenvolvimento de 32 dentes. A controvérsia envolve saber até que ponto é que o fluor é transportado através da placenta e qual o seu valor in-utero. - Iodo: tem uma função extremamente importante no metabolismo dos macronutrientes. Uma ingestão adequada de iodo durante a gestação está associada a níveis de inteligência mais elevados na criança e o défice de atenção pode estar associado a uma ingestão inadequada de iodo. Para assegurar uma ingestão adequada, devem procurar-se alimentos como sal marinho, sprirulina, clorela, ovos e peixes de alto mar. Contudo, há várias pessoas mundialmente em risco de défice devido ao baixo consumo de alimentos marinhos. Na presença de níveis urinários baixos, o iodo deve ser suplementado. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 5 - Ferro: as necessidades aumentam significativamente durante a gestação. É necessário o consumoadicional de 700-800 mg/dia de ferro, sendo que 500 mg representam o que é necessário para eritropoiese e 250-300 mg representam o que é necessário para os tecidos do feto e da placenta. Na maior parte dos casos a suplementação é prescrita apenas no terceiro trimestre. - Magnésio: um feto de termo acumula 1 g de magnésio durante a gestação e estudos indicam que a sua suplementação reduz a probabilidade de desenvolver alguns defeitos. - Fósforo: o défice está associado a mulheres que sofrem de náuseas e enjoos durante a gravidez. O fósforo é importante no metabolismo energético e por isso, pode e deve ser suplementado na veia em casos graves. - Sódio: a alteração hormonal durante a gravidez afeta o metabolismo do sódio. Há um aumento no volume sanguíneo materno aumentando, por sua vez, a filtração glomerular de sódio para quase o dobro. A restrição de sódio e o uso de diuréticos durante a gravidez não é recomendada, especialmente para mulheres com edema. A ingestão de sódio deve manter-se entre as 2-3 g/dia através de alimentos naturalmente ricos neste mineral como sal dos himalaias. - Zinco: uma deficiência em zinco é altamente teratogénica e pode levar a malformações congénitas, desenvolvimento cerebral anormal, e comportamentos anormais no recém- nascido. Mulheres com concentrações plasmáticas de zinco muito inferiores ao recomendado apresentam um risco aumentado de ter recém-nascidos com muito baixo peso (<2kg). O zinco pode ser encontrado em alimentos como a carne vermelha, marisco, cereais integrais e sementes. A suplementação não costuma ser necessária. Necessidades hídricas: é recomendada a ingestão de 8-10 copos de água por dia. Um estudo de 2004 estabeleceu que o valor adequado é 1,5 L de água, com um valor limite superior de 2,3 L/dia. Contudo, é importante considerar sempre a superfície e peso corporal da mulher. Uma hidratação frequente e constante melhora o bem-estar geral e apesar da vontade frequente de urinar ser uma das principais queixas da mulher grávida, a hidratação reduz o risco de desenvolver infeções urinárias, pedras nos rins e obstipação. Álcool: a evidência demonstra uma associação entre a ingestão de bebidas alcoólicas e diversas anormalidades neonatais, comprovando o seu efeito teratogénico. A síndrome do alcoolismo fetal (SAF) provoca atrasos no crescimento pré e pós- natal, microcefalia, alterações oculares, anormalidades faciais e o desenvolvimento anormal do esqueleto do corpo fetal. Para além disso, o álcool pode alterar a expressão genética. O consumo de álcool foi também associado com o aumento do risco de ter um aborto espontâneo, rutura da placenta e atraso mental. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 6 Náuseas e vómitos: as náuseas e os vómitos afetam 50-90% das mulheres grávidas no primeiro trimestre. O movimento, barulho alto, luzes fortes e condições climatéricas adversas podem desencadear os enjoos. Felizmente, a maior parte das mulheres estão funcionais, capazes de trabalhar e não perdem peso durante esta fase. A ingestão de pequenos lanches ricos em fibras e/ou proteína ajuda a diminuir as náuseas e vómitos. A ingestão de gengibre está associada à redução deste sintoma e pode ser feita através da mastigação de gengibre desidratado, consumo de gengibre fresco às refeições ou consumo de chá de gengibre. Existem também alguns suplementos alimentares naturais á base de gengibre que ajudam a superar este problema. Obstipação: é comum haver obstipação durante a gravidez quando a mulher não ingere fibra e água nas suas quantidades recomendadas. Outra das causas é o medicamento utilizado para aliviar os enjoos, que pode promover a obstipação. É importante aumentar a ingestão de líquidos e alimentos ricos em fibra. Diabetes mellitus: os fetos de mães com diabetes mellitus apresentam um risco superior de desenvolver defeitos cardíacos e atresia pulmonar enquanto que os fetos de mães com diabetes mellitus gestacional (DMG) apresentam um risco superior de desenvolver hipoglicemia à nascença, macrossomia e défices nutricionais. A abordagem para reduzir a incidência de DMG inclui a suplementação de probióticos antes e durante a gestação, uma vez que estes alteram o microbiota materno, a resposta imunitária e melhoram a tolerância à glucose. Edema: é comum haver edema no terceiro trimestre, principalmente nas extremidades inferiores. Este tipo de edema é causado pela pressão que o útero dilatado faz na veia cava, obstruindo o retorno do sangue ao coração. Não é necessária uma intervenção nutricional para estes casos. Azia: o refluxo é comum no fim da gravidez e ocorre normalmente à noite. Esta sensação de ardor e azia reflete o efeito da pressão do útero no estômago e intestinos. As mulheres que apresentem este sintoma devem preferir fazer refeições pequenas, mas frequentes, ficando sentadas ou em pé 3h após uma refeição e antes de dormir. Amamentação A amamentação é inequivocamente a opção ideal de alimentação infantil até aos 4-6 meses. Em geral, todos os médicos e indivíduos envolvidos na área da saúde o recomendam. Existem diversos benefícios conhecidos da amamentação quer para a mãe quer para o bebé. Os benefícios conhecidos para os bebés são: a redução da incidência e severidade de meningite de origem bacteriana, diarreias, sepsis, otites, infeções respiratórias e infeções urinárias; a redução da taxa de asma, alergias alimentares, hipercolesterolemia, leucemia, linfomas, excesso de peso e obesidade, síndrome da morte súbita e diabetes mellitus tipo 1 e 2; e promove ainda uma sensação de anestesia durante procedimentos dolorosos, melhora a performance cognitiva e promove a ligação mãe-bebé. Os benefícios conhecidos para as mães são: a redução da perda de sangue durante a menstruação, redução da perda de sangue pós-parto, redução do risco de cancro hormonal (ovário e mama), promoção da perda do peso da gravidez, promoção a involução urinária e diminuição do risco de fraturas na anca e osteoporose pós-parto. A lactação é nutricionalmente exigente, especialmente para uma mulher que amamente exclusivamente nos primeiros meses. A produção de leite é afetada pela hidratação materna. Contudo, a composição do leite varia consoante a dieta da mãe. Por exemplo, a composição do leite em ácidos gordos reflete a ingestão desses mesmos ácidos gordos pela mãe. Além disso, as concentrações de selénio, iodo e vitaminas do complexo B também refletem a alimentação materna. O leite materno de mães malnutridas é pobre em nutrientes, refletindo a disponibilidade dos alimentos. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 7 Energia: a produção do leite é 80% eficiente, para produzir 100 mL de leite (aproximadamente 75 kcal) requer-se um dispêndio energético de 85 kcal. Durante os primeiros 6 meses de lactação, a produção média equivale a 750 mL/dia, podendo atingir os 1200 mL/dia. Tudo depende da frequência, duração e intensidade da mamada, bebés que se alimentem bem promoverão uma produção maior de leite. A DDR de energia durante a fase de amamentação deve ser semelhante à DDR de energia no segundo trimestre de gravidez. Ou seja, deve equivaler à DDR normal mais 330 kcal/dia. As mulheres com excesso de peso e obesidade podem não beneficiar desta quantidade, podendo esta ser um pouco mais baixa. A gordura acumulada durante a gravidez fornece aproximadamente 100-150 kcal/dia para sustentar os primeiros meses de amamentação. Quando as reservas terminam, a ingestão de energia deve sustentar a lactação, devendo ser aumentada quando necessário. A partir dos 6 meses de amamentação, a produção de leite desce, geralmente, para 600 mL/dia. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 8 CERCA DE 210G DE HIDRATOS DE CARBONO POR DIA Proteína: a DDR sugere o aumento em 25 g de proteína por dia durante a amamentação, ou seja, um total de cerca de 71 g/dia. Este valor tem como base a 1.1 g/kg/dia de peso pré- gravidez. É necessário haver uma opinião médica crítica pois 71 g/dia pode ser pouco para mulheres com excesso de peso e obesidade. O L E I T E MA T E R NO T EM UMR Á C I O WH E Y / C A S E Í N A D E 9 0 : 1 0 N A P R I M E I R A F A S E D A AMAM EN T A Ç Ã O , QU E MUDA P A R A 8 0 : 2 0 C OMO MÉD I A E , P O S T E R I O RM E N T E P A R A 6 0 : 4 0 À M E D I D A QU E O B E B É C R E S C E . Espera-se que este rácio torne o leite materno de muito mais fácil digestão visto que o rácio whey/caseína do leite de vaca é 18:82. Durante a amamentação é importante que a mãe procure consumir alimentos fonte de proteína como carne, peixe ovos, grão, feijão, lentilhas, tofu, tempeh, sementes de cânhamo ou mesmo spirulina. Hidratos de carbono: a DDR de hidratos de carbono ronda as 210 g/dia. É recomendada a ingestão deste valor para fornecer energia suficiente na dieta e obter volumes adequados de leite. O valor pode ser ajustado consoante a atividade da mulher. Recomenda-se que, na amamentação, a mãe mantenha a ingestão de, pelo menos, 5 porções de fruta e legumes por dia, incluindo também cereais integrais, sementes e leguminosas. Lípidos: a quantidade e tipo de gordura no leite materno reflete a alimentação materna. Não existe DDR para a ingestão de lípidos durante a amamentação pois depende da energia necessária para manter a produção de leite. No entanto, considera-se que a ingestão adequada de AG ómega-6 é 13 g/dia e a de AG ómega-3 é 1.3 g/dia. A ingestão de gordura trans deve ser evitada evitando também que a mesma seja uma componente do leite materno. Alimentos como peixes gordos, abacate, azeite, óleo de coco, sementes e frutos secos devem ser incluídos na alimentação da mãe para garantir estas proporções de ácidos gordos essenciais. Vitaminas e minerais: o conteúdo do leite materno em vitamina D reflete a ingestão materna e a exposição ao sol. Existem diversos casos de grávidas e mulheres a amamentar que apresentam défice nesta vitamina, devendo haver a possibilidade de suplementação sempre que necessário. O conteúdo em cálcio não reflete a ingestão materna e não existe evidência científica que comprove que a estrutura óssea é influenciada pela ingestão de cálcio. O conteúdo em iodo pode não refletir a ingestão materna, havendo casos de indivíduos que ingerem a DDR e apresentam níveis baixos. As necessidades de zinco aumentam durante a amamentação, uma vez que no processo normal da mesma, o conteúdo do leite materno diminui durante os primeiros meses. Por essa razão, a mãe deve reforçar o consumo de cereais integrais, ricos em zinco, como arroz integral, aveia integral, espelta ou quinoa. Fases do leite materno Colostro: o colostro é um líquido fino e amarelo e é o primeiro leite disponível após o nascimento. É rico em proteína e pobre em lípidos e hidratos de carbono. O colostro é rico em anticorpos e é mais pobre em lactose, mais rico em antioxidantes e mais pobre em vitaminas hidrossolúveis do que o leite maduro. Técnica: as mães devem aprender a amamentar assim que o bebé nasce. O bebé deve mamar pouco tempo depois de nascer não só para ser alimentado, mas para haver o contacto de pele com pele entre a mãe e o bebé. Nesta fase da vida é importante haver paciência e perseverança. 48-96 h após o parto o peito fica mais cheio e firme devido ao aumento na produção de leite. Não é necessário oferecer água ao bebé, uma vez que o leite materno é 87% água e é rico em todos os nutrientes necessários. A amamentação é a forma de alimentação preferencial e aconselha-se que a mesma seja exclusiva até aos 4-6 meses. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 3 9 Mastite: a mastite é uma infeção muito comum nas mulheres a amamentar, causa maioritariamente por uma acumulação de leite, afetando cerca de uma em cada dez mulheres. Geralmente, a mastite ocorre nos primeiros três a seis meses após o parto e pode ser muito dolorosa para a mulher. Existem algumas recomendações naturais para tratar a mastite. A mãe deve continuar a amamentar porque um horário regular ajuda a desbloquear o “entupimento” de leite. Sabe-se hoje em dia que é seguro amamentar durante uma mastite e que o leite continua a ser seguro na maioria dos casos. O calor é um grande aliado por promover a circulação, mobilizando os organismos que combatem infeções para a área afetada. Deve colocar-se uma compressa quente durante 15 minutos, três vezes ao dia. Além de promover a circulação, diminui a inflamação e ajuda o fluxo de leite. Aconselha-se o consumo de alho, apesar de poder criar um sabor desagradável no leite, por ajudar o sistema imunitário a combater infeções, nomeadamente a mastite. Deve ingerir-se um a cinco dentes de alho crus para obter propriedades antivirais, antibacterianas e antifúngicas. Recomenda-se ainda o descanso absoluto, sempre que possível. Além disso, devem ser incluídos alimentos antioxidantes como fruta, legumes, frutos secos e sementes em todas as refeições do dia, para promover o processo anti-inflamatório. Chás e plantas drenantes: apesar dos suplementos drenantes serem desaconselhados durante a fase de amamentação, abre-se uma exceção para alguns tipos de chás. Nem todos os tipos de chá e plantas podem ser utilizados nesta fase por alterarem o sabor do leite ou poderem provocar um desconforto ou até mesmo cólicas. Alguns chás permitidos para esta fase são o cardo mariano (possui uma substância chamada silimarina que potencia a produção de leite), erva-cidreira (melhora a digestão e combate os gases) e camomila (promove a calma tanto na mãe como no bebé). Os chás com teína não são os mais aconselhados para esta fase, sendo permitido beber uma chávena imediatamente após a mamada, e devendo respeitar a dose de duas a três chávenas por dia, no máximo. Contudo, o chá não deve servir como substituto da água e esta deve ser ingerida nas quantidades recomendadas. As necessidades energéticas variam de criança para criança. A forma mais eficaz de medir as necessidades é monitorizar o aumento de peso, altura, circunferência cerebral e o percentil. É importante reconhecer que enquanto algumas crianças podem crescer imensamente neste período, outras podem ter uma adaptação mais lenta. Se não ganham altura, pode haver malnutrição ou até mesmo uma patologia, pelo que o caso deve ser acompanhado. Caso a criança aumente de peso muito rapidamente, é necessário verificar e ajustar a concentração energética da alimentação, a quantidade e o tipo de alimentos oferecidos. Os níveis de atividade da criança também devem ser estudados, uma vez que as crianças que crescem muito rapidamente apresentam um risco acrescido de desenvolver obesidade em adultos. Os primeiros dois anos de vida são caracterizados por um rápido crescimento e desenvolvimento físico e cognitivo, onde ocorrem diversas alterações que afetam as necessidades energéticas. A adequação da ingestão de nutrientes é importante porque afeta as interações com o ambiente. As crianças bem nutridas têm energia para responder adequadamente a estímulos físicos e cognitivos e para interagir com os pais e outros indivíduos de forma positiva permitindo a criação de uma ligação interpessoal. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 4 0 PRIMEIRA INFÂNCIA (ATÉ 2 ANOS DE IDADE) A proteína é necessária para a composição e manutenção dos tecidos, massa magra e crescimento. As recomendações proteicas baseiam-se na composição do leite materno e estima-se que a eficiência deste seja de 100%. As crianças requerem maior percentagem de aminoácidos essenciais do que os adultos. A histidina é um aminoácido essencial durante a infância, mas é não-essencial na fase adulta. Dos 6-12 meses, altura em que a amamentação deixa de ser exclusiva, é muito importante oferecer às crianças alimentos ricos em proteína de qualidade, tais como carne e cereais integrais incorporados nas papas e sopas. Os hidratos de carbono devem representar 30-60% da ingestão energética total durante a primeira infância. Os hidratos de carbono representam aproximadamente 40% da energia no leite materno e 40-50% da energia nas fórmulas infantis, sendo que a maior parte representa o conteúdo em lactose. Apesar de ser raro, alguns bebés não toleram bema lactose e necessitam de fórmulas adequadas. O mel e o xarope de milho foram indicados como os únicos alimentos, fontes de hidratos de carbono, que não podem ser consumidos na primeira infância por potenciarem o desenvolvimento do botulismo. Estes alimentos só podem ser ingeridos a partir de 1 ano de idade, altura em que o sistema imunitário já consegue tolerar e resistir ao desenvolvimento do botulismo. Recomenda-se que a ingestão de lípidos ronde as 30 g/dia como mínimo, para crianças com menos de 1 ano de idade. Esta quantidade é atingível através do leite materno ou qualquer fórmula infantil. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 4 1 As necessidades hídricas são determinadas pela quantidade de água que se perde pela pele, pulmões, urina e fezes. A DDR é 0,7 L/dia até aos 6 meses e 0,8 L/dia entre os 7-12 meses. É importante referir que não é necessário oferecer água a crianças a amamentar exclusivamente, uma vez que o leite materno fornece todas as necessidades ao bebé. Uma ingestão insuficiente de água pode resultar em desidratação, enquanto uma ingestão excessiva de água pode resultar em náuseas, vómitos, poliúria e até mesmo convulsões. O leite materno é, sem dúvida, o alimento exclusivo de escolha para bebés até aos 6 meses, sendo mesmo assim um dos alimentos preferenciais após essa idade. Ou seja, recomenda-se a amamentação exclusiva até aos 6 meses e a amamentação parcial após essa idade. Este contém fatores imunitários importantes para o sistema imunitário do bebé, protegendo-o contra infeções e algumas patologias. Além disso, a amamentação permite criar uma ligação especial entre a mãe e o bebé. Leite materno vs. Leite de vaca: a composição de ambos os leites varia bastante e por esta razão, não se aconselha o leite de vaca a crianças com menos de um ano de idade. Ambos os leites fornecem 0,7 kcal/g, contudo, a composição nutricional difere. A proteína representa 6-7% da energia no leite materno, comparativamente a 20% no leite de vaca. O leite materno é composto por 60% de proteína whey e 40% de caseína, enquanto o leite de vaca é composto por 20% whey e 80% caseína, sendo esta desadequada para bebés. Por outro lado, a lactose fornece 42% de energia no leite humano, comparativamente a 30% no leite de vaca. Relativamente ao teor lipídico, este é semelhante, representando 50% da energia no leite materno e de vaca. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 4 2 Fórmulas: os bebés que não amamentam ingerem normalmente uma fórmula de leite de vaca ou derivado da soja. Muitas mulheres decidem oferecer ambos o leite materno e uma fórmula. As fórmulas comerciais produzidas através do leite magro ou produto à base de soja, enriquecidas com lípidos, vitaminas e minerais são formuladas para se aproximarem, tanto quanto possível, da composição do leite materno. Elas fornecem nutrientes suficientes nas suas formas mais facilmente absorvíveis. Os bebés que não tolerem fórmulas com leite de vaca ou produtos à base de soja podem ingerir fórmulas à base de caseína hidrolisada, onde a caseína foi quebrada em componentes mais pequenos e mais digeríveis. Existem outras opções de fórmulas para bebés com malabsorção de nutrientes e doenças metabólicas. Introdução de alimentos semissólidos e sólidos: uma vez que o leite materno permite apenas atingir as necessidades energéticas e nutricionais até aos 6 meses, o seu consumo exclusivo é desaconselhado a partir dessa altura. As recomendações relativas à introdução dos alimentos é a seguinte: 1. A Língua transfere comida para dentro da boca, há movimento voluntário dos lábios e língua e Início de mastigação: devem introduzir-se alimentos sob a forma de puré como puré de batata, puré de vegetais bem cozidos, carne picada, fruta picada (banana, pêssego e pera), iogurte; 2. O bebé estica a mão e aponta para objetos: deve começar-se a fazer alimentação com as mãos por exemplo com fruta inteira ou fatias de pão; 3. O bebé traz a mão à boca: devem dar-se alimentos em pedaços pequenos como carne cozida cortada, legumes cozidos, fruta, leguminosas cozidas ou pão. 4. O bebé apresenta capacidade de andar de forma independente: pode começar a pedir alimentos e ir busca-los sozinho. Devem dar-se alimentos nutritivos como fruta, pão ou bolachas caseiras integrais adequadas. 5. O bebé começa a dizer o nome dos alimentos e a pedir especificamente o que gosta. Devem dar-se, novamente, alimentos nutritivos como fruta, pão ou bolachas caseiras integrais adequadas. Os bebés demonstram a sua aceitação de novos alimentos pela quantidade e variedade de alimentos sólidos que aceitam. Os bebés que foram amamentados aparentam aceitar maiores quantidades de alimentos relativamente a bebés alimentos por fórmulas artificiais. Bebés cujos pais lhes oferecem uma variedade de alimentos nutritivos têm maior probabilidade de ter uma alimentação equilibrada pois aprendem a aceitar e experimentar novos sabores. O mesmo acontece com bebés que são habituados a comer com os pais, alimentos semelhantes aos que os mesmos consomem. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 4 3 Doses: o tamanho das doses é muito importante. Ao 1 ano de idade, os bebés ingerem cerca de 1/3 do que os adultos ingerem. Esta proporção aumenta para ½ aos 3 anos de idade e para 2/3 aos 6 anos de idade. Às crianças pequenas não devem ser servidas doses excessivas, devendo a dose ser sempre adequada à idade da criança. Um bom guia para seguir é 1 c. de sobremesa de cada alimento (ex.: peixe, puré de batata e puré de brócolos) para cada ano de idade. As crianças tendem a pedir mais quando o desejam. Alimentação forçada: nunca se deve forçar um bebé ou criança a ingerir seja que alimento for. Ao invés, a causa para a rejeição alimentar deve ser determinada. Uma criança que esteja sobre cansada ou que seja muito inativa pode recusar o alimento. Por outro lado, uma criança que passe o dia a petiscar pode não ter fome para fazer uma refeição principal, acabando por recusa-la. As necessidades energéticas são estabelecidas tendo em conta o metabolismo basal, taxa de crescimento e dispêndio energético pela atividade física. A energia proveniente da ingestão de alimentos deve ser suficiente para garantir um crescimento adequado. As recomendações de distribuição dos macronutrientes rondam 45-65% para hidratos de carbono, 30-40% para lípidos e 5-20% para proteína dos 1-3 anos de idade e 45-65% para hidratos de carbono, 25-35% de lípidos e 10-30% de proteína dos 4-18 anos de idade. 1 A NO : 1 / 3 D A QU AN T I D A D E 3 A NO S : ½ D A QU AN T I D A D E 6 A NO S : 2 / 3 D A QU AN T I D A D E SEGUNDA INFÂNCIA (2-11 ANOS DE IDADE) As necessidades proteicas diminuem de aproximadamente 1,1 g/kg de peso na primeira infância para 0,95 g/kg de peso na segunda infância. A ingestão proteica pode variar entre 5- 30% da energia total consoante a idade da criança. O défice proteico é raro devido à importância cultural que se dá aos alimentos ricos em proteína. As crianças que apresentam maior risco de défice proteico são : 1) as que seguem uma alimentação vegan pouco equilibrada ; 2) as que apresentam diversas alergias alimentares ; 3) as que fazem seleções estritas de alimentos ; 4) as que apresentam problemas comportamentais ou acesso inadequado aos alimentos . C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 4 4 Padrões alimentares desadequados: os padrões alimentares têm vindo a mudar ao longo dos anos. Apesar das crianças atualmente beberem menos leite, bebem mais leite magro e meio gordo do que leite gordo. A ingestão lipídica diminuiu, apesar de continuar mais elevada do que as recomendações. Existe maior ingestão energética proveniente de produtos processados e as porções aumentaram. Além disso, as refeições ocorrem muito mais vezes fora do que em casa. O consumo de produtos com “calorias vazias” e pobres em nutrientes (como refrigerantes, bolos e bolachas, sobremesas, adoçantes e snacks salgados) é muito maior do que o consumo de alimentos ricos em nutrientes, tais como fruta, vegetais
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