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Contrato individual de trabalho e suas garantias Prof. Felipe Gonçalves Fernandes Descrição Abordagem do contrato de trabalho como elemento central da relação empregatícia, com a verificação dos elementos essenciais à sua formação, bem como o regime jurídico de sua alteração, verbas decorrentes, extinção e obrigações no término. Propósito Compreender o contrato de trabalho possibilita que estudantes e operadores do direito verifiquem a regularidade das relações empregatícias, bem como os direitos e deveres oriundos desses liames, em especial no que tange às consequências jurídicas referentes à sua formação, execução e extinção. Preparação Antes de iniciar o estudo, pesquise e acesse a Consolidação das Leis do Trabalho, com foco no seu Título IV (artigos. 442 a 504), a fim de obter uma visão inicial da normatização básica do tema. Objetivos Módulo 1 Requisitos do contrato de trabalho Reconhecer o contrato de trabalho como elemento central da relação de emprego. Módulo 2 Alterações do contrato de trabalho Identificar as principais alterações, bem como as obrigações impostas no término do contrato de trabalho. Módulo 3 Verbas decorrentes do contrato de trabalho Reconhecer a distinção entre as naturezas das parcelas recebidas pelo empregado. Introdução O contrato de trabalho corresponde ao acordo firmado entre partes para a constituição de uma relação empregatícia. Não obstante se tratar de um contrato, ele possui regime jurídico próprio se comparado com as avenças em geral. Isso se justifica, pois o contrato de trabalho versa sobre o labor humano, que não se confunde com uma mercadoria qualquer, razão pela qual é dotado de requisitos específicos, bem como normatização própria e regras especiais. Esse é o regime jurídico que será analisado. Com a celebração do contrato de trabalho, a expectativa é que as partes, empregado e empregador, cumpram suas respectivas obrigações até a vigência deste. Dessa forma, podem ser necessárias a realização de algumas alterações ao longo da prestação dos serviços, devendo-se sempre observar as obrigações impostas no término do contrato de trabalho. É de se dizer, ainda, que o contrato de trabalho possui uma série de verbas que podem decorrer dele. Isso porque trata-se de uma avença de natureza sinalagmática e onerosa. Como dito, com a celebração do contrato de trabalho, cumprirá ao empregado a realização dos serviços contratados e ao empregador, o pagamento da respectiva remuneração. No entanto, tais verbas percebidas pelo empregado podem possuir naturezas distintas, conforme analisaremos ao longo deste conteúdo. 1 - Requisitos do contrato de trabalho Ao �nal deste módulo, esperamos que você reconheça o contrato de trabalho como elemento central da relação de emprego. Características do contrato de trabalho na CLT A doutrina majoritária considera que o vínculo empregatício possui natureza contratual. Essa relação tem como figura central o empregado, que, a rigor, é o trabalhador que firma contrato de emprego com outrem. Esclarecemos que empregado é toda aquela pessoa física que presta serviços a terceiros com pessoalidade, onerosidade, subordinação e habitualidade. Essa relação identifica um contrato de trabalho, que pode ser expresso ou tácito. Ou seja, não se trata de avença revestida de solenidade: o contrato de trabalho pode, muito bem, surgir da situação fática (preenchidos todos os requisitos, estará formada a relação de emprego), mesmo que as Curiosidade Por uma questão de praxe historicamente consagrada, o contrato relativo ao vínculo emprego é chamado de “contrato de trabalho” (e não “contrato de emprego”), denominação adotada na Consolidação das Leis do Trabalho ‒ CLT, a qual também utilizaremos daqui para frente. partes não firmem um documento expresso e formal quanto a isso, bastando sua concordância inexplícita. Não obstante, há diversos elementos que devem ser analisados quando tratamos do ajuste empregatício. É o que passa a ser exposto a seguir. Segundo o artigo 442 da CLT, contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Diante disso, leciona a doutrina que este consistiria na convenção por meio da qual o empregado, mediante certa contrapartida e em caráter não eventual, presta trabalho pessoal em proveito e sob direção do empregador (GOMES; GOTTSCHALK, 1999). Portanto, o contrato de trabalho, nos termos consagrados pela legislação pátria, identifica a relação de emprego, e não as relações de trabalho em geral. O contrato de trabalho tem as seguintes características (DELGADO, 2018): Comentário Para efeitos de esclarecimento, lembramos que relação de trabalho é um gênero do qual a relação de emprego é espécie, caracterizada pela figura do empregado. Neste sentido, as relações de trabalho lato sensu, a exemplo da parceria ou do trabalho autônomo, podem ser firmadas por outros tipos de convenção, como os contratos de parceria ou os contratos de prestação de serviços, regidos por regramento específico. Natureza privada Apesar das normas impositivas que permeiam o Direito do Trabalho, o contrato de trabalho ainda é considerado fruto da autonomia privada das partes, que estabelecem seu conteúdo livremente, naquilo que não contrariar a legislação. Impõe obrigações contrapostas às partes, que devem ser equilibradas e onerosas. Depende da concordância de ambas as partes, apesar de não se revestir de solenidade, bastando, como regra, a manifestação de vontade (ainda que tácita) para sua constituição. É o contrato firmado, especificamente, com uma pessoa, em razão de suas características próprias, de modo que o empregado não pode se fazer substituir livremente. O contrato de trabalho é avença que se prolonga no tempo, característica ligada à habitualidade inerente à relação de emprego. Trata-se de acordo de vontades que envolve um fazer humano – quem contrata alguém o faz para desempenhar alguma atividade. Sinalagmático Consensual Intuitu personae Trato sucessivo De atividade Imputa benefícios e obrigações às partes. O trabalho é prestado pelo empregado a terceiro e os riscos correm por conta alheia. Sobre o intuitu personae, veja um exemplo a seguir. Elementos do contrato de trabalho Oneroso Alteridade Curiosidade Há mais de uma década, em uma cidade no interior da Bahia, mães e crianças ficaram muito insatisfeitas quando perceberam que um show da dupla de palhaços Patati e Patatá seria realizado por atores diferentes dos originais. A população, nesse caso, entendeu que os “verdadeiros” atores fariam o espetáculo e se viu desrespeitada quando eles não estavam lá. Esse é um exemplo prático de intuitu personae. Os principais elementos do contrato de trabalho Neste vídeo, o professor discorre sobre os elementos essenciais e acidentais do contrato de trabalho. A doutrina identifica três grupos de elementos do contrato de trabalho: Elementos essenciais Elementos acidentais Elementos naturais Veja cada um destes três grupos de elementos: Elementos essenciais O contrato de trabalho, apesar de suas peculiaridades, não deixa de ser um contrato. Por essa razão, deve ser constituído dos mesmos elementos intrínsecos e extrínsecos atinentes aos contratos em geral. Os elementos intrínsecos do contrato de trabalho são o consentimento, a ausência de vícios sociais e a causa. Os elementos extrínsecos, por sua vez, correspondem ao agente capaz, objeto lícito, possível, determinado/determinável e forma prescrita ou não defesa em lei (CASSAR, 2020). Analisemos, primeiramente, os elementos intrínsecos: Elementos essenciais intrínsecos Quanto aos elementos intrínsecos, é notório que as partes devem estar de acordo para firmar um contrato (nisto reside o consentimento). Outrossim, essa vontade não pode estar viciada, de modo que não podem estar presentes os chamados defeitos do negócio jurídico, tais como o erro,o dolo, coação, estado de perigo, lesão, simulação ou fraude. Esses requisitos também são impostos ao contrato de trabalho, de maneira que a vontade das partes (sobretudo do empregado) deve ser isenta de vícios para a regular formação da convenção. Doutra ponta, a causa do contrato de trabalho “é o exercício de uma atividade em troca de uma contraprestação, ou seja, o motivo é o próprio trabalho” (CASSAR, 2020). Nesses termos, firma-se um contrato de trabalho tendo como causa a realização de uma atividade em troca de uma contraprestação. Elementos essenciais extrínsecos Os elementos essenciais extrínsecos correspondem àqueles enumerados no art. 104 do Código Civil, o qual estabelece que a validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei. Dada sua importância e peculiaridades no Direito do Trabalho, analisemos cada um deles em apartado. Agente capaz A capacidade é tratada no Direito do Trabalho de maneira levemente distinta se comparada com aquela pela qual é abordada no Direito Civil. Estabelece o art. 3º do Código Civil que são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de dezesseis anos. Doutra ponta, reza seu artigo 4º que são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Para efeitos laborais, os menores podem firmar contratos de trabalho. Segundo inciso XXXIII do artigo 7º da Constituição Federal, é proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. Interpretando a norma a contrario sensu, conclui-se que a regra constitucional admite o trabalho do menor de 16 a 18 anos (salvo as vedações legalmente impostas) e do menor de 14 anos a 16 anos na condição de aprendiz. Nesses termos, estabelece a CLT, em seu artigo 439, que é lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Ou seja, o menor pode firmar contrato de trabalho e dar recibo dos pagamentos que receber. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável O objeto da relação de emprego deve ser lícito. Assim, ainda que uma pessoa trabalhe para outra com todos os requisitos da relação de emprego (pessoalidade, onerosidade, subordinação e habitualidade) e com ela firme, de forma expressa, documento que pretende ser um contrato de trabalho, mas o objeto da relação for, por exemplo, a venda ilícita de entorpecentes, não haverá contrato de trabalho, devido à ilicitude do objeto (tráfico de drogas). Atenção! Ressalva-se apenas que, em se tratando de rescisão do contrato de trabalho, é vedado a ele dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação pelo recebimento da indenização que lhe for devida. Saiba mais A propósito, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) consagrou esse entendimento na Orientação Jurisprudencial nº 199 da SDI-I, a qual estabelece que é nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, Essas situações, que envolvem a ilicitude do objeto de per si, correspondem ao chamado trabalho ilícito. Elas não formam vínculo empregatício e não geram efeitos. Por outro lado, não se pode confundir o trabalho ilícito com o trabalho proibido. Trabalho ilícito É contaminado por vício no próprio objeto, impedindo a formação do contrato de trabalho. Trabalho proibido É prestado com alguma irregularidade, mas cujo objeto é lícito, não impedindo, dessa maneira, a formação do vínculo. Exemplo clássico de trabalho proibido é aquele abordado pela Súmula nº 386 do TST, que dispõe que, preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar. Ou seja, mesmo que o policial militar seja proibido de trabalhar como segurança particular nas suas horas de folga, ele poderá firmar vínculo empregatício com a empresa que o contratou, eis que o objeto, em si, é ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico. lícito. Assim, ele pode até vir a sofrer sanções disciplinares de sua corporação (o que é outra relação jurídica), mas o vínculo empregatício com a empresa privada não será afetado por isso. Por fim, acerca da determinação do objeto do contrato, dispõe a doutrina que este deve conter todos os elementos necessários para tanto, de modo que é preciso que conste (ou, pelo menos, fique claro no acordo de vontades) o gênero, a espécie, a quantidade ou as características individuais necessárias à realização das atividades (CASSAR, 2020). Forma prescrita ou não defesa em lei Neste ponto, é preciso destacar, primeiramente, que o contrato de trabalho não é ato solene, de modo que, como regra, não necessita de forma específica. Neste sentido, lembramos a redação do art. 443 da CLT, que estabelece que o contrato individual de trabalho pode ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. Não obstante, há situações em que ele depende de formalidades peculiares. Ainda como exemplo de contrato de trabalho dotado de solenidade: Lembramos do contrato de aprendizagem, que, segundo o art. 428 da CLT, é contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o Exemplo É o caso do contrato de trabalho na Administração Pública, o qual, por força do art. 37, II da Constituição da República, depende de prévia aprovação em concurso público para sua validade. aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. Outrossim, o contrato intermitente depende de forma escrita, nos moldes do art. 452-A da legislação consolidada, segundo o qual o contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter, especificamente, o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário-mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. No que se refere aos contratos solenes no Direito do Trabalho, são dignos de nota, ainda, o contrato de trabalho temporário (art. 11, da Lei nº 6.019/74), contrato do atleta profissional (art. 30 da Lei nº 9.615/98) e o contrato do artista profissional (art. 9º da Lei nº 6.554/98). Não obstante, conforme observado, a solenidade é uma exceção nas convenções empregatícias. Como regra geral, estas não possuem forma específica. Elementos acidentais São considerados elementos acidentais aqueles que “embora circunstanciais e episódicos no contexto dos pactos celebrados, alteram-lhes significativamente a estrutura e efeitos, caso inseridos em seu conteúdo” (DELGADO, 2020). Dois exemplos de elementos acidentais são o termo e a condição. Termo é evento futuro e certo em que se extingue ou se inicia a eficácia do negócio jurídico (CASSAR, 2020). Quanto a ele, esclarecemos que, como regra, os contratos no Direito do Trabalho são firmados por prazo indeterminado. Não obstante, é possível que as partes estabeleçam um termo à avença, para que essa se configure com determinação de prazo. A condição, por sua vez, é hipótese mais rara no Direito do Trabalho. Nos termos do art. 121 do Código Civil, considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuroe incerto. Um exemplo constante da CLT é seu art. 475, que trata do empregado aposentado por invalidez, que terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício. Segundo o § 2º de referido dispositivo, se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá rescindir, com este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que tenha havido ciência inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato. Esse seria, portanto, um exemplo de condição na legislação laboral. Elementos naturais Por derradeiro, são considerados elementos naturais aqueles que decorrem da própria essência do contrato de trabalho, de modo que não necessitam de menção expressa para que incidam. Imagine, por exemplo, que duas partes firmem contrato de trabalho. Ainda que elas não acertem nada acerca do pagamento de salários, é natural que haja a obrigação do empregador de quitá-los. Nesses termos, dispõe o art. 460 da CLT que, na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual ao daquela que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente ou do que for habitualmente pago para serviço semelhante. Exemplo Classi�cação Conforme artigo 443 da CLT, o contrato individual de trabalho poderá ser acordado: Tácita ou expressamente Verbalmente ou por escrito Por prazo determinado ou indeterminado Para prestação de trabalho intermitente Expliquemos essas classificações: Contrato de trabalho expresso O salário e a jornada de trabalho são elementos naturais. O contrato de trabalho pode ser expresso quando as partes, de forma inequívoca, demonstram sua vontade de firmar a avença. Contrato de trabalho tácito O contrato de trabalho pode ser tácito quando o vínculo “se forma pelo comportamento das partes diante da prestação pessoal de serviços do trabalhador” (SCHIAVI, 2021). Assim, se uma pessoa física trabalha para outrem com pessoalidade, onerosidade, subordinação e habitualidade, restará firmado um contrato tácito. Contrato de trabalho verbal Os contratos podem ser firmados de maneira verbal, sem a necessidade de um instrumento escrito: as partes simplesmente entram em acordo por meio da linguem oral e decidem pelo início da avença. Contrato de trabalho escritos Os contratos podem ser escritos (o que é mais comum), quando é elaborado um documento ou é anotada a carteira de trabalho do trabalhador. Contrato de trabalho por prazo indeterminado As convenções laborais podem ser firmadas por prazo indeterminado, o que é a regra no Direito do Trabalho: pelo princípio da continuidade da relação de emprego, caso as partes nada disponham acerca do prazo do contrato, presume- se que este foi firmado por prazo indeterminado. Contrato de trabalho por termo especí�co As convenções laborais também podem ser firmadas com um termo específico. São os contratos por prazo determinado. Por derradeiro, a Reforma Trabalhista introduziu no ordenamento jurídico brasileiro o contrato de trabalho intermitente. Dadas as peculiaridades, trataremos, na sequência, do contrato de trabalho por prazo determinado e do contrato de trabalho intermitente. Contrato por prazo determinado Conforme apontado, a regra geral é que os contratos de trabalho sejam firmados por prazo indeterminado. Não obstante, a CLT admite o estabelecimento de contratos por prazos determinados, cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados, ou, ainda, da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. Nesta esteira, o §2º do art. 443 da CLT aduz que será válido o contrato de trabalho por prazo determinado em se tratando de: de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; de atividades empresariais de caráter transitório; de contrato de experiência. Veja as três hipóteses, começando pelo contrato de experiência. Contrato de experiência O contrato de experiência é uma espécie de contrato por prazo determinado e tem por finalidade uma “avaliação recíproca” das partes envolvidas (CORREIA, 2021). Não há determinação expressa de que ele seja realizado por escrito, mas é recomendável que o empregador assim o faça, a fim de não incidir na presunção de que se trataria de contrato por prazo indeterminado. Ele pode ser firmado pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, admitida apenas uma prorrogação (dentro desses 90 dias). A propósito, esta é a redação da Súmula nº 188 do TST, que assim dispõe: O contrato de experiência pode ser prorrogado, respeitado o limite máximo de 90 (noventa) dias. (SÚMULA nº 188 do TST) Além disso, ele é admitido no trabalho doméstico, nos termos do art. 4º, da Lei Complementar 150/2015. Demais contratos por prazo determinado na CLT Os demais contratos de trabalho por prazo determinado estabelecidos na CLT têm regime diferente daquele imposto ao contrato de experiência. Eles não poderão ultrapassar o prazo de 02 (dois) anos, admitida uma prorrogação dentro desse prazo. Segundo o art. 451 da CLT, o contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem determinação de prazo. Se houver, ainda, dois contratos sucessivos, deverá ser respeitado o prazo de 06 (seis) meses entre um e outro, sob pena de a avença ser considerada por prazo indeterminado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos. Contrato por prazo determinado na Lei nº 9.601/98 É ainda digna de menção a hipótese de contratação prevista na Lei nº 9.601/98, a qual, a rigor, expandiu as hipóteses de contrato por prazo determinado. Segundo seu artigo 1º, as convenções e os acordos coletivos de trabalho poderão instituir contrato de trabalho por prazo determinado, independentemente das condições estabelecidas no § 2º do art. 443 da CLT, em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento, para admissões que representem acréscimo no número de empregados. Podemos apontar como requisitos desses contratos, portanto, o acréscimo no número de empregados da empresa e a necessidade de convenção ou acordo coletivo. É importante notar que não há necessidade de concessão de aviso prévio no término do contato por prazo determinado (salvo se houver cláusula assecuratória de direito recíproco, quando serão aplicadas as regras do contrato por prazo indeterminado). Não obstante, caso haja a rescisão antecipada por parte do empregador, este deverá pagar metade dos salários devidos até o termo. Se a rescisão antecipada partir do empregado, este deverá indenizar os prejuízos causados. Na hipótese de extinção regular no termo, o empregado fará jus apenas a saldo de salário, 13º salário proporcional, férias proporcionais mais o terço constitucional e liberação do FGTS. Por outro lado, as avenças firmadas com base nessa lei também deverão respeitar prazo máximo de 02 (dois) anos, sendo permitidas sucessivas prorrogações (respeitados os dois anos). Outrossim, as contratações podem se referir a qualquer atividade desenvolvida pela empresa, o término antecipado dará direito à indenização prevista na negociação coletiva, sendo possível que o empregado adquira estabilidade provisória ao longo do contrato. Contrato intermitente Por derradeiro, analisamos o contrato de trabalho intermitente, inserido na CLT pela Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017). A rigor, trata-se de contrato de trabalho firmado entre as partes, mas que não pressupõe necessariamente a prestação continuada de serviços. As partes assinam a avença e o empregado pode vir a ser acionado de maneira interrompida. Segundo o §3º do art. 443 da CLT, considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternânciade períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. É importante lembrar que o período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros contratantes. Conforme o art. 452-A da CLT, o contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e dele devem constar, especificamente, o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário-mínimo ou àquele devido aos d i d d t b l i t Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das parcelas referentes a: remuneração; férias proporcionais com acréscimo de um terço; décimo terceiro salário proporcional; repouso semanal remunerado; adicionais legais. A cada doze meses, o empregado adquirirá direito a usufruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. Nesses termos, o empregador convocará o empregado, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa, sendo que essa não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. Desse modo, o empregado é convocado de forma intermitente e não é obrigado a aceitar. No entanto, aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que o descumprir, sem justo motivo, pagará à outra, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo. convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Características do contrato de trabalho Módulo 1 - Vem que eu te explico! Contrato intermitente Questão 1 (2019 ‒ VUNESP ‒ Prefeitura da Estância Turística de Guaratinguetá ‒ VUNESP - 2019 ‒ Prefeitura da Estância Turística de Guaratinguetá – Procurador) O contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria, é o: Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. Questão 2 (2018 ‒ IBADE ‒ Câmara de Porto Velho - RO ‒ IBADE - 2018 ‒ Câmara de Porto Velho - RO – Procurador) Pode-se apontar como correto, em relação ao contrato de trabalho regido pela CLT, que: A de prazo determinado. B trabalho intermitente. C trabalho temporário. D teletrabalho. E trabalho autônomo. Responder A o referido contrato só pode ser firmado expressamente. B contrato de trabalho por prazo determinado de dois anos poderá ser prorrogado uma única vez, por igual período. C é exigida forma especial para a validade e eficácia do contrato em apreço, motivo pelo qual não é permitida a forma verbal. 2 - Alterações do contrato de trabalho Ao �nal deste módulo, esperamos que você identi�que as principais alterações, bem como as obrigações impostas no término do contrato de trabalho. Aspectos iniciais Uma vez firmado o contrato de trabalho, a tendência é que ele siga seu curso e as partes mantenham os termos acordados até o seu fim. Não obstante, é possível que, ao longo da prestação dos serviços, algumas alterações se façam necessárias. Vejamos as principais delas, bem como as obrigações impostas no término do contrato de trabalho. D no caso de contrato de experiência, este pode ser prorrogado uma única vez, desde que não exceda o prazo de 90 dias. E contrato de experiência pode ser estipulado oralmente e não pode exceder o prazo de 180 dias. Responder Primeiramente, é importante notar que vige no Direito do Trabalho o princípio da inalterabilidade contratual lesiva, de maneira que o contrato de trabalho não poderá ser alterado para prejudicar o empregado, mesmo que este tenha concordado. Com efeito, o art. 468 da CLT é corolário de tal princípio, estabelecendo que, nos contratos individuais de trabalho, só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Não obstante, o empregador ainda possui algum espaço para a alteração unilateral do contrato. É o chamado jus variandi, que passa a ser analisado a seguir. O jus variandi: alteração unilateral do contrato de trabalho Primeiramente, importante registrar que a doutrina divide o jus variandi em ordinário e extraordinário. Vejamos as diferenças de acordo com Correia (2021): Jus variandi ordinário Jus variandi extraordinário Representaria a “alteração unilateral do contrato realizada no dia a dia da empresa como forma de organizar a prestação de serviços, independentemente de autorização legal ou jurisprudencial” . Se refere à “alteração excepcional que exige a previsão em lei ou jurisprudência”, a exemplo da transferência do trabalho noturno para o diurno. Citamos alguns exemplos de expressão do jus variandi (CORREIA, 2021): alteração da data de pagamento de salários, desde que respeitado o 5º dia útil; alteração do horário de entrada e saída da empresa; alteração do regime de teletrabalho para o presencial; transferência unilateral. Dentre estes, merece uma análise mais detida a transferência de empregados. Transferência de empregados Dentre as expressões do jus variandi, destaca-se a transferência unilateral do empregado. Trata-se de hipótese excepcional, eis que, como regra, a transferência depende da anuência do trabalhador. Comentário Essa é a regra geral. Não obstante, existem hipóteses em que esse ato pode ser praticado de forma unilateral. Um exemplo em que a lei admite a transferência unilateral se refere aos empregados que exerçam cargo de confiança e daqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. Admite-se, ainda, a transferência unilateral quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado (do contrário, poderia haver o término do contrato). Por fim, em caso de necessidade de serviço, o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado recebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. Assim, concluímos: como regra, o empregador não pode transferir unilateralmente os empregados. No entanto, a própria lei traz algumas situações em que isso é possível (empregados que exerçam cargos de confiança, empregados cujo contrato tenha como condição implícita ou explícita a necessidade de transferência, extinção do estabelecimento e transferência provisória por necessidade do serviço). Em outras palavras, conforme dispõe o art. 469, caput, da CLT, é vedado ao empregador transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho O contrato de trabalho envolve a prestação de uma atividade. Por se tratar de um contrato sinalagmático,pressupõe-se que haja obrigações recíprocas às partes: ao empregado cumpre prestar os serviços e ao empregador é imposto o pagamento de salários. No entanto, há situações em que não há a prestação de serviços, mas, ainda assim, o contrato segue mantido. São os casos de suspensão e interrupção do contrato de trabalho. A diferença básica entre esses dois institutos são: Suspensão do contrato de trabalho O empregado não trabalha, não havendo, na sequência, contagem de tempo de serviço nem pagamento de salários. Interrupção do contrato de trabalho Não há prestação de serviços, mas há contagem de tempo e pagamento de salários. Vejamos as hipóteses mais comuns referentes a cada uma delas. Interrupção do contrato de trabalho As hipóteses clássicas de interrupção do contrato de trabalho estão previstas no artigo 473 da CLT, que possibilita ao empregado deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: Até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica – é a chamada “licença nojo”; Até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento – trata-se da “licença gala”; Por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; Até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva; No período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do serviço militar referidas na letra "c" do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar); Nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame para ingresso em estabelecimento de ensino superior (prova de vestibular/ENEM); Pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo; Pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro; Até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira; Por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica; Até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de câncer devidamente comprovada. Outras hipóteses que podem ser mencionadas são os casos de paralisação da empresa; os primeiros 15 dias do afastamento por doença ou acidente (após esse lapso, converte-se em suspensão, pois o empregado passa a receber benefício previdenciário) e previsão em negociação coletiva. Outrossim, prevalece na doutrina que o afastamento para fins de licença-maternidade é caso de interrupção do contrato de trabalho, bem como as férias e o descanso semanal remunerado. Suspensão do contrato de trabalho Dentre outras, são hipóteses de suspensão do contrato de trabalho, nas quais o empregado não trabalha e não recebe salários, nem é contado o tempo de serviço: Afastamento por motivo de doença após o 15º dia consecutivo; Greve; Empregado eleito para cargo de dirigente sindical; Empregado eleito diretor de S/A; Qualquer espécie de licença não remunerada; Afastamento do trabalhador para participar de curso de qualificação profissional pelo período de 02 a 05 meses; Suspensão disciplinar; Empregado afastado para fins de inquérito judicial para apuração de falta grave; Intervalos interjornada e intrajornada. Extinção do contrato de trabalho O contrato de trabalho obriga as partes, mas ele pode chegar a um fim, o qual pode se dar de várias formas. É possível que essa extinção se dê pela simples vontade das partes, quando haverá uma resilição. Por outro lado, caso haja alguma nulidade contratual, o caso será de rescisão. E, por derradeiro, caso o fim do contrato se dê em razão do cometimento de falta grave, estaremos diante de uma resolução. Vejamos essas hipóteses. Formas de extinção do contrato de trabalho Neste vídeo, o professor explica as diferentes formas de extinção do contrato de trabalho. Resilição Primeiramente, é possível que haja a resilição do contrato, consistente em uma potestade de empregados e empregadores. Ou seja, eles, por suas próprias vontades (sem que tenha havido o cometimento de falta grave), resolvem dar fim ao contrato de trabalho. Isso pode se dar de forma unilateral ou bilateral. Vejamos: Resilição unilateral por parte do empregado Caso parta do empregado, teremos um pedido de demissão (o empregado decide pôr fim ao contrato). Resilição unilateral por parte do empregador Caso parta do empregador, temos uma dispensa ou despedida sem justa causa. Resolução A resolução é o fim do contrato de trabalho em razão do cometimento de falta grave. Essa pode ser praticada pelo empregado (justa causa), pelo empregador (caso de rescisão indireta) ou por ambos os sujeitos (culpa recíproca). Na sequência, observemos cada uma delas. Dispensa por justa causa Conforme observado, a dispensa por justa causa se dá em razão do cometimento de falta grave pelo empregado. São requisitos dela: tipicidade (deve haver previsão legal da conduta como hipótese de justa causa); autoria e materialidade (a pessoa a quem é imputada a falta grave deve ter sido a sua causadora e essa deve acarretar lesão significativa ao bem jurídico protegido); nexo de causalidade (deve haver um nexo entre a conduta praticada e o evento faltoso); imediatidade (caso o empregador demore muito a aplicar a justa causa, configura-se o perdão tácito); proporcionalidade (a pena aplicada deve ser proporcional à falta). São hipóteses de justa causa, conforme artigo 482 da CLT: Resilição por ambas as partes Caso as partes ponham fim ao contrato, de comum acordo, estaremos diante de um distrato. Ato de Improbidade – refere-se a ato de desonestidade do agente (exemplo disso é o roubo na empresa ou a falsificação de atestado médico); Incontinência de conduta – alude a questões ofensivas de cunho sexual, como, por exemplo, o assédio sexual a colegas de trabalho; Mau procedimento – versa sobre a conduta desrespeitosa, a falta de urbanidade do empregado; Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; – são os atos de comércio praticados pelo empregado, em prejuízo do trabalho ou em concorrência ao empregador; Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena – trata-se de situação incompatível fisicamente com a prestação de serviços; Desídia no desempenho das respectivas funções; – refere-se à preguiça, ao empregado relapso, mas isso deve ocorrer com alguma habitualidade; Embriaguez habitual ou em serviço – hoje, há alguma divergência quanto à aplicabilidade da embriaguez habitual, haja vista que essa pode representar uma moléstia, de modo que é defensável o afastamento para tratamento do empregado para tratamento médico (ou a sua aposentadoria por invalidez), em vez da simples demissão; Violação de segredo da empresa – hipótese em que ocorre a quebra de confiança; Ato de indisciplina ou insubordinação – desobediência a normas gerais ou específicas, respectivamente; Abandono de emprego – falta injustificada de mais de 30 dias (Segundo a Súmula nº 32 do TST, presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de trinta dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer); Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos,salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem – um detalhe é que essa ofensa pode ocorrer em qualquer lugar para efeitos de justa causa; Prática constante de jogos de azar; Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. São dignas de menção, ainda, hipóteses de justa causa que não estão no art. 482 da CLT, tais como: Lei dos Domésticos: Art. 27, I, LC 150. Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei: - submissão a maus tratos de idoso, de enfermo, de pessoa com deficiência ou de criança sob cuidado direto ou indireto do empregado; Recusa ao uso de EPI: Art. 158, Parágrafo único, CLT. Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa. Rescisão indireta A rescisão indireta se refere ao término do contrato de trabalho por falta grave cometida pelo empregador. Ela acarreta os mesmos efeitos jurídicos da dispensa sem justa causa. Suas hipóteses normativas estão previstas no art. 483 da CLT. Vejamos: Exigência de serviços superiores às forças do obreiro; Exigência de atos defesos por lei; Exigência de atos contrários aos bons costumes ou alheios ao contrato; Quando for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; Exposição do empregado a perigo manifesto de mal considerável; Na hipótese de não cumprir o empregador as obrigações do contrato – ex.: atraso de salários; Quando praticar o empregador, ou seus prepostos, contra o empregado ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama – não é preciso que seja crime; Se o empregador ou seus prepostos ofenderem fisicamente o empregado, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; Quando o empregador reduzir sensivelmente o trabalho do empregado, afetando sensivelmente a importância dos salários. Culpa recíproca A culpa recíproca compreende a prática de ato faltoso tanto pelo empregado quanto pelo empregador. São requisitos dela: Falta grave de ambos os atores (empregado e empregador). Nexo de causalidade e contemporaneidade. Proporcionalidade. Neste caso, são devidas ao empregado metade das verbas rescisórias a que ele teria direito na dispensa sem justa causa. São elas: 50% do aviso prévio. 50% do 13º salário. 50% das férias proporcionais. 20% a título de indenização de FGTS. Além disso, saldo de salários, férias e 13º vencidos devem ser pagos integralmente. Outras hipóteses Além das hipóteses citadas, de maior incidência no mundo dos fatos, a legislação trabalhista também enumera outras formas de extinção do contrato de trabalho, tais como a força maior, a morte do empregador, a aposentadoria e o fato do príncipe. Força maior Conforme o art. 501 da CLT, entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente. Ressalva a lei que a mera imprevidência do empregador exclui a razão de força maior. Outrossim, à ocorrência do motivo de força maior que não afetar substancialmente, nem for suscetível de afetar, em tais condições, a situação econômica e financeira da empresa, não se aplicam as disposições referentes ao instituto em questão. Em ouras palavras, o evento deve afetar sensivelmente as atividades do empregador. Assim, os serviços podem restar impossibilitados em razão de força maior, impondo a extinção do contrato de trabalho. Configurada a força maior, o empregado terá direito à indenização do FGTS pela metade (20%), devendo o empregador arcar com as demais verbas rescisórias. Morte do empregador Como regra, a morte do empregador não afeta os contratos de trabalho. No entanto, há hipóteses específicas em que isso ocorrerá. Neste sentido, a morte do empregador pessoa física poderá levar à extinção do contrato de trabalho. Hipótese 1 A primeira situação está prevista no art. 485 da CLT, segundo o qual, quando cessar a atividade da empresa, por morte do empregador, os empregados terão direito, conforme o caso, à indenização a que se referem os art. 477 e 497. Equivalerá, portanto, à dispensa sem justa causa. Hipótese 2 A outra hipótese reside na morte do empregador individual. Nesses casos, segundo o §2º do art. 483 da CLT, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho. Equivale ao pedido de demissão, mas a doutrina majoritária entende que o empregado não precisará conceder aviso prévio. Aposentadoria Via de regra, a aposentadoria não extingue o contrato de trabalho. Ou seja, o empregado pode se aposentar pelo INSS e continuar prestando serviços normalmente. Este é o entendimento consagrado na Orientação Jurisprudencial nº 361 da SDI-I do TST: OJ 361, SDI-I. A aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de trabalho se o empregado permanece prestando serviços ao empregador após a jubilação. Assim, por ocasião da sua dispensa imotivada, o empregado tem direito à multa de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósitos efetuados no curso do pacto laboral. (Orientação Jurisprudencial nº 361 da SDI-I do TST) No entanto, em se tratando de empregados públicos, dispõe o §14 do artigo 37 da Constituição Federal (incluído pela EC 103/2019), que a aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. Ou seja, para os empregados da iniciativa privada em geral, a aposentadoria não é causa de extinção do contrato de trabalho. No entanto, para empregados públicos (contratados pela Administração Pública direta ou indireta), sim. Fato do príncipe Segundo o art. 486 da CLT, no caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável. Em outras palavras, caso as atividades do empregador se tornem impossíveis de realizar, em virtude de ato do Poder Público, este deverá arcar com o pagamento da indenização do término contratual. Observe-se que não se trata do pagamento de todas as verbas rescisórias. Entende a doutrina que, nesses casos, compete à Administração Pública responsável pela paralisação o pagamento apenas do aviso prévio e da indenização do FGTS dos empregados dispensados. Rescisão A rescisão corresponde ao término do contrato de trabalho em decorrência da existência de alguma nulidade. Um exemplo dessa hipótese é o fim do contrato de trabalho com a Administração Pública em virtude da inobservância à regra do concurso público, conforme consagrado na Súmula nº 363 do TST: A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. (SÚMULA nº 363 do TST) Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! O jus variandi: alteração unilateral do contrato de trabalho Módulo 2 - Vem que eu te explico! Suspensão e interrupção do contrato de trabalho Questão 1 (2018 ‒ FCC ‒ Prefeitura de Caruaru - PE ‒ FCC - 2018 ‒ Prefeitura de Caruaru - PE ‒ Procurador do Município) Na empresa X, Valter, que presta serviços como ajudante geral, apresentou um atestado médico para abono de falta ao serviço, constatado como falso; Solange, auxiliar de almoxarifado, recusou- se a usar o uniforme com o logotipo da empresa, regra especificada no RegulamentoInterno. Por fim, Arnaldo, motorista da caminhonete, perdeu sua carteira de habilitação por não ter seguido as regras de trânsito, ultrapassando o limite de multas e pontuação. Nos casos hipotéticos, a empresa X poderia dispensar por justa causa: Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. A Valter por improbidade; Solange por insubordinação e Arnaldo por perda da habilitação. B somente Valter por incontinência de conduta e Solange por insubordinação. C Valter por improbidade; Solange por indisciplina e Arnaldo por perda da habilitação. D somente Valter por improbidade. Questão 2 (2017 ‒ FMP Concursos ‒ PGE-AC ‒ FMP Concursos - 2017 ‒ PGE- AC ‒ Procurador do Estado) De acordo com entendimento sumulado pelo Tribunal Superior do Trabalho, é CORRETO afirmar que a contratação de servidor público, após a Constituição Federal de 1988, sem a prévia aprovação em concurso público, E somente Solange por indisciplina e Arnaldo por perda da habilitação. Responder A somente confere ao trabalhador o direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. B confere ao trabalhador todos os direitos trabalhistas devidos ao empregado pela aplicação do princípio da primazia da realidade. C diz respeito a um contrato nulo, não capaz de gerar qualquer efeito. D apenas confere ao trabalhador o pagamento do salário pactuado, do FGTS, das férias e do décimo terceiro pactuados. E gera vínculo empregatício, tendo o empregado público direito à anotação da CTPS, além dos direitos trabalhistas previstos na CLT. 3 - Verbas decorrentes do contrato de trabalho Ao �nal deste módulo, esperamos que você reconheça a distinção entre as naturezas das parcelas recebidas pelo empregado. Primeiras observações O contrato de trabalho é uma avença de natureza sinalagmática e onerosa. Neste sentido, cumpre ao empregado despender os serviços contratados e ao empregador, o pagamento da respectiva remuneração. Não obstante, as parcelas recebidas pelo empregado podem ter naturezas distintas. É o que veremos a seguir. Remuneração e salário O conceito de remuneração abarca “a contraprestação paga diretamente pelo empregador e, ainda, por terceiros, por meio de gorjetas” (CORREIA, 2021). Responder Essa caracterização é extraída do artigo 457 da CLT, que dispõe compreender-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. Com efeito, dispõe seu §3º que é considerado gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. Assim, temos um conceito mais amplo (de remuneração), que compreende salários mais gorjetas, e um mais específico, referente ao salário, que é considerado “o conjunto de parcelas contraprestativas pagas pelo empregador ao empregado em função do contrato de trabalho” (DELGADO, 2018). Composição do salário Verbas componentes do salário Neste vídeo, o professor discorre sobre várias verbas que compõem o salário. Não obstante, o salário não é composto de uma única parcela. Na verdade, o pagamento salarial sem a devida discriminação das verbas recebidas pelo empregado é chamado de salário complessivo, repudiado pelo Ordenamento Jurídico pátrio. No entanto, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; Atenção! Neste sentido, lembramos que o salário pode ser pago em dinheiro ou in natura, ressalvando que pelo menos 30% do salário deve ser pago em dinheiro. Assim, conforme art. 458 da CLT, além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado, não sendo permitido, em caso algum, o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; seguros de vida e de acidentes pessoais; previdência privada; o valor correspondente ao vale-cultura; ainda, o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito. No que tange às parcelas pagas em pecúnia, vejamos abaixo aquelas que possuem natureza salarial e, na sequência, as de natureza indenizatória. Parcelas salariais Comecemos, neste tópico, pelas parcelas salariais, assim chamadas porque devem refletir nas demais verbas trabalhistas, a exemplo das férias e décimo terceiro salário. Comissões e percentagens As comissões e percentagens são pagas aos empregados de remuneração variável, devidas, por exemplo, em razão da venda de um produto. As primeiras são calculadas em valores fixos, ao passo que as percentagens correspondem a um percentual incidente sobre o valor da operação. Grati�cações Gratificações são parcelas pagas em razão da prestação de serviço sob certas condições (função, tempo de serviço, dentre outros). Assim, podemos ter gratificações por tempo de serviço; gratificações semestrais, etc. Adicional de horas extras A Constituição Federal garante a remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. Em virtude disso, a lei instituiu o chamado adicional de horas extras. O art. 59 da CLT possibilita ser a duração diária do trabalho acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Nesses casos, a remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal, correspondente ao adicional ora tratado. Adicional noturno O trabalho prestado em horário noturno deverá ser compensado com o respectivo adicional. Para o empregado urbano, considera-se hora noturna aquela das 22:00 às 05:00, calculada em 52 minutos e 30 segundos, devido o adicional de adicional de 20%. Para o empregado rural, por sua vez, é considerado noturno o trabalho prestado na agricultura das 21:00 às 05:00 e na pecuária, das 20:00 às 04:00, sendo a hora noturna calculada em 60 minutos. Nesses casos, é devido o adicional de 25%. Atenção! Lembramos que apenas as gratificações legais integram o salário. Adicional de transferência Segundo o art. 469 da CLT, ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. No entanto, em caso de necessidade de serviço, o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. Esse é o adicional de transferência. Adicional de periculosidade Existem determinadas atividades que são consideradas perigosas, de modo que, laborando o empregado nessascondições, fará jus ao respectivo adicional. Segundo o artigo 193 da CLT, são consideradas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado. Tais riscos expôem permantentemente o trabalhador a situações que envolvem: inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; atividades de trabalhador em motocicleta. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Adicional de insalubridade Existe, ainda, a possibilidade de exposição do empregado a agentes nocivos a sua saúde. Isso ocorre nas chamadas atividades ou operações insalubres, aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Nesses casos, assegura-se ao empregado a percepção de adicional de insalubridade, que será pago à base de 10%, 20% ou 40% sobre o salário- mínimo, caso esta se dê em grau mínimo, médio ou máximo, respectivamente. Décimo terceiro salário O art. 7º, VIII da Constituição da República garante o pagamento do décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria. Também é chamado de gratificação natalina, devendo ser pago pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano, tomando-se por base a remuneração devida nesse mês de acordo com o tempo de serviço do empregado no ano em curso. A gratificação corresponderá a 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente, sendo que a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral. Conforme art. 3º do Decreto nº 57.155/1965, entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação, de uma só vez, metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior. Parcelas de natureza indenizatória Vimos, anteriormente, as parcelas de natureza salarial, ou seja, que integram a remuneração do empregado para todos os fins. Por outro lado, existem aquelas parcelas que não refletirão nas demais verbas. São as chamadas parcelas indenizatórias. São exemplos delas: Participação nos lucros e resultados; Ajuda de custo; Auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro); Diárias para viagem; Abonos; Prêmios; Vale-transporte; Salário-família. Obrigações no término do contrato de trabalho Quando terminado o contrato de trabalho, emergem algumas obrigações ao empregador. Dentre elas, destacam-se: A anotação do término na Carteira de Trabalho e Previdência Social. A comunicação da dispensa aos órgãos competentes. Pagamento das verbas rescisórias. Nos ateremos à frente ao pagamento das verbas rescisórias. Forma de pagamento Conforme o §2º do art. 477 da CLT, o instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas. Ou seja, deve constar do recibo a natureza de cada parcela e seu respectivo valor. Outrossim, o pagamento das verbas rescisórias pode ser efetuado: a) em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as Comentário Lembramos, ainda, que não se faz mais necessária a assistência do sindicato ou do Ministério do Trabalho no término do contrato de trabalho. partes ou; b) em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto. Prazo Nos termos do §6º do art. 477 da CLT, as verbas rescisórias devem ser pagas no prazo de 10 (dez) dias, contados do término do contrato de trabalho. Aviso prévio Conforme o inciso XXI do art. 7º da CLT, é garantido aos empregados urbanos e rurais o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo, no mínimo, de trinta dias, nos termos da lei. A Lei nº 12.506/2011 garantiu a proporcionalidade do aviso prévio, ficando da seguinte forma: Aos empregados que contem até 1 ano de serviço Será concedido na proporção de 30 (trinta) dias. Aos empregados que contem mais de 1 ano de serviço Serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias. Lembramos, por derradeiro, que o aviso prévio poderá ser trabalhado ou indenizado, projetado o tempo de serviço nele compreendido para todos os fins. Verbas devidas no pedido de demissão No pedido de demissão, o empregado decide pôr fim ao contrato de trabalho, de modo que o empregador não pode se opor a isso. Neste caso, são devidas as seguintes verbas: Saldo de salários; 13ª proporcional; Férias vencidas + 1/3 (se houver); Férias proporcionais + 1/3. Lembramos que, na hipótese sob estudo, o empregado deve conceder aviso prévio ao empregador e não poderá levantar os depósitos de FGTS. Verbas devidas na dispensa sem justa causa Por outro lado, o empregador também pode, imotivadamente, dar fim ao contrato de trabalho. Neste caso, ele deverá pagar ao empregado: Saldo de salários; 13º proporcional; Férias vencidas + 1/3 (se houver); Férias proporcionais + 1/3; Aviso-prévio; Saque do FGTS; Indenização de 40% do FGTS; Seguro-desemprego (desde que atendidos os requisitos legais). Uma observação pertinente é que a rescisão indireta (falta grave praticada pelo empregador) gerará os mesmos efeitos da dispensa sem justa causa, de modo que o empregado fará jus a todas as verbas ora tratadas, inclusive o aviso prévio (art. 487, §4º da CLT). Verbas devidas na dispensa por justa causa Caso o empregado cometa falta grave, poderá ser demitido por justa causa, fazendo jus às seguintes verbas: Saldo de salários (se houver); Férias vencidas + 1/3. Verbas devidas na culpa recíproca Em caso de culpa recíproca, há falta grave de ambas as partes. Nesta hipótese, são devidas as seguintes verbas (verbas rescisórias à metade): 50% do aviso prévio; 50% do 13º salário; 50% das férias proporcionais; 20% a título de multa de FGTS. Verbas devidas no distrato O chamado distrato representa a extinção consensual do contrato de trabalho, ou seja, empregado e empregador decidem pôr fim à relação de comum acordo. Neste caso, serão devidos: Aviso prévio (se for indenizado) pela metade; Indenização do FGTS pela metade (logo, à base de 20%); Saldo de salário; 13º salário proporcional; Férias vencidas + 1/3 (se houver); Férias proporcionais + 1/3. O empregado poderá, ainda, levantar até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos de FGTS, mas não receberá seguro-desemprego. Atenção! Uma ressalva: saldo de salários, férias e 13º vencidos são pagos integralmente. Verbas devidas nas hipóteses de força maior Em caso de força maior, são devidas as seguintes verbas: Indenização do FGTS pela metade (20%); Saldo de salários; 13º proporcional; Férias vencidas e proporcionais + 1/3; Liberação do FGTS; Seguro-desemprego; Aviso prévio (existe alguma divergência doutrinária quanto ao seu pagamento, mas é defensável sua incidência). Verbas devidas a término do contrato por prazo determinado Em caso de extinção regular do contrato por prazo determinado, ou seja, alcançado o termo da avença, o empregado fará jus às seguintes verbas: Levantamento dos depósitos de FGTS (sem multa de 40%); 13º salário proporcional; Férias proporcionais + 1/3; Saldo de Salário. No entanto, esse tipo de avença pode ser encerrada antes do prazo final, o que acarretará efeitos rescisórios distintos. Término antecipado pelo empregador Se a iniciativa antecipada partir do empregador, eledeverá pagar ao empregado, a titulo de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato, conforme artigo 479 da CLT. Assim, são devidas as verbas a seguir: Saldo de salário; 13º proporcional; Férias proporcionais + 1/3; Levantamento do FGTS + indenização de 40%; Indenização do art. 479 da CLT. Término antecipado pelo empregado Se a iniciativa antecipada partir do empregado, ele deverá indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem. Não obstante, fará jus às verbas mencionadas a seguir: Saldo de salário; 13º proporcional; Férias proporcionais + 1/3. Lembramos que, neste caso, o empregado não poderá levantar os depósitos de FGTS. Cláusula assecuratória de direito recíproco Por derradeiro, destacamos que: Conforme art. 481 da CLT, aos contratos por prazo determinado que contiverem cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado. Assim, o término será regido conforme as disposições anteriores. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! Adicional de periculosidade Módulo 3 - Vem que eu te explico! Aviso prévio Questão 1 (2019 ‒ VUNESP ‒ Prefeitura da Estância Turística de Guaratinguetá ‒ VUNESP - 2019 ‒ Prefeitura da Estância Turística de Guaratinguetá ‒ Procurador) Para efeitos legais, serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. A Vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço. Questão 2 (2019 ‒ VUNESP ‒ Prefeitura da Estância Turística de Guaratinguetá ‒ VUNESP - 2019 ‒ Prefeitura da Estância Turística de Guaratinguetá – Procurador) De acordo com os moldes e termos contidos na CLT, assinale a alternativa correta. B Educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos à matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático. C Alimentação, habitação, vestuário que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. D Seguros de vida e de acidentes pessoais. E Previdência privada. Responder A A extinção do contrato por acordo autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego. B É devido aviso prévio na despedida indireta. C Na extinção do contrato de trabalho, o pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, quando esse for analfabeto. Considerações �nais Conforme estudamos, o contrato de trabalho é uma convenção de natureza sinalagmática e onerosa, de maneira que ao empregado cumprirá despender os serviços contratados e ao empregador, o pagamento da respectiva remuneração. Nesta esteira, apesar de carecer dos mesmos requisitos dos negócios jurídicos em geral, tais como agente capaz, objeto lícito possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei, este possui caracteres próprios, como a admissão do trabalho do menor e a ausência de solenidade. Assim, a relação empregatícia gera efeitos financeiros. Analisando o fenômeno jurídico consequente, verificamos que remuneração e salário não se confundem, sendo este o conjunto de parcelas contra prestativas pagas pelo empregador ao empregado em virtude dos serviços prestados e aquela, o salário mais as gorjetas. No que tange ao salário, este pode ser pago em dinheiro ou in natura. Além disso, as parcelas pagas aos empregados podem se revestir de natureza salarial, refletindo nas demais verbas para todos os fins, ou indenizatórias, não gerando reflexos. D A compensação no pagamento das verbas rescisórias não poderá exceder o equivalente à metade do salário base do empregado. E O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso prévio, em quaisquer hipóteses de rescisão promovida pelo empregador, será reduzido de 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral. Responder Essas verbas são pagas no curso do contrato de trabalho. No entanto, o seu término também gerará uma série de obrigações, tais como: a) a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (anotação do término); b) a comunicação da dispensa aos órgãos competentes e; c) pagamento das verbas rescisórias. A depender de como se dê o término, as verbas rescisórias devidas variarão, conforme minuciosamente destrinchado. Por derradeiro, escrutinamos as diversas hipóteses de término do contrato de trabalho, com destaque para a resilição (término por potestade de empregados e/ou empregadores); resolução (extinção em razão do cometimento de alguma falta grave); rescisão (término do contrato de trabalho em decorrência da existência de alguma nulidade) e ainda, os casos de força maior, fato do príncipe, morte do empregador e aposentadoria, nas hipóteses em que, de fato, os contratos restam extintos com esses fenômenos jurídicos. Podcast Neste podcast, o especialista irá discorrer sobre os contrato de trabalho, suas principais características, bem como sua alteração e extinção. 00:00 00:00 1x Explore + Assista aos filmes: O patrão invisível, disponível no YouTube, e entenda a Uberização do trabalho. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04439/index.html https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04439/index.html Ricardo Antunes: Trabalho intermitente e o trabalhador hoje no Brasil, disponível no YouTube. Leia os livros: Preciso Demitir. E Agora?, de Karina De Déa Roglio. Demissão. Causas, Efeitos e Alternativas Para Empresa e Indivíduo, de Miguel P. Caldas. Leia o texto complementar: O impacto da desumanização no processo demissional segundo o filme: amor sem escalas, de Laís Santos, disponível no site Jusbrasil. Para entender melhor a motivação da insatisfação apresentada no exemplo sobre intuitu personae, faça uma pesquisa no YouTube com os termos “falso patati patatá bahia”. Referências CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 17. ed. Rio de Janeiro: Método, 2020. CORREIA, H. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 17. ed. São Paulo: LTr, 2018. GOMES, O.; GOTTSCHALK, E. Curso de Direito do Trabalho. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. SCHIAVI, M. Manual Didático de Direito do Trabalho. Salvador: Juspodivm, 2021. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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