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Resenha crítica - tratado penal

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FACULDADE ANÍSIO TEIXEIRA
BACHARELADO EM DIREITO
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RESENHA CRÍTICA
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2020
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RESENHA CRÍTICA
Resenha Crítica apresentado à disciplina --------------, do curso de Bacharel em Direito, da Faculdade Anísio Teixeira, solicitado pelo Professor ________
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2020
BARROS, Francisco Dirceu de. Tratado Doutrinário de Direito Penal. 1º ed., São Paulo: JH, Mizuno, 2018. 
A obra Tratado Doutrinário de Direito Penal, 1ª ed., São Paulo: JH Mizuno, 2018, de Francisco Dirceu de Barros, trata-se de uma compilação atualizada da antiga Coleção de Direito Penal, resultado de um trabalho de pesquisa, que perdurou por 20 anos.
O autor, Francisco Dirceu de Barros, procurador-geral da Justiça, trata, nesta obra sobre as principais divergências doutrinárias e jurisprudência, propiciando ao leitor um contato direto com mais de 100 livros referentes à Parte Geral e Especial do Direito Penal, conhecendo, assim, o pensamento de doutrinadores nacionais e estrangeiros.
Entretanto, esta resenha traz, apenas, a análise crítica do capítulo I, dessa grandiosa obra, que aborda sobre o Estupro (Art. 213). Inicialmente o capítulo em questão considera o conceito do delito do estupro de vários autores, como Chrysolito de Gusmão, Hungria e Paulo Queiroz, no entanto, diante da reforma promovida pela Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2019, o autor Francisco Dirceu de Barrou evidencia a desatualização do maior penalista brasileiro quanto ao conceito de estupro, e assim, corrobora com Rogério Greco que aponta que em 1º de agosto de 2013, a Lei nº 12.845, em seu Art. 2º conceitua violência sexual como qualquer ato sexual que não tenha sido permitido, sejam elas praticadas com vulneráveis, pessoas com enfermidade ou deficiência mental, ou não.
Em seguida, o autor apresenta a classificação das anomalias sexuais, que são dividias em: paradoxia, anestesia, hiperestesia e parestesia; nessa última categoria subdividem-se as anormalidades sexuais.
Destarte, apresenta os tipos de penas existentes, trazendo à tona as diferenças entre violência e grave ameaça, revelando a posição dominante do STJ, e de autores como: Nucci, Greco, Mestiere e Hungria. É importante salientar que o STJ conceitua violência como coação física e grave ameaça como coação psicológica contudo, os autores supracitados evidenciam essas diferenças com outras características. Para Rogério Greco a grave ameaça pode ocorrer de forma direta, indireta, implícita e explícita, o que deixa claro que esta pode ser inferida contra a vítima ou coisas que lhe são próximas, e assim, propiciar-lhe um pavor que faça-a ter medo dela ser cumprida. Por sua vez, Nucci não vê justificativa para a compreender o crime do Art, 213 como um tipo misto cumulativo, que congrega todos os atos libidinosos num mesmo tipo penal, pois, acaba afrontando o princípio da legalidade. De acordo com o doutrinador a brandura imposta pela nova lei não deve proceder, pois pelo princípio constitucional da individualização da pena, pode-se aplicar uma reprimenda justa e legitima ao delito cometido.
Além disso, há parâmetros definidores de grave ameaça que pode ser obtido da análise do caso em concreto, como a relação de superioridade ou proporcionalidade entre o bem ou objeto jurídico ameaçado e o objeto jurídico que está sendo lesado.
Nesse ínterim, deve-se considerar as espécies de estupros que são: estupro simples, estupro qualificado pelo resultado, estupro majorado, estupro de vulnerável e estupro hediondo, pois de acordo com a posição dominante do STJ “O estupro, tentado ou consumado, em qualquer de suas modalidades, é crime hediondo” (STJ – Resp. 160. 264 – PR – Quinta Turma).
Sabe-se que em todos os núcleos do tipo penal, seja a conjunção carnal ou praticar ou permitir que com ele se pratique o ato libidinoso, a mulher pode ser agente ativo do delito de estupro. Nesses pressupostos, o autor do livro, neste capítulo, afirma que existe pelo menos 6 (seis) hipóteses nas quais a mulher pode figurar como sujeito ativo do delito do estupro.
Diante do que foi analisado neste estudo, percebe-se, nos exemplos expostos, que não é difícil perceber que a função que o direito penal imputa encontra dificuldades no atual contexto brasileiro, fazendo pensar que uma coisa é a função que lhe é atribuída (função declarada) e outra aquela que realmente exerce no contexto social (função oculta).
Afinal, a multiplicação de crimes contra a mulher, nos dias de hoje, por meio de atos libidinosos, faz duvidar da subsidiariedade que deveria direcionar a expressão do direito penal, o que faz também suspeitar de suas interferências limitadoras, que não resistem a uma empírica avaliação das agências responsáveis por criar e aplicar o direito penal.
Tendo em vista que o conjunto dessas agências responsáveis pelo processo de criminalização (legislativa, judicial, policial, penitenciária) forma o sistema penal, e é a partir dessa avaliação que surge uma visão fruto da crítica criminológica das funções da pena e da aplicação do direito penal. Sobremaneira, como uma ciência não normativa, a sociologia se preocupa em estudar o “ser”, e não o “dever ser”, como o direito.
Assim, possibilita que se investigue quanto à realidade além da lente jurídica, e para isso, trabalha com hipóteses de difícil constestação: a) que se vive em uma sociedade conflitiva, onde o conflito não é um dado puramente marginal e criminalizável; b) a constatação empírica da desigualdade na aplicação do direito (punição de pobres e não de ricos); c) que para além da propaganda das funções declaradas, o direito penal é uma forma de reprodução da desigualdade social.
Por fim, o capítulo analisado trouxe à tona quanto as individualidades e delitos de estupro, as diferenças sobre grave ameaça e violência, onde o autor aborda de maneira clara e sucinta, a partir de exemplos, sobre as brechas que possa existir na decisão da penal.