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Modelagem e Controle de Sistemas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Claudia Barros dos Santos Demori Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Sistemas de Primeira Ordem e de Segunda Ordem • Função de Transferência. · Apresentar equações gerais para funções de transferência de primeira e segunda ordem; · Exemplificar sistemas reais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Sistemas de Primeira Ordem e de Segunda Ordem Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Sistemas de Primeira Ordem e de Segunda Ordem Função de Transferência Já vimos em outras unidades que o nosso estudo inicial de sistemas é baseado em sistemas lineares e invariantes no tempo. Dessa forma, é possível modelá-los com as funções de transferência. Essas funções caracterizam com precisão as relações de entrada e saída de sinais entre os dispositivos que compõem um sistema. Elas servem principalmente para a análise e execução de projetos. No geral, uma função de transferência G(s) pode ser escrita como: G s Y s X s b s b s b s b a s a s a s a m m m m n n n ( ) = ( )( ) = + +…+ + + +…+ + − − − − 0 1 1 1 0 1 1 1 nn Onde X(s) é a transformada de Laplace da entrada e Y(s) é a transformada de Laplace da saída, com condições iniciais nulas. O que determinará a ordem do sistema é a maior potência de n. Sistemas de Primeira Ordem Observe o diagrama de blocos da imagem a seguir, ele representa, em um con- texto geral, sistemas de primeira ordem. + – R(s) E(s) R(s) C(s) (a) (b) C(s)1 Ts 1 Ts+1 Figura 1 O diagrama de blocos da imagem representa um sistema de primeira ordem, que em contexto aplicado pode ser um circuito RC, um sistema térmico ou algo semelhante – observaremos alguns exemplos mais adiante. Para ilustrar um sistema real e prático, utilizaremos um circuito RC, conforme ilustra a imagem a seguir: R C e0ei Figura 2 8 9 Já vimos em unidades anteriores como obter a função de transferência do circuito apresentado, lembre-se que o diagrama de blocos desse circuito está representado aqui. Para a função de transferência: 1. Vamos utilizar as Leis das Malhas de Kirchhoffe, note há duas malhas ei e eo; 2. Se há duas malhas, haverá duas equações e suas respectivas transformadas de Laplace: e Ri t C i t dt E RI s C s I s e C i t i i O = ( ) + ( ) → = ( ) + ( ) = ( ) ∫ ∫ 1 1 1 1 (1) ddt E s C s I sO→ ( ) = ( ) 1 1 (2) 3. Vamos escrever a função de transferência de malha fechada para o sistema: E E C s I s RI s C s I s E E C s RCs Cs E E RCs O i O i O i = ( ) ( ) + ( ) → = + → = + 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Podemos ilustrar com o diagrama de blocos, como segue: R(s) C(s)1 RCs + – Figura 3 Ou ainda, podemos ilustrar o diagrama de blocos de maneira simplificada, com a função de transferência de malha fechada: 1 RCs + 1 E0Ei Figura 4 Podemos observar pela função de transferência E E RCs O i = + 1 1 que este é um sistema de primeira ordem, visto que o maior expoente de s no denominador é igual a 1. Quando se realiza de forma eficaz o curso de modelagem e controle de sistemas, o aluno fica engajado em compreender como as equações podem servir para mo- delar e atuar em sistemas reais. Sendo assim, analisaremos alguns sistemas reais, com vistas a compreender o processo de modelagem de sistemas. 9 UNIDADE Sistemas de Primeira Ordem e de Segunda Ordem Exemplo 1: No primeiro exemplo, para ilustrar um sistema de primeira ordem real, estudare- mos os detalhes de um sistema de nível de líquido. Na engenharia, um sistema que utiliza óleo ou água é chamado de sistema hidráulico. Observe a imagem a seguir: Válvula de Controle H + h Válvula de Restrição Resistência R Capacitância C Q + qo Q + qi Figura 5 A imagem representa um sistema de nível de água, frequentemente utilizado na indústria quando se trata de reservatórios ou fluxos entre tubos e conexões. No geral, esse tipo de fluxo é turbulento e deve ser representado por equações diferenciais não lineares; no entanto, essas equações poderão ser linearizadas se a região de opera- ção for limitada, ou seja, uma vazão pequena e uma altura pequena. Dessa maneira, podemos descrever a dinâmica desse sistema de maneira mais simplificada. Sobre fluxo laminar e turbulento em: https://goo.gl/ZoD3Qb. Ex pl or Consideraremos o fluxo de fluido ao longo de uma tubulação curta, conectando dois reservatórios, como mostrou a imagem anterior. Observe a resistência à pas- sagem de líquido R. Ela é definida como a variação na diferença de nível (m) pela variação na vazão (m³/s). Considerando um fluxo laminar: R dH dQ H Q = = Onde H (m) é a altura do nível em regime permanente e Q (m³/s), a vazão em volume do regime permanente. A Resistência R no escoamento laminar é equivalente a uma resistência R em circuito elétrico. Se considerarmos um fluxo turbulento, a taxa de fluxo em estado permanente será dada por: Q K H dQ K H dH= → = 2 10 11 Onde Q (m³/s) é a vazão em regime permanente, K (m/s) é um coeficiente e H (m) é a altura do nível. Assim, R dH dQ H K = = 2 Onde:K Q H = Logo para o fl uxo turbulento: R H Q = 2 Observe a imagem que representa o sistema para o nível de líquido, as variáveis são: • Q – (m³/s) vazão do volume em regime permanente; • qi (m³/s) pequeno desvio da vazão de entrada em relação ao valor de seu regime permanente; • qo(m³/s) pequeno desvio da vazão de saída em relação ao valor de seu regime permanente; • H – (m) altura do nível em regime permanente; • h (m) pequeno desvio do nível em relação ao valor de seu regime permanente. A capacitância C (m³/m) do reservatório é a variação na quantidade de líquido no reservatório necessária para causar o aumento nopotencial (altura) de uma unidade – observe a diferença entre capacidade (m³) e capacitância (m²). Esse sistema é linear se o fluxo for laminar, ou ainda poderá ser linearizado, no caso do fluxo turbulento, se as variáveis tiverem pequenas variações. Logo, podemos dizer que a quantidade adicional armazenada no reservatório C ∙ dh é igual à diferença entre fluxo de saída e fluxo de entrada durante um inter- valo de tempo dt. A equação diferencial relativa ao sistema é: C dh q q dti O. = −( ) Onde: q h RO = Então, C dh q h R dt C dh q R h R dt RC dh dt h Rq i i i . . . = − → = − + = 11 UNIDADE Sistemas de Primeira Ordem e de Segunda Ordem Se recorrermos às unidades anteriores, onde vimos a transformada de Laplace, com condições iniciais nulas, poderemos escrever: RCs H s RQ si+( ) ( ) = ( )1 E a função e transferência desse sistema serão dadas por: H s Q s R RCsi ( ) ( ) = +1 Onde vemos uma equação típica para um sistema de primeira ordem. Exemplo 2: O segundo exemplo é um sistema típico de pressão. Observe a imagem a seguir: Resistência R P + pi P + po Capacitância C q Figura 6 Devemos considerar que o sistema da imagem é um sistema ideal, com somente pequenos desvios de suas variáveis em relação aos valores de regime permanente; sendo assim, podemos considerá-lo um sistema linear. Sejam as variáveis relativas ao sistema: • P – (N/m²) é a pressão do gás no recipiente; • pi (N/m²) é uma pequena variação na pressão do gás no fluxo de entrada; • po (N/m²) é uma pequena variação na pressão do gás no recipiente; • V (m³) é o volume do recipiente; • m (kg) é a massa do gás no recipiente; • q (kg/s) é o fluxo do gás; • ρ (kg/m³) é a densidade do gás. Se os valores da variação na pressão do gás na entrada e no recipiente são pequenos, a resistência R pode ser escrita como: R p p q i O= − 12 13 Já a capacitância C será dada por: C dm dp = Onde se pode escrever que: Cdp qdtO = Então, C dp dt p p R O i O= − Que rearranjada é: RC dp dt p pO O i+ = Utilizando a transformada de Laplace, podemos escrever: RCsP s P s P sO O i( ) + ( ) = ( ) Se Pi for considerada uma entrada e Po uma saída, então a função de transferência do sistema será dada por: P P RCs O i = + 1 1 Que é uma equação típica para um sistema de primeira ordem. Exemplo 3: O terceiro exemplo para sistemas de primeira ordem é um sistema de aquecimento do tipo ilustrado na imagem: Misturador Líquido Quente Líquido Frio Aquecedor Misturador Figura 7 13 UNIDADE Sistemas de Primeira Ordem e de Segunda Ordem Para esse exemplo, novamente consideraremos um sistema perto do ideal, onde o reservatório seja isolado e as perdas de calor para o ambiente externo sejam mínimas, a ponto de serem desprezíveis. Consideraremos também que o líquido no recipiente possa ser perfeitamente misturado de tal maneira que a temperatura fique uniforme em toda distribuição. Então, podemos definir algumas variáveis, tais quais: • Θi – (°C) é a temperatura do líquido de entrada em regime permanente; • Θo – (°C) é a temperatura do líquido de saída em regime permanente; • G (kg/s) é a vazão do líquido em regime permanente; • M (kg) é a massa de líquido no reservatório; • c (kcal/kg°C) é o calor específico do líquido; • R (°Cs/kcal) é a resistência térmica; • C (kcal/°C) é a capacitância térmica; • H – (kcal/s) é a taxa de entrada de calor em regime permanente. Para escrever a função de transferência desse sistema, vamos supor que, ao ser ligado, o sistema receba um aumento na taxa de entrada de calor e ela então seja H – + hi e, portanto, a taxa de saída de calor também sofrerá uma variação para H – + hi. Com o aumento da quantidade de calor, a temperatura de saída do líquido será . Os valores , C e R podem ser obtidos com: h GcO = θ E: C Mc R h GcO = = = θ 1 A equação que balanceia a entrada de calor no sistema pode ser escrita como: Cd h h dti Oθ = −( ) • Ou ainda: C d dt h hi O θ = − E: RC d dt Rhi θ θ= − 14 15 Utilizando a anti-transformada de Laplace, teremos: RCs s RH s siΘ Θ( ) = ( ) − ( ) E sendo Θ(s) a temperatura final de saída e Hi(s) a taxa de entrada de calor no sistema, a função de transferência poderá ser escrita como: Θ s H s R RCsi ( ) ( ) = +1 A equação apresentada é uma equação típica para sistemas de primeira ordem. Sistemas de Segunda Ordem Os sistemas de segunda ordem podem ser representados pela seguinte função de transferência: C s R s s n n n ( ) ( ) = + + ω ξω ω 2 2 22 Onde ωn é a frequência natural não amortecida e ξ é o coeficiente de amorte- cimento do sistema. Aliás, esses dois parâmetros são fundamentais, pois deter- minarão o comportamento dinâmico do sistema – assim como determinarão a resposta do sistema a entradas típicas do tipo impulso, degrau, rampa etc. Outro fator importante determinado pelos parâmetros fundamentais em um sistema de segunda ordem é a estabilidade do sistema. Quanto à estabilidade e ao coeficiente de amortecimento, tem-se as seguintes relações: • Se 0 < ξ < 1, os polos de malha fechada (ver unidades anteriores) são com- plexos conjugados. O sistema é dito subamortecido e a resposta transitória é oscilatória – estudaremos a resposta transitória em breve, na Unidade V; • Se ξ = 0, a resposta transitória não decai; • Se ξ = 1, o sistema é dito criticamente amortecido; • Se ξ > 1, o sistema é dito superamortecido. Estudaremos os efeitos do coeficiente de amortecido mais detalhadamente na próxima unidade. Exemplo 1: Para ilustrar um sistema de segunda ordem, utilizaremos como exemplo de sis- tema real um sistema de nível de líquido com interação, conforme mostra a figura a seguir: 15 UNIDADE Sistemas de Primeira Ordem e de Segunda Ordem Q + qi Reservatório 1 Reservatório 2 R1 R2 C1 C2Q + q1 Q + q2 H1 + q1 H2 + q2 Figura 8 No sistema da imagem, o reservatório 1 tem ligação com o reservatório 2, e surgem duas novas variáveis. As equações agora ficam da seguinte maneira: h h R q C dh dt q q h R q C dh dt q q 1 2 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 1 2 − = = − = = − Se considerarmos Q como entrada e Q2 como saída, a equação diferencial para esse sistema é: Q s Q s R C R C s R C R C R C s 2 1 1 2 2 2 1 1 2 2 2 1 1 1 ( ) ( ) = + + +( ) + Que é uma equação típica para sistema de ordem dois. Exemplo 2: O segundo exemplo para um sistema típico de ordem dois é um mecanismo de posicionamento angular, conforme ilustra a imagem a seguir: J B T θ Ta Figura 8 16 17 Esse tipo de sistema é o sistema que modela diversos dispositivos com braços móveis, como máquinas-ferramentas, antenas de radares, robôs, máquinas para construção civil, câmeras inteligentes móveis etc. Observe na imagem o torque inicial Ta, ele provém de um estímulo externo, como um circuito elétrico, ou um algo semelhante. O giro em Ta transmite um torque T proporcional que deslocará o sistema de um ângulo, θ. Conforme vimos na Unidade III, esse sistema está associado a um momento de inércia J e um coeficiente de atrito B (do acoplamento de engrenagens, polias etc.). E, dessa maneira, o torque total relacionado ao sistema pode ser escrito como: T T TJ B= + Ou ainda: T J d dt B d dt = + 2 2 θ θ Utilizando a transformada de Laplace, teremos: T s Js s Bs s( ) = ( ) + ( )2θ θ E sendo T(s) entrada e θ (s) saída, temos a função de transferência desse sistema dada por: θ s T s Js Bs ( ) ( ) =+ 1 2 Que é equação típica para um sistema de ordem 2. 17 UNIDADE Sistemas de Primeira Ordem e de Segunda Ordem Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites A Função de Transferência https://goo.gl/hepcbc Vídeos Título do vídeo Sistemas de Controle (4/8) Sistemas de Primeira Ordem https://youtu.be/2oOTkSRnaG4 Sistemas de Controle (5/8) Sistemas de Segunda Ordem https://youtu.be/UVFer8huMKE 18 19 Referências OGATA, K. Engenharia de Controle Moderno. 5. ed. São Paulo: Pearson Pren- tice Hall, 2010. DE SOUZA, Antônio Carlos Zambroni et. al. Projetos, simulações e experiências de laboratório em sistemas de controle. 1. Ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2014. 19
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