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Bactérias Lácticas As bactérias ácido-láticas (BAL), ou bactérias láticas, são um grupo de microrganismos com as características morfológicas de cocos ou bastonetes Gram-positivos, catalase negativos, não formadores de esporos, microaerofílicas (BRUNO, 2011), usualmente não apresentam motilidade e podem ser anaeróbias facultativas ou estritas. Elas produzem ácido lático como único ou principal produto da fermentação de carboidratos. Em relação a essa característica, são classificadas como homofermentativas, quando produzem somente ácido láctico, e heterofermentativas, quando além desse ácido, produzem também dióxido de carbono, ácido acético e etanol (CARR et al., 2002). As bactérias láticas homofermentativas utilizam a via Embden-Meyerhof (a rota mais comum da glicólise) para converter carboidratos em lactato, enquanto as heterofermentativas sintetizam os seus produtos pela via da fosfocetolase (MADIGAN, et al., 2012). Elas podem ser encontradas em solos, alimentos (como leite e derivados e carnes), associadas a plantas e animais, constituindo a flora normal da pele e mucosas da orofaringe e dos tratos gastrointestinal e geniturinário (JENSEN et al., 2012). Os gêneros mais importantes de bactérias ácido-láticas são Lactobacillus, Lactococcus, Enterococcus, Streptococcus, Pediococcus, Leuconostoc, Weissela, Carnobacterium, Tetragenococcus e Bifidobacterium (KLEIN et al., 1998). Algumas dessas bactérias possuem funções probióticas, as quais conferem benefícios à saúde do consumidor, tais como estimulação e regulação do sistema imune e prevenção de doenças gastrointestinais, quando ingeridas em quantidades adequadas. As bactérias láticas, sobretudo as do gênero Lactobacillus, são muito utilizadas na indústria de alimentos, como por exemplo, na fabricação de iogurtes (L. bulgaricus), leite fermentado (Lactobacillus casei), queijos, processamento de carnes, bebidas alcóolicas e vegetais, em função de apresentarem maior taxa de conversão de substrato em produto, rendimento e melhor metabolismo (MERCIER & YERUSHALMI,1991), reduzindo o pH e contribuindo com o aspecto sensorial, além de ampliar a vida de prateleira dos alimentos (OLIVEIRA, 2009). É desejável que as culturas de Lactobacillus tenham a capacidade de converter, rápida e completamente substratos de baixo custo como beterraba e melaço de cana-de-açúcar em L(+)-ácido láctico, com uma quantidade mínima de substâncias nitrogenadas (MERCIER & YERUSHALMI,1991). Vários parâmetros determinam a produção de ácido láctico, como fontes de carbono, temperatura, pH e fontes de nitrogênio. A faixa de pH ideal para produção de ácido láctico varia de 5 a 7, sendo os lactobacilos geralmente mais resistentes às condições ácidas (pH < 4) do que as outras bactérias lácticas, havendo a necessidade de controle (MERCIER & YERUSHALMI,1991). As bactérias produtoras de ácido láctico requerem substratos com elevado teor de nitrogênio e uma boa concentração de vitaminas do complexo B (LUND, NORDAHL, AHRING ,1992). A elevada demanda de nutrientes das bactérias láticas é explicada pela sua limitada capacidade de biossíntese (RASHID et.al, 2009).