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EXERCÍCIO PEÇA 03 – EMBARGOS DE TERCEIROS Apreciados os embargos à execução (exercício 2), foram acolhidos, aos 13 de fevereiro de 2019, com publicação do DOE eletrônico, no mesmo dia. Considerando não mais possível a penhora do imóvel, o advogado do exequente indicou um veículo da marca Honda, por entender ter ocorrido a fraude à execução por haver o ex-sócio vendido o veículo em 2017. A venda operou-se junto à concessionária RAB Ltda, em agosto de 2017. Em 01 de setembro de 2017, o veículo foi vendido ao Sr. Vanderlei dos Santos, operada a transferência junto ao órgão competente. O juiz substituto da 1ª Vara do Trabalho de Itapecerica da Serra determinou a penhora do veículo aos 15 de julho de 2019. A reclamatória trabalhista foi distribuída em 31.12.2018 sob o nº 1000208/2018. O valor do veículo é de R$ 27.000,00. Como advogado do atual proprietário do veículo, interpor a medida cabível. Fundamentos Arts 674 e ss do CC, aplicados de forma subsidiária ao processo trabalhista ex vi do disposto ao artigo 769 da CLT Distribuição por dependência – art. 676 do CPC Apreensão Judicial – art. 674 do CPC Incabível a penhora: direito à propriedade – art. 5º XXII da CF confronto à coisa julgada e seus limites – art. 5º, XXXVI da CF e art. 503 e 506, CPC Dos pedidos e requerimentos Ante o exposto, requer o regular processamento da presente ação, em caráter incidental e com distribuição por dependência à reclamação trabalhista (em fase recursal) que tramita perante a __ VT de ____, Processo nº___ Requer, ainda, a citação do requerido para que apresente suas alegações de defesa no prazo legal, sob pena de incorrer nos efeitos da revelia. No mérito, deverá ser reconhecida a qualidade de terceiro do requerente e de legítimo proprietário do veículo Honda. Espera, ainda, que a penhora de fls. __ seja decretada insubsistente, com expedição de mandado de restituição. Outrossim, deverá o requerido ser condenado ao pagamento de despesas e custas processuais, bem como em honorários advocatícios. Pretende-se provar o alegado por todos os meios admitidos em Direito (art. 5º, LVI da CF) (documentos, testemunhas, vistorias, etc,) em especial testemunhas, conforme rol anexo. Dá-se à causa o valor de R$ 27.000,00. Nestes termos, pede deferimento. Local e data Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da _ª Vara do Trabalho de _ DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA Execução trabalhista nº EMBARGANTE: VANDERLEI DOS SANTOS 1º EMBARGADO: ANDRÉ SMOKE 2º EMBARGADO: SÓCIO 3º EMBARGADA: PLAYTIME LTDA VANDERLEI DOS SANTOS, nacionalidade: ______, estado civil: ______, profissão: ______, portador da Cédula de Identidade nº ______ e CPF/MF nº ______, CTPS nº ______ Série ______, PIS/PASEP nº______, nascido em _/_/_, filiação: ______, residente e domiciliado em ______, vem, representado por advogado (procuração anexa), que receberá intimações no endereço profissional situado na Rua ______, opor com fundamento no caput e §1º do artigo 674 e artigo 676, ambos do Código de Processo Civil, e artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho opor EMBARGOS DE TERCEIRO em face de ANDRÉ SMOKE e SÓCIO, já qualificado nos autos em epígrafe e PLAYTIME LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº ______, situada em ______, no endereço ______, pelos motivos de fato e direito aduzidos BREVE SÍNTESE FÁTICA Em 1/9/2017, o embargante comprou o veículo da marca Honda da concessionária RAB Ltda pelo valor de R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais), a qual adquiriu o automóvel em questão do sócio embargado no mês anterior (certificados de registro de veículo anexos). No dia 31/12/2018, foi distribuída a reclamação trabalhista que tramitou sob o nº 1000208/2018 (documento anexo), movida pelo 1º embargado em face da 3º embargada, a qual foi julgada procedente (sentença anexa). Iniciada a fase executiva, o reclamante-embargado requereu a penhora do imóvel do 2º embargado, a qual foi negada após o juiz da 1ª Vara Trabalhista de Itapecerica da Serra – SP ao reconhecer o caráter de bem de família da propriedade imobiliária referida (documento anexo). Já em 15/7/2019, o mesmo magistrado ordenou a penhora do veículo ao acatar a alegação feita por André Smoke de fraude à execução por parte do segundo embargado na venda do bem móvel (documentos anexos). Todavia, tal ato constritivo não deverá produzir efeitos, conforme será demonstrado a seguir. DO DIREITO 1 – DA DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA Os embargos de terceiro são de caráter incidental e conforme preceitua o caput do artigo 676 do Código de Processo Civil, deve ser distribuída por dependência ao juízo que determinou a constrição. Visto que a CLT é omissa quanto a tramitação deste tipo de demanda, aplica-se supletivamente a norma processual civil a esta situação, vide artigo 769 da lei trabalhista mencionada e artigo 15 da lei processual civil. 2 – DA LEGITIMIDADE ATIVA DO EMBARGANTE O caput do artigo 677 da Lei 13.105/2015 preconiza que na oposição desta ação, o embargante deverá demonstrar sumariamente a posse ou domínio da coisa litigiosa, bem como a qualidade de terceiro. O opoente comprova estes requisitos, uma vez que está anexado aos autos o Certificado de Registro de Veículo (fls._) em seu nome e o mesmo anexa a certidão de objeto e pé da execução trabalhista supra e da reclamação trabalhista nº 1000208/2018 (documentos anexos), ações nas quais não constam seu nome em nenhum dos polos. 3 – DA AQUISIÇÃO DE BOA-FÉ Como já narrado, Vanderlei dos Santos comprou o automóvel sob o qual recaiu a penhora 1 ano e 3 meses antes do ajuizamento da ação trabalhista supracitada. Assim sendo, não prospera o argumento de fraude à execução do 1º embargado, haja vista que no momento da aquisição do bem em questão não existia qualquer restrição pendente sob o mesmo. Ademais, Vossa Excelência, não é plausível exigir que este peticionário imaginasse que um dos antigos proprietários de seu veículo sofreria uma execução trabalhista futura. Neste sentido, é o entendimento do TRT-2 quanto a obtenção de bens em momento anterior ao ajuizamento da ação principal. Veja-se: ALIENAÇÃO. FRAUDE À EXECUÇÃO. AJUIZAMENTO DA AÇÃO. À época da aquisição do bem não corria demanda contra a executada, vez que sequer havia sido ajuizada a ação principal. Conclui-se, portanto, que a alienação do bem não constituiu fraude à execução, por não preenchidos os requisitos artigo 792, IV do atual CPC. Agravo de Petição a que se nega provimento. (TRT-2; Processo nº 1001106- 03.2017.5.02.0422, Relatora: Odette Silveira de Moraes; 11ª Turma – Cadeira 3; Data de Publicação: 17/10/2017) FRAUDE À EXECUÇÃO. IMÓVEL. AQUISIÇÃO ANTES DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. BOA-FÉ DOS ADQUIRENTES. A aquisição de imóvel em data muito anterior ao ajuizamento da demanda trabalhista faz presumir ausência de fraude à execução ou fraude contra credores, assim como a boa-fé do terceiro comprador. E a Súmula 84 do STJ resguarda o direito dos terceiros adquirentes ainda que o ato jurídico não tenha sido levado a registro. Agravo de petição dos embargantes a que se dá provimento. (TRT-2; Processo nº 1000683-70.2017.5.02.0316, Relatora: Kyong Mi Lee; 3ª Turma – Cadeira 2; Data de Publicação: 21/02/2018) (grifo meu) Outrossim, os incisos do artigo 792 do Código de Processo Civil estipulam quais as hipóteses em que o negócio jurídico é considerado fraude à execução, in verbis: Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraudeà execução: I – quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; II – quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828; III – quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; IV – quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; V – nos demais casos expressos em lei. Tendo em vista que nenhuma das situações se adequa ao caso em tela, não há que se falar em fraudulência Destarte, pugna o requerente pela rejeição do alegado pelo 1º embargado e que seja reconhecido seu domínio sob o automóvel, de acordo com o artigo 681 CPC. 4 – DO DIREITO A PROPRIEDADE E OS LIMITES DA COISA JULGADA O inciso XXII do artigo 5 da Constituição Federal garante o direito de propriedade. Em continuidade, o inciso XXXVI do artigo 5 da Carta Magna dispõe a que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Em consonância com o segundo dispositivo constitucional citado, está o artigo 506 do Código de Processo Civil, qu estabelece a impossibilidade de terceiros que não fizeram parte do processo serem afetados pela sua sentença. Ora, restou incontroverso que Vanderlei dos Santos adquiriu o veículo em pauta livre de quaisquer pendências, e não foi parte da relação processual entre André Smoke, sua ex- empregadora e seu sócio. Desta forma, a expropriação de seu bem não apenas desconsiderará totalmente o princípio da boa-fé negocial, como também lesará direitos constitucionais que lhe são assegurados, o que deve ser repudiado por este juízo. 5 – DA SUSPENSÃO DA PENHORA Nos termos do caput do artigo 678 do Código de Processo Civil, é facultado a juiz ordenar a suspensão de medidas constritivas sobre os bens litigiosas dos embargos, se o embargante assim requisitar. As condições as quais estão subordinadas a concessão da tutela provisória estão indicadas no caput do artigo 300 da norma processual civil aludida e são o fumus boni iuris e o periculum in mora. No caso concreto, ambos os pressupostos estão atendidos, pois o justo domínio do demandante está evidenciado e a continuidade do processo executivo trabalhista entre os embargados sem a atribuição de efeito suspensivo a presente ação é capaz de causar grave dano e de difícil reparação a este peticionário, uma vez que seu veículo poderá ir a leilão e ser arrematado por um valor substancialmente inferior ao real, ocasionando-lhe, assim, expressivos prejuízos. Isto posto, é imperiosa a suspensão da penhora recaída sob o automóvel do opoente até o julgamento de mérito deste pleito. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer o embargante de Vossa Excelência: 1 – Processamento destes embargos de terceiro em caráter incidental e com distribuição por dependência à execução trabalhista nº ___ que tramita perante a 1ª Vara do Trabalho de Itapecerica da Serra – SP; 2 – Suspensão da penhora recaída sob seu veículo e a manutenção provisória da posse até a prolação da sentença destes embargos de terceiro, nos termos do caput do artigo 678 do Código de Processo Civil; 3 – Citação dos embargados para, se quiserem, apresentarem contestação no prazo legal, sob pena dos efeitos da revelia; 4 – Reconhecimento da qualidade de terceiro do opoente e de legítimo proprietário do veículo Honda cancelando a medida constritiva imposta, vide artigo 681 CPC; 5 – Condenação dos embargados ao pagamento de honorários advocatícios e custas processuais, conforme dispõe o caput do artigo 791-A CLT; 6 – Produção de provas por todos os meios de direito admitidos, com as quais pretende demonstrar a veracidade de suas alegações. Dá-se a causa o valor de R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais). Termos em que, pede deferimento Local e data Nome do advogado OAB nº Assinatura