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AS VANTAGENS DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO NA GUARDA COMPARTILHADA

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS VANTAGENS DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO NA GUARDA 
COMPARTILHADA 
 
PAULO ROBERTO CANELA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2020.2 
 
 
 
 
 
PAULO ROBERTO CANELA 
 
 
AS VANTAGENS DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO NA GUARDA 
COMPARTILHADA 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo Científico Jurídico apresentado à 
Universidade Estácio de Sá, Curso de 
Direito, como requisito parcial para 
conclusão da disciplina Trabalho de 
Conclusão de Curso. 
 
 
Orientador : Prof. FERNANDO DE 
ALVARENGA BARBOSA 
 
 
 
 
Cabo Frio 
Campus Cabo Frio 
2020.2 
 
 
RESUNO 
 
 
 Este Artigo Científico Jurídico aqui apresentado no TCC EM 
PSICOLOGIA JURÍDICA E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS demonstra que a mediação 
na modalidade familiar, como forma mais adequada a de aplicabilidade da Guarda 
Compartilhada, pois a principal ferramenta da mediação e o dialogo, entre as partes 
visando o bem estar da criança e do adolescente, com o intuito de diminuir os 
índices da Síndrome da Alienação Parental, bem como demostrar que e possível 
resolver nas audiências de Mediação o que seria na audiência litigiosa de uma forma 
colaborativa e definitiva e esclarecer que a da Guarda compartilhada e regra e os 
outros tipos exceção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 – INTRODUÇÃO; 2 – DESENVOLVIMENTO; 2.1 OS INSTITUTOS DA 
MEDIAÇÃO, NEGOCIAÇÃO, CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM; 2.1.1 Negociação; 
2.1.2 Arbitragem; 2.1.3 Conciliação; 2.1.4 Mediação; 2.2 OS DE TIPOS DE 
GUARDAS APLICADAS NO ORDENAMENTO JURÍDICO;2.2.1 Tipos de guardas 
aplicadas; 2.2.1.a - Guarda unilateral; 2.2.1.b - Guarda alternada; 2.2.1.c - Guarda 
Compartilhada; 2.3 – A ÉTICA NA MEDIAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA DURANTE A 
AUDIÊNCIA; 2.3.1 REGRAS DE CONDUTA DO MEDIADOR FAMILIAR; 2.3.1.a – 
Imparcialidade: 2.3.1.b - Independência: 2.3.1.c – Discrição: 2.3.1.d – Diligencia: 
2.3.1.e – Dever de Revelação: 2.4 - O PERFIL IDEAL DO MEDIADOR PARA UMA 
SESSÃO DE MEDIAÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA; 2.5 - COMO DEVE SER 
A PARTICIPAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO DIREITO DURANTE SESSÃO DE 
MEDIAÇÃO DE GUARDA; 2.6 - AS VANTAGENS E BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS 
DA GUARDA COMPARTILHADA PARA ERRADICAÇÃO DA SÍNDROME DE 
ALIENAÇÃO PARENTAL; 2.7 – O COMPORTAMENTO DO MEDIADOR PARA AS 
FAMÍLIAS SUSPEITAS DE SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL. 3. 
CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1 
 
1 – INTRODUÇÃO 
 
 
O presente artigo cientifico, trata-se de pesquisa bibliográfica, que foi utilizada 
a bibliografia nacional referente a lei de mediação e a lei da Guarda Compartilhada, 
bem com a e suas consequências. Foi empregue método dedutivo e indutivo. 
 Com o advento da lei de Medição Lei nº 13.140/2015(Lei Da Mediação), 
assevera que existe efetivo interesse do Estado em relação a Mediação com forma 
de resolução conflitos com a aberturas dos CEJUC (CENTRO JUDICIÁRIO DE 
 no fórum do pais a fora e com a oferta de cursos de SOLUÇÃO DE CONFLITOS)
mediação ( custeado pelos estados através do Judiciário, em contra partida o futuro 
mediador presta serviço no fórum em que fez o curso) e atualização junto aos 
funcionários da Justiça, muitos que assessoram ( psicólogos, assistente social etc..) 
os juízes. 
 Ao invés dos litígios infinitos que ocorrem no Judiciário, considerando a 
entidade familiar. Tal interpretação da Lei de Mediação leva ao entendimento de que 
e possível enxergar na mediação a solução para produzir efeitos legais. 
A guarda compartilhada tomou o status de regra geral e não mais a exceção 
quando há o rompimento do relacionamento entre os pais do menor. Conforme a Lei 
13058/2014 (Lei da Guarda compartilhada), justificando o estudo ou mesmo, 
adequações dos operadores do direito e a própria visão do Judiciário nacional. 
As questões que norteiam a presente pesquisa consideram: Quais as 
Diferença entre Mediação, Negociação, Conciliação e Arbitragem. Quais os tipos de 
guardas aplicadas no ordenamento jurídico? O que significa ética da Mediação e sua 
importância na audiência durante a audiência? Qual o perfil ideal do Mediador para 
uma sessão de mediação de guarda compartilhada? Como deve ser comportamento 
dos profissionais do direito durante sessão de mediação de guarda? Quais as 
Vantagens e benefícios psicológicos da Guarda compartilhada para Erradicação da 
Síndrome de Alienação Parental? Qual o comportamento do Mediador para as 
famílias suspeitas de Síndrome de Alienação Parental? 
O objetivo desta é de maneira geral apreciar as questões de fatos em caso 
concretos e especificamente, buscar caminhos para o melhor entendimento da Lei 
de Mediação Lei nº 13.129/2015 em conjunto com a Lei 13058/2014. 
 2 
 
Os operadores do Direito dispõem de substancial literatura nacional e 
internacional sobre técnicas e métodos para aplicação da sessão de mediação 
Discutimos aqui sobre a mediação, como a principal forma de aplicabilidade 
da Guarda Compartilhada, pois a principal ferramenta da mediação e o diálogo entre 
as partes visando o bem do infante, e diminuindo os índices de Alienação Parental. 
 
 
2 - DESENVOLVIMENTO 
 
 
2. 1 – Os institutos da Mediação, Negociação, Conciliação e Arbitragem. 
 
 
Segundo Braga Neto, muito se questiona sobre as decisões impositivas do 
Juiz baseadas na lei e nos seus parâmetros legais, gerando insatisfação ou mesmo 
descumprimentos. Nesse sentido, são cada vez mais comuns a afirmação de que a 
sentença judicial dá fim ao processo, mas não ao conflito. 
E necessário e fundamental lembrar que tais decisões de nada adiantam, pois 
mantêm noções de culpa, ou do certo em detrimento do errado, ou mesmo a quem 
assiste o direito ou a razão. Na verdade, é uma lógica binaria milenar baseada no 
bem e no mal, que gera mais conflito. 
A mediação no contexto familiar oferece, por intermédio de seus processos 
interativos, a conscientização das responsabilidades e dos papeis que cabem a cada 
um dos integrantes do familiar, tendo um terceiro sem qualquer caráter impositivo, 
que os incentivará a promover uma nova dinâmica. O mesmo tentará estimular o 
resgate das responsabilidades não somente pela situação geradora do conflito, mas 
também por tudo aquilo que está sendo dialogado na mediação, além de 
evidentemente, tudo que irão assumir como compromisso no futuro. 
Desse modo, parte -se sempre da premissa de que o conflito não somente é 
natural, mas, principalmente, decorrente da estrutura relacional existente.i1 
 
 
1
NETO, Adolfo Braga, Mediação Familiar – A experiencia da 3ª Vara de Família do Tatuapè, São Paulo: Editora 
CLA Cultura, 2018 p.23,24 
 
 3 
 
Um método por meio do qual uma terceira pessoa neutra, 
especialmente treinada, colabora com pessoas de modo a que elaborem as 
situações de mudança, e mesmo de conflito, a fim de que estabeleçam, ou 
reestabeleçam, a comunicação, podendo chegar a um melhor 
gerenciamento dos recursos. 
 
Groeninga e Barbosa apresentam as seguintes diferenças de procedimentos 
entre Mediação, Conciliação, Arbitragem e Negociação. 
 
 
2.1.1 Negociação: 
 
 
É um conjunto de discursões entre pessoas que têm, ou pensam ter, um 
conflito. As partes se unem voluntária e temporariamente, com a intenção de se 
informar mutuamente a respeito de suas necessidades e interesses, de trocar 
recursos específicos ou de resolver um ou mais pontos em litigio. Se a comunicação 
é possível, pode ser realizada diretamente; se foi interrompida, pode ser feita com a 
ajuda de um terceiro que representa as partes. 
 
 
2.1.2 Arbitragem: 
 
 
Pressupõe um elemento de solução exterior às partes. E um processo 
voluntário no qual as partes em conflito demandam a uma terceira pessoa, neutra e 
imparcial, que tome uma decisão por elas com a finalidade de decidir uma causa. 
A lei da arbitragem confere à decisãoforça de sentença, cabendo o recurso 
ao Judiciário no caso de execução. No caso de contratos, deve constar como forma 
escolhida pelas partes. Semelhante à negociação, feita por prepostos, não favorece 
o diálogo direto entre as partes. O árbitro ouve as partes, avalia e toma uma decisão 
com base nos critérios, estabelecidos a partir de normas, ambos comumente aceitos 
em determinada sociedade. 
 
 
 4 
 
2.1.3 Conciliação: 
 
 
 Processo que favorece uma relação positiva entre as partes com a finalidade 
de reduzir o impacto dos conflitos. Visa à aproximação de interesses ou de valores 
opostos. Propõe um território de entendimento. Importante para as partes que 
necessitam manter um contato depois que o conflito for ultrapassado. 
Tem por objetivo a diminuição das emoções exageradas, a eliminação das 
percepções estereotipadas e a aceitação da legitimidade dos conflitos e emoções. 
Favorece o estabelecimento de um clima de confiança. As intervenções visão 
à correção das percepções reciprocas, a redução dos medos irracionais e a melhoria 
na comunicação. A conciliação permite reaproximação dos pontos de vistas e uma 
aceitação das divergências. 
 
 
2.1.4 Mediação: 
 
 
Processo de resolução de conflitos, no qual as partes apelam a um terceiro 
para ajuda-los a encontrar uma maneira de lidar com as mudanças, empasses e 
mesmos litígios. Implica em uma intervenção solicitada e aceita, de uma terceira 
pessoa imparcial que não tem a autoridade para tomar decisões. Sua finalidade è de 
favorecer a comunicação e ajudar as partes a explorar as possibilidades de acordo. 
Favorece a negociação direta, meio eficaz de gerenciar os conflitos 
interpessoais, prevenindo para não se tornar crônico o litigio. Permite uma 
intervenção construtiva e a conservação da integridade e da autonomia. Como 
processo de gestão de conflitos, visa a sobrepor os obstáculos para que haja uma 
utilização positiva dos conflitos. Favorece a credibilidade. 
O mediador é responsável pelo processo, é um guia que permite a não 
evitação dos conflitos, funcionando como um guarda da comunicação. 
As referidas autoras (s.d.) destacam que tanto na arbitragem como na 
conciliação, a postura é intervencionista, e as motivações que levaram aos conflitos 
não são investigados, o que ocorre na Mediação. 
 5 
 
Na conciliação, o acordo é a finalidade, cabe ao conciliador sugerir 
alternativas. Na Mediação o acordo é uma consequência possível, e o mediador 
atua apenas como um facilitador. 
 
 
2.2 – OS DE TIPOS DE GUARDAS APLICADAS NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO. 
 
 
 Com a Lei 13058/2014, que regulamenta a aplicação da Guarda 
Compartilhada, como forma mais “equilibrada” de convivência da criança com ambos 
os pais, mesmo em caos de litígios entre os pais. 
Com esta Lei, supre – se o equívoco da Lei anterior (LEI 11.698/2008), que 
mediante a expressão “sempre que possível”, era invocada para privar o(a) outro(a) 
pai/mãe da convivência com o(s) filho(s), alegando que este (a) outro(a) não teria 
condições, sobretudo psicológicas, para exercer a guarda da(s) crianças(s), inclusive 
lançando mão de alegações levianas de abuso sexual/físico/psicológico. 
 
 
2.2.1 Tipos de guardas aplicadas 
 
 
2.2.1.a - Guarda Unilateral 
 
 
É a modalidade que encontra elencada no artigo 1.583 do Código Civil, que é 
a espécie de guarda atribuída a um só dos genitores ou alguém que o substitua, 
Essa tem sido a forma mais comum: um dos cônjuges, ou alguém que o substitua, 
tem a guarda, enquanto o outro tem, a seu favor, a regulamentação de visitas. Tal 
modalidade apresenta o inconveniente de privar o menor da convivência diária e 
contínua de um dos genitores. 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10624348/artigo-1583-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
 6 
 
2.2.1.b - Guarda Alternada: 
 
 
 É a modalidade que possibilita aos pais passarem a maior parte do 
tempo possível com seus filhos. Caracteriza – se pelo exercício da guarda, 
alternadamente, segundo um período de tempo pré-determinado, que pode ser 
anual, semestral, mensal, ou mesmo uma repetição organizada dia – a – dia, sendo 
que, no período em que a criança estiver com aquele genitor às responsabilidades, 
decisões e atitudes caberão exclusivamente a este. Ao tempo do período, os papeis 
invertem-se. 
 Bastante criticada, uma vez que contradiz princípio da continuidade do lar, 
que deve compor o bem estar da criança muito pequena. Objeta – se também, que 
seja prejudicial a consolidação dos hábitos, valores, padrões e formação da sua 
personalidade. 
 
 
2.2.1.c - Guarda Compartilhada: 
 
 
 Nesta modalidade, um dos pais pode manter a guarda física do filho, 
enquanto partilham equitativamente sua guarda jurídica. Assim, o genitor que não 
mantém consegue a guarda material, não se limita a fiscalizar a criação dos filhos, 
mais participa ativamente de sua construção. Decide ele, em conjunto com o outro, 
sobre todos os aspectos ao menos, nesta modalidade é a plena participação de 
ambos os genitores em todos os aspectos da formação dos filhos, 
independentemente de este permanecer da companhia de um deles apenas nos 
finais de semana e feriados. 
O objetivo da Guarda Compartilhada vai além da simples responsabilização 
dos genitores, ela significa uma maior intervenção na educação e criação da criança, 
e um envolvimento emocional maior, que trará benefícios tanto para o (a) genitor (a) 
que poderá participar mais das atividades e tarefas de desenvolvimento do filho, e 
para o filho que terá certeza de esta sendo amado e protegido por ambos os pais, e 
não sendo objeto de disputa e discórdia deles. 
 7 
 
 
 
2.3 – A ÉTICA NA MEDIAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA DURANTE A 
AUDIÊNCIA. 
 
 
A Mediação como método de abordagem necessita de conhecimentos 
específicos. No âmbito da audiência da medição familiar, é apresentado uma 
ordenação didática e é declarado a todo o momento os princípios da 
confidencialidade, bem como a indisponibilidade dos mediadores para futuras 
solicitações sobre ser testemunha, pois é fundamental para compreender o instituto 
da mediação, pela explicação dos modelos de mediação: tradicional linear (busca o 
acordo), transformativo (transformar as pessoas) e circular narrativo (criar uma nova 
narrativa da história). 
 
 
2.3.1 REGRAS DE CONDUTA DO MEDIADOR FAMILIAR 
 
 
2.3.1.a – Imparcialidade: 
 
 
 Compreendida no sentido de manter tratamento igual aos participantes e o 
devido respeito a eles. 
 
 
2.3.1.b - Independência: 
 
 
Entendida o sentido de não existir qualquer interesse pessoal ou 
relacionamento anterior capaz de afetar a credibilidade do mediador no processo de 
mediação. 
 
 8 
 
 
2.3.1.c – Discrição: 
 
 
 Qualquer relato de fatos situações documentos, informações e propostas 
apresentados ou produzidos durante a mediação devem ser mantidos em sigilo. 
 
 
2.3.1.d – Diligencia: 
 
 
Consiste no cuidado em desenvolver o processo, assegurando sua qualidade 
e os parâmetros determinados pelos participantes. 
 
 
2.3.1.e – Dever de Revelação: 
 
 
O mediador deverá informar qualquer fato ou circunstância que leve a 
eventual dúvida relativa a sua independência e a imparcialidade de sua conduta ao 
longo do processo que esteja colaborando. 
 
 
A neutralidade do mediador e da própria mediação consiste em ser ela uma 
técnica empregada sem que haja um “a priori” com modelo epistemológico 
(percepção, memória, juízo e/ou raciocínio); é um ideal a ser buscado, mas acreditar 
cegamente nela é correr um risco ainda maior do que perceber os envolvimentos e 
operar uma discriminação. 
As relações de família primam por ser o espaço do afeto e da confiança, 
razão pela qual recuperar a comunicação reveste-se de extrema importância. Neste 
 9 
 
aspecto peculiar a mediação apresenta-se como“procedimento efetivo”, 
restabelecendo o diálogo, o respeito e o afeto entre as partes. 2 
 Segundo Battaglia, a empatia – que se traduz a partir da escuta ativa, 
não julgamento, respeito, consideração, compreensão, não direcionamento, 
confiança, interesse genuíno e valoração do outro, permeia as mais diversas 
propostas de Modelo de Mediação. 
 Para a autora, os resultados do trabalho de Mediação dependeram da 
combinação entre a vontade, disponibilidade e condições pessoais das partes em 
mudar, e a habilidade do mediador para despertar nelas o desejo de mudança.3 
A existência de uma equipe auxiliar é muito importante para o 
encaminhamento, e por consequente garante o êxito da Mediação, especialmente 
no âmbito do Direito Familiar. 
 
 
2.4 - O PERFIL IDEAL DO MEDIADOR PARA UMA SESSÃO DE 
MEDIAÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA. 
 
 
Antes de dar início à mediação, é recomendável que o mediador dê as boas-
vindas, fazendo contato visual a cada uma das partes presentes. 
Em seguida, o mediador deve se apresentar como um auxiliar e facilitador da 
comunicação entre as partes. Seu objetivo – desde já deve ser explicitado – não é 
induzir ninguém a um acordo que não lhe satisfaça. Pelo contrário, o que se deseja 
é que as partes, em conjunto, cheguem a um acordo que as façam sentir por 
satisfeitos com o resultado. 
É importante dizer às partes que o mediador não é juiz e, por isso, não irá 
proferir julgamento algum em favor de uma ou outra parte. Ademais, deve ele frisar a 
sua imparcialidade e confiança no sucesso da mediação que está em curso. 
O mediador precisa desenvolver valores e vivenciar “comportamentos 
específicos como: escuta ativa, respeito, não julgamento, consideração, 
 
2
 Calainho, Márcia. Mediação: medo e esperança Porto, Portugal – Editora Cravo - 2020(p. 9). 
3 Battaglia. M.C.L. (2009). Carl Rogers e a mediação de conflitos. In A. Bacellar (Coord). A Psicologia 
Humanista na prática. Reflexão sobre a Abordagem Centrada na Pessoa. Palhoça: Ed. Unisul, p 128 – 136. 
 10 
 
compreensão, interesse genuíno, confiança, não direcionamento e valoração do 
outro no sentido de realizar com verdade seu trabalho”. 
Caminho seguro para o mediador trilhar, que deverá ser percorrido a cada 
mediação de forma consciente e reflexiva, desperto e presente, atento e flexível, 
entregue ao processo. 
Só existem seis maneiras de conseguir as coisas das pessoas- pela lei, por 
dinheiro, por força emocional ou força física, por sedução ou persuasão. “De todas 
essas, a persuasão é a mais poderosa, mais rápida, e usualmente mais barata, com 
resultados mais positivos do que qualquer pressão legal, recompensa financeira, 
coação emocional, força física ou beleza.” (Boothman).4 
Aristóteles postulava que, para a persuasão ser realmente eficiente, era 
necessária a presença de três elementos básicos: confiança, lógica e emoção. 
 
 
2.5 - COMO DEVE SER A PARTICIPAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO 
DIREITO DURANTE SESSÃO DE MEDIAÇÃO DE GUARDA. 
 
 
O engajamento da advocacia na mudança do paradigma adversarial para o 
colaborativo é fundamental para que os métodos alternativos de resolução de 
conflitos produzam consolidem resultados. 
 O advogado tem papéis semelhantes ao seu papel habitual na audiência 
litigiosa, em que se opõem ponto a ponto da em relação a solicitação da outra parte, 
quando atua na mediação acompanhando seu cliente dando orientação contínua de 
informação e conselho, porem quem fala na mediação são os mediados declarando 
suas necessidades e objetivos. 
A Dogmática jurídica que expõe e classifica os princípios que serviram de 
fonte do Direito positivo na formação dos advogados e seu protagonismo calcado no 
saber jurídico, não contribuem para que vejam na mediação uma grande aliada e 
sim, ao contrário, a perda do poder e do “lugar de fala”. 
 
4
BOOTHMAN Nicholas, como convencer alguém em 90 segundos- São Paulo: 
Universo dos Livros,2015, p.117 e 118. 
 
 11 
 
Somente o conhecimento dos métodos, sua aplicação e vantagens, serão 
capazes de trazer os advogados ao uso das técnicas, sem o que se torna muito 
lenta a consolidação do instituto. Afastar o medo do desconhecido e da perda de 
protagonismo, são tarefas a serem implementadas através de cursos, introdução do 
tema nos currículos universitários, pelas praticas e esclarecimento oferecidas pela 
Ordem dos Advogados e a literatura moderna. 
 A atenta leitura confirma a enorme necessidade do advogado na mediação, 
desde a escolha acertada do método, seu desenvolvimento e fechamento do acordo. 
A decisão informada, princípio norteador da mediação, só pode ser alcançada com a 
participação ativa e constante dos advogados em todos os passos da mediação. Os 
quais são fundamentais na mudança da cultura adversarial para a colaborativa e que 
são atores inafestáveis na construção da paz social. 
A mediação a princípio foi recebida pelos advogados como uma ameaça ao 
seu trabalho, já que a cultura do litigo era o que imperava desde os bancos da 
faculdade, esquecendo – se de que os advogados tem o dever ético de estimular e 
utilizar os meios adequados de solução de conflitos conforme artigo, 2º,§ único, 
inciso VI do Código de Ética e Disciplina da OAB: 
Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do 
Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da 
cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu 
ministério em consonância com a sua elevada função pública e com os valores que 
lhe são inerentes. 
 
Parágrafo único. São deveres do advogado: 
I - Preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, 
zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia; 
II - Atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, 
lealdade, dignidade e boa-fé; (...) 
V - Contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; 
VI - Estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os 
litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; 
VII - Desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de 
viabilidade jurídica; 
 
 
 12 
 
2.6 - AS VANTAGENS E BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS DA GUARDA 
COMPARTILHADA PARA ERRADICAÇÃO DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO 
PARENTAL. 
 
 
A aplicabilidade na audiência de Mediação para assegurar a Guarda 
Compartilhada, o único entrave é no caso de um dos genitores se declararem inapto 
para assumir a Guarda Compartilhada, sentindo – se, conseguintemente, 
desmotivado para participar da Mediação. Neste caso, o Judiciário pode exercer 
importante função de conscientização e amadurecimento desses (a) genitor (a) para 
assumir responsabilidade parental. Contudo, não se recomenda a Mediação e a 
Guarda Compartilhada em caso em que um (ou ambos) dos genitores possui (em) 
distúrbios psíquicos graves, dependência química ou algum aspecto que possa 
causar insegurança a criança. 
Nos tempos atuais, a configuração de família se transformou 
consideravelmente e, hoje não se contempla somente aquele modelo de família 
tradicional: pai, mãe e filhos. 
Como a própria legislação ampliou o conceito de família, a sociedade e as leis 
devem também ampliar as consequências acerca das relações e vínculos familiares. 
A complexidade das relações pode permitir uma variabilidade maior de 
relacionamentos da criança com os atuais e novos membros da família, o que pode 
lhe proporcionar uma ampla gama de experiências. 
Por isso, não se concede mais a exclusão e o isolamento das crianças em 
relação às famílias de origem, a pretexto de estarem em novas relações familiares: 
quanto mais vivencias as crianças puderem experimentar, mantendo as suas raízes, 
tanto mais amadurecidas estará para enfrentar as situaçõescotidianas; se estiver 
isolada, não saberá lidar com as transformações e permanências. 
Segundo Silvia, cabe também uma palavra importante acerca da GUARDA 
COMPATILHADA, como forma de preservação dos vínculos familiares: exige 
amadurecimento e dialogo por parte dos pais, bem como recursos internos para 
prover as necessidades afetivas das crianças após a separação. 
Mas e possível observar que, nos casos em que seja aplicável, o 
desenvolvimento psicológico das crianças e muito maior do que aquelas que 
 13 
 
crescem tendo contatos esporádicos com o outro genitor, e ainda mais se 
comparado àquelas que perderam definitivamente o contato com o outro genitor 
após a separação. 
A criança que convive sob o amparo da Guarda Compartilhada apresenta 
maior capacidade de estruturação de vínculos, por que se sente segura com a 
permanência, o que lhe estrutura uma base importantíssima para o desenvolvimento 
psicológico futuro; é fundamental pensarmos nisso. 5 
Para Brito, a Guarda Compartilhada refere-se ao entendimento de que devem 
– se respeitar as diferenças e individualidades do casal, como duas pessoas 
distintas, com histórias, pensamentos, sentimentos próprios. 
Portanto, não cabe mais o conceito de que a igualdade seja interpretada 
como ausência de diferença, como alegam os defensores da necessidade de único 
referencial da criança.6 
 
 
2.7 – O COMPORTAMENTO DO MEDIADOR PARA AS FAMÍLIAS 
SUSPEITAS DE SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL. 
 
 
A mediação familiar, se baseia na premissa de que o conflito ocorrido faz 
parte do passado, não tendo possibilidade de ser modificado, porem pode ser 
enfrenado e transformado. Nesse momento, as pessoas percebem que estão 
vivenciando uma oportunidade única de falar e escutar sobre o conflito e inter-
relação entre elas existentes. 
Durante a audiência de Mediação conforme dispõe a Lei 12.318/2010, se for 
detectado indício de ato de alienação parental, de ofício, em qualquer momento 
processual, em ação autônoma ou incidentalmente. 
O processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, 
ouvindo o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação 
da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar 
 
5 Silvia, D.M.P. a Psicologia a serviço do do Direito Familiar. In D.M.P., Silva (coord.) Psique Ciência e Vida – Edição especial 
Psicologia Jurídica. São Paulo: Escala, Ano I, n.5. pa16 – 20, (2007). 
6 Brito, LM.T. (2003), Igualdade e divisão de responsabilidade: Pressupostos consequências da guarda conjunta. In.G.C., 
Groeninga, & R.C., Pereira. Direito de Família e Psicanalise – rumo a uma nova epistemologia. Rio de Janeiro, Imago, p. 325-337. 
 
 14 
 
sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se 
for o caso. 
É preciso diferenciar entre ALIENAÇAO PARENTAL e a SINDROME DE 
ALIENAÇAO PARENTAL: 
A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é o conjunto de sintomas que a 
criança pode vir ou não apresentar, decorrente dos atos de Alienação Parental. 
Geralmente a SAP eclode após a separação, quando há disputa de guarda e 
regulamentação de visitas, em que o genitor alienado reivindica aumento de convívio 
com os filhos, pode surgir também durante a convivência marital, através de atitudes 
e palavras de um dos pais para desqualificar e desautorizar o outro na frente dos 
filhos .7 
Esta, vem sendo divulgada como um problema grave que acomete casais em 
litígio judicial pelas visitas, custodia e outras questões fundamentais dos filhos 
menores ou incapazes, por eminentes profissionais, como uma sórdida realidade 
que prejudica irreversivelmente os vínculos essenciais de uma criança com seu pai, 
consequentemente sua reputação e causa um retrocesso nas relações familiares. 
A Alienação Parental (AP) caracteriza o ato de induzir a criança a rejeitar o 
pai/mãe - alvo (com esquivas, mensagens difamatórias, até o ódio ou acusações de 
abuso sexual). 
Na forma mais simples, alienação parental é a conduta promovida pelo 
alienador objetivando dificultar a convivência do menor com o genitor alienado, o seu 
objetivo consiste em deter o controle total sobre eles e destruir a relação deles com 
o genitor ausente. O exemplo mais comum é aquele em que o pai ou a mãe usa o 
filho para atingir negativamente o outro genitor. 
A finalidade básica da lei 12.318/2010 (Alienação parental) é proteger os 
direitos fundamentais da criança e adolescente, por disposição do artigo 3° da 
referida lei. A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança 
ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto 
nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a 
criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade 
parental ou decorrentes de tutela ou guarda. 
 
7
 Silvia, D.M.P. a Psicologia Jurídica no Processo Civil Brasileiro. 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense. 
P 20 a 35 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1024943/lei-12318-10
 15 
 
3 - CONCLUSÃO 
 
 
A presente pesquisa demonstra que a Lei 13.140/2015 (Lei da Mediação) 
sofre o preconceito e a discriminação por parte alguns dos profissionais de direito e 
dos profissionais a serviço do Judiciário, obstando o desenvolvimento maturacional 
dos pais enquanto seres humanos e secundariamente, dos próprios filhos, que 
aprenderem que as questões têm que ser resolvidas por terceiros, e não por eles 
mesmos. 
 A Lei 12.318/2010 (Lei de Alienação Parental) percorrem caminhos que 
levam a justiça e ao amparo da criança ou o adolescente, pois muitos deles ainda 
não conseguiram alcançar a plenitude da respectiva Lei. 
Saliento que apesar dos esforços feitos pela OAB (ordem dos advogados do 
Brasil), e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) motivando através de aberturas dos 
CEJUC ( , oferecendo cursos CENTRO JUDICIÁRIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS)
de mediação para profissionais graduados de diversas áreas, bem como cursos de 
atualização junto aos funcionários da Justiça, muitos que assessoram (psicólogos, 
assistente social etc..) os juízes. 
Atualmente as Instituições de ensino de curso superior estão se empenhando 
na divulgação e aplicação nos litígios através da Mediação. 
Visto que as famílias atualmente não se adaptam mais a guarda unilateral que 
é o principal meio de Alienação parental, gerando um conjunto de ações e recursos 
de infinitos litigio, o alienador se aproveita da morosidade do judiciário para continuar 
seu crime. 
Evidentemente, isso só pode funcionar quando esses profissionais estão 
dispostos a permitir o desenrolar desse processo de modificação de ajustes 
baseando – se na estima e a aceitação mútua, e não ficam mais no estado da 
desconfiança, de compreensão falsificada, e com isso rejeitam o modo de 
pensamento predominante Ganhador – Perdedor. 
Vale ressaltar que uma forma de cooperação interdisciplinar tem de ser 
desenvolvida, pela qual todos os profissionais se aceitam mutuamente e buscam o 
mesmo objetivo: trabalhar com os meios de redução dos conflitos através de uma 
cooperação ordenada. 
 16 
 
REFERÊNCIAS 
 
 BRAGA NETO, Adolfo Braga, Mediação Familiar – A experiencia da 3ª Vara 
de Família do Tatuapé, São Paulo: Editora CLA Cultura, 2018 p.23 - 38 
 
 
BATTAGLIA. M.C.L. (2009). Carl Rogers e a mediação de conflitos. In A. 
Bacellar (Coord). A Psicologia Humanista na prática. Reflexão sobre a Abordagem 
Centrada na Pessoa. Palhoça: Ed. Unisul, p 128 – 136. 
 
BOOTHMAN Nicholas, como convencer alguém em 90 segundos- São 
Paulo: Universo dos Livros,2015, p.117 e 118. 
 
BRITO, LM.T. (2003), Igualdade e divisão de responsabilidade: Pressupostos 
e consequências da guarda conjunta. In.G.C., Groeninga, & R.C., Pereira. Direito de 
Famíliae Psicanalise – rumo a uma nova epistemologia. Rio de Janeiro, Imago, p. 
325-337. 
 
CALAINHO, Márcia. Mediação: medo e esperança Porto, Portugal – Editora 
Cravo - 2020(p. 9). 
 
GROENINGA, G. C., Barbosa, A.A. (2003). Separata de Curso Intensivo de 
Mediação. São Paulo. 
 
SILVIA, D.M.P. a Psicologia a serviço do do Direito Familiar. In D.M.P., Silva 
(coord.) Psique Ciência e Vida – Edição especial Psicologia Jurídica. São Paulo: 
Escala, Ano I, n.5. pa16 – 20, (2007). 
 
SILVIA, D.M.P. a Psicologia Jurídica no Processo Civil Brasileiro. 3ª ed., Rio 
de Janeiro: Forense. P 20 a 35

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