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AULA 5 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS Profª Tavany Cibele Coelho 2 CONVERSA INICIAL Neste momento, sugiro que imaginem como o modelo de gestão por competência pode interferir na remuneração e na carreira das pessoas que integram uma organização. Pois bem, já discutimos sobre as premissas do modelo de gestão por competências, assim como a avaliação de desempenho e o desenvolvimento profissional, conceitos que são a base para as temáticas desta aula, pois fornecem a base para as decisões e desenhos das progressões de carreira, sucessões, aumento de remuneração etc. CONTEXTUALIZANDO Ao conversarmos sobre carreira, níveis de complexidade, promoções, sucessão e remuneração, devemos retomar os conceitos da gestão por competência. As informações geradas pelo modelo de competência trazem a consciência de suas fraquezas e o conhecimento das competências individuais e organizacionais, em que os indivíduos podem gerenciar seu futuro emprego ou sucesso da carreira, navegar seu caminho atual de carreira escolhida ou aplicar as informações para examinar as novas oportunidades de carreira (Vazirani, 2010). Para a organização, essas informações são a base para o desenho dos eixos de carreira, níveis de complexidade para cada posto de trabalho, assim como decisões de promoções, sucessões, retenção e desligamento de funcionários. TEMA 1 – CARREIRA E NÍVEIS DE COMPLEXIDADE 1.1 Níveis de complexidade Os níveis de complexidade também são conhecidos como work levels, podendo ser definidos como as experiências adquiridas por meio do desenvolvimento das capacidades de um indivíduo que, ao longo do tempo na organização, desempenha funções com maiores complexidades decorrentes da sua experiência, agregando valor à organização. Dessa forma, podemos dizer que os níveis de complexidade correspondem ao desenvolvimento pessoal que levam o indivíduo a desempenhar atividades mais complexas, indo do mais rotineiro às posições de maior destaque dentro da organização (Fernandes, 2013), ou seja, 3 são as características intrínsecas de uma realidade exigindo níveis diferentes de articulação de repertório de determinada pessoa, considerando que a complexidade não está na situação em si, mas no que ela exige das pessoas, podendo defini-la como o padrão de exigência (Dutra, 2010). Os níveis de complexidade podem ser padronizados e descritos de forma genérica de acordo com as necessidades e características de cada organização, com base nos desafios da carreira dados por uma empresa (Fernandes, 2013). A complexidade pode ser traduzida pela tomada de decisão, pelo nível de atuação (operacional, estratégico e tático), nível de autonomia, local de atribuição e nível de articulação (Kemper; Abravanel; Fernandes, 2014). Com base nesses fatores, ocorre o incremento da complexidade. Dessa forma, relaciona-se ao grau de abstração exigido “para que o profissional tome uma decisão acertada e pode ser medido pelo tempo entre a tomada de decisão e as possibilidades de avaliação dos resultados desta decisão (chamado de time span)” (Kemper; Abravanel; Fernandes, 2014, p. 6). Conforme podemos visualizar na tabela a seguir: Tabela 1 – Níveis de complexidade Fonte: Adaptado de Dutra (2010). Nessa tabela, para cada nível organizacional é apresentada a tomada de decisão e o nível da estruturação das atividades. Podemos evidenciar que, no nível operacional, o indivíduo só recebe decisões e atividades que são estruturadas e rotineiras, sendo o nível de complexidade mais baixo da organização. Já no nível estratégico, o indivíduo decide e responde pelos 4 problemas e possui um alto grau de abstração, ou seja, um maior nível de complexidade. Por exemplo, podemos estipular algumas atividades de acordo com os níveis apresentados na tabela 2: Tabela 2 – Atividades por níveis de complexidade Fonte: Adaptado Dutra (2010, p. 47). Saiba mais Time span: “Maior período de tempo durante o qual o uso do discernimento é autorizado e esperado, sem revisão por um superior” (Jaques citado por Hipólito, 2001) Seguindo esses níveis, cada indivíduo começa por um espaço ocupacional e, conforme vai agregando valor, atendendo aos requisitos e complexidades de acesso aos próximo níveis, passa para o espaço ocupacional seguinte, conforme demonstrado na Figura 1. 5 Figura 1 – Gestão de desenvolvimento Fonte: Adaptado de Dutra (2010). Agora que já discutimos sobre o que é complexidade, é necessário realizar a diferenciação entre complexidade e dificuldade. Dificuldade é uma atividade de difícil execução, mas que pode ser padronizada, sistematizada e reproduzida por outros profissionais do mesmo nível. Complexidade, por sua vez, exige diferentes níveis de articulação, ou seja, o que é exigido do indivíduo, a forma como ele articula as variáveis da atividade (Dutra, 2010). 1.2 Carreira A carreira é a trajetória que um indivíduo percorre ao longo de sua vida profissional, advinda das mudanças dos níveis de complexidade das atividades desenvolvidas. Dessa forma, utiliza-se como base para a carreira as definições de níveis de complexidade, como vimos na Figura 1. O espaço ocupacional evolui cada vez que o nível de complexidade aumenta, coincidindo com o aspecto de carreira, o que é ordenado por eixos (Fernandes; Fleury, 2007). Para cada carreira estabelecem-se as competências necessárias e os critérios para as mudanças, por exemplo, se começamos em uma atividade operacional, já conheceremos o que será necessário para passar para a função tática, ou seja, a carreira pode ser distribuída em eixos que traduzem a trajetória profissional do indivíduo. Os eixos são divididos de acordo com o nível de 6 complexidade, estabelecendo que para a mudança de nível é necessário que o indivíduo atenda às capacidades (inputs - experiência, formação, conhecimento) e as entregas (outputs – atribuições e responsabilidades) do próximo nível (Dutra, 2010), ou seja, quanto maior o nível de complexidade, maior será o eixo de carreira. Ao estabelecer os eixos de carreira a organização deverá que seguir alguns parâmetros (Fernandes, 2013) Respeitar as características do negócio: deve-se atentar para cada setor e para a cultura organizacional, levando em consideração estes aspectos para a lógica de progressão de complexidade. Observar os macroprocessos organizacionais: estruturar a carreira em base aos macroprocessos, buscando o desenvolvimento do negócio. Vincular as entregas e capacidades à lógica da progressão de carreira: em cada eixo são vinculadas as entregas e as capacidades, dessa forma criando uma lógica de crescimento que gradativamente chegue ao último nível. Seguindo esta lógica, a empresa consegue trabalhar com o desenvolvimento profissional de forma mais clara, direcionando também as suas decisões para retenção e liberação de pessoas (Fernandes, 2013). TEMA 2 – LEADERSHIP PIPELINE O leadership pipeline se caracteriza pelos níveis que o gerente percorre no desempenho de sua função, também denominada como passagem na carreira de gestão. De acordo com o estudo de Charan, Drotter e Noel (2001) são seis passagens: 2.1 Primeira passagem A primeira passagem corresponde à transição entre o colaborador individual técnico para gestor de primeira linha. Esse gerente contribui trabalhando dentro de prazos e de forma a atender a objetivos organizacionais. Esses indivíduos são promovidos por apresentarem capacidade de assumir umaresponsabilidade adicional, demonstrando que conseguem lidar com elas. Em muitos casos, esses indivíduos não estão preparados comportalmente, tornando-se gestores sem aceitar ou atender aos requisitos. A sua aprendizagem 7 envolve planejamento, atribuição de trabalho, motivando, treinando e medindo o trabalho dos outros. Outro aspecto difícil é aprender a realocar o tempo, pois muitos ainda perdem tempo com seu trabalho antigo. Eles valorizam ser produtores, mas devem aprender a fazer os outros serem produtivos (Charan; Drotter; Noel, 2001). Exemplo: tenho um profissional financeiro que é muito bom nos controles e lançamentos financeiros e acabo promovendo-o para ser gestor da área de finanças, porém ele não consegue delegar as funções e acaba fazendo o seu antigo trabalho e realizando a função de gestor ineficazmente (Charan; Drotter; Noel, 2001). 2.2 Segunda passagem A segunda passagem é quando o gerente passa de primeira linha para gerente de área. Nessa passagem, o gestor dedica quase exclusivamente seu tempo à gestão, deixando de lado o trabalho técnico. Sua aprendizagem é selecionar e desenvolver pessoas que possam tornar-se líderes, medindo o seu desempenho e auxiliando-os como coaching, aconselhando e formando gestores abaixo deles. Nessa passagem, eles devem desenvolver a percepção da atuação da área que gerenciam na estratégia organizacional (Charan; Drotter; Noel, 2001). 2.3 Terceira passagem A terceira passagem ocorre quando o gerente de área passa a ser gerente funcional, ou gerente geral de determinada função. Na maioria das organizações, há dois gestores abaixo dele. Uma das aprendizagens a serem desenvolvidas são novas formas de comunicação, pois devem articular com outros gestores funcionais e competir por recursos organizacionais, entrando nessa passagem a função estrategista, ou seja, a mistura da estratégia da área funcional e da estratégia geral da organização. Também são responsáveis por gerenciar algumas áreas que não fazem parte de suas experiências. Dessa forma, têm que aprender as peculiaridades dessa área e aprender a valorizá-la (Charan; Drotter; Noel, 2001). 8 2.4 Quarta passagem A quarta passagem ocorre quando o gerente funcional passa a ser gerente de negócios. Nesse momento, torna-se responsável pelos resultados do negócio, integrando diversas funções com o objetivo de gerar lucro. Possui uma autonomia significativa e consegue visualizar o impacto de suas ações e resultados do mercado, sendo uma de suas principais funções a de integrar diversas funções, pensando a longo prazo. Esses gerentes precisam ser sensíveis à diversidade funcional e utilizar a comunicação claramente. É necessário também o pensamento entre curto e longo prazo (Charan; Drotter; Noel, 2001). 2.5 Quinta passagem A quinta passagem é de gerente de negócios para gerente de grupo. É importante aprender a reconhecer o sucesso dos negócios alheios e apoiar o desempenho dos gestores de negócios que se reportam a ele. Também se exigem quatro conjuntos de habilidades: avaliar a estratégia; desenvolver gerentes de negócio; portfólio; entender e gerenciar diversos negócios, analisar para verificar o desempenho organizacional os indicadores desses negócios (Charan; Drotter; Noel, 2001). 2.6 Sexta passagem A sexta passagem se refere à transição entre gerente de grupo para CEO (presidente da empresa). Os CEOs pensam a longo prazo e buscam desenvolver mecanismos para alavancar o desempenho com estratégias de longo prazo. Essa passagem é focada nos valores e habilidades dos gerentes que devem resultar de sua série de experiências diversas ao longo do tempo no papel de liderança (Charan; Drotter; Noel, 2001). Na tabela a seguir, Fernandes (2013, p.145) demonstra sinteticamente cada uma das passagens do leadership pipeline: 9 Tabela 3 – Passagens leadership pipeline Fonte: Fernandes (2013 p. 145). O leadership pipeline é uma ferramenta para o planejamento de sucessão, pois permite que conheçamos as responsabilidades e atribuições de cada líder, desenvolvendo-o para que assuma e atenda às necessidades esperadas para o desempenho de suas funções. TEMA 3 – GESTÃO DE SUCESSÃO A gestão de sucessão se refere ao desenvolvimento de pessoas com potencial para assumir posições-chave dentro da organização. Para isso, é necessário realizar o planejamento de um programa com regras alinhadas aos eixos de carreira. O primeiro passo necessário é a análise do dimensionamento do quadro de funcionários levantando as posições críticas da organização, as quais devem possuir indivíduos aptos para assumi-las. Devemos levar em consideração que as pessoas não são eternas dentro da organização, por exemplo, podem pedir demissão, aposentar-se e assim por diante. Nesta temática, é importante diferenciarmos o sucessor de backups, os quais são funcionários aptos para substituir determinadas funções-chave em um 10 curto período de tempo, não sendo necessária a visão estratégica. Já o sucessor é preparado para assumir a posição a longo prazo, algumas vezes pode até assumir a posição de backup, mas como preparação e desenvolvimento (Fernandes, 2013). O modelo de gestão por competências auxilia na preparação desses indivíduos para a sucessão das posições críticas ao negócio, utilizando instrumentos que viabilizem a operacionalização da gestão sucessória em base aos objetivos organizacionais (Fernandes, 2013). Ao planejarmos um processo sucessório, é importante estabelecermos alguns princípios (Fernandes, 2013): Utilizar como insumos as informações do modelo de gestão por competências, aproveitando o delineamento das competências e os resultados das avaliações realizadas; Utilizar os instrumentos de avaliação em uso na organização; Eixos de carreiras; Desenvolvimento profissional das competências compatíveis com os desafios a serem assumidos e níveis de complexidade; Progressão de carreira automática, no intuito de determinar a ascensão da função de acordo com os requisitos do próximo nível; Considerar os níveis de complexidade que se destina o candidato; Igual oportunidade a todos os indivíduos da organização; Identificação do profissional para compor o banco; Desenvolvimento do profissional identificado; Estimular a motivação e retenção dos profissionais; Estabelecer critérios para o banco de sucessores. Com base nesses princípios a serem observados, o processo de sucessão deve ser elaborado em cinco etapas: a primeira é a avaliação de competências e a concretização do plano de desenvolvimento individual; a segunda é a composição do mapa de sucessão; a terceira é a decisão sobre candidatos a sucessão; a quarta é a preparação e o monitoramento dos candidatos escolhidos; a quinta etapa é a movimentação efetiva da sucessão (Fernandes, 2013) Podemos resumir que a intenção dos programas de sucessão é o mapeamento e a preparação dos indivíduos para assumir posições chaves dentro da organização, formando um banco de sucessores. 11 TEMA 4 – MOVIMENTAÇÕES E PROMOÇÕES Para falarmos de movimentações e promoções, convido-os a verificar novamente a Figura 1, na qual é apresentado o espaço ocupacional. Para superá-lo, o indivíduo deve suprir os requisitos do próximo espaço. Dessa forma, ocorrem as movimentações. Elas podem ocorrer de duas formas: a vertical, que conhecemos como promoção, e a horizontal, que seria a progressão dentro de uma mesma linha de atividade. A movimentação horizontal (progressão) é orientada pelo resultado da avaliação profissional. Deve-seseguir a política salarial. Algumas organizações estipulam um prazo dentro do cargo atual para progredir ao seu próximo nível, por exemplo, no mínimo dois anos no nível atual. A Figura 2 apresenta um exemplo de movimentações horizontais de um analista de recursos humanos: Figura 2 – Movimentação horizontal Anal. RH Júnior Anal. RH Pleno Anal. RH Sênior Fonte: Elaborado pela autora. A movimentação vertical (promoção) é realizada a partir do cumprimento dos requisitos do próximo nível, considerando assim o potencial para a função, atitude favorável e comprometimento, ou seja,o indivíduo correspondente a entrega ao nível subsequente, porém esta entrega deve ser constante. Para que esta movimentação aconteça é necessária a existência da vaga e orçamento disponível na política salarial, a figura 3 apresenta o exemplo desta movimentação: 12 Figura 3 – Movimentação vertical Fonte: Elaborado pela autora. Para discutir promoções, as empresas possuem comitê de carreira, onde é apresentada e discutida cada movimentação de promoção dentro da organização, discutindo ainda sobre a aderência do indivíduo à posição discutida, validando a sua indicação ou não. Em casos de posições críticas, uma vez validado o nome do funcionário no comitê, a decisão final é realizada em uma reunião de diretoria específica para discutir sobre promoções (Fernandes, 2013). Após validada a implantação da movimentação pelo comitê e aprovada pelos responsáveis, o funcionário assumirá a sua nova função. Caso no comitê seja evidenciado que nenhum dos funcionários estão aptos para atender a função disponível, é necessária a busca externamente, e a partir desse momento, preparar seus funcionários para as necessidades futuras. Nas movimentações, é necessário que cuidemos com as promoções antes da hora, pois elas podem prejudicar a carreira do indivíduo dentro da organização, por isso a importância de se verificar se ocorrem entregas com periodicidade da função que o indivíduo irá assumir. Por exemplo, temos um funcionário que é muito bom como assistente, porém, ao promovê-lo, ele não consegue entregar os requisitos do cargo, muitas vezes não conseguindo permanecer na nova função. TEMA 5 – REMUNERAÇÃO O primeiro ponto é discutirmos a definição de remuneração. Conforme o artigo 457 da Consolidação das Leis do Trabalho (Brasil, 1943), Remuneração é o conjunto de retribuições recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidade, provenientes do empregador ou de terceiros, mas decorrentes do contrato de trabalho, de modo a satisfazer suas necessidades básicas e de sua família Assistente de RH Analista de RH Gestor de RH 13 A remuneração pode ser dividida de quatro formas: Remuneração fixa que é composta pela remuneração funcional ou pela remuneração por competência; Remuneração indireta que corresponde aos benefícios; Remuneração variável que é composta pela participação acionária e pela participação nos lucros e resultados. A remuneração por competência também pode ser realizada nas outras formas de remuneração como contrapartida do atingimento de metas, ou como apoio na realização de cursos e etc. Quando falamos de remunerar por competência, o indivíduo não é remunerado pelo que ele é, mas sim pela entrega que realiza. Com base nesse cenário, encontramos algumas dificuldades em posicionar os profissionais devido à abstração das funções dentro da organização, ou seja, é difícil em certos casos identificar uma performance diferenciada (Plothow; Hipólito, 2008). Plothow e Hipólito (2008) abordam ainda que, para remunerar por competência, é necessário observar o comportamento dos indivíduos e os resultados obtidos. Para isso, são necessárias as descrições dos salários, considerando as especificidades dos cargos, seus níveis de complexidade, determinando como o sistema de valorização estará ligada ao modelo. Podemos discorrer sobre quatro premissas do sistema de remuneração (Plothow e Hipólito 2008): Foco no desenvolvimento profissional, não sendo o objetivo principal a remuneração pela contribuição. Não rompe com o modelo funcional de recompensas. Observar a complexidade de cada função como sustentação da diferenciação salarial. O modelo que organizará a prática remuneratória deve ser escolhido pelo que mais se adeque as especificidades organizacionais. No modelo de gestão por competência, a remuneração é desenhada juntamente com as descrições de cargos e o estabelecimento de níveis de complexidade. Dessa forma criam-se faixas salariais e regras que dão maior flexibilidade à movimentação salarial e níveis de maturidade profissional para entregar as competências necessárias. Como vimos anteriormente, a movimentação do indivíduo auxilia nas 14 definições das faixas salariais, por exemplo, na função de assistente de RH, ele passa pelos steps (júnior, pleno e sênior), cada um com um nível salarial. Quando atender a todos os requisitos dos steps, passará para a próxima função. No exemplo, um analista de RH deverá passar pelos steps até atingir a próxima função e assim por diante. Podemos visualizar este exemplo na figura 4. Figura 4 – Níveis salariais Junior Pleno Sênior Fonte: Elaborado pela autora. Em relação às movimentações salariais, as horizontais são as mudanças de step sem alteração na faixa salarial, mas não caracteriza a mudança de complexidade (work level). Conforme exposto, o nível de complexidade interfere nos níveis salariais. Segundo Hipólito (2001), o nível salarial está correlacionado com o valor agregado à organização pelo trabalho. O adequado é equilibrar o nível do trabalho com sua capacidade e com o pagamento equivalente, ou seja, a empresa paga mais aos funcionários que entregam mais. Assim, o adequado é utilizar os resultados das avaliações para tomar decisões a respeito das progressões se o funcionário realmente está superando as competências atuais e entregando as do nível posterior. Para as progressões salariais serem realizadas, é necessário estabelecer algumas regras, uma delas é a destinação de um orçamento anual de cada área para as progressões, estabelecimento de tempos mínimos, evitando assim um aumento descontrolado da sua folha salarial e pelo fato de que as competências demoram a serem desenvolvidas (Fernandes, 2013). Assistente de RH Analista de RH Gestor de RH 15 FINALIZANDO Neste tema você estudou a definição de nível de complexidade ou work level com base nas experiências e capacidades dos indivíduos ao longo da sua vida profissional. Esses níveis dão base para o desenho dos eixos de carreira, definindo para cada nível de complexidade um espaço ocupacional. Também discutimos sobre leadership pipeline, que discorre sobre a carreira e os níveis de complexidades dos gerentes, descrevendo as seis passagens que ele pode ter dentro da organização. Outra temática é a gestão de sucessão que prepara os indivíduos para assumir as posições-chave da organização, dessa forma criando um banco de sucessão. Além da sucessão, temos as movimentações, seja horizontal pelos steps ou vertical pelos eixos de carreira, que trazem a base para o desenho das faixas salariais. 16 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 ago. 1943. CHARAN, R.; DROTTER, S.; NOEL, J. The Leadership Pipeline: How to Build the Leadership-PoweredCompany. San Francisco: Jossey Bass, 2001. DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. 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