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UNIDADE I PANIFICAÇÃO E LANCHES 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD ___________________________________________________________________________ Chaves, Makarena del Carmen. Panificação e Lanches : Unidade 1 - Recife: Grupo Ser Educacional, 2018. ___________________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 SUMÁRIO PARA INÍCIO DE CONVERSA ...................................................................................... 4 ELABORAÇÃO DE PÃES: INGREDIENTES BÁSICOS .............................................. 5 O USO DE MELHORADORES E ADITIVOS NA ELABORAÇÃO DE PÃES ................ 8 USO DE ENZIMAS NA PANIFICAÇÃO .................................................................................. 10 CÁLCULO PARA ELABORAÇÃO DE PÃES ........................................................................... 12 DEFEITO DE PÃES E FATORES ASSOCIADOS .................................................................. 16 4 PANIFICAÇÃO E LANCHES UNIDADE 1 PARA INÍCIO DE CONVERSA Olá, querido(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) ao nosso primeiro encontro da disciplina de Panificação e Lanches. Esses nossos encontros têm como foco fornecer para você um conteúdo teórico e prático sobre diversos momentos do estudo de panificação e lanches. Assim, ao longo dessa disciplina você irá aprender sobre: • Os principais ingredientes utilizados na elaboração de pães; • Quais são as etapas de panificação necessárias para a elaboração de um produto saboroso e apetitoso; • Quais são os principais tipos de pães ao redor do mundo; • Massas específicas para pães integrais e doces; • Conhecer os lanches típicos do nosso país e de outros países; • Conhecer os principais equipamentos utilizados na produção de pães e lanches. Nesta unidade 1, especificamente, você irá ter uma base, uma introdução sobre os principais assuntos relacionados à panificação. Ou seja, você irá conhecer um pouco da história do pão, as matérias-primas necessárias para a sua fabricação, como fazer o cálculo do seu rendimento e, por fim, mas não menos importante, como ocorre o processo fermentativo dos pães. ACESSE SUA BIBLIOTECA VIRTUAL Antes de você começar a ler, de fato, este guia de estudos, é necessário ler primeiro a Unidade 1 do livro base da disciplina, intitulado “Panificação e Lanches”. A leitura da Unidade 1 do livro base da disciplina de Panificação e Lanches irá lhe fornecer uma boa fundamentação teórica sobre panificação e aqui, neste guia de estudos, você e eu iremos aprofundar esse conhecimento. Pronto? Leu a Unidade 1 do livro de sua disciplina? Então vamos continuar! 5 ELABORAÇÃO DE PÃES: INGREDIENTES BÁSICOS Vamos começar nossa diversão? Então, como você já deve ter lido no seu livro, o pão fermentado é um alimento que remete aos tempos egípcios, algo em torno de 4000 a.C., ou seja, bastante tempo atrás! É claro que de lá para cá, muita coisa mudou. Por exemplo, a elaboração de pães se tornou algo mais refinado, mais científico. Para a produção de um pão, basta apenas termos água, farinha, sal e algum mecanismo ou ingrediente fermentador, misturar e sovar todos esses ingredientes juntos e assá-los. Simples assim! Meu(inha) caro(a), geralmente, a farinha de trigo é o farináceo mais utilizado na elaboração de pães. Você sabe o porquê? Porque a farinha de trigo tem uma alta concentração de glúten! O Glúten é um complexo proteico que resulta da combinação da gliadina e glutenina, duas proteínas. Observe abaixo a Figura 1, que ilustra a estrutura do glúten, gliadina e glutenina: Figura 1: Estrutura do glúten e das proteínas gliadina e glutenina. Fonte: http://www.daninoce.com.br/gastronomia/segredos-e-dicas-sobre-produtos/tipos-de-farinha-de- -trigo/ http://www.daninoce.com.br/gastronomia/segredos-e-dicas-sobre-produtos/tipos-de-farinha-de-trigo/ http://www.daninoce.com.br/gastronomia/segredos-e-dicas-sobre-produtos/tipos-de-farinha-de-trigo/ 6 Observe que o glúten é um complexo proteico resultante da mistura da gliadina e glutenina. No momento em que a farinha de trigo entra em contato com a água e recebe ação mecânica (ou seja, a ação de sovar e amassar a massa), começa a ocorrer a formação do glúten. Mas, não ache que o glúten é formado de imediato, à medida que a massa do pão é sovada, vai ocorrendo o desenvolvimento do glúten, como mostra a Figura 2 abaixo: Figura 2: Processo de formação do glúten Fonte: https://amopaocaseiro.com.br/sovar-massa-de-pao/ Caro(a) estudante, como mostra a Figura 2, as proteínas gliadina e glutenina estão distribuídas de forma aleatória na farinha de trigo, antes de fornecermos água e ação mecânica a ela. À medida que água e energia são associadas à farinha de trigo, tem-se a formação das cadeias de glúten. No início do desenvolvimento do glúten, a gliadina e a glutenina estão unidas e ligadas de forma bastante desorganizada. Esse ponto de desorganização é refletido, na prática, em uma massa pegajosa e sem uniformidade. Sabe quando você acabou de adicionar água à farinha de trigo e, apesar da massa não estar seca, está quebradiça e sem uniformidade? Então, muitas vezes achamos que essa massa quebradiça se deve à falta de água, não é verdade? Entretanto, em alguns casos, isso reflete apenas o processo de formação natural do glúten. Basta continuar sovando que a massa irá adquirir as características necessárias e desejáveis para a panificação. À medida que você continua a sovar à massa, a gliadina e glutenina vão se organizando e formam uma rede proteica bastante organizada. Ao atingir esse ponto, a sova já poderá ser finalizada. Na prática, para saber no dia a dia quando é que uma massa já está bem sovada, basta observamos o ponto de véu. https://amopaocaseiro.com.br/sovar-massa-de-pao/ 7 VOCÊ SABIA? Você já ouviu falar em Ponto de véu? O ponto de véu irá indicar um correto desenvolvimento do glúten. Nesse ponto, a sua massa terá flexibilidade e elasticidade suficiente para ser esticada e aberta delicadamente, sem, no entanto, se romper. Observe o ponto de véu na Figura 3: Figura 3: Ponto de véu de uma massa qualquer, indicando o correto desenvolvimento do glúten. Fonte: http://www.daninoce.com.br/gastronomia/segredos-e-dicas-sobre-produtos/ tipos-de-farinha-de-trigo/ VEJA O VÍDEO! Para ver como é que o processo de sova é feito corretamente e como se atinge o ponto de véu de uma massa, por favor clique nesse LINK. Ele irá lhe conduzir para um vídeo de cerca de 2 minutos, onde é possível observar as etapas de sova de uma massa e a obtenção correta do ponto de véu. Caso você tenha mais interesse em aprender sobre o glúten, gliadina e glutenina, por favor, acesse esse site: http://cozinhafitefat.com.br/index.php/2016/09/09/sobre-o-gluten/?pdf=3958 Entretanto, a leitura desse site não é obrigatória. ??? http://www.daninoce.com.br/gastronomia/segredos-e-dicas-sobre-produtos/tipos-de-farinha-de-trigo/ http://www.daninoce.com.br/gastronomia/segredos-e-dicas-sobre-produtos/tipos-de-farinha-de-trigo/ https://www.youtube.com/watch?v=sXcr4bnz4MA http://cozinhafitefat.com.br/index.php/2016/09/09/sobre-o-gluten/?pdf=3958 8 O USO DE MELHORADORES E ADITIVOS NA ELABORAÇÃO DE PÃES Prezado(a) aluno(a), sabemos que além dos ingredientes normais existem outros a serem inseridos na produção do pão, eles podem ser chamados de Aditivos ou Melhoradores. Apesar de aditivos e melhoradores possuírem a mesma função (de melhorar o pão e sua textura, tornando-o mais saboroso), existem algumas diferençasentre esses ingredientes, vamos ver? Ingredientes Melhoradores são substâncias que podem ter origem natural ou artificial e que vão ajudar na elaboração de pães. Na maioria dos casos, esses ingredientes vão ajudar no desenvolvimento das características sensoriais da massa, como textura, aroma, sabor e coloração. Em alguns casos, esses melhoradores também irão ajudar na conservação dos pães, aumentando o seu prazo de validade. Dentre os melhoradores naturais, os principais e mais utilizados são: a) Lecitina de soja: É uma substância emulsificante e lubrificante. Nesse caso, a adição da lecitina de soja na massa facilita a mistura da farinha com outros ingredientes, principalmente com ingredientes apolares, como a gordura. Substâncias que são emulsificantes possuem em sua estrutura moléculas polares e apolares. Assim, são capazes se ligar a substâncias polares e apolares, como água e gordura, respectivamente. Aluno(a), quando a lecitina de soja é adicionada na massa do pão, torna-a mais lisa, elástica e homogênea. Além disso, a adição do emulsificante também ajuda na manutenção da frescura e fornece leveza à massa, tornando o miolo do pão mais úmido e com textura mais fina. Por fim, a adição de lecitina de soja também aumenta o volume do pão. Fique atento(a), pois a lecitina de soja deve ser usada em pequenas quantidades. Se você adicionar uma grande quantidade, seu pão irá ficar com um sabor ruim, ligeiramente amargo. Dessa forma, o uso adequado da lecitina de soja deverá ser entre 0,1 a 0,15% do peso total de sua massa: Por exemplo, somando todos os ingredientes da sua massa, você obteve um peso total de 2 kg. Então, para ter os efeitos desejados da lecitina de soja, será necessário acrescentar apenas de 20g a 30g do produto. b) Ácido ascórbico: O ácido ascórbico é popularmente conhecido como “vitamina C” e é um melhorador do tipo reforçador. Ou seja, o ácido ascórbico é uma substância que age diretamente no glúten e na sua formação, tornando-o mais forte e resistente. A adição dessa substância também irá facilitar a obtenção do ponto de véu, pois irá proteger o glúten, evitando que a massa rasgue ao ser aberta. Outro ponto positivo da adição da vitamina C à massa do pão é que essa substância irá fornecer um ambiente ácido ao alimento, que tanto irá ajudar no processo fermentativo exercido pela levedura, quanto também irá contribuir para a conservação do pão, evitando o desenvolvimento de bactérias, mofos ou bolores patógenos ou deteriorantes. Para cada quilo de farinha utilizado, incorporar de 30mg a 90mg de ácido ascórbico. 9 c) Pectina: A pectina é um polissacarídeo que está contido na parede celular de diversas plantas. Na verdade, a pectina já é utilizada na gastronomia há algum tempo, para a elaboração de diversas geleias. Na panificação, a adição da pectina ajuda na retenção de água, aumenta a viscosidade da massa e tornando-a mais estável. Assim, a pectina age como uma substância geleificante e estabilizante nas massas de panificação. Recentemente, também foi observado que a pectina pode ser utilizada em substituição à gordura, sem gerar grandes mudanças sensoriais. d) Glúten: Em alguns casos, quando trabalhamos com farinhas fracas, ou seja, com baixa concentração das proteínas formadoras do glúten, é necessário incorporar um pouco de glúten diretamente à massa de pão. Isso acontece principalmente nos pães elaborados com farinha de trigo integral, que apresentam baixa concentração de proteínas formadoras de glúten. Muita informação, não é? Mas lembre-se que o seu tutor aguarda sua sinalização caso você precise de ajuda. Continuando com nosso raciocínio, dentre os melhoradores artificiais, temos: a) Ácido cítrico: os ácidos cítricos auxiliam na degradação do amido em açúcares mais simples, portanto, mais disponíveis como alimento para as leveduras. Como consequência, o processo fermentati- vo é facilitado e mais rápido. Geralmente, o ácido cítrico é muito utilizado em pães de centeio. b) Emulsificantes químicos: os emulsificantes químicos possuem a mesma função da lecitina de soja. A diferença é que esses emulsificantes são sintetizados quimicamente, o que não acontece com a lecitina, que é extraída da soja. A adição de emulsificantes químicos contribui para o amaciamento da massa depois que ela já está assada e pronta para ser consumida. c) Suplementos enzimáticos: a adição de suplementos enzimáticos tem como objetivo acelerar a quebra do amido em açúcares menores. Dessa forma, esses açúcares estarão mais disponíveis para servir de alimento para as leveduras, otimizando assim o processo fermentativo. Já no caso dos aditivos, os principais são: • Ovos • Gorduras • Açúcares • Leite • Especiarias e flavorizantes Vamos entender um pouco: Os ovos servem para várias funções na panificação. Fornecem sabor, cor, estrutura, leveza, maior teor de gordura e proteínas e agem como emulsificante de gordura e outros ingredientes líquidos. A adição de ovos a uma massa de panificação vai resultar em um alimento mais macio, de maior volume e rendimento e mais saborosa. 10 Já as gorduras são utilizadas na panificação há um bom tempo. A adição de uma gordura a uma massa de pão irá fornecer um produto mais macio, úmido, saboroso e aromático. Além disso, também auxilia no manuseio da massa, deixando-a menos pegajosa devido ao encurtamento das cadeias de glúten e permite uma maior aeração à massa do pão. Os açúcares (ou sacarose) exercem papel de extrema importância na elaboração de um pão, devido a uma série de fatores: • O açúcar (ou sacarose) é uma substância que serve como alimento para o fermento biológico. Assim, se você incorpora na massa mais alimento para as leveduras, o processo fermentativo será facilitado e ocorrerá com mais rapidez. • Irá proporcionar ao pão um interior mais branco e macio e um exterior mais caramelizado, altamente desejada pelos consumidores. Durante o processo de cocção do pão, o açúcar se carameliza e fornece uma cor amarronzada, de caramelo ao pão. • Melhora o sabor do pão. • Auxilia na conservação da umidade do pão, por ser uma substância higroscópica. • Aumenta o tempo de conservação dos pães. A adição do leite irá gerar uma melhoria substancial no sabor do pão. Geralmente pães elaborados com leite possuem uma aceitação superior (por parte dos consumidores) do que os elaborados apenas com água. A incorporação de leite na massa de pão, além de contribuir com o sabor, também irá contribuir com: • Aumento do valor nutricional do produto; • Fornece maior estabilidade à massa; • Melhorias no aroma e coloração da casca do pão; • Incremento no tempo de conservação do produto. Por fim, a adição de especiarias e flavorizantes: esses produtos são geralmente incorporados aos pães para conferir um aroma especial e diferenciado aos produtos. Dessa forma, é muito comum vermos a adição de orégano, cebola e alho desidratado, canela, erva doce, pimenta do reino e outras especiarias em pães. Na maioria das vezes, a adição de especiarias e flavorizantes não gera nenhuma modificação na estrutura e textura da massa, apenas no sabor. USO DE ENZIMAS NA PANIFICAÇÃO VOCÊ SABIA? Você sabia que as Enzimas são proteínas que possuem função catalítica, ou seja: aceleram uma determinada reação? Então, quimicamente falando, as enzimas são proteínas que possuem em sua estrutura um centro ativo. É justamente esse centro ativo que vai ter ação enzimática, ou seja, a capacidade de acelerar uma reação biológica ou química qualquer. Muito legal, não é? ??? 11 Sabendo disso, a tecnologia de alimentos vem utilizando bastante as enzimas na produção e elaboração de alimentos de maior qualidade. É o caso, por exemplo, do leite sem lactose. O leite sem lactose só é obtido graças a adição da lactase, enzima que digere toda a lactose do leite, produzindo assim um produto lactose-free, ou seja, sem lactose. Na panificação, as enzimas são utilizadas com o intuito de quebrar mais facilmenteo amido presente na farinha de trigo e, assim, fornecer um alimento mais disponível para o fermento ou para fortalecer o glúten. A farinha (geralmente de trigo) é composta por proteínas, amidos, polissacarídeos, lipídios e alguns minerais. Assim que o fermento entra em contato com o açúcar contido na estrutura química da farinha (na forma de amido), ele o consome e produz álcool e dióxido de carbono, gerando o crescimento da massa. Geralmente, a adição de enzimas na massa de pão pode estar relacionada a dois fatores principais: • Adição de hemiceluloses, xilanases, lipases e oxidases: melhoram direta ou indiretamente a resistên- cia da estrutura do glúten, aumentando a qualidade do produto final. • Adição de amilases: a adição de amilases contribui para a quebra do amido em açúcares menores, digeríveis pelo fermento. Dessa forma, a amilase quebra o amido em glicose, facilitando o acesso do fermento ao seu alimento. Essa maior disponibilidade do amido gera uma fermentação mais cons- tante e um maior crescimento da massa. O resultado disso é um pão com maior volume, miolo mais macio, coloração mais atrativa (uma cor de caramelo mais intensa) e um aroma mais presente. VISITE A PÁGINA Para ler mais sobre a utilização de enzimas na panificação, por favor acesse o link a seguir: LINK. Apenas a leitura dos tópicos definição e conceito de enzimas (páginas 44 e 45) e uso das enzimas em panificação (páginas 52 e 53) são obrigatórias para essa etapa do curso de Panificação e Lanches. Entretanto, caso você deseje ler o material todo, vá em frente! A leitura é rápida e irá contribuir para a fixação do seu aprendizado nessa disciplina. Assim que você terminar de ler a leitura obrigatória, volte para cá, para continuarmos nosso estudo. http://aditivosingredientes.com.br/upload_arquivos/201602/2016020790970001454331208.pdf 12 CÁLCULO PARA ELABORAÇÃO DE PÃES VOCÊ SABIA? Você sabia que na hora de elaborar uma receita de pão, é necessário calcular a quantidade de materiais utilizados? Na verdade, hoje em dia, quando se trabalha com receitas de panificação, é muito comum encontrar essa receita na forma de fórmulas. Mas, porque isso? Por que utilizar fórmulas na elaboração de pães? Vamos pensar na receita de algum alimento qualquer, como a medida dos ingredientes estão dispostas? Geralmente na forma de xícaras de café ou chá, colheres de sopa e chá ou outra medida caseira. E qual o problema de utilizar medidas caseiras? A falta de um padrão bem definido? Então, meu(inha) caro(a), em algumas partes do mundo ou até mesmo do nosso país, uma xícara de chá pode ter 200 ml, 220 ml ou até mesmo 240 ml, já uma colher de sopa de açúcar, por exemplo, pode ser mais rasa ou mais cheia, a depender de quem está pegando esse ingrediente. Toda essa falta de padrão gera consequências negativas na qualidade da massa. Dessa forma, as vezes a massa fica mais ressecada, mais úmida, mais quebradiça por conta da inexistência de um peso, uma quantidade bem definida. Assim, são adotadas fórmulas para a elaboração de massas de pães. Essas fórmulas são calculadas e expressas em porcentagem. Essa forma de calcular a elaboração de pães é chamada de MÉTODO DAS PORCENTAGENS. Nesse método, a farinha é considerada como o principal ingrediente da preparação e o seu peso, em gramas, é considerado como 100% da preparação. Seguindo esse pensamento, o peso de cada ingrediente adicionado é expresso como uma porcentagem do peso total da farinha. Vale ressaltar que se você utiliza diversos tipos de farinha na elaboração do seu pão, o peso total das suas farinhas será considerado como 100%. Ou seja, se você vai elaborar um pão australiano, por exemplo, e utiliza 500g de farinha de trigo, 500g de farinha de trigo integral e 300g de farinha de centeio, o somatório de todas essas farinhas será considerado como 100%. ??? 13 Sendo assim: 100% = 1300g (500g da farinha de trigo + 500g da farinha de trigo integral + 300g da farinha de centeio). Atualmente, na área de panificação, o método das percentagens é o mais utilizado na elaboração de receitas. Você verá que nas fichas técnicas de indústrias, restaurantes, padarias e bares, por exemplo, esse método é empregado, pois permite: • O trabalho em apenas uma unidade de medida: a porcentagem. • Elaboração de produtos na proporção desejada. Se o momento pede a elaboração de 10kg de pão de hambúrguer, porque fazer 15kg? Ou, porque correr o risco de dobrar e triplicar uma receita e acabar errando na pesagem e medida dos ingredientes? Mas, como é que eu transformo uma receita em uma fórmula? Vamos descobrir? PRATICANDO! Veja abaixo a receita de um pão francês comum: Massa de pão francês Ingredientes Peso Farinha 5000g Sal 50g Gordura 100g Açúcar 25g Fermento biológico fresco 100g Água* 1500g – 2000g Lecitina de soja 50g *= A quantidade de água é variável No método da porcentagem, o peso da farinha é sempre considerado como 100% da fórmula e todos os outros ingredientes são expressos como uma porcentagem relativa ao peso da farinha. Observe: Massa de pão francês Ingredientes Peso Porcentagem Farinha 5000g 100% Sal 50g ? Gordura 100g ? Açúcar 25g ? Fermento biológico fresco 100g ? Água* 1500g – 2000g ? Lecitina de soja 50g ? *= A quantidade de água é variável 14 Para determinar a porcentagem dos outros ingredientes que compõe a formula do pão francês, basta: • Dividir o peso de cada um dos produtos pelo peso da farinha; • Multiplicar o resultado, que vai estar em forma decimal, por 100 para convertê-lo em porcentagem. Então, vamos lá: Vamos calcular a porcentagem do sal na massa. Para isso, basta dividir o peso do sal pelo peso da farinha: 50 5000 = 0,01 (valor em decimal). Multiplicamos o valor em decimal por 100, para convertê-lo em porcentagem: 0,01 x 100 = 1% No caso da água (ou de qualquer outro líquido), a quantidade utilizada nas fórmulas é sempre variável. Isso ocorre porque diferentes farinhas possuem diferentes capacidades de absorção de água. A depender da qualidade e do tipo de farinha que você utiliza, esta terá mais ou menos proteínas solúveis, que irão aumentar ou diminuir a capacidade de absorção de líquidos da farinha. Assim, a porcentagem deverá ser calculada de acordo com os pesos possíveis utilizados, ou seja: 1500 5000 = 0,3 0,3 x 100 = 30% 2000 5000 = 0,4 0,4 x 100 = 40% Assim, seguindo esse raciocínio para todos os ingredientes da massa do pão, teremos: Massa de pão francês Ingredientes Peso Porcentagem Farinha 5000g 100% Sal 50g 1% Gordura 100g 2% Açúcar 25g 0,5% Fermento biológico fresco 100g 2% Água* 1500g – 2000g 30 – 40% Lecitina de soja 50g 1% *= A quantidade de água é variável 15 GUARDE ESSA IDEIA! Pronto! Agora que você já sabe como calcular a porcentagem dos ingredientes de uma massa de pão, fica muito mais fácil entender e aplicar o método das porcentagens. Mas, agora, vamos imaginar um cenário ao contrário. Imagine que você acabou de receber uma receita maravilhosa de pão de hot dog. Mas, essa receita já está com o método das porcentagens aplicados, como mostra a tabela abaixo: Massa de pão de hot dog Ingredientes Porcentagem Farinha 100% Sal 3% Açúcar 5% Gordura 7% Fermento biológico fresco 3% Água* 40 – 50% Leite em pó* 1 – 3% Lecitina de soja 0,15% *= Quantidade variável Nesse caso, a primeira decisão que você precisa tomar é determinar quanto de farinha será utilizado. Vamos supor que você decidiu utilizar 2000g de farinha. Agora todos os seus outros ingredientes serão utilizados de acordo com a quantidade de farinha. Para calcular o peso dos outros ingredientes, você deverá fazer: • Dividir a porcentagem dos outros ingredientes por 100, para obter o valor decimal. • Multiplicar o valor decimal obtido pelo peso da farinha empregado. Por exemplo, vamos determinar o peso da quantidade de sal da massa. Primeiro, dividimos a porcentagem do sal por 100: 3% 100 = 0,03 Em seguida, devemos multiplicar o valor decimal pelo peso da farinhapreviamente escolhido: 0,03 x 2000g = 60g Assim, a quantidade de sal utilizada na elaboração de pães de hot dog é 60g. Obedecendo o mesmo pensamento, teremos: 16 Massa de pão de hot dog Ingredientes Porcentagem Peso dos ingredientes Farinha 100% 2000g Sal 3% 60g Açúcar 5% 100g Gordura 7% 140g Fermento biológico fresco 3% 60g Água* 40 – 50% 800 – 1000g Leite em pó* 1 – 3% 20 – 60g Lecitina de soja 0,15% 3g *= Quantidade variável Entendeu como funciona o método das porcentagens? O que você achou dessa metodologia? Fácil, difícil, complicada? Viu como panificação e matemática tem tudo a ver? VISITE A PÁGINA Caso você tenha ficado com alguma dúvida, por favor, consulte o site a seguir: LINK A leitura do site não é obrigatória! Ela vai apenas reforçar o que já vimos nesse guia de estudos. DEFEITO DE PÃES E FATORES ASSOCIADOS Caro(a) estudante, durante o processo de elaboração de pães, mesmo que todo cuidado seja tomado para que o produto final seja de qualidade, alguns defeitos podem ocorrer. Esses defeitos podem repercutir principalmente nas características sensoriais do pão, modificando negativamente seu sabor, textura, volume, aparência e aroma. Geralmente, os principais problemas e/ou defeitos dos pães estão associados à: 1. Insuficiência do processo fermentativo: nesse caso, a massa fermentou em quantidade insu- ficiente e não cresceu de forma correta, ou, fermentou em quantidade excessiva e resultou em uma massa flácida e esponjosa. Geralmente, as causas de uma fermentação insuficiente podem estar atribuídas a: https://www.massamadreblog.com.br/know-how/info-tecnicas/conversao-de-medidas-culinarias-como-transformar-uma-receita-em-porcentagem/ 17 • Uma mistura insuficiente, que não permitiu uma massa homogênea; • Massa muito fria, não propiciando uma correta fermentação. Geralmente, uma massa muito fria está associada ao uso de uma água muito gelada ou a manutenção em um ambiente muito frio; • Conteúdo fermentativo muito pequeno, fermento velho ou enfraquecido; • Uso excessivo de sal, que dificulta o processo fermentativo; • Farinha de trigo muito forte ou muito fraca, não gerando um correto desenvolvimento do glúten e, consequentemente, não permitindo um processo fermentativo correto. Para evitar a ocorrência desse defeito, utilize farinhas de qualidade, quantidades de fermento e sal adequadas e não forneça um tempo de descanso excessivo ou curto. 2. Casca quebradiça: uma casca quebradiça é um defeito que atrapalha bastante o sensorial do pão, pois prejudica a textura e o sabor do pão. Geralmente, a ocorrência de casca quebradiça está asso- ciada a: • Massa dura ou que descansou pouco; • Forno quente em excesso; • Fermentação incorreta; • Tempo excessivo de cozimento; • Resfriamento muito rápido do pão, criando um choque de temperatura. Para evitar a ocorrência desse defeito, tenha cuidado na temperatura do forno, no resfriamento do pão e no tempo de cocção, forneça condições para uma fermentação correta e evite trabalhar e assar massas duras ou quebradiças. 3. Viscosidade excessiva do pão: geralmente uma viscosidade excessiva da massa de pães gera produtos flácidos, que não fermentam corretamente e que não adquirem um volume adequado. As principais causas da viscosidade excessiva de pães são: • Utilização de muitos aditivos, como gorduras, leites e ovos; • Utilização em excesso de melhoradores, como lecitina de soja e enzimas; • Tempo de mistura exagerado; • Fermentação curta; • Farinha velha ou fraca. Para evitar a ocorrência desse defeito, utilize farinhas de qualidade, não aqueça em excesso a massa durante a sova (temperaturas médias de 27ºC são o ideal), não forneça tempo de descanso excessivo e utilize tempos e temperaturas de cocção adequados. 18 VISITE A PÁGINA Para ler mais sobre os principais defeitos ocorridos em pães, suas causas e soluções, acesse os links abaixo: LINK 1 LINK 2 A leitura destes links é obrigatória, espero que goste. PALAVRAS DO PROFESSOR Bom, agora que encerramos o conteúdo da primeira unidade da disciplina de Panificação e Lanches, você precisa realizar suas atividades, para fixar o conteúdo aprendido. Para isso, consulte e visite o ambiente de aprendizagem individual – o AVA, e realize todas as atividades relativas a essa primeira unidade. Também não deixe de ler a unidade 1 do seu livro dessa disciplina e relê-la, quantas vezes julgue necessário. Lembre-se que no AVA você também encontra outros recursos, como: atividades extras e leituras de artigos complementares. São vários materiais de estudo, selecionados cuidadosamente para o seu aprendizado. Caso você tenha alguma dúvida ou questionamento ao longo do seu estudo, não deixe de consultar o seu tutor. Até a próxima unidade! http://chefarquimedessilva.blogspot.com/2011/06/defeitos-dos-paes.html http://www.diegokoppe.com.br/Download/Panificacao/Apostila_Panificacao2.2.pdf _GoBack _Hlk523988989 _GoBack Para início de conversa ELABORAÇÃO DE PÃES: INGREDIENTES BÁSICOS O USO DE MELHORADORES E ADITIVOS NA ELABORAÇÃO DE PÃES USO DE ENZIMAS NA PANIFICAÇÃO CÁLCULO PARA ELABORAÇÃO DE PÃES DEFEITO DE PÃES E FATORES ASSOCIADOS
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