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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DOMÉSTICAS PROCESSAMENTO E CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS II DOCENTE: MARIA INÊS DE SUCUPIRA MACIEL DISCENTES: ANDERSON ANDRADE, ROGERIO SANTOS RELATÓRIO DE PRÁTICA Processamento de carne de sol com 12% de cloreto de sódio refinado e cristalizado RECIFE/PE 2019 1- INTRODUÇÃO As carnes são alimentos altamente perecíveis e apresentam vida de prateleira variável em função das condições de armazenamento. Desde a Antiguidade, o homem sempre buscou preservar suas características de qualidade para manter a provisão de alimentos, o desenvolvimento e a conservação da espécie, originando-se, assim, processos e tecnologias de transformação, inicialmente rudimentares e atualmente controláveis por padrões tecnológicos para manter a qualidade dos produtos (OLIVEIRA et al.,2005). Segundo Ornellas (2008), carne é todo músculo estriado que recobre o esqueleto, e também o diafragma, língua, esôfago e vísceras de diferentes animais. Sendo, portanto, toda parte comestível de animal comestível, seja doméstico ou selvagem: ave, mamífero, peixe, molusco, crustáceo, batráquio e outros. As carnes possuem propriedades sensoriais como, cor, sabor, aroma, textura, maciez e dureza que são determinantes para sua qualidade. A cor desempenha um papel importante sobre a qualidade sensorial da carne e destaca- se como principal fator de apreciação no momento da compra (COSTA et al, 2008). A mioglobina, proteína envolvida nos processos de oxigenação do músculo, caracteriza-se como principal pigmento responsável pela cor da carne (RENERRE, 1990). Em relação ao sabor e aroma, já foram identificados mais de 1000 componentes responsáveis pelo aroma e sabor da carne. O aroma e sabor cárneo podem ser determinados por fatores antes do abate como espécie, idade, sexo, raça, alimentação e manejo. Outros fatores como pH final do músculo, condições de esfriamento e armazenamento, e procedimento culinário também afetam este parâmetro sensorial. Outro atributo de qualidade da carne é a textura que depende do tamanho dos feixes de fibras nos quais os músculos se encontram longitudinalmente dividido pelos septos de tecido conjuntivo que constituem o perimísio, os atributos mais importantes para a textura da carne são a maciez, suculência e mastigabilidade. A dureza, no entanto, está relacionada, fundamentalmente com a presença de tecido conetivo e com o estado de contração em que se encontram as fibras musculares (ORDONEZ et al., 2005). As matérias primas, de acordo com a sua procedência e particularidades próprias, exigem diferentes tipos de processamento, capazes de possibilitar a elaboração de produtos definidos e padronizados (EVANGELISTA, 2008). Dentre os métodos existentes no processamento da carne, a salga é um dos mais antigos, sendo utilizado na elaboração da carne de sol, carne seca e carne de charque. A carne de sol é um produto semi-desidratado obtido pela salga leve e discreta secagem de cortes cárneos bovinos, tradicionalmente consumidos pela população nordestina é um produto sem normas técnicas para produção e sem padrão de identidade e qualidade oficial (CARVALHO FARIAS, 2010). Esse produto surgiu como uma alternativa para utilização do excedente de produção de carne bovina, ante as dificuldades encontradas para a sua conservação por refrigeração, associadas ao baixo nível econômico da população (CARVALHO JÚNIOR, 2002). A carne de sol não pode ser considerada um produto para comércio em larga escala, porque a sua vida de prateleira é muito curta, visto que tem baixo teor de cloreto de sódio, logo alta atividade de água e alto teor de umidade, de modo que as suas condições físicas não impedem a deterioração ou produção de toxinas microbianas que, em temperatura ambiente, ocorre em poucos dias (FELÍCIO, 2002). Diante do exposto, o objetivo deste relatório foi o processamento de carne de sol com 12% de sal refinado e cristalizado. 2- OBJETIVO Obter a carne de sol com concentração de 12% de cloreto de sódio refinado e cristalizado 3- MATERIAIS E MÉTODOS 3.1- Matérias-primas: • Carne bovina (Alcatra) • Sal refinado • Sal cristalizado 3.2- Utensílios: • Facas • Tábua de corte de plástico pequena • Bacia plástica pequena 3.3- Equipamento • Balança • Freezer • METODOLOGIA O experimento ocorreu no dia 14/05/2019. Para a realização da prática, foi utilizado um roteiro para nortear a atividade sob a supervisão da Prof.ª. Dra. Maria Inês Sucupira Maciel. No fluxograma abaixo, estarão dispostas as etapas de preparação da carne de sol que serão descritas em seguida. Figura 1 – Fluxograma do Processamento da Carne de Sol Recepção Seleção Corte Pesagem Salga seca Embalagem Rotulagem Armazenamento • ETAPAS DO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS Recepção: a matéria-prima deve ser recebida em local externo da área de processamento, para que não haja contaminação. Segundo Baruffaldi e Oliveira (1998), a contaminação das hortaliças pode ser originada da planta, a partir das sementes ou do ambiente de produção. Seleção: é a separação da matéria-prima segundo critérios de qualidade sensoriais, química e/ou microbiológica. Para Baruffaldi e Oliveira (1998), essa etapa tem como principal critério a aparência e consistência, cujos requerimentos são: frescor e ausência de defeitos de ataque por insetos, de podridão, de sujeira ou impureza e de materiais impróprios para consumo. Corte e pesagem: Gava (1984) diz que a etapa do corte é realizada para obter pedaços de tamanho uniforme, proporcionando uma maior eficiência no tratamento térmico, uma melhor acomodação dos pedaços à embalagem e tornando o produto mais atrativo ao consumidor. Salga seca: É realizado por esfregação na superfície das mantas, forçando-se com os dedos a penetração dele nas reentrâncias (PARDI et al., 2007). Embalagem: A embalagem tem como função proteger o conteúdo do produto sem por ela ser atacada (EVANGELISTA, 2008). Rotulagem: Adição do rótulo ao recipiente, sendo ele toda e qualquer inscrição, legenda ou imagem, ou toda matéria descritiva ou gráfica, impressa, litografada, relevo e/ou colada sobre a embalagem/recipiente. Contém elementos como nome do produto (denominação de venda), conteúdo líquido, origem de fabricação, validade, lote, informações nutricionais, entre outros (ANVISA, 2002). Armazenamento: o produto é inicialmente mantido em observação para verificação de qualquer alteração que venha a gerar modificações no mesmo. Para garantir que todas as outras etapas tenham valia, o armazenamento deve ser feito de forma adequada, e o ambiente de estocagem deve ser fresco, seco e bem ventilado, para que não haja corrosão nas embalagens (TORREZAN, 2000). 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos na elaboração de carne de sol, observa-se que a matéria-prima utilizada apresentou boas características para o processamento, sendo, portanto, interessante para a elaboração de carne de sol. Na (Tabela 1) observa-se que a desidratação após o processo de salga seca com sal cristalizado foi de 12,08%, enquanto que com o sal refinado foi de 6,8% apresentando uma baixa desidratação do produto. Tabela 1- Valor da desidratação da carne de sol após o processo de salga seca. Descrição Peso Inicial Desidratação Peso Final Carne bovina (Alcatra) Sal refinado 585 g 6,8% 540g Carne bovina (Alcatra) Sal cristalizado 455 g 12,09% 400g No processo de salga, a quantidade variada de cloreto de sódio, faz com que valores de umidade seja tão variante (Lira, 1988). Na prática fora utilizado 12% de cloreto de sódio refinado e cristalizado, é possível observar que a salga seca com o sal cristalizado obteve uma desidratação maior em comparaçãoa salga seca com o sal refinado, isto pode ter ocorrido devido a sua espessura que foi menor, Segundo Coutinho (2011) a diminuição da espessura muscular pelo manteamento tem por objetivo acelerar a penetração do cloreto de sódio e a saída da umidade. Outra alteração que ocorre na carne de sol é a mudança de cor. A cura da carne, a utilização de sais passa a mioglobina (pigmento vermelho), a metamioglobina e ferro hemocromo, ambas de cor castanha (BOBBIO & BOBBIO, 1984). Os efeitos do cloreto de sódio na variação da cor da carne fresca estão relacionados basicamente a dois mecanismos: o cloreto de sódio aumenta o potencial de oxidação da carne levando a oxidação do pigmento e pela ação de oxidação, com uso do cloreto de sódio, este deslocaria a reação no sentido de formação da metamioglobina (SEIDEMAN, 1984). A textura da carne fresca após o processo de salga seca passou a ficar rígida, devido a saída da água causada pela desidratação osmótica, outro atributo que alterou na carne fresca foi o seu aroma que devido a presença do sal os compostos aromáticos foram volatilizados, no sabor também ocorreu modificações por causa da desnaturação das proteínas e seu valor biológico e nutricional diminuiu devido a desestruturação do arranjo proteico. 5- CONCLUSÃO A carne-de-sol é um produto notadamente regional, entretanto a mesma deve ser produzida em condições higiênico-sanitários adequadas, dentro dos padrões das BPF´S e com matéria-prima de qualidade. Apesar de utilizar apenas 12% de cloreto de sódio no processamento, a carne de sol em termos nutricionais é um alimento pobre em proteínas devido ao processo de desnaturação proteica, adição de cloreto de sódio para produção de carne de sol influi também no teor de umidade, causando diferenças principalmente na cor, no sabor, aroma e textura do produto. 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BARUFFALDI, R., OLIVEIRA, M. N. Fundamentos de tecnologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 1998. 317 P. 2. BOBBIO, P. A; BOBBIO, F. O. Química do Processamento de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 1992. 3. BRASIL, ANVISA. Resolução – CNNPA no 12, de 1978 disponível em http://portal.anvisa.gov.br/legislacao acesso em 28 de março de 2019. 4. CARVALHO JUNIOR. B. Da C. Estudo da evolução das carnes bovinas salgadas no Brasil e desenvolvimento de um produto de conveniência similar à carne de sol. 2002. 287f. Tese (Doutorado)- Curso de Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. São Paulo 2002. 5. COSTA, R.G.; CARTAXO, F. Q.; SANTOS, N. M.; QUEIROGA, R.C.R.E. Carne caprina e ovina: composição lipídica e características sensoriais. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.9. n.3, p.497-506,jul/set, 2008. 6. COUTINHO, J. P. Produção e Caracterização da Carne de sol da Carne de Caprinos da Raça Anglo Nubiana Elaborada com Diferentes Teores de Cloreto de Sódio. Itapetinga-BA: UESB, 2011. http://portal.anvisa.gov.br/legislacao 58 p. (Dissertação – Mestrado em Engenharia de Alimentos, Área de Concentração Engenharia de Processos de Alimento) 2011 . 7. EVANGELISTA, J. Tecnologia de alimentos. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 652, [22]p. 2008. 8. FELICIO, P. E. Carne de sol – Produto artesanal, de consumo regional, tem potencial para ser fabricado e comercializado no país todo. ABCZ ano 2, n.8, p.158, (mai/jun.), 2002. 9. FELLOWS, P. J., Tecnologia do Processamento de Alimentos, 2 Ed. Porto Alegre, Artmed, 2006. 10. GAVA, Altamir Jaime. Princípios de Tecnologia de Alimentos. 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