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1 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre UROLOGIA INFECÇÃO URINARIA E DST AULA 2 EPIDEMIOLOGIA • Segunda infecção mais comum do corpo humano • 7 milhões de pacientes/ jahr (USA) • 1 milhão de atendimentos ambulatoriais • 1 milhão de atendimentos de emergência • 100000 internamentos • Mais comum em mulheres 1 a cada 5 • 15% antibioticoterapia = 1,6 bilhões US Apresenta-se mais comumente em mulheres devido à anatomia, uma vez que a uretra feminina é mais curta, a bactéria possui acesso facilitado a bexiga e vias urinarias DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA • Colonização microbiana (presença de urocultura +) = invasão tissular (na presença de sintomas infecciosos) • Poliuria assintomática é quando não há presença de sintomas urinários, mas apresenta urocultura + para E coli ou outra bactéria. Qual o manejo? Não se trata bacteriúria assintomática há mais de 20 anos. Só trata se o paciente for passar por cirurgia urológica, por tratamento de cálculo renal, uma vez que é necessário ter urina completamente esterilizada e urocultura negativada para não ocorrer risco de desenvolver sepse na cirurgia. • Na situação de invasão tissular pode ser feita por Bactérias, fungos, vírus ou parasita • Via ascendente TGI ou hematogênica → as bactérias entram pelo meato uretral e podem ascender em direção a bexiga, rim (gerando pielonefrite aguda). • A maior parte das infecções urinarias são 80% causadas pelas gram negativas (e coli 90%, proteus) OBS: a gestante é uma paciente que deve ser tratada mesmo com bacteriúria assintomática, porque infecções urinarias podem gerar parto prematuro, interrompendo a gravidez. Resumo: para bacteriúria assintomática deve tratar apenas gestantes e os indivíduos que serão submetidos a cirurgia. Existem outras situações controvérsias, mas esses são bem sedimentados • Infecções hospitalares: 40% associada a cateter urinário, uso cronicamente da sonda uretral de Foley, apresentam maior índice de infecção urinaria • 25% dos pacientes em uso de cateter por mais de 7 dias desenvolvem infecção • Risco de infecção aumenta em 5% por dia de internamento independente de presença ou não de cateter urinário • Infecção nosocomial aumentam os custos em 500 a 1000 US / episodio (344 -688 euros) SINAIS E SINTOMAS • Disuria • Urgência miccional e polaciuria -Quando o paciente precisa urinar de forma imediata: chamado de urgi continência • Sensação de repleção vesical ou desconforto em abdome inferior -Mesmo sem estar com bexiga cheia, sente como se estivesse, tem uma vontade grande de ir urinar, saindo apenas poucas gotas. • Desconforto/hipersensibilidade supra púbica • Dor em flanco ou reatividade em ângulo costovertebral -Quando a infecção ascende, ou seja, caminha em direção do rim. No exame físico, ao pressionar a parte posterior nas costas, em flancos, ao sentir dor, é chamado de sinal de Giordano (punho percussão de Giordano) → golpe de mão fechada na região do rim, próximo a região do ângulo costovertebral → significando rim inflamado, pielonefrite aguda. Porém, vale lembrar que a dor pode ser por distensão da capsula renal onde tem obstrução do trato urinário. Hoje em dia não se faz mais o teste, por ser grotesco. É indicado palpar e perceber se o paciente sente dor. • Micro/ hematúria -Todos tem um certo grau 2 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre • Febre, calafrio, mal estar, sepse -Clássico nas infecções urinarias altas, na pielonefrite aguda. A cistite não da febre, a não ser em pediátricos. Calafrio não é comum na cistite. Os primeiros sintomas abordados são os mais referidos pela cistite. A dor em flanco não acontece na cistite, mas sim na pielonefrite E coli é a bactéria mais frequente, principal patógeno e tem aprendido a driblar os antibióticos por ser resistente a ampicilina, cotrimoxazol, fluroquinolona que são as drogas da família ciprofloxacina. • Não se usam fluoroquinolona como primeira escolha por conta da resistência criada • A fosfomicina (nome comercial monoril ou traturil), é um ATB que tem grande efetividade contra e coli, sendo o de primeira escolha • Nitrofuratoina voltou a ser um ATB eficaz para Ecoli • Entre os ATB orais melhores que ciprofloxacina tem amocilina + clavulanato – nome comercial clavulin. Ordem de prioridades para o tratamento: → 1° lugar: Fosfomicina → 2° lugar: amoxicilina e clavulanato → 3° lugar: nitrofurantoina (nome comercial macrodantina) PATÓGENOS • E coli 80-90% mais frequente • Proteus mirabilis • Pseudomonas – comum em hospitais, principalmente quando usou cateter/sonda vesical ou fez cirurgia urológica • Enterococos • Staphilococus • Atentar para anomalias obstrutivas ou litíase FATORES DE RISCO • Refluxo vesico-ureteral: -Urina começa a ter refluxo, e isso acontece por alguns motivos como por exemplo → por conta de uroterocele, implantação anômala de ureter e outras em que há refluxo anormal da urina armazenada na bexiga em direção ao trato urinário superior, aumentando chance de ITU. • Disfunção vesical: -Bexiga não contrai de forma normal, não esvaziando direito, favorecendo infecção • Bexiga neurogênica: -Problemas neurológicos na coluna, diabético de longa data podem ter funcionamento anormal da bexiga, passando a ter esvaziamento incompleto, resíduo pós miccional elevado e itu de repetição • Constipação intestinal • Duplicação ureteral -Quando a duplicação é completa, um dos ureteres, que drena polo inferior do rim tende a ter posição mais baixa na bexiga, por isso tem válvula menos eficiente e mais refluxo, passando a ter mais infecção na parte do rim que é drenada por esse ureter anômalo. Na duplicação ureteral, principalmente na duplicação completa, possuem mais chance de infecções urinarias e pielonefrites agudas. • Cateterismo de demora: - Pacientes prostáticos que aguardam por muito tempo cirurgia ou que estão usando sonda. • Válvula de uretra posterior: • -Comum em meninos, na população pediátrica, na primeira infância, criança nasce com válvula que faz com que não esvazie completamente a bexiga. • Instrumentação urológica: -Por invadir invade aparelho urinário na via urinaria pra procedimento, diagnostico. • Estenose de JUP: -Estreitamento da junção do ureter com pelve renal, faz com que paciente esvazie de forma precária a urina produzida no rim → estase urinaria na pelve renal. Desimplanta ureter estenosado, faz sutura, por por videolaparoscopia. Estase urinaria é o principal 3 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre mecanismo de gênese de infecção urinaria. O que previne infecção urinaria é o fluxo de urina, a bactéria precisa ser lavada, para que não acumule e não tenha chance de invadir tecidos. • Inicio precoce de atividade sexual na adolescência (cistite da lua de mel) • Ureterocele: -Alteração → ureter em cabeça de cobra, aumentando chance de refluxo vesicoureteral • Cálculo: - Pode ser colonizado por bactéria, bactéria pode morar no cálculo, mesmo esterilizando a urina, porque a bactéria no cálculo não é atingida por ATB, e o paciente começa a fazer infecção urinaria de repetição. OBS: sempre urinar pós relação sexual, como medida profiláctica. QUADRO CLINICO • Adultos -Variável, desde bacteriúria assintomática até um quadro de ITU baixa, pielonefrite e sepse → esta acontece quando a bactéria começa no trato urinário e ganha a corrente sanguínea se iniciando anteriormente em local localizado → inclui febre, calafrio, urgência, disuria, dor em flanco, vômito • Criança < 2 anos -Febre, dor abdominal, perda de peso, irritabilidade, vômitos, diarreia, disuria, jato interrompido, retenção urinaria. • Pré escolares -Disuria, urgência miccional, polaciuria,mal cheiro, enurese, dor supra púbica. DIAGNOSTICO • Clinico -Em crianças: febre sem foco definido • Laboratorial -Sumario de urina - Urocultura -Antibiograma (teste de sensibilidade a antibióticos que pode ser importante para guiar nas infecções complicadas e de repetição). -USG VU (USG de vias urinarias: (se suspeita de pielonefrite) – boa pra ver se não tem abcesso ao redor do rim -Cateterismo vesical: pode ser feita a coleta de urina -Punção vesical: pode ser feita a coleta de urina coleta de urina OBS: fazer a coleta por si só, dependendo apenas do paciente, muitas vezes não dá certo, uma vez que o paciente pode coletar o primeiro jato, que não serve para urocultura, podendo ser contaminada pelas vias de baixo, por isso é mais indicado ser feita sondagem pra obter uma amostra mais fidedigna. • Pre escolares -Jato médio após assepsia genital com bolsa coletora para fixar em lactentes (tem vieses de contaminação, não é muito utilizado. OBS: febre com cistite não é comum. DIAGNOSTICO • Sumário -Leucócitos acima do normal -Nitrito positivo -Uratos amorfos por conta de bactérias que degradam esses sais. -Piuria sem itu (contagem de piócitos na urina). Quando houver piuria estéril, ou seja, aumenta a quantidade de piocitos sem bactérias presentes, acontece em desidratação grave, tuberculose genital, processos inflamatórios próximos as vias urinarias (na presença de cálculo renal) irritação química, glomerulonefrite • Cintilografia renal - Avalia cicatrizes renais por infecções recorrentes. A infecção urinaria na bexiga não traz consequências graves, não traz cicatriz detectável, mas a infecção repetitiva renal pode levar a cicatriz renal e são vistas na cintilografia renal ou na TC com contraste • Urografia excretora e ou uretrocistografia -A urografia excretora pode detectar anormalidade, mas não é usado. Uretrocistografia avalia 4 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre morfologia das vias urinarias principalmente na parte mais baixa, uretra. Usada para identificar presença de estenoses uretrais. Hoje em dia não é muito utilizada. A urografia excretora foi substituída pela TC com contraste. TRATAMENTO • Aumento de ingesta hídrica -Tem o objetivo de lavar as bactérias, a não ser que tenha contraindicação, seja nefropata, faca hemodiálise, restrição hídrica. • Mudanças comportamentais -Após as dejeções higienize região perianal, para diminuir contaminação bacteriana perianal e da vulva, e frequência de infecções → asseio genital -Para pacientes que tem balanopostites (quem tem infecção do pênis, glande, prepúcio por fungos e bactérias, mais na pediatria), pode estar relacionado na gênese de infecção do trato urinário • Corrimentos vaginais • Correção de hábitos miccionais e intestinais -Ingerir mais água, fazer mais xixi, não prender urina. -Às vezes a paciente é constipada crônica e tem itu, tem um ou dois movimentos intestinais, uma ou duas dejeções por semana, só evacua com laxante. Isso precisa ser corrigido, se não corrigir, não irá conseguir menor frequência de infecção urinaria. -Avaliar cicatrizes renais por infecções recorrentes, porque as pielonefrites agudas podem destruir e criar cicatrizes nos rins • Atb empírica e baseada em cultura -Trata imediatamente e pede exame de urocultura com antibiograma de controle, para avaliar se houve persistência daquela bacteriana urina. • Avaliar morfologia das vias urinarias por ultrassom de vias urinarias -Para ver se existe cálculo, estase de urina, estenose de JUP, cálculos, divertículo vesical, próstata grande e não esvazia bexiga, resíduo pós miccional elevado ANTIBIOTICOTERAPIA • Fosfomicina (dose única): -Nome comercial monuril ou traturil → PADRÃO OURO, vem em forma de pó para dissolver na água, utilizado a noite antes de dormir para fazer efeito sobre a noite inteira. -Dose única -Efeito colateral: diarreia, principalmente porque a Ecoli descompensa a flora • Beta- lactâmicos (amoxilina = ac clavulânico, cefaclor) 5-7 dias -Clavulin bd 875mg 1 comprimido por via oral 12/12h por 7 dias Clavulin pode ser usada em pielonefrites mais leves, usada principalmente via oral. • Nitrodurantoina 5-7 dias -Nome comercial: macrodantina -Muito usada no passado, com alta resistência bacteriana, caiu no desuso e volta a ser boa opção da Ecoli, para ITU baixas assim como fosfomicina -Avaliar cicatrizes renais por infecções recorrentes • Pielonefrite aguda: -Prefere cefalosporina de 3° geração (ceftiaxona) ou flunoquilonoa até venosa (ciprofloxacina, levofloxaccino) mas essas duas ultimas tem tido altas taxas de resistência, então hoje se dá preferência a ATB mais potentes ou ATB de 3° geração -Cirofloxacino, levofloxacino, ceftriaxona (hospitalização) • Bacteriúria assintomática -Não tratar, de forma geral! Tratar apenas em gestantes, pacientes submetidos a cirurgias, imunossuprimidos (relativo este último) • Gestantes -Amoxilina, nitrofurantoina, cefaclor, ceftriaxona - Não pode ser usada quinolona nas gestantes, pode ser usada amoxilina sem clavulanato, pode usar cefalosporina. 5 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre Novas teorias: INFECÇÃO URINARIA = ITU RECORRENTE Resumo: Ocorre ativação da cascata inflamatória mediada pela COX2 → remodelamento da mucosa vesical → gerando memoria celular → aderência bacteriana → esfoliação → reinfeção. • Na infecção urinaria, há descamação da parede da bexiga. As vezes existe invasão da parede da bexiga e formação de um ninho de patógenos dentro da parede do aparelho urinário. Depois que erradica o ciclo de infecção, pode haver reinfecção/ reativação de bactérias que estão dentro da parede intestinal. • E coli pode causar infecção crônica por reativação de ninhos de E coli dentro da parede da mucosa • Disbiose esta muito relacionada com situações que o paciente tem intestino preso, ressecado, que funciona a cada 3 4 dias, essa população é exposta ATB repetidamente, faz seleção de flora intestinal resistentes a ATB mais frequentes, e essas bactérias resistentes acabam contaminando o períneo, as vezes levando a inflamação crônica da cérvix uterina e pode estar relacionado com atipias de cérvix uterina e ITU de repetição com bactérias multirresistentes. As bactérias, quando a pessoa tem constipação crônica, pode levar a inflamação crônica da cérvix e itu de repetição. • Como melhorar da constipação? Aumentar ingesta hídrica, fibras, para formar bolo fecal que retenha mais o liquido na luz intestinal e tenha volume fecal maior. • Paciente que evacua com fezes de cabra, bolotinhas, com volume fino, precisa ter correção disso. INFECÇÃO URINÁRIA E NEOPLASIAS GINECOLÓGICAS A microbiota x aparelho vaginal → possuem correlação com infecção urinaria. 6 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre MECANISMO DE AÇÃO DOS ATBS: ATB IDEAL • Concentração elevada e prolongada nas primeiras 24h • Tempo de uso reduzido • Bactericida de amplo espectro • Preserve o microbioma entérico e vaginal • Concentração elevada no trato urinário • Pouca restrição de uso • Pouco efeito colateral • Posologia fácil CONSIDERAÇÕES FINAIS - ITU • Os mecanismos fisiopatogênicos da itu e itu recorrente estão começando a serem desvendados • O tratamento da ITU com ATB leva a uma seleção bacteriana conhecida envolvendo todos os microbiomas do TGU e estes não devem ser analisados separadamente • A estabilidade da flora vaginal representa uma barreira para a infecção das bactérias entéricas (considera reposição hormonal local como suplemento EAU – 2020) • Reestabelecer tanto a flora vaginal quanto a entérica parece ser mandatóriopara um tratamento eficaz da ITU recorrente • A técnica de cultura atual tem falhas importantes como método diagnostico e deve ser supressa pelas atuais técnicas mais especificas. – Paciente com quadro clinico completo de infecção com urocultura negativa, pensar em infecção fúngica. • O uso de ATB deve ser repensado e terapias mais rápidas e efetivas devem ser usadas para evitar a destruição de microbiomas. • Foi visto que Cranberry é placebo, era usado para prevenir ITU. 7 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre UROLOGIA DST AULA 2 • 200 milhões de casos novos/ano • Clamídia • Gonorreia • Sífilis • É a verdadeira pandemia, o verdadeiro iceberg • A parte que identificamos, encontramos, conhecemos que se torna sintomático é um pequeno número diante de grande volume de pacientes assintomáticos que muitas vezes não diagnosticados, como a AIDS. CASO CLINICO MAS, sexo masculino, 22 anos. Refere ter feito sexo oral e vaginal com uma amiga há 5 dias. Relata que a camisinha rompeu durante a relação. Informa que sempre usa preservativos que guarda no porta luvas do carro (ruim, pois resseca a camisinha, faz partir). Há 3 dias cursa com prurido uretral, dor uretral espontânea e disuria intensa. Há 2 dias passou a apresentar corrimento uretral espesso, abundante, semelhante a leite condensado SIC, mais forte pela manhã. Nega DST previas comorbidades e alergias. Exame físico: Conduta: o que fazer? -Corrimento espesso que se exterioriza para o meato uretral. Opção1: diagnostico etiológico → colher exames de laboratório (identificação do agente causador) e pedir para o paciente voltar em 10 dias com resultado → tratamento ATP especifico após identificação do agente causador → NÃO realizar essa conduta!! Opção2: iniciar tratamento com ATB na primeira consulta baseado na serie de sinais e sintomas ( SINDROME): CERTO! Abordagem sindrômica DIAGNOSTICO: • Sindrome do corrimento uretral • Agentes etiológicos mais frequentes -Chlamydia trachomatis -Neisserriae gonorreae, é o mais frequente TRATAMENTO: • Ceftriaxona – 500mg IM dose única + • Azitromicina – 1g, VO, dose única ou • Doxiciclina (vibramicina) – 100mg VO 12/12h, 07 dias -A vantagem da azitromicina é porque é utilizada em dose única, aumentando adesão. -Ceftriaxona → para tratar as gonocócicas e, as não gonocócicas são tratadas bem com azitromicina. É raro azitromicina não funcionar, mas, se continuar sintomático é porque não funcionou, e pode acontecer, então deve ser modificado o medicamento para doxiciclina, lembrando de utilizar após refeição por causar irritação gástrica. • Para pacientes alérgicos a ceftriaxone pode ser usado azitromicina 2g VO dose única, sendo isto 8 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre eficiente tanto para gonococos quanto para uretrites não gonocócicas (clamidianas). OUTRAS APRESENTACOES DA SINDROME DO CORRIMENTO URETRAL • Corrimento escasso, mucoso, em pequeno volume, muitas vezes se manifestando de manhã, típico da uretrite clamidinana (não gonocócica). • Quando o paciente faz tratamento da gonocócica de forma errada, ou seja, usa o ATB incorreto, o corrimento pode sair desse jeito, escasso. • Existe uretrite causada por herpes, apesar de não ser comum, provoca muita dor ao urinar (disuria) • Tricomonas vaginalis não responde com os tratamentos abordados anteriormente. • Uretrite Ecoli é típica do homossexual. • Paciente deve evitar traumatizar a uretra nos primeiros 15 dias. Normalmente o paciente que tem uretrite fica ordenhando o pênis para ver se esta saindo pus da uretra, mas deve parar, porque isso pode cronificar o corrimento uretral pelo trauma de continuar ordenhando o pênis ou por fazer sexo e masturbação sempre. COMPLICAÇÕES - URETRITES • O exame da primeira imagem acima mostra uretra em conta de colar por estenose crônica de uretra → pinça captura a glande e no canal por dentro injeta o contraste, o exame é a uretrocistografia, é um caso tratado cirurgicamente. • Balanopostite crônica pelo gonococo • Infecção dos testículos → orquiepididimite aguda causada por clamídia ou Ecoli, os testículos ficam aumentados, o paciente sente dor, costuma andar com pernas abertas. • Faringite gonocócica (imagem 3) • piodermite gonocócica (imagem 4) • Propitite gonocócica (imagem 5) • Artrite gonocócica (imagem 6) • Oftalmia gonocócica (imagem 7) • Sepse por gonocócico por lesões cutâneas (imagem 8) Sindrome da ulcera genital AGENTES ETIOLÓGICOS: • Herpes genital: herpesvirus hominis tipo 2 • Sífilis: treponema pallidum • Cancro mole: haemophilus ducreye • Donovanose: calymmatobacterium granulomatis • Linfogranuloma veereo: chlamydia trachomatis (sorotipos l1, l2, l3) 9 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre Fluxograma Anamnese: • A ulcera no pênis foi precedida de vesículas (bolha de água) ou não → Se sim, a única doença ulcerada que é precedida de vesícula é o herpes genital, causado pelo vírus do herpes simples. Se não houve vesícula, se é lesão com menos de 4 semanas trata sífilis e cancro mole ou se for lesão crônica maior do que 4 semanas trata donovanose, sífilis e cancro mole. As vezes precisa biopsiar, excluir câncer. CASO CLINICO 2 MAS sexo masculino, 19 anos. Refere astenia, mialgia, febre e queda do estado geral há 5 dias. Surgiram vesículas no prepúcio e ínguas muito dolorosas nas regiões inguinais. As vesículas se romperam espontaneamente formando ulceras dolorosas e confluentes. Informa que fez sexo oral desprotegido há 7 dias. Nega DST previas e comorbidades e alergias OBS:Sexo oral pode transmitir DST, ainda não é relatado a transmissão de HIV por sexo oral, diferente de herpes e uretrites que podem ser transmitidos. 10 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre • Lesões vesiculares na pele do prepúcio → Lesão se rompeu, formando ulceras que tenderam a confluir → formando uma grande ulcera genital que cicatrizaram formando crostas, doendo menos até cair e cicatrizar. • primo-infecção→ na primeira infecção muitas vezes tem repercussão sistêmica, febre, queda do estado geral, linfonodomegalia regional. Suspeita diagnostica? • Lesão ulcerada DIAGNOSTICO: • Sindrome da ulcera genital precedida de vesículas (primo-infecção), porque nunca teve antes Agente etiológico: • Herpes simplex 1 ou 2, os dois podem causar lesão em genital, numero 1 mais comum em região perioral e o 2 em genitais. TRATAMENTO Antivirais: • Aciclovir (zovirax) – 200mg, VO, 5x/dia, por 7 a 10 dias • Aciclovir (zovirax)- 400mg, VO 8/8 por 7 a 10 dias • Valaciclovir (valtrex, herpstal – 500mg VO 12/12h por 7 a 10 dias • Famciclovir (penvir, famvir ) – 250mg, VO,8/8h por 5 dias OBS: Na consulta já solicitar sorologias para aids, hepatite b, hepatite c, recomendar vacina pra hepatite B. já tratar. Vacinar HPV CASO CLINICO 3 ASM sexo masculino 23 anos. Refere surgimento de ulcera genital indolor, cerca de 20 dias após a última relação sexual. Informa que usa camisinha apenas no momento de ejaculação para evitar gravidez Notou a presença de gânglios aumentados não dolorosos nas regiões inguinais Nega DST previas comorbidades e alergias Exame físico: Lesão ulcerada, indolor, bordas elevadas Pode aparecer no prepúcio, glande, língua → protocipiloma/cancro duro ou lesão primaria da sífilis DIAGNOSTICO • Sindrome da úlcera genital • Duração de menos de 4 semanas • Não há surgimento de vesículas previamente → lesão ulcerada não precedida de vesícula Agente etiológico: • treponema pallidum – cancro duro (lesão inicial da siflis) • Haemophilus ducreye – cancromole • Deve ser aplicada abordagem sindrômica sobre lesões ulceradas 11 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre • Associar com droga que trata cancro mole, pela lesão não ter aspecto muito bem definido, as vezes existe a coexistência do cancromole → usa a doxiciclina. EXAMES COMPLEMENTARES • Colher swab da lesão, levar para microscopia com campo escuro: vê espiroquetas que causam a sífilis • Imunofluorescência direta • Bacterioscopia da secreção da lesão, na imagem lesão do cancro mole – estreptobacilos gram - paliçada ou cardume ou trilo de trem – h ducreyi CASO CLINICO 3 EXAMES COMPLEMENTARES • FTA-ABS (igm e igg) • ELISA igm e igg • HTPA -Positiva na terceira semana da infecção. Fica positivo para vida toda. Mesmo tratado ele fica perenemente com igg + -Paciente não pode doar sangue. -Testes treponêmicos muito específicos Positivam na 3° semana de infecção Tem positividade perene de Igg e não serve para controle da cura -São qualitativos + ou - • VDRL: -Teste não treponêmico (menos específicos) -Usado como controle de cura, positiva na 4° ou 5° semana -Não é usado para diagnostico -É bom pra avaliar controle de cura. Pede 6 meses depois -Faz tratamento e -Não adianta pedir vdrl na fase aguda -Tratar as parceiras!! CLASSIFICACAO DE SIFLIS Primaria: • Cancro duro: surge entre 10 90 dias após contaminação (média de 21 dias) • Adenopatia regional não supurativa - íngua na virilha • Cancro duro desaparece espontaneamente após 2 meses (falsa sensação de cura) que pode evoluir para secundaria • Sífilis decaptada (transfusão sanguínea) – siflis rara adquirida por transfusão sanguínea, não tem cancro duro. • São possíveis inoculações em outras áreas (raras) Secundaria: • Lesões cutâneo mucosas, não ulceradas • Aparecem 6 a 8 semanas após contagio • Micropoliadenopatia generalizada, artralgias, febrícula, cefaleia e adinamia • Alopecia • Condilomas planos 12 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre Terciaria: • Lesões cutâneo mucosas indolores (tubérculos ou gomas) • Lesões neurológicas (tabes dossalis ou demência) • Lesões cardiovasculares (aneurisma aórtico) • Lesões articulares (Artropatia de charcot • Aparecem 6 a 8 semanas após contagio • Forma nódulo duro que ulcera e pode criar aberturas no palato TRATAMENTO DE SIFLIS Secundaria: CASO CLINICO 4 ASS sexo masculino 23 anos. Refere surgimento ulcera genital dolorosa, cerca de 5 dias após última relação sexual desprotegida. Comenta que a lesão é a recoberta de secreção amarelo- acinzentada, que está aumentando de tamanho e que surgiram outras lesões menores próximas a inicial Nega queixas sistemáticas e ínguas Nega dst previas e cormobidades e alergias • Lesões rasas, doloridas, confluentes, aparecem próximas uma das outras. • Na projeção do outro lado surge lesão parecida, ou próxima, por autoinoculação. • Cancro mole tem espirito familiar “gosta de ter os filhos próximos”. DIAGNOSTICO • Sindrome da ulcera genital • Menos que 4 semanas • Agente etiológico: • Treponema pallidum – cancro duro • Haemophilus ducreye – cancro mole 13 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre EXAMES COMPLEMENTARES: • Microscopia com campo escuro: streptobacilos gram negativos em paliçada, trilho de trem • Imunofluorecscencia direta • Bacterioscopia da secreção da lesão ( estreptobacilos gram – em paliçada ou cardume ou trilo de trem – H ducreyi → cancro mole CASO CLINICO 5 • Donovanose • Nódulos Suspeita diagnostica: • Sindrome de ulcera genital precedida de bulbos mais de 4 semanas Agente etiológico: • Calymmatobacterium granulomatis – donovanose • Causa edema na região, destrói tecido com odor fétido característico. EXAMES COMPLEMENTARES: • Trata como se fosse siflis e cancro mole. Aplica bezentacil, inicia tratamento com a mesma doxiciclina de cancro mole só que por período mais longo. • Bacterioscopia de raspado da lesão: histiocitos contendo c granulomatis (bastonetes agrupados em cachos em forma de halteres) → corpúsculos de Donovan • Pcr • Cultura é difícil cultivo, normalmente a bactéria não cresce • Biopsia: vê corpúsculo de Donovan ( patognomônico). importante pra diferenciar de câncer de pênis. TRATAMENTO • Doxiciclina 100mg, VO, 12/2h por no mínimo 3 semanas ou até a cura clinica OU • Sulfametoxazol + TMP (800 + 160 mg) – VO, 12/12h por no mínimo, 3 semanas ou ate a cura clinica OU • Tianfenicol granulado – 2,5g, VO, D.U no 1° dia de tratamento. A partir do 2° dia: 500mg, VO, 12/12h até a cura clinica OU • Eritromicina (estearato) 500mg, VO, de 6/6h por no mínimo 3 semanas ou ate a cura clínica. CASO CLINICO 6 LEM sexo masculino 34 anos Refere surgimento de pequena ulcera peniana indolor que surgiu 2 semanas após uma relação desprotegidas. A ferida cicatrizou espontaneamente após tomar uma garrafada de babosa com roma Evoluiu com cefaleia, náuseas, febre, calafrios e prostração. Apresentou íngua em região inguinal esquerda que foi aumentando de volume com áreas de necrose da pele e vários pontos de flutuação e eliminação de material purulento espesso com aspecto de bico de regador 14 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre • Qualquer paciente com DST pesquisar siflis, hiv, herpes, hepatites b e c, htlv 1 e 2. Exame físico: Íngua dolorosa com pus. as vezes a lesão é imperceptível que evoluiu pra linfodenomegalia saindo pus. Suspeita diagnostica: • Linfo granuloma venéreo Agente etiológico: • Chlamydia trachomathis sorotipos L1,L2,L3 • Que causam lesões cutaneomucosas e linfoadenomegalia supurativa DIAGNOSTICO: • identificar corpúsculos de gamma miyagawa na bacterioscopia • Imunofluorescência: método sensível e especifico • Cultura TRATAMENTO • Doxicilina 100mg, VO, 12/12h por 3 semanas OU • Azitromicina 1g – VO, por semana, por 3 semanas OU • Tianfenicol granulado – 500mg, VO, 8/8h por 3 semanas OU • Tetraciclina 500mg, VO, de 6/6h por 2 a 4 semanas CONDILOMAS ACUMINADOS • São causados pelos vírus HPV (DNA vírus) • Há mais de 140 tipos de hpv – mais de 30 tipos infectam os genitais • A maior parte dos portadores são assintomáticos. Tem contato com vírus e imunidade barra formação de verrugas • Contagio: contato pele a pele (secreções vaginais que tem hpv pode infectar? não se sabe ainda) • Atenção: evitar autoinoculação Ao raspar pelo pode inocular a verruga em outro local. Deve ser evitada autoinoculação, evitar barbeador Cronologia indefinida: se infecta hoje e so desenvolve anos depois Quadro clinico: • variável (depende da cronologia, número e local das lesões, recorrência) • Duração média de infecção – 8 meses - 9% infecção duração > 2 anos • Verrugas genitais: HPV 6 e 11 mais frequentes • Mais preocupantes: 16 e 18, por conta de chance de desenvolver câncer de colo uterino e anus. • Infecção: reação sorológica fraca e transitória, não funciona, DIAGNOSTICO CLINICO: • OMS nos indica captura hibrida em homem, que geralmente faz em mulher, passa cotonete, na endocérvix. • Biopsia: só em suspeita de câncer de pênis 15 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre Lesões verrucosas: faz biopsia • Na primeira imagem são verrugas de hpv, na segunda e terceira são alterações anatômicas, fisiológicas, glândulas de taisson, na base da glande, diagnostico diferencial Imagem: Caso de Hpv no meato uretral, precisou fazer amputação parcial de glande, câncer de pênis → carcinoma de uretra causado pelo hpv. Prevenção e vacinação TRATAMENTO: • Podofilotoxina com destruição da lesão e ATA (ácido clórico acético) • Imiquimodagente que aumenta imunidade celular • Laser, ect, nitrogênio líquido – destruição da lesão 16 Infecção urinária e DST – Luisa Tejerizo – 7° semestre