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apelação - cartão de credito cradescard e sakro mercado

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PALMAS-TO
PROCESSO Nº: 00011-22.8272721
ANNA, já qualificada nos autos do processo originário, por sua advogada, também já constituída nos autos da ação indenizatória que move em face de SAKRO S/A e CRADESCARD, ambos já qualificados, irresignada com a r. sentença do evento 65, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 1.009 e seguintes do CPC/2015, interpor tempestivamente a presente APELAÇÃO pelos motivos de fato e de direito que serão aduzidos nas razões recursais. 
Requer que o presente recurso seja recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo, nos termos do artigo 1.012 do CPC. 
Ressalta-se, que o recurso interposto é cabível, tendo em vista que o CPC preceitua no seu artigo 1.009, que da sentença cabe Apelação. 
Informa ainda, que o preparo foi devidamente recolhido, como requer o art. 1.007 do CPC. 
Por fim, requer a remessa dos autos para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, para que seja processado e julgado, com o consequente conhecimento e provimento. 
Termos em que
Pede deferimento.
Palmas, data, assinatura, OAB.
RAZÕES DE APELAÇÃO
Apelante: ANNA
Apelado: SAKRO S/A
Apelado: CRADESCARD
Autos n.: 00011-22.8272721. 
Vara de Origem: 5ª Vara Cível da Comarca de Palmas –TO
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Nobres Julgadores
1. BREVE SÍNTESE DOS FATOS 
Trata-se de ação indenizatória proposta pela Apelante que requereu a condenação dos Apelados, tendo em vista os danos que esta sofreu. A Apelante que possui um cartão de crédito emitido pela primeira Apelada, ao realizar o pagamento da fatura, efetuou após o vencimento e arcou com os juros estabelecidos, porém, no mês seguinte, o valor referente a fatura paga estava constando juntamente com a atual, ao dirigir-se á gerência eles informaram que era um equívoco e que estava tudo resolvido. 
Uma semana após, dirigiu-se ao estabelecimento do segundo apelado, onde realizou uma compra para o seu jantar de noivado, e ao efetuar o pagamento foi impedida, pois o caixa informou que havia restrições no cartão e sendo assim não havia como a Apelante finalizar a sua compra, passando por um grande constrangimento, pois o estabelecimento estava lotado, e a Apelante teve que deixar a compra no caixa e para seu jantar de noivado acontecer foi preciso os padrinhos, amigos e família ajudarem com as doações. 
Inconformada com o constrangimento, a Apelante ingressou com uma ação indenizatória, para que os Apelados reparem o dano moral sofrido, em Contestação os Requeridos afirmam que tudo não passou de um mero aborrecimento e que a culpa foi exclusiva da Requerente, conforme o disposto no CDC, ademais arguiu-se que os fatos não condizem com a verdade e que no banco não há nenhum documento referente a quitação da fatura, e por isso a culpa é exclusiva da consumidora. 
O juiz, nessa linha de pensamento julgou e acolheu a tese apresentada pelos Apelados.
Proferida a r. sentença, foi julgada improcedente a ação proposta pela Apelante, conforme segue disposto no evento 65 do E-proc. 
“Face ao exposto, com fulcro no art. 487, I, CPC/2015, resolvo o mérito da demanda e julgo IMPROCEDENTE o pedido constante na exordial. Acolho a tese de responsabilidade exclusiva da consumidora disposta no CDC, bem como a inexistência de lesão moral decorrente do caso fático ensejador do pedido, e sim, ocorrência de um mero aborrecimento do cotidiano sofrido pela requerente”. 
Com a devida vênia, tais fundamentações não merecem não merecem prosperar, tendo em vista que confrontam a legislação vigente. 
É o que agora, se passa a razoar. 
2. DAS RAZÕES DO INCONFORMISMO/DA IRRESIGNAÇÃO/DA REFORMA
2.1 DA EXISTÊNCIA DO DANO MORAL QUE TRANCENDE A TEORIA DO MERO ABORRECIMENTO.
Não se configura a teoria do mero aborrecimento tendo em vista a gravidade da situação, já que no dia em que ocorreram os fatos era o noivado da Apelante, nesse diapasão podemos perceber que era um dia especial, e que os acontecimentos conturbaram a Requerente, aliás, se não fosse sua família, amigos e padrinhos, não teria jantar algum, pois, a Apelante teve que deixar as compras no estabelecimento perante muitas pessoas, sofrendo assim um grande constrangimento. 
Nesse contexto cabe elencar o art. 186 c/c o art. 927 do Código Civil, que dispõe sobre a reparação ao dano moral, como menciona a legislação, os Apelados tem que reparar o dano, pois houve sim o dano, não foi só um mero aborrecimento, a Constituição Federal em seu art. 5°, inciso X, respalda que é inviolável a honra, portanto, ambos os apelados agiram em dissonância da legislação. 
Pois houve uma ofensa a honra, uma humilhação perante as pessoas presentes no estabelecimento, além disso, o que era pra ser um dia agradável e feliz, tornou-se uma experiência trágica para a Apelante. 
Como podemos ver o que a Jurisprudência nos mostra nesse diapasão: 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO CONSELHO RECURSAL III TURMA RECURSAL RECURSO nº: 0027266-36.2013 RECORRENTE: SUELI ORÇA PINHEIRO RECORRIDO: BANCO CRUZEIRO DO SUL VOTO Na hipótese, a autora alega que, em outubro de 2012, ao tentar realizar compra em supermercado teve o cartão recusado. Afirma que tentou vários contatos com o SAC, sem sucesso e que observou desconto em seu contracheque, no valor médio de R$ 35,55, a título de empréstimo consignado e empréstimo sobre a RMC. Afirma que não contratou qualquer empréstimo e que sempre paga em dia o seu cartão. Pretende restituição em dobro dos valores cobrados indevidamente e danos morais. A sentença julgou improcedentes os pedidos. Autora se insurge, requerendo a procedência total. Reforma da sentença. A prova produzida nos autos evidencia que a autora contratou com o réu cartão de crédito, que nele foi lançado, como saque, o valor do suposto empréstimo, desconhecido pelo autor, e que as parcelas que estão sendo descontadas do benefício do requerente, diretamente em contracheque são, em verdade, pagamento de parte da fatura. O documento de fls. 18/20 evidencia descontos que somam, em outubro de 2012, R$ 1.397,94. A relação entre as partes é de consumo. Restou evidente que não houve esclarecimento para a autora de que o valor de parte da fatura do cartão de crédito seria descontado em sua folha de pagamento. Também não está comprovado nos autos que o réu, por respeito ao dever de informação, previsto no art. 6º III da Lei 8078/90, e ao dever geral de boa-fé, esclareceu à autora sobre os altos encargos e percentuais de juros incidentes sobre o negócio, usuais para os cartões de crédito inadimplidos, já que, mês a mês, apesar do desconto pactuado no contracheque, o consumidor permanece em mora. Vale ressaltar que a dinâmica do negócio proposto pelo réu é de tal forma que a autora quita o valor mínimo mensal pactuado e jamais consegue amortizar o saldo devedor em razão dos altos juros e encargos de mora aplicados. Assim, deve o réu devolver à autora os valores indevidamente retirados de seus proventos. A devolução deve se dar na forma simples, eis que não configurada a hipótese do art. 42, parágrafo único, do CDC, totalizando a quantia de R$ 1.397,94. Configurado o defeito na prestação do serviço, na forma do art. 14 da Lei 8078/90, e a angústia e constrangimento extremos que a contratação irregular e as cobranças ilegítimas causaram para à autora, entendo configurado o dano moral. Atenta aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, bem como à função punitiva da condenação, de especial relevância em causas como a presente, fixo a indenização em R$ 4.000,00. Diante do exposto, conheço e dou provimento ao recurso para reformar a sentença, e julgar parcialmente procedentes os pedidos para condenar o réu a: 1) ressarcir à autora a quantia de R$ 1.397,94 (um mil trezentos e noventa e sete reais e noventa e quatro centavos), corrigida monetariamente desta data e com juros de mora a contar da citação; e 2) pagar à autora indenização por danos morais no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), atualizado monetariamente a partirdesta e acrescido de juros de mora de 1% ao mês desde a citação. Sem ônus sucumbenciais. Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2014. SIMONE DE FREITAS MARREIROS JUÍZA RELATORA
(TJ-RJ - RI: 00272663620138190087 RJ 0027266-36.2013.8.19.0087, Relator: SIMONE DE FREITAS MARREIROS, Terceira Turma Recursal, Data de Publicação: 17/09/2014 00:00). 
Portanto Excelências, admitindo-se que a conduta dos Apelados causou danos a Apelante e ofendeu a sua honra, é passível de reparação a decisão proferida em sentença, com a máxima vênia, o douto magistrado a quo não agiu com o costumeiro acerto que lhe é peculiar, tendo em vista que, foi em dissonância da legislação vigente, motivo esse que reforça a tese de reforma. 
2.2 DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DOS APELADOS
 A r. Sentença acolheu as alegações dos Requeridos quanto a culpa exclusiva da consumidora, ora Apelada, prevista no art. 14, § 3° do Código de Defesa do Consumidor. 
Dessa forma, não foi observado nos autos originários que a Apelante não incorreu em culpa, tendo em vista que no momento em que ocorreram os fatos, estava adimplente com o pagamento da fatura, conforme amplamente demostrado por meio dos comprovantes anexos aos autos principais, sendo assim não há o que falar em responsabilidade pela parte Requerente, sendo que esta foi a lesada. 
Assim, ocorrendo defeitos relativos à prestação dos serviços, conforme ensina o art. 14, caput do CDC, deve o fornecedor responder, independente de culpa, e foi exatamente o ocorrido, como foi visto anteriormente e há provas, no caso, os comprovantes, ademais, o Segundo Apelado, afirmou que estava tudo resolvido em relação as faturas pagas e que era um equívoco, mas já havia sido sanado, porém, não é o que aconteceu, pois, a Apelante sofreu danos consequentes desse ato do Requerido. 
3. DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer seja o presente recurso conhecido e provido, para:
a) Que seja reformada em sua totalidade a r. sentença, condenando os Apelados à reparação dos danos morais sofridos pela Apelante, tendo em vista estar resguardada pela legislação vigente. 
4. REQUERIMENTOS 
b) Requer a condenação da Apelada ao pagamento dos honorários sucumbenciais; 
c) A intimação dos Apelados para apresentarem contrarrazões no prazo legal. 
Termos em que
Pede deferimento.
Palmas, data, assinatura, OAB.