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Determinação de Cinzas em Alimentos Profa Ma. Jéssica Laira Ulian C. de Sant´Anna O que é cinza? O que é cinza no alimento? Definição: refere-se ao resíduo inorgânico remanescente após a completa destruição da matriz orgânica do alimento alimentos incineração CO2 H2O NO2 Ex: KCO3 e NaCO3 volatilizam a 900oC Altas quantidades Pequenas quantidades traços Potássio Sódio Cálcio Magnésio Alumínio Ferro Cobre Manganês Zinco Iodo Flúor outros A cinza obtida não é necessariamente da mesma composição que a matéria mineral original do alimento porque pode haver perdas por volatilização Na forma de óxidos, sulfatos, fosfatos, silicatos e cloretos Dependente das condições de incineração e da composição do alimento Matéria Inorgânica Matéria Orgânica Matéria Orgânica Matéria Inorgânica Exemplos quantitativos e qualitativos das cinzas em alimentos Ca P Fe Na S Zn Cinzas ricas em: Laticínios, nozes, cereais, peixes Laticínios, carnes, cereais, ovos, peixes,leguminosas Grãos, frutos do mar, cereais, peixes, ovos e leguminosas Sal, laticínios, frutas, cereais Alimentos ricos em proteínas Frutos do mar Exemplos do teor de cinzas de alguns alimentos Cereais 0.3 a 3.3% Laticínios 0.7 a 6.0% Peixes 1.2 a 3.9% Frutas 0.3 a 2.1% Nozes 1.7 a 3.6% Óleos 0% Açúcares 0 a 1.2% Cinzas Podem ser quantificados/estimados através da determinação de: Conteúdo de cinzas É a medida da quantidade “total” de minerais presentes no alimento. Conteúdo de minerais É a quantidade de componentes específicos da matéria mineral de um alimento; por exemplo: Na, Ca, Fe, etc. IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE 1 - Para calcular o valor nutricional e compor a Informação Nutricional nos rótulos dos produtos alimentícios; COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL Nutrientes1 g/100g Umidade 5.25 0.10 Proteína (Nx6.25) 40.58 0.83 Lipidios 22.80 1.04 Cinzas 5.03 0.09 Carboidratos2 26,34 Fibras totais 9,60 Energia (kcal) 472,88 1Valores expressos como media DP 2Valor obtido por diferença IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE 2 - Usado como índice de refinação de açúcares e farinhas Altos teores de cinza dificultam a cristalização e a descolorização do açúcar. Índice de refinação para açúcares e farinhas PORTARIA Nº 354, DE 18 DE JULHO DE 1996 O Diretor do Departamento Técnico Normativo da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, no uso de suas atribuições legais e, considerando: …….. - Farinha de trigo Especial ou de Primeira: obtida a partir do cereal limpo, desgerminado com teor máximo de cinzas de 0,65% na base seca. 98% do produto deverá passar através de peneira com abertura de malha de 250 µm. 4.1.3. Farinha de trigo comum; obtida a partir do cereal limpo, desgerminado com teor de cinzas entre 0,66% e 1,35% na base seca. 98% do produto deverá passar através de peneira com abertura de malha de 250 µm. IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE 3 - Indicativo de pureza e de adulteração 4 - Detecção de componentes prejudiciais à saúde Exemplo: areia, talco ou sujeiras em condimentos; conteúdo de frutas em geleias e doces de frutas Exemplo: Pb e Hg. A análise de cinzas fornece informações prévias sobre o valor nutricional do alimento, em relação ao seu conteúdo em minerais e é o primeiro passo para análises subsequentes de caracterização destes minerais O conteúdo de cinzas dos alimentos de origem animal normalmente é constante, já alimentos de origem vegetal tem conteúdo de cinza bastante variado Para um melhor preparo de cinzas convém triturar o alimento antes ANÁLISES DE MINERAIS EM ALIMENTOS Pode-se determinar: Resíduo mineral fixo ou cinzas: totais, solúvel e insolúvel em água, insolúvel em ácido e alcalinidade das cinzas; Determinação dos componentes individuais da cinza (analise elementar). CINZAS TOTAIS OU RESÍDUO MINERAL FIXO Preparação das amostras Sólidos-finamente moídos. Amostras líquidas ou com alto teor de umidade – pré-secagem Amostras muito gordurosas - sugere-se extração parcial dos lipídios. Alimentos ricos em compostos voláteis – iniciar lentamente para evitar a formação de chama Produtos açucarados - aquecer inicialmente a 100ºC e pingar algumas gotas de azeite de oliva ou vaselina para evitar a formação de espuma É o procedimento mais utilizado. Emprega o uso de fornos do tipo mufla, operando em temperaturas na faixa de 500-600oC Pesar 5g de amostra em cadinho de platina ou porcelana Carbonizar a amostra Previamente incinerado, esfriado e tarado Levar à MUFLA inicialmente a temperatura mais baixa e depois a 500-600oC Tempo = suficiente para o material ficar branco Retirar da mufla levar ao dessecador até atingir a temperatura ambiente Pesar novamente cada cadinho Cuidado!!! Leve Alguns tipos de cinzas são muito higroscópicas 500oC manteiga 525oC frutas, carnes, açúcares e vegetais 550oC cereais, laticínios exceto manteiga, peixes e vinho 600oC grãos e ração (2h) Cinza seca Aplicação Determinação do resíduo mineral fixo; Na determinação de cinza solúvel em água, insolúvel em água e insolúvel em ácido; Como preparo da amostra para análise elementar de minerais. Cinza seca Modelos de muflas Fonte: https://blog.maxieduca.com.br/ 14 Tipos de cadinhos = depende do tipo de alimento e de análise Quartzo = estável a 1.100ºC; pouco resistente à álcalis; Vidro especial (Vycor) com alta proporção de sílica = estável à 900ºC, não resistente à álcalis; Porcelana = estável a 1.200ºC, não resistente à álcalis e pode rachar com choque térmico; Aço = alta resistência a álcalis e ácidos; Cinza seca Cadinho de Quartzo Cadinho Vycor Cadinho Porcelana Cadinho de Aço Tipos de cadinhos = depende do tipo de alimento e de análise Platina = Estável a 1.773ºC, altamente resistente; Liga ouro-platina (90:10) = resistente até 1.100ºC, resistente aos álcalis e ácidos. Fibra de quartzo = descartáveis, inquebráveis, suportam temperaturas até 1.000 ºC, porosos, permitem circulação de ar; análises mais rápidas. Cinza seca Cadinho de Platina Vantagens Queima é seca (nenhum ou poucos reagentes são necessários); Simples e seguro; Manuseia grande número de amostras; Determinação total dos minerais e preparo para minerais individuais; Permite análises de alcalinidade, insolúveis em ácidos, solúveis. Cinza seca Desvantagens Demorado (12-24h) → exceção grãos; Alto custo operacional → mufla exige elevado consumo de energia; Emprego de temperaturas elevadas → volatilização de alguns minerais (Pb, Hg) e/ou interação com o cadinho; Manuseio cuidadoso → leveza das cinzas e higroscopicidade. Cinza seca Determinação de cinza solúvel e insolúvel em água a partir de cinza seca Adiciona-se 25mL de água ao cadinho com a cinza seca; aquecer até começar a ferver; filtrar e lavar com água quente; carbonizar o papel filtro com o resíduo e pesar. A cinza pesada é a insolúvel. A cinza solúvel será a diferença entre a total e a insolúvel. Cinza seca Determinação de alcalinidade das cinzas a partir de cinza seca Adiciona-se HCl 0,1M (ou H2SO4) e água quente; aquece em banho-maria. Deixa esfriar, adiciona indicador (alaranjado de metila) e titula o excesso do ácido com NaOH 0,1M. Calcula-se a alcalinidade como o número de mL do ácido 0,1M requerido para neutralizar a cinza em 100g de amostra. Aplicação: verificar adulteração em alimentos de origem animal (relativamente ácidas) e vegetal (alcalinas). Cinza seca Determinação de cinza insolúvel em ácido a partir de cinza seca Adiciona-se 25mL de HCl 10% no cadinho com a cinza seca, aquecer (cerca de 5 minutos), filtrar, incinerar o papel filtro e pesar. Aplicação: determina areia em temperos, talco em confeitos e sujeira em frutas Cinza seca Adequado para alimentos com alto teor de gordura. Emprega ácidos concentrados em alta temperatura para provocar a destruição da matriz orgânica. É utilizada na determinaçãode elementos traço que podem ser perdidos na cinza seca Matéria Inorgânica Matéria Orgânica Digestão ácida Decomposição da matéria orgânica Análise individual de cada mineral Ácido perclórico Ácido sulfúrico Ácido nítrico Utilizam-se misturas Sob controle rigoroso de temperatura (150-350oC) Cinza úmida Aplicações Adequado para alimentos com alto teor de gordura. Utilizado na determinação de elementos traço que podem ser perdidos na cinza seca e de metais pesados. Cinza úmida Vantagens Melhor para composição individual de cinza; Emprego de baixas temperaturas, evitando perdas de minerais por volatilização; Decomposição rápida; Menos sensível relação à natureza da com amostra. Cinza úmida Desvantagens Emprega reagentes corrosivos; Não é prático para rotina; Exige maior supervisão; Número limitado de amostras; Necessita de análise em branco; Ácidos e matéria orgânica rica em gorduras formam elementos/substâncias explosivos e inflamáveis. Cinza úmida CINZA SECA CINZA ÚMIDA x Usada para análises quantitativas (rotina) Pode ocasionar a perda de elementos voláteis da amostra (Ex: Fe, Ni, P, Zn). Usada para análises qualitativas Usa altas temperaturas/longo tempo Baixas temperaturas/ tempo reduzido Muito prático e permite o preparo de várias amostras simultaneamente Não é prático Serve para amostras grandes Não se aplica a amostras grandes Não usa reagentes químicos Utiliza reagentes altamente corrosivos Procedimento A amostra é colocada em uma câmara de vidro no qual é feito vácuo. Uma pequena quantidade de oxigênio é bombeada para o recipiente e procede-se a quebra a oxigênio nascente (O2 → 2O.) pela aplicação de um campo eletromagnético na frequência de rádio. A matéria orgânica é rapidamente oxidada pelo oxigênio nascente e a umidade é evaporada devido a temperatura (<150°C). Melhor método para preservar o material volátil da amostra. Emprega sofisticados equipamentos que permitem a geração de plasma de oxigênio, material altamente oxidante capaz de destruir toda a matriz orgânica do alimento Cinza a baixa temperatura Vantagens Menores perdas por volatilização, em especial na determinação de elementos traço. Desvantagens Equipamento relativamente caro. Pequena número de amostras analisadas por vez. Após o preparo de cinzas úmidas, estas podem ser utilizadas para análises que visem determinar o conteúdo de minerais específicos Para análises de minerais que normalmente ocorrem em grande quantidade nos alimentos (Ca, K, Na) é comum o volumetria emprego de técnicas de (método mais barato e rápido). Para análises de que ocorrem em elementos pequenas quantidades (Se, Ni, Zn) empregam-se métodos instrumentais mais sensíveis (espectrometria de absorção atômica) DETERMINAÇÃO DE CONTEÚDO DE MINERAL ESPECÍFICO Métodos empregados Análise gravimétrica Métodos colorimétricos Volumetria Espectroscopia atômica DETERMINAÇÃO DE CONTEÚDO DE MINERAL ESPECÍFICO Análise gravimétrica Considerações O elemento a ser analisado é precipitado por adição de um reagente formando um complexo insolúvel de fórmula conhecida. O precipitado é separado por filtração, secado e pesado. Recomendado para elementos presentes em concentrações macro. Exemplo: determinação do teor de cloretos empregando nitrato de prata DETERMINAÇÃO DE CONTEÚDO DE MINERAL ESPECÍFICO Métodos colorimétricos Considerações Baseia-se na cor de substâncias formadas pela reação entre um mineral específico e um reagente também específico. Mede-se a absorbância da solução (intensidade da cor) a um comprimento de onda específico usando o espectrofotômetro. Exemplo: determinação de fósforo empregando vanado-molibdato de amônio. DETERMINAÇÃO DE CONTEÚDO DE MINERAL ESPECÍFICO Volumetria De complexação Complexiometria: Soluções de EDTA dissódico formam complexos com minerais, como cálcio. De oxi-redução Reações de oxi-redução: determinação de Fe empregando permanganato de potássio. De precipitação Por precipitação (Método de Mohr): detecção de cloretos por titulação com nitrato de prata. DETERMINAÇÃO DE CONTEÚDO DE MINERAL ESPECÍFICO Eletrodos seletivos Princípio de funcionamento semelhante ao dos eletrodos de pH; São sensíveis a um dado íon e podem determinar, em solução, K, Na, Li, Ca. O equipamento é composto por dois eletrodos mergulhados na solução contendo amostra: eletrodo específico e eletrodo de referência DETERMINAÇÃO DE CONTEÚDO DE MINERAL ESPECÍFICO Espectroscopia atômica Princípio A mudança transição eletrônica entre dois níveis de energia associada com a de energia para o elemento analisado é relacionada com o comprimento de onda da radiação absorvida (absorção atômica) ou emitida (espectroscopia de emissão). Como cada elemento tem uma única estrutura eletrônica este absorverá ou emitirá radiação a um comprimento de onda específico. DETERMINAÇÃO DE CONTEÚDO DE MINERAL ESPECÍFICO Espectroscopia atômica Princípio Os elementos são identificados pelos seus espectros: tipo de mineral (posição dos picos) e concentração do mineral (intensidade da linha do espectro em relação ao padrão) Aplicação Análise de elementos em nível traço. BIBLIOGRAFIAS CARVALHO, H. H. et al. Alimentos: métodos físicos e químicos de análise. Porto Alegre: UFRGS, 2002. CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2 ed. Campinas: UNICAMP, 2003. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. v. 1, 3 ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 1985. GOMES, J. C.; OLIVEIRA, G. F. Análises físico-químicas de alimentos. Viçosa: UFV, 2011. SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa: UFV, 2009. Sites http://people.umass.edu/~mcclemen/581Ash&Minerals.html
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