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Proliferação Diagnóstico precoce X Diagnóstico tardio Aluna: Gabriela Sales Ano: 2º (XIX) Medicina - Universidade Estadual de Santa Cruz 1) REVISAR ANATOMIA E HISTOLOGIA DO ESTÔMAGO 1.1) Anatomia Posições e componentes anatômicos Está entre o esôfago e o intestino delgado, no epigástrio. Sua função é preparar o alimento ingerido química e mecanicamente para a digestão e passagem para o duodeno. Mistura alimentos e atua como reservatório, digerindo-os enzimaticamente. O suco gástrico secretado por seu epitélio glandular converte a massa alimentar em quimo. Se expande para a contenção de até 2 a 3 litros de alimento. Componentes: ● Cárdia: circunda o óstio cárdico (abertura superior). ● Fundo gástrico: parte superior mais dilatada que se relaciona com a cúpula esquerda do diafragma. É limitada pelo óstio cárdico inferiormente no plano horizontal. ● Incisura cárdica: entre o esôfago e fundo gástrico (linha Z). ● Corpo gástrico: principal parte, entre o fundo gástrico e o antro pilórico. ● Antro pilórico: situada após o corpo, leva ao canal pilórico (região de istmo) ● Piloro: região esfincteriana distal. Nessa região, há um espessamento da camada circular de músculo liso, que irá controlar a saída de conteúdo gástrico pelo óstio pilórico para o duodeno. Quando a pressão intragástrica supera a do piloro, há um esvaziamento intermitente. Em estado normal o piloro fica em contração tônica, de modo que o óstio se fecha. A peristalse gástrica é o que faz o quimo atravessar o piloro. O estômago possui duas curvaturas: 1 ● Menor: forma a margem côncava mais curta do estômago. Contém em sua parte distal a incisura angular, a parte inferior da curvatura, que indica a junção do corpo gástrico com a parte pilórica do estômago. ● Maior: margem mais convexa e longa do estômago. Por causa das curvaturas, o estômago da maioria das pessoas têm formato de “J”. Interior do estômago A mucosa gástrica é castanho-avermelhada, exceto no antro e piloro, onde será rósea. É coberta por um muco que protege o epitélio contra o ácido gástrico. Em contração, a mucosa tem estrias longitudinais denominadas pregas gástricas, mais acentuadas ao longo da curvatura maior. Na deglutição forma-se um sulco (canal gástrico) temporário entre as pregas ao longo da curvatura menor, que é formado por contra da fixação da túnica mucosa à túnica muscular (não separadas por lâmina oblíqua). Saliva e pequenas quantidades de alimento são drenados pelo canal gástrico quando o estômago está vazio. As pregas diminuem ou desaparecem quando o estômago está distendido. Relações do estômago É coberto por peritônio (menos em locais de vasos sanguíneos nas curvaturas e no óstio cárdico. As duas lâminas do omento menor se ficam ao redor do estômago e separam-se da curvatura maior com o omento maior. Omento menor Prega peritoneal menor, dupla que une a curvatura menor do estômago e a parte proximal do duodeno ao fígado, contém o ligamento hepatogástrico que liga o estômago ao fígado pela porção membranácea do omento menor. Anteriormente, a relação do estômago é com o diafragma, lobo hepático esquerdo e parede anterior do abdome. Posteriormente, a relação do estômago é com a bolsa omental e o pâncreas. Já o colo transverso tem relação inferior e lateral com o estômago, seguindo ao longo da curvatura maior até a flexura esquerda do colo. Vasos e nervos do estômago A irrigação arterial se origina no tronco celíaco. A curvatura menor é irrigada pelas artérias gástricas direita e esquerda e a curvatura maior pelas artérias gastromentais direita e esquerda. O fundo gástrico recebe sangue das artérias gástricas curtas e posteriores. 2 As veias gástricas acompanham as artérias em posição e trajeto. As veias gástricas direita e esquerda drenam para a veia porta e as veias gástricas curtas e gastromentais esquerdas drenam para a esplênica, que se une à veia mesentérica superior. Os vasos linfáticos acompanham as artérias nas curvaturas maior e menor do estômago. Drenam a linfa para os linfonodos gástricos e gastromentais. Os vasos eferentes desses linfonodos seguem para os linfonodos celíacos. Já a inervação parassimpática provem dos troncos vagais anterior e posterior além de seus ramos, que entram no abdome através do hiato esofágico. 1.2) Histologia Digestão química: adição de fluido ácido (HCl) + digestão parcial de proteínas (pepsina) + digestão parcial de triglicerídios (lipases gástrica e lingual). O estômago também produz fator intrínseco e hormônios. Mucosa Formada por epitélio glandular, com unidade secretora tubular e ramificada, desembocando na superfície (fosseta gástrica). O epitélio fica em conjunção com tecido conjuntivo frouxo (lâmina própria), que contém células musculares lisas e células linfoides. Na submucosa há uma camada de músculo liso (muscular da mucosa). O epitélio que reveste as fossetas é colunar simples, secretoras de muco alcalino, composto por água, glicoproteínas e lipídeos, além de bicarbonato que faz o tamponamento do pH. A parte do muco aderido ao glicocálice das células epiteliais é efetivo em proteção, mas a parte menos aderida (luminal) é mais solúvel, sendo parcialmente digerida pela pepsina e misturada com o conteúdo do lúmen das glândulas. O muco tem a função de proteger as células da acidez do estômago. A rede de vasos da lâmina própria e na submucosa possibilita a nutrição e remoção de metabólitos tóxicos das células mucosas superficiais. Cárdia Mucosa com glândulas tubulares simples ou ramificadas (glândulas da cárdia). A porção terminal é mais enovelada, com amplo lúmen. Produzem muco e lisozima (destrói a parede de bactérias), poucas células parietais que secretam H+ e CL- . 3 Fundo e corpo Preenchida por glândulas tubulares, 3 a 7 se abrem em cada fosseta. Contém 3 regiões distintas: istmo, colo e base. ● Istmo: células mucosas em diferenciação que substituirão as da fosseta e as superficiais, células -tronco e células parietais (oxínticas) ● Colo: células-tronco, mucosas do colo e parietais, além das células enteroendócrinas. ● Base: parietais e zimogênicas, além de células enteroendócrinas. Células-tronco Em pequena quantidade no istmo e colo, são colunares baixas e com núcleos ovais basais. Elevada taxa mitótica. Substituem as células superficiais em cada 4 a 7 dias. Já as células mucosas do colo, parietais, zimogênicas e enteroendócrinas são repostas mais lentamente. Células mucosas do colo Agrupadas ou isoladas entre células parietais no colo. Formato irregular com núcleos basais e grânulos de secreção apicais. Secretam mucina rica em propriedades antibióticas. Células parietais (oxínticas) Estão no istmo e colo e mais escassamente na base. Arredondadas ou piramidais com núcleo esférico central e citoplasma eosinofílico (abundância de mitocôndrias). A membrana plasmática apical tem profundas invaginações circulares, formando um canalículo intracelular. Em repouso, essa célula tem abundantes estruturas tubulovesiculares na região apical. Nesta fase a célula tem poucos microvilos. Ao ser estimulada a produzir H+ e Cl-, as estruturas se fundem com a membrana para formar o canalículo e os microvilos, aumentando a superfície da membrana celular. Sua atividade secretora é estimulada por mecanismos como estímulo parassimpático das terminações nervosas colinérgicas, histamina e um polipeptídeo (gastrina). As duas últimas são potentes estimulantes da produção de ácido clorídrico. A gastrina também atua como fator de crescimento na mucosa gástrica. Células zimogênicas Predominam na região basal. Sintetizam e exportam proteínas. São basofílicas por causa do retículo endoplasmático granuloso abundante. Esses grânulos contêm proenzima, o pepsinogênio, que é convertido em pepsina após secretado no ambiente ácido estomacal. O suco gástrico humano contém 7 tipos de pepsina, todas ativas em pH ácido < 5. Também produzem a lipase. 4 Células enteroendócrinas Encontradas na base. Secretam hormônios. Na região do corpoa serotonina e a grelina. No antro, a gastrina. Piloro Tem fossetas gástricas profundas, nas quais as glândulas pilóricas tubulosas simples ou ramificadas se abrem. Comparada à cárdia, as fossetas são mais longas e as glândulas mais curtas. Secretam muco e lisozima. Contém também muitas células G intercaladas com as células mucosas. No estímulo parassimpático, com a presença de aminoácidos e aminas no lúmen mais a distensão estomacal, as células G são estimuladas, liberando gastrina que ativa a produção de ácido pelas células parietais. Outras estruturas Tecido conjuntivo moderadamente denso mais vasos sanguíneos e linfáticos, além de infiltrações de células linfoides e macrófagos. As camadas musculares são de fibras musculares lisas orientadas em 3 direções, sendo a camada externa longitudinal, média circular e interna oblíqua. No piloro essa camada é mais espessa para formar o esfíncter pilórico. Por cima, o estômado é revestido por membrana serosa delgada. 2) ABORDAR OS TIPOS E LOCALIZAÇÕES DAS NEOPLASIAS GÁSTRICAS - Pólipos e tumores gástricos São nódulos ou massas que se projetam acima do nível da mucosa circundante. Podem ser resultado de hiperplasia de células epiteliais e estromais, inflamação, ectopia ou neoplasia. Pólipos Inflamatórios e Hiperplásicos Aproximadamente 75% de todos os pólipos gástricos. Acometem pessoas com 50 a 60 anos de idade, provenientes de gastrite crônica que inicia a lesão e posterior hiperplasia reativa. Se forem associados à H. Pylori, podem regredir após o tratamento. Os inflamatórios diferenciam-se dos hiperplásicos apenas em questão de grau de inflamação. São múltiplos e em forma ovoide, menores que 1 cm de diâmetro e cobertos por uma superfície lisa. 5 Têm glândulas foveolares e irregulares ao microscópio, com cistos dilatados e alongados. A lâmina própria contém graus diferentes de inflamação aguda e crônica, e erosões superficiais podem estar presentes. Pólipos maiores que 1 cm e meio estão mais susceptíveis à displasia, que pode ser uma lesão pré-cancerosa. Pólipos de Glândulas Fúndicas Ocorrem mais frequentemente em pessoas com polipose adenomatosa familiar (PAF), mas sem potencial neoplásico. Sua incidência aumentou acentuadamente como resultado de uso de inibidores de bomba de prótons, que resulta provavelmente da secreção aumentada de gastrina, em resposta à acidez reduzida . Adenoma Gástrico 10% de todos os pólipos. A incidência aumenta com a idade e varia junto com a incidência de adenocarcinoma gástrico. Os pacientes têm entre 50 e 60 anos e os homens são 3x mais acometidos. Ocorrem quando há histórico de gastrite crônica com atrofia e metaplasia intestinal. O risco de adenocarcinoma é associado com lesões maiores que 2 centímetros de diâmetro. Pode haver carcinoma em até 30% dos adenomas gástricos. Se localizam com maior frequência no antro, e são compostos por epitélio colunar do tipo intestinal. Todos exibem displasia epitelial, que pode ser de baixo ou alto grau. Ambos os graus podem incluir alargamento, alongamento e hipercromasia dos núcleos, além de aglomerados epiteliais e pseudoestratificação. A de alto grau tem atipia citológica maior e arquitetura irregular, como brotamentos glandulares e estruturas de glândula dentro de outra glândula. - Adenocarcinoma É a neoplasia maligna mais comum do estômago (90%) dos cânceres gástricos. Os sintomas se parecem com os da gastrite e incluem dispepsia, disfagia e náuseas. A incidência é 20x maior no Japão, Chile, Costa Rica e Europa Oriental se comparada com a Am do Norte, norte europeu, África e Sudeste Asiático. Em regiões de alta incidência, 35% dos casos são identificados em sua forma precoce ou em tumores limitados à mucosa e submucosa. Em locais de baixa incidência, menos de 20% dos casos são detectados em fase incial. É mais comum em grupos socioeconômicos mais baixos e em pessoas com atrofia da mucosa multifocal e metaplasia intestinal. Com o aumento das taxas de esôfago de Barrett, o câncer de cárdia está aumentando, que pode ser um reflexo da crescente prevalência de doença do refluxo gastroesofágico e da obesidade. 6 Patogenia Mutações A maioria dos cânceres gástricos não é hereditário, mas as mutações da linha germinativa do CDHI (gene), que codifica a E-caderina, estão associadas a cânceres gástricos familiares, geralmente do tipo difuso. Isso acontece ou por mutações ou metilações nesse gene. Já os pacientes com PAF e mutações germinativas em genes de polipose adenomatosa coli têm risco aumentado de câncer gástrico do tipo intestinal. Esse tipo de câncer também está associado com diversas anormalidades genéticas, como mutações adquiridas na beta-catenina, hipermetilação de genes como o TGF beta, BAX, IGF e p16. As mutações no p53 também são comuns. H. pylori Associada ao aumento de proteínas pró-inflamatórias, como IL-beta e o TNF. O maior risco é conferido pelo aumento da produção dessas citocinas associadas à gastrite crônica naqueles com infecção coexistente pela H. pylori. EBV 10% estão associados a esse vírus (Epstein-Barr). As mutações no p53 nesse caso são incomuns, sugerindo que a patogenia é distinta. Os tumores EBV positivos tendem a ocorrer no estômago proximal e tem morfologia difusa com alto infiltrado linfocítico. Morfologia São classificados de acordo com a localização. A classificação de Lauren os separa em tipos intestinal e difuso: ● Intestinal: volumosos, com estruturas glandulares semelhantes ao adenocarcinoma do esôfago e cólon. Formam massa exofítica ou tumores ulcerados, sendo que as células neoplásicas contém vacúolos apicais de mucina. ● Difuso: padrão de crescimento infiltrativo, composto por células desconexas com grandes vacúolos de mucina que empurram o núcleo da periferia, criando uma morfologia de célula de anel em sinete (foto). Essas células ficam individualmente na parede gástrica ou se agrupam. Esses tumores infiltrativos evocam uma 7 reação desmoplásica, enrijecendo a parede e levando a um achatamento difuso, conferindo uma aparência de “garrafa de couro” denominada linite plástica. Esse tipo de câncer desenvolve-se a partir de lesões pré-cancerosas (displasias planas e adenomas). A idade média é de 55 anos e os homens tem 2x mais incidência do que as mulheres. A profundidade da invasão e a extensão da metástase linfonodal e distante no momento do diagnóstico continuam a ser os indicadores de prognóstico mais poderosos de câncer gástrico. A invasão local para oduodeno, pâncreas e retroperitônio também é típica. Quando possível, a ressecção cirúrgica permanece o tratamento preferido para adenocarcinoma gástrico. Depois de ressecção cirúrgica, a taxa de sobrevida em cinco anos para o câncer gástrico precoce pode exceder 90%, mesmo se houver presença de metástases em linfonodos. Em contrapartida, a taxa de sobrevida em cinco anos para câncer gástrico avançado permanece abaixo de 20%, em grande parte porque os esquemas de quimioterapia atuais são minimamente eficazes. - Linfoma Cerca de 5% de todas as neoplasias gástricas malignas são linfomas primários, sendo que o mais comum é o linfoma de células B extranodais. - Tumor carcinoide gástrico Surge a partir de epitélios gastrointestinais neuroendócrino diferenciados (ex.: células G). Os carcinoides gástricos estão associados a hiperplasia de células endócrinas, gastrite crônica e a síndrome de Zollinger-Ellison. São denominados carcinoides pois se desenvolvem mais lentamente do que os carcinomas. A OMS os classifica como tumores neuroendócrinos de grau baixo ou médio. Esse grau se baseia na atividade mitótica e na fração de células imuno-histoquimicamente positivas para o marcador mitótico Ki67. O local do tumor e sua extensão de invasão são importantes para indicar prognóstico. Os carcinomas neuroendócrinos de alto grau normalmente apresentam necrose e são mais comuns no jejuno. São massas intramurais ou submucosas que geram pequenas lesões polipoides. Tem aparência amarelada ou castanhae levam a uma grande reação desmoplásica que pode causar torsão ou obstrução intestinal. Na histologia esses tumores são compostos por ilhas, trabéculas, cordões, glândulas ou lâminas de células uniformes com citoplasma granular rosa e escasso e um núcleo pontilhado redondo e oval. O pico de incidência é aos 60 anos. Os sintomas são determinados pelos hormônios produzidos, exemplo: a síndrome carcinóide é causada por substâncias vasoativas do tumor que causam rubor cutâneo, sudorese, broncoespasmo, dor abdominal em cólica, diarreia e fibrose valvular 8 cardíaca do lado direito. Se esse câncer estiver só no intestino, as substâncias passam por um “efeito de primeira passagem”. Por isso, a síndrome carcinoide só ocorre em 10% dos pacientes e é associada à doença metastática. O prognóstico está ligado com a localização. - Tumor estromal gastrointestinal Também chamado de GIST é o tumor mesenquimal de abdome mais comum, sendo que mais da metade ocorre no estômago. São mais comuns em homens e o pico de incidência é 60 anos de idade. Aproximadamente 75-80% dos GIST tem mutações oncogênicas que adicionam funções ao gene c-KIT que codifica a tirosina cinase. Os outro 8% apresentam mutações que ativam uma tirosina cinase relacionada, receptor do fator de crescimento derivado de plaquetas A. Os GIST parecem surgir de células-troncos que expressam c-KIT, localizados na muscular própria, servindo de marca-passo para o peristaltismo intestinal. Formam uma massa na submucosa bem circunscrita. Formam pequenos nódulos serosos ou nódulos grandes no fígado. Podem ser compostos de células fusiformes alongadas ou epitelioides roliças. O marcador de diagnóstico é o c-KIT, imuno-histoquimicamente detectável em 95% desses tumores. Os sintomas se relacionam com efeitos de massa ou ulceração da mucosa. É feita ressecção completa para o GIST gástrico localizado. O prognóstico se relaciona com o tamanho, índice mitótico e localização, sendo que o gástrico é menos agressivo do que o intestinal. A metástase é rara para tumores de menos de 5 cm mas comum para aqueles maiores que 10 cm. Aqueles pacientes com tumores irressecáveis respondem bem ao imatinibe, um inibidor da tirosina quinase. 3) DISCUTIR OS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS ÀS NEOPLASIAS GÁSTRICAS - H. pylori FATORES DE RISCO NO DESENVOLVIMENTO DE CÂNCER GÁSTRICO: UMA ANÁLISE NA POPULAÇÃO BRASILEIRA. Guimarães e Sales A H. pylori foi considerada agente cancerígeno a partir de 1994 pela OMS. É um bacilo gram-negativo, com forma espiral. Tem alta mobilidade por causa de seus flagelos, que podem ser de 2 a 6. Se fixam e formam colônias nas células de revestimento epitelial estomacais, 9 provocando forte inflamação local e diferentes lesões. Se não tratada, torna-se agente carcinogênico. Facilmente encontrada em alimentos e água contaminada, contraída principalmente nos primeiros anos de vida. É a infecção mais incidente no mundo e aproximadamente 50% dos indivíduos a têm, sendo que seu desenvolvimento no estômago é menor que 40% em países desenvolvidos e maior que 80% em países emergentes. O fato de muitos indivíduos não apresentarem resposta clínicas se associa à presença ou ausência de fatores de virulência CagA e VacA. ● CagA: altamente imunogênica, provocando uma inflamação grave através da indução de IL-1, Il-8 e TNF-alfa, que por fim inibem a secreção de HCl e aumentam o pH gástrico. O processo inflamatório ocasiona a ativação de genes supressores da apoptose, excesso de radicais livres, metilação e ativação de de moléculas de adesão que lesam o material genético. Além disso esse gene possui um gene recém descoberto chamado EPIYA C, capaz de lesar mais gravemente as células ● VacA: encontrado nas bactérias mais virulentas, na região final da cadeia 5’ do DNA. Lesa o epitélio, podendo evoluir a lesão para gastrites crônicas e úlceras gástricas. A proteína VacA é secretada para fora da bactéria e carregadas para as células epiteliais por endocitose, formando vacúolos e poros nas membranas além de efluxo do citocromo C, gerando morte celular. - Alimentação A ingestão de elevadas concentrações de substâncias como sal, carboidratos e álcool, levam ao surgimento de lesões na mucosa do estômago, as quais podem evoluir para um tumor. O elevado consumo de alimentos enlatados e embutidos, preparados com as substâncias nitritos e nitratos (aditivos utilizados na conservação), também apresentam riscos, pois quando metabolizadas no organismo, se transformam em nitrosaminas, substâncias altamente cancerígenas. Outra substância que apresenta risco a formação de câncer seria o alcatrão, presente na fumaça do tabaco e em carnes de churrasco devido à queima do carvão. O tabaco e o álcool de modo contínuo levam ao dano celular, como hiperproliferação anormal (resultado de mutações do RAS e do p53). Alguns conservantes de alimentos utilizados em conservas, picles, salsichas e salames contêm grandes quantidades de nitratos e nitritos, fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de esôfago e estômago, quando consumidos habitualmente. A ingestão de nitratos e nitritos induz à formação de células tumorais por mecanismos que aumentam os compostos nitrosos e, associados ao aumento de radicais livres, provocam lesão das células na parede do estômago, reduzem a produção de muco, fator de proteção, contribuindo para a maior incidência de câncer 10 de estômago (Garófolo et al., 2004). Alguns métodos usados na preservação e no preparo de carnes contribuem para o aumento de câncer do trato digestório, como o uso de nitratos, e a formação de aminas heterocíclicas, formadas ao assar o churrasco (Garófolo et al., 2004). A preparação dos alimentos em altas temperaturas, especialmente sobre a chama, também pode ser um fator de risco importante, pois produz compostos potencialmente carcinogênicos, como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) e aminas heterocíclicas (HA). As HA são formadas a partir de certos açúcares e de creatinina abundante na carne e no peixe, em quantidade diretamente dependente da temperatura e duração do aquecimento. Sucos artificiais e refrigerantes contém corante tartrazina, vinculado à classe mais hemotóxima de corantes e podem lesar o DNA das células estomacais. As vitaminas A e C são agentes preventivos ao câncer gástrico, pois são antioxidantes. Na pobreza dessas vitaminas, quando há um desequilíbrio na respiração celular, ocorre maior geração de peróxido e radicais livres, as espécies reativas do oxigênio. Esses compostos podem lesionar o DNA e evoluir para um tumor. Mendonça em 2008 afirma que uma dieta com excesso de carboidratos provoca alterações no muco gástrico, deixando-o mais sensível a agentes carcinogênicos, e o mesmo ocorre em dieta pobre em proteínas. Elevadas quantidades de sal podem afetar a capacidade do suco gástrico proteger o estômago, deixando-o suscetível a às nitrosaminas e à H. pylori. - Outros fatores Populações que possuem um menor nível socioeconômico apresentam uma taxa superior de incidência de câncer gástrico, do que populações com elevado nível socioeconômico. O que provavelmente deve-se a condições sociais e ambientais às quais são submetidas. Tal fato também pode ser observado nas regiões norte e nordeste que possuem a maior incidência desse tipo de câncer e maiores taxas em habitações sem tratamento de efluentes. Além disso, a região norte possui o menor índice no tratamento da água fornecido à população. Pessoas de baixo nível socioeconômico são desprovidas de serviços básicos como o tratamento de esgoto. De acordo com Santana, Vicentini e Cuba (2012) águas ingeridas sem tratamento podem expor um indivíduo a uma série de doenças como: hepatite, cólera, salmonelose, gastroenterites, verminoses, entre outras. O não tratamento das águas também é um fator muito relacionado à elevada incidência da H. pylori, considerada a principal provocadora de câncer gástrico em diversos países. Atualmente a rota mais admitida para a transmissãodessa bactéria é a fecal-oral, sendo o principal meio de contágio as águas contaminas. 11 4) EXPLICAR OS MÉTODOS DIAGNÓSTICOS DA NEOPLASIA GÁSTRICA E A RESISTÊNCIA AO EXAME ENDOSCÓPICO 4.1) Métodos diagnósticos A endoscopia digestiva alta é o principal exame para guiar a biópsia de lesões gástricas. Úlceras gástricas identificadas no momento do procedimento endoscópio, mesmo que pareçam benignas, devem passar por biópsia. É importante encontrar as lesões malignas quando ainda precoces, pois a taxa de cura de lesões precoces sem invasão tecidual é superior a 80% se ressecada cirurgicamente, e, para isso, a endoscopia é o melhor exame de detecção dessas lesões, que costumam ser assintomáticas. Programas de mapeamento endoscópico em massa podem ser bem-sucedidos em regiões onde a incidência é alta, tal como o Japão, onde 35% dos novos casos detectados são cânceres gástricos iniciais, tumores limitados à mucosa e à submucosa. 4.2) Resistência ao exame endoscópico Diversas são as razões para a recusa à endoscopia por parte do paciente. A ansiedade é maior quando se trata de um procedimento ainda desconhecido ao paciente, que parece ser perigoso. Falta de informações sobre o procedimento é a principal causa que leva os pacientes a evitarem endoscopia, com a percepção de que será doloroso, que poderá ser sufocante ou infeccioso. The effect of psychologica preparation on the level of anxiety before upper gastrointestinal endoscopy. Behrouzian et al, 2017 5) DISCORRER SOBRE OS MECANISMO METASTÁTICOS. É a marca registrada do tumor maligno e a principal causa de morbidade e mortalidade do câncer. É dividida em duas etapas: 12 Invasão da matriz extracelular A organização dos tecidos pode ser determinada pela interação entre as células e a MEC. Esta compartimentaliza os tecidos por meio da membrana basal e o tecido conjuntivo intersticial (estroma). Ambos os componentes são compostos por colágeno, glicoproteínas e proteoglicanos. Para se metastatizar, as células tumorais rompem a membrana basal subjacente, atravessam o estroma, penetram a membrana basal vascular, se embolizam com as plaquetas, e fazem o processo ao contrário para invadir o tecido adjacente. Para que todos esses processos ocorram, o processo ativo de invasão da MEC tem vários passos: ● Relaxamento das interações célula-célula do tumor ● Degradação da MEC ● Ligação a novos componentes da MEC ● Migração das células tumorais O primeiro passo ocorre como consequência de alterações nas moléculas de adesão intercelulares, que são mediadas por glicoproteínas transmembranares chamadas de caderinas. As E-caderinas mantém as células epiteliais unidas, e transmite sinais entre as células. No ambiente intracelular, as E-caderinas se conectam à beta-catenina e à actina do citoesqueleto. A baixa expressão de caderinas pode se associar ao facilitismo das células tumorais se desligarem do tumor primário e avançarem sobre outros tecidos. A E-caderina é catenina dependente. Em alguns tumores a E-caderina é normal mas sua expressão é reduzida devido à mutações no gene das cateninas. 13 O segundo passo, consiste na secreção de enzimas proteolíticas pelas próprias células tumorais, ou a indução de células estromais (fibroblastos e células participantes do processo inflamatório) a elaborar proteases. Algumas proteases relacionadas à invasão tumoral são as metaloproteinases (MMP), catepsina D e o ativador de plasminogênio uroquinase. ● MMP: remodelam componentes insolúveis da membrana basal e da MEC, além de liberarem fatores de crescimento. Ela também cliva colágeno e proteoglicanos, e os produtos dessa clivagem terão efeitos quimiotáticos, angiogênicos e promotores do crescimento. Ex.: a MMP9 é uma gelatinase que cliva o colágeno IV da membrana basal, além de estimular a liberação de VEGF dos grupamentos sequestrados na MEC. As contraparte malignas dos tumores de mama, cólon e estômago tem superexpressão dessa colagenase tipo IV. Ao mesmo tempo, os níveis de inibidores da MMP são reduzidos, deslocando o equilíbrio para a degradação tecidual. Há um segundo modo de invasão relatado denominado migração ameboide. As células de apertam entre os espaços da matriz ao invés de recortar o caminho por elas. É uma forma mais rápida de migração e as células tumorais usam as fibras de colágeno como ponte para sua passagem. No terceiro passo, as integrinas (receptores das células epiteliais) que se ligam à laminina (da membrana basal) e para o colágeno, ajudam a manter as células em estado quiescente. Quando a célula perde adesão, ocorre indução a apoptose, salvo que as células tumorais são resistentes 14 a isso. Para preparar a matriz extracelular para invasão, ocorre a clivagem de proteínas de membrana basal, ou seja, laminina e colágeno IV, pelas MMP2 e MMP9, gerando novos sítios de ligação que se associam a receptores de células tumorais e estimulam a migração. Por último, ocorre a locomoção, que impulsiona as células tumorais pela membrana basal degradada e das zonas de proteólise da matriz. Para isso, as células devem se ligar na matriz na extremidade do avanço, solta-se da matriz do lado contrário e contrair o esqueleto de actina para seguir adiante. Esses movimentos parecem ser potencializados e direcionados por citocinas das células tumorais, como os fatores de mobilidade autócrinos. Também, os produtos da clivagem das proteínas do estroma são quimiotáticos para as células tumorais, além de que essa clivagem proteolítica produz fatores de crescimento ligados às moléculas da matriz. As células do estroma também produzem efetores parácrinos de mobilidade celular, como o fator de crescimento de hepatócitos-fator de dispersão, que se ligará aos receptores das células tumorais. Todos esses fatores auxiliam na mobilidade da célula em direção à membrana basal vascular. 15 Disseminação Vascular e Instalação das Células Tumorais Na circulação, essas células ficam vulneráveis a mecanismos como cisalhamento (estresse mecânico), apoptose estimulada por perda de adesão, defesa inata e adaptativa. As células tumorais se agregam na circulação, formando massas. Isso é favorecido pelas adesões homotípicas (entre células tumorais) e heterotípicas (entre células tumorais e células do sangue como as plaquetas), o que aumenta sua sobrevida e capacidade de se implantar. Elas também podem ativar os fatores de coagulação, formando êmbolos. Em sítios distantes, os êmbolos vão se aderir ao endotélio e egressar do vaso pela membrana basal. As integrinas e proteólises estão envolvidas nesse processo. As moléculas de adesão CD44 expressas em linfócitos T são utilizadas pelas células tumorais para migrar através de sítios do sistema linfoide, sendo que a superexpressão de CD44 favorece a disseminação metastática. Dentro do novo sítio, as células tumorais se proliferam, desenvolvem suprimento vascular e evadem das defesas do hospedeiro. A maioria das metástases ocorrem no primeiro leito capilar disponível para o tumor. As metástases têm certos tropismos para certos órgãos. Ex.: os carcinomas da próstata se 16 metastatizam preferencialmente para os ossos e os broncogênicos tendem a envolver as suprarrenais e o cérebro. Isso pode estar relacionado aos seguintes mecanismos: ● Já que o primeiro passo da invasão é a adesão ao endotélio, as células tumorais podem expressar moléculas aderentes cujos ligantes são expressos em células endoteliais do órgão-alvo. Foi mostrado que as células endoteliais dos leitos vasculares de vários tecidos variam sua expressão de ligantes. ● Algumas células cancerosas mamárias expressam os receptores de quimiocinas CXCR4 e CCR7. As quimiocinas que se ligam a esses receptores são superexpressas em tecidos para os quais os cânceres de mama normalmente metastatizam. Alguns órgãos alvo liberam quimioatraentes que recrutam células tumorais para o sítio como os IGF I e II (fatores de crescimento). ● Em contrapartida, alguns tecidos-alvo são ambientes não permissivos,por exemplo, os músculos esqueléticos, apesar de muito vascularizados, raramente são locais de metástase. Apesar de todos esses mecanismos, os tumores descamam milhões de células diariamente e a maioria delas não obtém sucesso para se instalar em órgãos distantes, gerando micrometástases sem progressões, muito descritas no melanoma, cânceres de mama e próstata. Genética Molecular do Desenvolvimento de Metástases A nível gênico, isso pode acontecer da seguinte forma: à medida que as mutações se acumulam nas células tumorais, e o tumor se torna heterogêneo, um subconjunto de subclones reúne a combinação de produtos gênicos necessários para completar as etapas da metástase. Porém outra hipótese surge de encontro a essa, que sugere que alguns tumores têm a maioria ou todas as células desenvolvidas para uma predileção para a disseminação metastática em estágios precoces da carcinogênese. A hipótese diz que a metástase é resultado de múltiplas anomalias de muitas ou todas as células do tumor primário. Essa predisposição à metástase é chamada de assinatura metastática. Isso pode envolver tanto propriedades intrínsecas às células cancerosas como características do seu microambiente (componentes do estroma, presença de células do sistema imune e angiogênese). Uma terceira hipótese sugere que o histórico da variação genética e a variabilidade resultante da expressão gênica na população humana contribuem para as metástases. A quarta hipótese diz que se o tumor deriva de células tronco raras, a metástase requer disseminação das células-tronco tumorais. Para os genes, o p53 e o RB parecem ser essenciais. Um gene supressor de metástase tem como definição um gene, que, se perdido, promove a metástase sem sequer a formação de um tumor primário. Já o oncogene metastático é um gene que favorece a metástase. Uma dúzia ao menos de genes perdidos foi confirmada nas lesões metastáticas, a maioria afetaria as vias de 17 sinalização. Dois miRNA ou mir335 e o mir126 foram identificados como supressores de metástase enquanto que o mir10b promoveu a metástase. O SNAIL e o TWIST também são fortes candidatos a oncogenes metastáticos, já que codificam fatores de transcrição que promove a transição epitélio-mesênquima (TEM). Na TEM as células do carcinoma diminuem a regulação de alguns marcadores epiteliais, e aumentam marcadores mesenquimais, que talvez favoreçam um fenótipo pró-migratório para as células tumorais. Junto a isso, parece haver a perda da expressão da E-caderina, sendo que o SNAIL e o TWIST são reguladores negativos para essa proteína. 6) EXPLANAR O CONCEITO E A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO PALIATIVO CURAR ALGUNS, PROLONGAR A VIDA DE MUITOS, CONFORTAR TODOS. Em geral, sintomas relacionados ao tumor se manifestam por dor, perda de peso e sinais localizados. Pacientes tratados paliativamente devem estar cientes de seu diagnóstico e das limitações dos tratamento. É importante que o médico de assistência primária dê ao paciente de câncer incurável, diante do valor limitado de abordagens terapêuticas, as abordagens de tratamento paliativo, com atenção meticulosa e constante para o alívio dos sintomas e apoio psicológico, espiritual e familiar. A melhora da qualidade de vida, mais que seu prolongamento, passa a ser uma intervenção inestimável. Para estabelecer a melhor estratégia paliativa é necessário utilizar algoritmos de avaliação, como o ECOG (Eastern Cooperative Oncology Group), que classifica o estado dos pacientes em PS0, PS1, PS2, PS3 e PS4. O paciente com desempenho PS0 plenamente ativo, não apresenta sintomas, o paciente com desempenho PS1 locomove-se com restrição a atividades físicas extenuantes, mas capaz de atividades domésticas e trabalhos leves, o paciente PS2 locomove-se, incapacitado para o trabalho, mas ativo em mais de 50% do estado de vigília, o paciente PS3 é capaz de realizar cuidados pessoais limitados e fica inativo em mais de 50% do estado de vigília, os pacientes PS4 são totalmente confinados ao leito, incapazes de realizar, sozinhos, cuidados pessoais. São cânceres responsivos à quimioterapia paliativa útil, porém não curativa, o carcinoma de bexiga e o adenocarcinoma gástrico, o mieloma múltiplo, as leucemias mielocítica ou linfocítica crônicas e alguns tipos de linfomas, nestes, o tratamento paliativo costuma ser o único tratamento realizado, já que são descobertos em fases muito avançadas ou não é possível 18 ressecá-los cirurgicamente. Além de carcinomas de colo uterino, de mama, colorretal, renal, adrenocortical, de cabeça e pescoço e sarcomas de tecido mole em estágios avançados, onde não é mais possível a regressão da doença. O adenocarcinoma gástrico é um tumor relativamente radiorresistente e seu controle adequado exigiria doses de radiação externa superiores àquelas que as estruturas adjacentes suportariam. Por isso, a radioterapia paliativa, buscando alívio da dor, é recomendada, já que a radioterapia não aumenta a sobrevida. No câncer gástrico, remissões completas são raras e fármacos citotóxicos produzem respostas parciais em 30% dos casos, somente. O tempo médio de sobrevida permanece inferior a 12 meses. O tratamento paliativo perpassa pelo manejo e controle dos sintomas físicos (dor, dispnéia, constipação, náusea, anorexia, diarreia, fadiga, desidratação, tosse, disfagia, tontura ou demais intercorrências biológicas), dos sintomas psicológicos, com apoio psicossocial (ansiedade, depressão, delirium, distúrbios de autoimagem, prejuízo social e temporal, disfunção sexual, frustrações profissionais e financeiras, medo da morte) e da própria morte e do processo de morrer (comunicação franca entre médico-paciente-família, assegurar conforto na hora da morte, planejamento apropriado e apoio psicológico para as fases do luto), e das necessidades sociais (relações interpessoais, prestação de cuidados, preocupações econômicas), além de necessidades existenciais e espirituais. Familiares e cuidadores também podem se sentir culpados sobre a suspensão de tratamentos, temendo terem “matado” o paciente. Isso pode levar a demandas relacionadas a intervenções, como sondas de alimentação, que podem ser ineficazes. Em tais casos, o médico deve rever com a família e os cuidadores a inevitabilidade dos eventos e os objetivos paliativos. As intervenções podem prolongar o processo de morte e causar desconforto. ● Iniciar o mais precocemente possível o acompanhamento em cuidados paliativos junto a tratamentos modificadores da doença. Incluir toda a investigação necessária para compreender qual o melhor tratamento e manejo dos sintomas apresentados. ● Reafirmar a vida e sua importância. ● Compreender a morte como processo natural sem antecipar nem postergá-la. ● Promover avaliação, reavaliação e alívio impecável da dor e de outros sintomas geradores de desconforto. ● Perceber o indivíduo em toda sua completude, incluindo aspectos psicossociais e espirituais no seu cuidado. Para isso é imprescindível uma equipe multidisciplinar. 19 ● Oferecer o melhor suporte ao paciente focando na melhora da qualidade de vida, influenciando positivamente no curso da doença quando houver possibilidade e auxiliando-o a viver tão ativamente quanto possível até a sua morte. ● Compreender os familiares e entes queridos como parte importante do processo, oferecendo-lhes suporte e amparo durante o adoecimento do paciente e também no processo de luto após o óbito do paciente. Manual de Cuidados Paliativos do Ministério da Saúde / Hospital Sírio Libanês Art. 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. Art. 2º O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, assegurada a assistência integral, o conforto físico, psíquico, social e espiritual, inclusive assegurando-lhe o direito da alta hospitalar.RESOLUÇÃO CFM 1805/2006 20
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