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Pigmentos Química de Alimentos Introdução > Pigmentos: são substâncias naturais que conferem cor aos alimentos. Essas cores influenciam na qualidade e características sensoriais do alimento. - As cores estimulam o consumidor. Como os pigmentos são instáveis ao processamento, a mudança de cor pode afetar a aceitação do consumidor. > Pigmentos alimentares são instáveis às condições de processamento e armazenamento: presença de luz, oxigênio, metais e agentes redutores e oxidantes, temperatura, atividade de água e pH. Todos esses fatores podem transformar características de cor dos alimentos. > podem estar presentes em alimentos de origem vegetal ou animal. Compostos HEME > são um grupo de compostos que tem como principal representante a mioglobina, que é responsável por 90% da coloração das carnes. > a cor conferida pela mioglobina depende do seu estado de oxidação. A cor pode indicar a qualidade da carne. > Mioglobina: proteína globular constituída por uma única cadeia polipeptídica, que possui o grupamento heme – que é o grupamento cromóforo = confere coloração. - A sequência de aminoácidos da mioglobina permite identificar de qual espécie é a carne. > Heme: porção não proteica que confere a coloração. Composto formado por 4 anéis pirrólicos unidades e ligados a um átomo central de ferro. - Influência na cor da carne pela mioglobina: o estado de oxidação do ferro, a presença de ligantes ao grupamento heme e o estado da proteína globina conferem colorações diferentes à mioglobina na carne. Carne fresca = mioglobina, com vermelho púrpura. Está presente em alimentos cujo processamento foi a embalagem à vácuo, sem contato com o oxigênio, e na presença de anti-oxidantes, como ácido ascórbico e cisteína. Redução do ferro = gera a metamioglobina, com coloração marrom (indica que ocorreu alguma reação na carne que provocou mudança na coloração, mas significa que ela está ruim). Sua formação é favorecida pelo congelamento, elevada temperatura, adição de sal e crescimento bacteriano (aeróbicas). Oxigenação da globina = gera a oximioglobina, com coloração vermelho brilhante. Sua formação é favorecida pela exposição ao ar e atmosfera modificada. Quanto maior a pressão parcial de oxigênio no meio, maior é a formação de oximioglobina. O cozimento também influencia na coloração da mioglobina, tanto pela desnaturação da fração proteica como pela mudança no estado de oxidação do ferro. - Após o cozimento, a mioglobina e oximioglobina são convertidas à mio-hemocromogêneo, que tem uma coloração mais parda claro (Fe+2). - Após o cozimento, a metamiooglobina é convertida à mio-hemicromogêneo, que tem uma coloração marrom escuro (Fe+3). > Contaminação bacteriana: podem gerar peróxido de hidrogênio ou sulfeto de hidrogênio a partir da mioglobina, gerando compostos como coleglobina e sulfomioglobina, os quais tem coloração esverdeada. > Adição de nitritos e nitratos em carnes curadas modificam a cor das carnes. São utilizados em produtos derivados da carne, como embutidos, presunto, salame. Impedem a contaminação bacteriana, mas geram uma coloração rosa dos produtos. - Esses aditivos são reduzidos por bactérias, substâncias redutoras e pH do meio, até o óxido nítrico, que vai influenciar na coloração da mioglobina. Reação do óxido nítrico com a mioglobina. Primeiro ocorre a formação do composto nitrosomioglobina, que, pelo aquecimento e consequente desnaturação da globina, forma o nitrosohemocromo, que tem coloração rosada. Clorofilas > Clorofilas: são pigmentos absorventes de luz presentes em plantas verdes, algas e bactérias fotossintéticas. > Estrutura derivada da porfirina com magnésio central, acoplada a um grupamento fitol. > Principais representantes no alimento: clorofila a e clorofila b, que se diferenciam pelo grupamento ligado à cadeia da porfirina. > Nomenclatura dos derivados da clorofila de acordo com seus processamentos: > Tipos de alterações das clorofilas em alimentos: → Enzimáticas: hidrólise do fitol da cadeia da clorofila pela ação da enzima clorofilase, modificando a coloração do alimento. Isso pode ocorrer naturalmente durante o amadurecimento dos alimentos. A produção de etileno ativa as clorofilases durante o amadurecimento dos frutos, o que altera a sua coloração, pela redução da coloração esverdeada da clorofila, evidenciando outros pigmentos presentes no alimento. → Aquecimento: leva à isomerização das clorofilas por inversão do grupo carbometoxi em C10 (clorofilas a’ e b’) e deslocamento do magnésio por dois átomos de hidrogênio. Isso gera uma coloração verde oliva (mais claro). A estrutura sem o magnésio é chamada de feoftina. Dependendo do tipo de processo, a feofitina pode ser convertida em pirofeoftina, mas estas têm a mesma coloração. A coloração verde-oliva de vegetais enlatados é proveniente da degradação das clorofilas (esterilização comercial de enlatados, por processo de aquecimento). → Ácidos – redução do pH. O pH afeta a degradação da clorofila sob aquecimento. Em meio básico a clorofila é muito estável. Em meio básico a clorofila forma a clorofilida, com verde mais vivo. Geralmente os restaurantes cozinham os alimentos verdes em água com bicarbonato. Um pH ácido forma feofitina, que tem uma coloração verde-castanho. → Complexos metálicos: nos derivados livres de magnésio pode ocorrer o deslocamento de átomos de hidrogênio por Zn e Cu, formando complexos metálicos verdes estáveis em pH ácido ou alcalino. Assim, podem ser utilizados na indústria de alimentos como corantes naturais para conferir coloração verde. → Alomerização → Fotodegradação > Estratégias para preservar a coloração verde de vegetais durante o processamento: Carotenoides > Carotenoides: pigmentos amplamente distribuídos na natureza com função na fotossíntese e fotoproteção de tecidos vegetais. Coloração varia do amarelo ao vermelho-alaranjado. > Estrutura: são compostos lipossolúveis constituídos por unidades isoprenoides ligadas covalentemente numa molécula simétrica de 40C, sendo classificados como tetrapernoides (8 unidades isoprenoides). > a maioria dos carotenoides possui um grupo cíclico terminal. - Beta-caroteno: nas duas extremidades, há um grupo cíclico chamado de beta-ionona. Isso confere a esse caratenoide a possibilidade de ser convertido 2 moléculas de vitamina A no nosso organismo. Os grupamentos da cadeia cíclica terminal são o que diferencia um carotenoide de outro. - Apocarotenal: não tem anel na porção terminal e tem uma estrutura menor. > Os carotenoides tem ocorrência e distribuição variada nos alimentos. Cada um deles ou uma mistura deles confere uma coloração especifica ao alimento: > A ocorrência e distribuição desses pigmentos depende de fatores como exposição à luz, clima e região de cultivo, tipo de solo, uso de pesticidas e adubo, e estagio de maturação do fruto. > Geralmente, os alimentos ricos em clorofila também são ricos em carotenoides. Contudo, a coloração dos carotenoides é mascarada pela clorofila – mais forte. > Os carotenoides de ocorrência natural são encontrados, geralmente, na sua forma trans. - Podem ser caracterizados no alimento pela separação cromatográfica, devido às características polares e apolares, pela presença de grupamentos de hidroxila. > Os carotenoides são suscetíveis a diferentes reações químicas durante o processamento. Todos podem levar à perda de coloração e funções biológicas. → Oxidação: devido ao grande número de ligações duplas conjugadas e pelo seu caráter lipofílico. → Antioxidante: ajudam a inibir a peroxidação lipídica em baixas pressões de oxigênio, já que se oxidam o lugar deles. → Isomerização: configuração natural trans pode ser convertida em cis por processamento térmico (trans- beta-carotenos em cis-beta-carotenos) As temperaturaselevadas podem formar produtos de fragmentação de produtos voláteis. Antocianinas > Antocianinas: são pigmentos de origem vegetal, da classe dos flavonoides, subclasse das antocianidinas. > São responsáveis pela coloração roxa, azul, violeta, vermelha e laranja nas plantas. > São amplamente distribuídos em frutas: blueberry, amora, framboesa, jabuticaba, jamelão, e vegetal como repolho roxo. > Estrutura básica é o 2-fenilbenzenopirona (cátion flavylium), derivados das antocianidinas. Ocorrem como glicosídeos com diferentes graus de hidroxilação. Aglicona = sem substituintes. > Cada antocianina tem uma coloração diferente, e a mistura delas influencia na cor observada nos alimentos. - A copigmentação (associação com taninos, proteínas, polissacarideos e flavonoides) realça a coloração das antocianinas. Alta associação: antocianinas se complexando entre si. Complexação intermolecular: antocianina + outra molécula. Complexação metálico: com metais Copigmentação intramolecular: interações dentro da própria cadeia da antocianina, formando complexos mais estáveis aos fatores externos. > geralmente, a aglicona está conjugada a açúcares. - Açucares mais comuns: glicose, ramnose, galactose, arabinose, xilose, di- e tr- sacarídeos. > Antocianina acetilada: conjugação com um grupamento acil. Torna as antocianinas mais estáveis que as glicosiladas. > O grau de hidroxilação, conjugação com açúcares diferentes e outros componentes modifica a cor das antocianinas. > São pigmentos instáveis ao processamento (pH, temperatura e concentração de oxigênio), sendo mais estáveis em pH ácido. - Outros fatores como exposição à luz, presença de metais, enzimas e o tipo de açúcar presente na molécula também afetam diretamente a estabilidade de antocianinas. - O pH afeta diretamente a conformação estrutural e consequentemente a estabilidade e cor das antocianinas. Isso é devido à conformação de um cátion que ela tem. No pH ácido forma-se o cátion cianina, que é mais estável. A variação desse pH modifica a cor e estabilidade. Em pHs mais baixos a coloração é menos alterada devido à maior estabilidade. > o aumento da hidroxilação diminui a estabilidade e o aumento da metoxilação aumenta a estabilidade – menos reativas. > as antocianinas glicosiladas ou aciladas (ligadas a ácidos aromáticos e alifáticos) são mais estáveis. Quanto maior o grau de esterificação, maior a estabilidade. > A temperatura influencia na estrutura e estabilidade das antocianinas. - Quanto maior a temperatura, maior é a degradação das antocianinas. > A luz UV, fluorescente e o escuro influenciam na estabilidade das antocianinas. Influencia dessas luzes na estabilidade de antocianinas da batata doce. Betalaínas > São pigmentos que possuem coloração semelhante à das antocinainas. > Estão distribuídos em uma família especifica de vegetais, da qual a beterraba faz parte. Além de amaranto, pitaya vermelha e figueira da Índia. > Existem como sais internos nos vacúolos das células vegetais, para se tornarem mais solúveis. > Geralmente a presenta de betalaínas exclui a presença de antocianinas. > A estrutura das betalaínas é proveniente da condensação de uma amina primária com o ácido betalâmico. Podem ser classificadas como: - Bectacianinas são vermelhas - Betaxantinas amarelas. > Principais betalaínas presente nos vegetais: > Na beterraba vermelha, as principais betalaínas são a betanina e a isobetanina, e no amaranto são a amarantina e a isoamarantina. > Fatores que influenciam sua coloração: - Variação do pH: não há mudança de tonalidade entre pH 4,0 e 7,0. Em condições alcalinas e sob aquecimento em condições ácidas (ou seja, pH extremos), a betanina é degradada a ácido betalâmico e ciclodopa-5-O-glicosídeo, que não possuem coloração característica da betalaína. Essa reação é dependente da atividade de água do meio, porque precisa de água para hidrólise. Além de ser reversível. - Absorvem fortemente a luz (coloração muito intensa) Resumo dos Pigmentos nos Alimentos
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