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Aula 2 - Semiologia do Idoso pt 2

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FPM 3 – Juliana 
Aula 2 - Semiologia do Idoso pt. 2 
 
Princípios básicos 
 
Quando vamos avaliar um idoso temos algumas diferenças de abordagem comparado com pacientes mais jovens, porém, 
a idade cronológica tem pouca ou nenhuma relação com as condições clínicas e prognóstico do paciente, sendo que o 
grupo de idosos é muito heterogêneo em suas comorbidades. Sendo assim, quanto maior a idade, maior o risco de 
invalidez, ou seja, maior chance de comorbidades que dificulte a independência do idoso. 
Muitas pessoas ou os próprios idosos possuem certa relação de preconceito com à velhice, o que pode dificultar o 
tratamento e a abordagem terapêutica. Envelhecer não é tornar-se criança, pois há o agravante de acometimentos de 
doenças, são situações diferentes. O paciente idoso tem o direito de saber sobre seus acometimentos, sendo que o 
profissional deverá respeitar a opinião do paciente, mesmo idoso, se estiver lúcido. Na maioria das vezes os sintomas não 
são explicados por uma única doença, podendo haver influencia dos medicamentos, por exemplo 
 
Aspectos próprios do paciente idoso 
 
• Tendência a ter múltiplas doenças 
• Tendência a ter doenças crônicas 
• Os sintomas da doença atual podem ser alterados por doenças preexistentes 
• As primeiras manifestações de uma doença podem aparecer somente em fases avançadas 
• Tendência a ter doenças agudas mais graves e de recuperação mais lenta 
• Tendência a ter doenças com apresentação clínica atípica 
• Tendência a ter deficiências funcionais que comprometem a capacidade de viver independentemente 
• Maior risco de sofrer iatrogenia 
 
Anamnese 
 
• Pode parecer difícil 
• História geralmente é longa e demanda vários encontros para ser completada 
• Algumas vezes a entrevista por si só pode ser terapêutica 
• Ideal – equipe multiprofissional para uma avaliação integrativa 
• Assegurar-se da confiabilidade das informações 
• Medicamentos usados atualmente e recentemente – perguntar insistentemente sobre automedicação 
 
 
 
 
Dificuldades da anamnese 
 
▪ O paciente informa pouco sobre a sua doença, pois: 
• Algumas vezes a doença é aceita como inevitável 
• A doença é considerada uma consequência natural do processo de envelhecimento 
• O paciente é intimidado por um médico apressado 
• O paciente nega que esteja doente 
• O paciente tem medo de fazer grandes gastos caso esteja doente 
• O paciente teme as consequências de informar os seus sintomas, por medo das consequências (remédio, 
cirurgia ou internações, por exemplo) 
▪ Doenças de apresentação atípica 
• Limiar aumentado para dor faz parte do processo de envelhecimento 
• O paciente restringe as atividades físicas, por isso, pode não ter sintomas 
▪ Apresentações inespecíficas das doenças agudas 
• Infecções, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio manifestando-se somente com confusão mental, 
queda ou incontinência 
▪ Barreiras de comunicação 
• Desconforto, problemas de linguagem, deficiências sensoriais e deficiências cognitivas 
▪ História extensa e queixas mal caracterizadas 
• Múltiplas doenças interagindo 
 
Queixas que merecem atenção 
 
▪ Diminuição de memória (paciente ou familiar?) 
▪ Distúrbios de comportamento e deambulação excessiva 
▪ Tonturas, alterações de marcha e quedas 
▪ Perdas sensoriais 
▪ Condições dos dentes e da boca 
▪ Perda de peso (> 5% em 1 mês, > 7% em 3 meses, > 10% em 6 meses) 
▪ Modificações do sono 
▪ Fadiga 
▪ Incontinência urinária e/ou fecal 
• Mulheres – Incontinência Urinaria por frouxidão da musculatura pélvica, perguntando se sai um pouco de urina 
no espirro (esforço) ou com muita vontade (Urgência). 
• Homens – incontinência por transbordamento na Hiperplasia Prostática Benigna 
• Incontinência fecal – menos prevalente, geralmente acompanha a urinária 
▪ Sexualidade 
• Maneira como uma pessoa vivencia e expressa o seu sexo 
• Ato sexual – tabu, devido ao mito da velhice assexuada 
• Alterações por fatores orgânicos, emocionais, sociais e culturais 
• Orgânicos – Problemas hormonais, doenças do aparelho geniturinário, doenças cardiovasculares, doenças 
cerebrais, diabetes, DPOC, depressão, medicamentos 
• Sociocultural – viuvez, separação, doença do parceiro, desejo de renunciar à vida sexual 
• 4 fases: excitação (mais demorada), platô (melhor controlado), orgasmo (orgasmo seco) e resolução 
(prolongado – dias, até semanas). 
▪ Ansiedade e/ou depressão – apresentação atípica 
▪ Febre 
• Idosos podem apresentar infecção sem febre 
• Mais frequente ser acompanhada de confusão mental, delírios e alucinações 
▪ Dor 
• Limiar de dor aumenta 
• Quando tem dor, nível de tolerância menor e reação mais acentuada 
• Manifestações atípicas e mal localizadas 
▪ Queixas relacionadas com as mudanças no ciclo de vida 
• Menopausa, aposentadoria, doença ou morte do conjugue e/ou filhos, diagnóstico de doença incapacitante 
ou terminal e o “ninho vazio” 
• Período para o ajustamento 
• Fases pós diagnóstico de doença avançada: negação, raiva, barganha e introspecção até a aceitação 
▪ Antecedentes e hábitos de vida 
• Estado de saúde dos descendentes 
• Experiencias, expectativas e atitudes do paciente em relação às doenças e à morte 
• Hábitos alimentares 
• Condições de trabalho 
• Prática de atividade física 
• Vícios 
• Tipo de habitação, existência de escadas, localização dos banheiros 
• Paciente reside sozinho ou com familiares 
• Condições financeiras e quem administra as finanças 
• Condições de saúde das pessoas que dão apoio ao idoso – estresse do cuidador 
 
Os 3 Ds da geriatria 
 
• Delirium 
• Depressão 
• Demência 
 
Os 5 Is da geriatria 
 
• Instabilidade postural 
• Insuficiência cognitiva 
• Imobilidade 
• Incontinência urinária/fecal 
• Iatrogenia 
 
 
 
 
 
 
Exame físico 
 
▪ Fácies – algumas fácies típicas podem não 
ocorrer no idoso 
▪ Peso – aumento até 60 anos e em seguida 
redução lenta e gradual 
▪ Altura – redução de 1 cm por década a partir 
de 40 anos 
▪ IMC – corte < 22 para desnutrição 
▪ Hidratação – Não sendo possível determinar 
pela prega da pele, sendo ideal comparar a 
hidratação debaixo da língua 
 
 
▪ Pele 
• Alterações decorrentes do envelhecimento 
• Lesões sugestivas de maus tratos 
• Úlceras por pressão 
• Condição de higiene 
▪ Pressão arterial 
• Hipertensão sistólica isolada do idoso 
▪ Hipotensão postural 
• PA em decúbito dorsal após 2 a 3 minutos de repouso 
• PA com o paciente sentado e após ficar em pé, com intervalo de 1 a 3 minutos 
• Contar a FC em todas as etapas (normal elevar 6 a 12 bpm na posição ereta. Sem alteração – dano SNA, 
aumento > 20 bpm – hipovolemia) 
• Pseudohipertensão – paciente piora quando a pressão melhora 
 
▪ Exame da cabeça e pescoço 
• Alterações do tamanho do crânio – Paget 
• Condições dos dentes e das próteses (retirar para exame) 
• Pescoço – palpar tireoide, palpar e auscultar pulsos arteriais, palpar cadeias ganglionares e parótida 
▪ Exame do tórax 
• Cifose e aumento do diâmetro anteroposterior 
• Examinar mamas em mulheres 
• Dados do exame pulmonar inalterados, no máximo diminuição do MV 
• Palpação do ictus cordis cada vez mais difícil 
• Bulhas cardíacas podem ser hipofonéticas 
• B4 pode surgir sem significado patológico 
• Sopro ejetivo aórtico ou regurgitativo mitral podem surgir sem alteração funcional 
• Sopros diastólicos sempre patológicos 
▪ Exame do abdome 
• Palpar e auscultar trajeto da aorta abdominal 
• Palpação suprapúbica – bexigoma 
• Toque retal – doenças prostáticas, fecalomas e neoplasias de reto 
▪ Exame das extremidades 
• Deformidades, como arqueamento da perna por alteração da tíbia – Paget 
• Nódulos de Heberden e Bouchard 
• Deformidades em pescoço de cisne e casa de botão, desvio ulnar dos dedos, atrofia dos músculos interósseos 
• Sinais de inflamação e isquemia 
• Trofismo muscular 
• Palpar pulsos 
• Pesquisar edemas e veias varicosas▪ Exame neurológico 
• Deve ser sempre realizado, independente da queixa 
• Avaliar função mental 
• Examinar nervos cranianos, principalmente motricidade ocular (idosos apresentam maior dificuldade com o 
olhar vertical, principalmente para cima) 
• 30-40% apresentam rigidez de nuca decorrente de osteoartrose da coluna cervical 
• Reflexos profundos podem estar diminuídos 
• Sinais de comprometimento piramidal e extrapiramidal devem ser pesquisados 
• Avaliar sensibilidade tátil, dolorosa, vibratória e proprioceptiva

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