Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BIOQUIMICA DOS ALIMENTOS LIPÍDEOS AULA 04 Prof° MSc. Edgard Freitas Doutorando em Biotecnologia de Recursos Naturais – UFBA/RENORBIO Mestre em Ciências dos Alimentos – UFBA Engenheiro de Alimentos - UESB INTRODUÇÃO Compostos de origem biológica geralmente insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos; Formam, com os HC e PTN, o grupo de maior importância em alimentos de origem animal e vegetal; Na alimentação são conhecidos como importantes fontes de energia; São consumidos na forma visível de gordura (manteiga) e óleo (azeite) ou como componentes básicos dos alimentos, caso do leite, queijo ou carne. INTRODUÇÃO São constituídos essencialmente de C, H e O; em algumas classes são encontrados P, N e S. CLASSIFICAÇÃO DOS LIPIDEOS SEGUNDO A COMPOSIÇÃO LIPÍDEOS SIMPLES: Por hidrólise, resultam em ácidos graxos e álcoois. Divididos em: Óleos e gorduras: ésteres de ácidos graxos de ↑PM e glicerol (álcool), denominados glicerídeos. Em temperatura ambiente: Ceras: ésteres de ácidos graxos de cadeia longa e monohidroxialcoóis de ↑PM. Podem ser de origem animal (cera de abelha), vegetal (cera de carnaúba) e mineral (cera de petróleo). Óleos líquidos Gorduras sólidos CLASSIFICAÇÃO DOS LIPIDEOS CLASSIFICAÇÃO DOS LIPIDEOS LIPÍDEOS COMPOSTOS: Por hidrólise, resultam em outros grupos além de ácidos graxos e álcoois. Fosfolipídeos → contém ácido fosfórico e um composto nitrogenado; Glicolipídeos → contém carboidrato; Sulfolipídeos → contém enxofre; Ceras complexas → contém carboidratos e uma base nitrogenada CLASSIFICAÇÃO DOS LIPIDEOS LIPÍDEOS DERIVADOS: Obtidos por hidrólise dos lipídeos simples e compostos, como os ácidos graxos, álcoois, hidrocarbonetos, esteróis, vitaminas lipossolúveis, pigmentos, compostos nitrogenados (colina, esfingosina). CLASSIFICAÇÃO DOS LIPIDEOS SEGUNDO A AFINIDADE COM A ÁGUA LIPÍDEOS A POLARES: triglicerídeos, colesterol; LIPÍDEOS POLARES: fosfolipídeos → cabeça hidrofílica, com alta afinidade por água, ligada a um a cauda hidrofóbica, com alta afinidade por óleos. COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DOS LIPÍDEOS ÁCIDOS GRAXOS: Componentes principais dos lipídeos. São ácidos que contêm uma cadeia alifática (saturados, insaturados ou cadeias ramificadas) e um grupo ácido carboxílico; Características da maioria dos ácidos graxos de ocorrência natural: Alto PM; Cadeia linear; N° par de átomos de C ÁCIDOS GRAXOS Ácidos graxos livres não são comuns em tecidos vivos, pois apresentam citotoxicidade devido a capacidade de desestruturar a membrana celular; 99% dos ácidos graxos encontrados em plantas e animais são esterificados com glicerol; Os triacilgliceróis são os mais comuns nos alimentos; Uma vez que todos os óleos e gorduras são ésteres de ácidos graxos e glicerol, o que os diferem é a natureza do ácido graxo. ÁCIDOS GRAXOS CLASSIFICAÇÃO: Quanto ao tamanho da cadeia carbônica: Cadeia curta: 4 a 8 átomos de carbono Ex: butírico, capróico e caprílico - gordura do leite Cadeia média: 8 a 12 carbonos Ex: láurico - óleo de coco e de palmeira Cadeia longa : mais de 12 carbonos Ex: esteárico - gorduras de origem animal Ácidos graxos com >24C são encontrados em ceras ÁCIDOS GRAXOS 2. Quanto as ligações químicas presentes entre os carbonos: Saturados: principais são láurico (12C), mirístico (14C), palmítico (16C), esteárico (18C) - gordura de origem animal, óleo de coco, de palma, chocolate, manteiga etc. Insaturados: principais são oléico, linoléico e linolênico - Monoinsaturados: óleo de oliva, de amendoim, canola. - Poli-insaturados: óleo de girassol, de soja, de milho. Determinam a diferença do estado físico de óleos e gorduras ÁCIDOS GRAXOS 3. Quanto a posição das duplas ligações: Ômega 3 (w-3): – dupla ligação no terceiro carbono de trás para frente na cadeia do ácido graxo. Ômega 6 (w - 6): – dupla ligação no sexto carbono de trás para frente na cadeia do ácido graxo. Ômega 9 (w- 9): – dupla ligação no non o carbono de trás para frente na cadeia do ácido graxo (podem ser sintetizados pelos mamíferos). ÁCIDOS GRAXOS 4. Quanto a configuração da cadeia carbônica: Cis: – os átomos de hidrogênio posicionam-se do mesmo lado em relação a dupla ligação; Trans:– os átomos de hidrogênio posicionam-se em lados opostos em relação a dupla ligação. A maioria dos AG presentes nos alimentos apresenta a forma cis COMPOSIÇÃO DOS ÓLEOS E GORDURAS Segundo a presença nos alimentos Grupo das gorduras do leite e derivados: 30-40% ácido oleico; 20-30% ácido palmítico; 10-15% ácido esteárico; Até 15% ácido butírico Único grupo de gorduras que contém ácido butírico COMPOSIÇÃO DOS ÓLEOS E GORDURAS Segundo a presença nos alimentos Grupo dos ácidos insaturados ( óleos vegetais): Predominância dos ácidos oléico, linoléico e linolênico Óleos de amendoim, girassol, milho, algodão e oliva → predominância de ácidos oléico e linoleico Óleos de gérmen de trigo, soja e linhaça → predominância de ácidos linolênico COMPOSIÇÃO DOS ÓLEOS E GORDURAS Grupo do ácido láurico: Constituídas por ácido láurico em altas concentrações (≈50%); Contém ácidos insaturados em pequenas quantidades → período longo de armazenamento Óleos de dendê e babaçu COMPOSIÇÃO DOS ÓLEOS E GORDURAS Grupo das gorduras animais: Constituídas por até 40% de ácidos saturados de alto PM (palmítico e esteárico) e 60% de ácidos insaturados (oléico e linoléico); Possuem alto ponto de fusão Toucinho e sebo REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS SAPONIFICAÇÃO Processo onde ocorre neutralização dos ácidos graxos por hidrólise alcalina formando um composto salino que apresenta propriedades de saponificação (sabão). REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS SAPONIFICAÇÃO REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS SAPONIFICAÇÃO REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS SAPONIFICAÇÃO OBSERVAÇÃO: Os sabões líquidos são produzidos com KOH no lugar de NaOH REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS SAPONIFICAÇÃO Detergentes: são alcalinos e favorecem a hidrólise dos triglicerídeos e neutralização dos ácidos graxos, tornando-os solúveis em água. Neutralização: Utilizado na análise de ácidos graxos totais livres O no. de equivalentes de –OH necessário para neutralizar os ácidos graxos livres será o mesmo no. de equivalentes destes ácidos presentes no óleo. Assim, temos uma estimativa de acidez do óleo/gordura. Reações Saponificação – hidrólise básica Índice de: saponificação [g óleo/gordura]; neutralização [g ác.graxo]; acidez [ác.graxo livre]. Saponificáveis Todos derivados de triacilgliceróis (virtualmente todas as gorduras e óleos) Não saponificáveis: Esteróides e derivados Terpenos Alcanos de cadeia longa (óleo mineral) Prostaglandinas poliacetilenos Determinação do índice de peróxido Por meio da determinação do índice de peróxido verifica-se a presença de substâncias oxidantes peróxidos ou outros produtos similares resultantes da oxidação da gordura. Índice é um indicador do grau de oxidação do lipídio. Aplicável a todos os óleos e gorduras normais, incluindo margarina e creme vegetal. O índice de peróxido é determinado por titulação. Este método determina todas as substâncias, em termos de miliequivalentes de peróxido por 1000 g de amostra, que oxidam o iodeto de potássio nas condições do teste. REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS HIDROGENAÇÃO Processo industrial ou natural onde há incorporação de hidrogênio na cadeia carbônica de ácidos graxos insaturados em óleos, obtendo-se ácidos graxos mais saturados. Os lipídeos alterados são: – Mais sólidos em T°C ambiente (ponto de fusão mais alto); – Exibem comportamento diferente na cristalização ; – Mais estáveis a reações oxidativas REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS HIDROGENAÇÃO REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS HIDROGENAÇÃO REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS HIDROGENAÇÃO REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS HIDROGENAÇÃOPossui a finalidade de melhorar a consistência, sabor e aumentar a vida de prateleira de alguns produtos. Para ocorrer, a reação necessita de: –Catalisador (mais comum – níquel metálico); –Gás hidrogênio; –Agitação; –Controle de T °C para aquecer e liquefazer o óleo e refrigerá-lo assim que a reação começar Promovem formação de AG trans em grande quantidade REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS A gordura tipo trans, apesar de ser insaturada, aumenta o LDL (“colesterol ruim”), diminui o HDL (“colesterol bom”) e aumenta as chances de infarto e obesidade; A legislação exige que a presença de gordura trans seja indicada no rótulo dos alimentos. REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS INTERESTERIFICAÇÃO Processo que consiste em mudar a estrutura dos triglicerídeos, modificando as posições dos ácidos graxos sobre a molécula de glicerol; Modifica a digestibilidade da gordura e melhora propriedades tecnológicas. Pode pro mover produtos livres de ácidos graxos trans. Ex: manteiga de cacau após interesterificação torna-se mais cremosa. REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS INTERESTERIFICAÇÃO REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS INTERESTERIFICAÇÃO REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS INTERESTERIFICAÇÃO Tipos: acidólise, alcoólise , glicerólise e transesterificação. A transesterificação é o método mais usado. Pode ser: •Intraesterificação → quando ocorre no mesmo TG •Interesterificação → quando ocorre em um TG diferente REAÇÕES QUÍMICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS FATORES QUE FAVORECEM A DEGRADAÇÃO Tipo de gordura usada. Ex. Presença de emulsificantes, acidulantes e água (margarinas). Tipo de alimento. Ex. empanados e peixe. Adição de sal. Umidade do alimento. Uso repetido da gordura. Recipientes largos (maior exposição ao oxigênio) PROPRIEDADES FISICAS DOS LIPÍDEOS Ponto de fusão: depende do empacotamento das moléculas do triglicerídeo – ↑ em AG de cadeia longa – ↑ em AG saturados – ↑ em AG insaturados trans – ↑ em cadeias com número par de átomos de carbono PROPRIEDADES FISICAS DOS LIPÍDEOS PROPRIEDADES FISICAS DOS LIPÍDEOS PROPRIEDADES FISICAS DOS LIPÍDEOS Estabilidade térmica: Interfere na decomposição da gordura a determinada temperatura (fritura ou cozimento) – Ponto de fumaça: T°C na qual há liberação de fumaça – Ponto de ignição : T°C na qual os produtos voláteis são produzidos em uma taxa na qual podem ser inflamados, mas não sustentam a combustão. – Ponto de chama: T°C na qual a decomposição ocorre com tanta rapidez que há sustentação da combustão. PROPRIEDADES FISICAS DOS LIPÍDEOS Altas T: desidratam o glicerol originando acroleína (volátil e irritante da mucosa gástrica) → fumaça densa e branca PROPRIEDADES FISICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS Volatilidade AG com menos de 12C são voláteis (ácido capróico: ↓PM , sabor e odor de ranço) Gosto e cheiro Ácidos carboxílicos de baixo PM, cuja solubilidade permite [ ] apreciável de prótons, têm sabor azedo e cheiro acre bem acentuado; Ácidos de alto peso molecular são inodoros devido a baixa volatilidade . PROPRIEDADES FISICAS DOS LIPÍDEOS Os lipídios contribuem essencial mente para as características sensoriais dos alimentos, como textura, aroma e sabor atribuindo palatabilidade aos produtos; Por sua lenta digestão, os lipídios conferem a sensação de plenitude gástrica e saciedade PROPRIEDADES FISICAS DOS LIPÍDEOS Textura → a influência dos lipídeos é determinada por: -Estado físico -Natureza da matriz alimentar ( gordura a granel, emulsificada ou estrutural) Óleos puros (de cozinha, salada) → viscosidade do óleo Gordura parcialmente cristalina (chocolate, manteiga, margarina) → concentração, morfologia e interações dos cristais de gordura PROPRIEDADES FISICAS DOS LIPÍDEOS Textura → a influência dos lipídeos é determinada por: Emulsões (leite, cremes, bolhos, maioneses) → concentração de gotículas de óleo VISCOSIDADE: LEITE < NATA < MAIONESE 4% 40% 80% Matriz alimentar: chocolate, bolacha, biscoito, queijo, tortas→ rede de cristais de gordura - firmeza e crocância O derretimento dos lipídeos durante o consumo causa a sensação bucal característica do alimento que contém gordura PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS LIPÍDEOS Aparência → óleos são translúcidos e gorduras sólidas, opacas (espalhamento da luz pelos cristais de gordura). Leite integral tem aparência mais branca que o leite desnatado Os glóbulos de gordura presentes no leite integral espalham melhor a luz. No leite desnatado, há apenas as micelas de caseína, que espalham a luz com menos intensidade. PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS LIPIDEOS Sabor → pouco sabor inerente devido a baixa volatilidade. - Perfis de sabor percebidos – produtos de oxidação, impurezas - A fusão dos cristais de lipídeos na boca gera uma sensação refrescante, qualidade importante em alimentos gordurosos. REAÇÕES DE DECOMPOSIÇÃO DOS LIPIDEOS Óleos e gorduras são suscetíveis a reações de degradação; O grau de deterioração está relacionado a composição química dos lipídeos; Essas reações alteram propriedades organolépticas dos alimentos e podem causar efeitos tóxicos pela ingestão contínua de produtos resultantes da oxidação dos lipídeos; A oxidação dos constituintes lipídicos é uma reação importante que limita a vida de prateleira de vários alimentos OXIDAÇÃO LIPIDICA A oxidação lipídica é um fenômeno espontâneo e inevitável, com uma implicação direta no valor comercial quer dos corpos graxos, quer de todos os produtos que a partir deles são formulados (exs. alimentos, cosméticos, medicamentos). Diminuição do tempo de comercialização Rejeição do alimento Segunda maior causa de deterioração em alimentos Atrás da deterioração microbiana OXIDAÇÃO LIPIDICA MECANISMO RADICAIS LIVRES são as espécies moleculares centrais no processo. Ex.: •OH: energia elevada, pode oxidar qualquer molécula. Outros radicais: NO•,O₂•-, ROO•, RO•,•NO₂, ONOO • Moléculas ou átomos que possuem elétrons desemparelhados. OXIDAÇÃO LIPIDICA MECANISMO As LIGAÇÕES DUPLAS dos ácidos graxos insaturados são o alvo do ataque na molécula de lipídeo Quanto maior o número de insaturações, maior a intensidade da oxidação REAÇÕES DE DECOMPOSIÇÃO DOS LIPIDEOS RANCIDEZ HIDROLÍTICA Processo caracterizado pela quebra dos glicerídeos com liberação de ácidos graxos. RANCIDEZ HIDROLÍTICA A reação é favorecida em Aw > 0,7, característico em gorduras; São comumente atingidos os lipídeos do leite e do coco; Pode ser provocada por enzimas (lipases) ou agentes químicos (ácidos ou bases). Pode ocorrer na fritura de óleos devido a ↑T °C e introdução de água do alimento frito RANCIDEZ HIDROLÍTICA Os ácidos graxos livres, resultantes da hidrólise, provocam: – Sabor e odor desagradáveis; – Redução da estabilidade oxidativa; – Formação de espuma; – Redução do ponto de fumaça AGL voláteis de baixo PM → aromas desagradáveis AG de cadeia longa → gosto de sabão RANCIDEZ HIDROLÍTICA Os ácidos graxos liberados na hidrólise das gorduras de coco e dendê conferem sabor de sabão a produtos de confeitaria. A farinha de trigo integral tem vida útil menor que a farinha beneficiada porque contém o gérmen, rico em lipídeos e em enzimas que atuam sobre essas moléculas e alteram as características sensoriais do produto. A rancificação hidrolítica em manteiga libera ácidos graxos de cadeia curta, que possuem sabor e odor desagradáveis RANCIDEZ OXIDATIVA Processo caracterizado pela oxidação dos ácidos graxos insaturados por mecanismo de radicais livres; Resulta na formação de compostos oxigenados como álcoois, aldeídos, cetonas e peróxidos, que irão conferir sabores e odores desagradáveis aos alimentos; Pode haver destruição de vitaminas lipossolúveis, carotenóides e proteínas; Apenas em condições extremas a reação acontece com AG saturados. RANCIDEZ OXIDATIVA A oxidação de lipídeos pode ser desejável em produtoscomo os queijos roquefort e camembert, pois leva a formação de sabor e odor desejável RANCIDEZ OXIDATIVA Etapas da rancificação oxidativa: 1. Primeira fase ou fase de Indução: baixo e lento consumo de O2, não há odor ou sabor de ranço, formam-se os primeiros radicais livres. 2. Segunda fase ou de Propagação: alto consumo de O2, formam-se os peróxidos e hidroperóxidos e iniciam-se as alterações de aroma e sabor. 3. Terceira fase ou Terminação: há baixo consumo de O2 , baixa concentração de peróxidos, formação de compostos não radicais (polímeros), há odor e sabor fortes, alterações da cor, viscosidade e de composição dos lipídeos . RANCIDEZ OXIDATIVA Catalisadores da oxidação lipídica: Oxigênio; Luz; Temperatura; Metais (ferro e cobre); Enzimas (lipoxigenase); Presença de oxidantes naturais. RANCIDEZ OXIDATIVA Desossa mecânica de carnes, fatiamento, moagem, trituração, emulsificação, cocção Promovem rompimento das células e organelas que liberam átomos de Fe, Cu e outros metais, bem como enzimas, que favorecem a oxidação por propiciarem maior contato com o O2. RANCIDEZ OXIDATIVA A oxidação de lipídeos no tecido animal é acelerada pela hemoglobina, mioglobina e citocromo C. Essas reações são responsáveis pela rancidez durante o armazenamento de aves e peixes e em carne cozida; A manteiga de garrafa pode muitas vezes se apresentar alterada devido as reações oxidativas. Isso acontece devido ao seu armazenamento em temperatura ambiente que, principalmente no nordeste, é > 25°C. RANCIDEZ OXIDATIVA O que causa o sabor de carne “requentada”? Quando a carne é cozida e armazenada sob refrigeração, no período de 1-3 dias ocorre a perda do aroma característico, e o aparecimento de flavor estranho (oxidado/rançoso/azedo); O teor de compostos provenientes da oxidação dos lipídeos aumenta durante o armazenamento ou quando a carne é novamente aquecida. RANCIDEZ OXIDATIVA A oxidação do tipo enzimática ocorre pela ação da enzima lipoxigenase , presentes em plantas, sementes oleaginosas, cereais e tecidos animais; Concentrações elevadas são encontradas em soja, ervilha e alguns tipos de feijão. Soja: sabor rançoso resultante da ação da lipoxigenase Degradação Térmica Alta temperatura decomposição química TRIGLICERÍDEOS calor Ácidos graxos e glicerol + calor Diversos compostos de degradação Ex.: ACROLEÍNA (substância volátil e irritante da mucosa gástrica) EMBALAGENS Uso de embalagens à vácuo; Uso de embalagens com atmosferas modificadas – baixo teor de oxigênio; Proteção à luz; Embalagens ativas antioxidantes PRÓ-OXIDANTES Fatores que aceleram a oxidação. Composição de Ácidos Graxos (AGs) Mais insaturados > Menos insaturados; AGs cis > AGs trans; AGs com duplas não-conjugadas > AGs com duplas conjugadas. Umidade (relacionada com a atividade de água ( aw)) baixo teor (aw˂0,1): rápida oxidação; Aw ao redor de 0,3: diminuição da oxidação; 0,55 ˂aw˂0,85: rápida oxidação PRÓ-OXIDANTES Fatores que aceleram a oxidação. Aceleram o processo da rancificação (oxidação dos lipídios); Metais; Pigmentos; Radiações. Temperatura A reação aumenta com o aumento da temperatura, assim, processos como pasteurização/esterilização aceleram a velocidade da reação; Resfriamento e congelamento não paralisam a oxidação. PRÓ-OXIDANTES Fatores que aceleram a oxidação. Aceleram o processo da rancificação (oxidação dos lipídios); Metais; Pigmentos; Radiações. A cocção pode aumentar: - a oxidação do colesterol, aumentando o conteúdo total dos óxidos de colesterol ; - além de também modificar o valor nutricional em relação ao produto original, pela modificação de seu perfil de ácidos graxos. PRÓ-OXIDANTES Aquecimento – carnes Rompimento da estrutura celular muscular; Inativação enzimas antioxidantes. METAIS Ferro e Cobre são eficientes promotores de reações de formação de radicais livres devido a transferência de elétrons. Metaloproteínas: Hemeproteínas CARNE: conteúdo do pigmento heme determinam a taxa de oxidação lipídica ANTIOXIDANTES Os antioxidantes são substâncias utilizadas para preservar os alimentos retardando a deterioração, o surgimento de odores rançosos ou descoloração devido à oxidação; Os antioxidantes podem atuar impedindo a ação dos catalisadores (antioxidantes primários) ou estabilizando os radicais livres formados durante as reações de oxidação (antioxidantes secundários) ANTIOXIDANTES MECANISMOS DE AÇÃO Primários: Bloqueadores da reação em cadeia (doadores de H e elétrons); Sinergísticos: Complexadores de metais e removedores de oxigênio. EFEITO ANTIOXIDANTE 1.Inativação dos radicais livres; 2.Complexação de íons metálicos; 3.Redução dos hidroperóxidos para produtos incapazes de formar radicais livres EFICIÊNCIA DOS ANTIOXIDANTES relação estrutura-função; natureza dos lipídeos; condições de armazenamento; Aw; estado físico do alimentos SELEÇÃO eficácia em baixas concentrações (0,001% a 0,01%); ausência de efeitos indesejáveis na cor, no odor, no sabor e em outras características do alimento; compatibilidade com o alimento e fácil aplicação; estabilidade nas condições de processo e armazenamento; o composto e seus produtos de oxidação não podem ser tóxicos, mesmo em doses muitos maiores das que normalmente seriam ingeridas no alimento. ANTIOXIDANTES Os antioxidantes primários ou sequestrantes de radicais livres (SRLs) inibem a oxidação de lipídeos por reagirem mais rápido com os radicais livres, em comparação aos ácidos graxos insaturados O retardo da oxidação é possível por vários meses; Os antioxidantes dão proteção às vitaminas A e D; Reações catalisadas por enzimas não são inibidas pelo seu uso A eficiência do antioxidante depende da sua capacidade em doar H. ANTIOXIDANTES Compostos fenólicos Muitas propriedades de SRL eficientes; Doam um H de seus grupos hidroxil; Estabilização do radical por ressonância. No Brasil, o uso destes antioxidantes é controlado pelo Ministério da Saúde que limita 200 mg/kg para BHA e TBHQ e 100 mg/g para BHT como concentrações máximas permitidas ANTIOXIDANTES Antioxidantes primários naturais Entre os mais utilizados podem ser citados tocoferóis, ácidos fenólico s e extratos de plantas como alecrim e sálvia. ANTIOXIDANTES Antioxidantes primários naturais A legislação brasileira permite a adição de 300 mg/kg de tocoferóis em óleos e gorduras, como aditivos intencionais, com função de antioxidante. Vitamina E (α-tocoferol) Estabilidade dos óleos vegetais altamente insaturados; Encontrada em óleos de soja , milho, girassol; em nozes, espinafre ANTIOXIDANTES Antioxidantes primários naturais ÁCIDOS FENOLICOS Os ácidos fenólicos caracterizam-se pela presença de um anel benzênico, um grupamento carboxílico e um ou mais grupamentos de hidroxila e/ou metoxila na molécula, que conferem propriedades antioxidantes. ANTIOXIDANTES ANTIOXIDANTES SINERGÍSTICOS Os antioxidantes sinergistas são substâncias com pouca ou nenhuma atividade antioxidante, que são utilizadas para aumentar a atividade dos antioxidantes primários, quando adequadamente combinados com eles. Os antioxidantes sinergísticos, de modo geral, aumentam a vida útil dos antioxidantes primários, sendo o maior efeito obtido quando utilizados em conjunto aos primários do que isoladamente. ANTIOXIDANTES ANTIOXIDANTES SINERGÍSTICOS Removedores de Oxigênio: reagem com o oxigênio livre, removendo-o do sistema fechado, isto é, em situação na qual o oxigênio se encontra em quantidade limitada. Exs.: ácido ascórbico, palmitato de ascorbila, sulfitos e eritorbatos , β-caroteno . Lim. máx.: 0,2 g/100g (2000 mg/kg) ANTIOXIDANTES ANTIOXIDANTES SINERGÍSTICOS Agentes Complexantes: imobilizam íons metálicos. A complexação ocorre principalmente em íons de cobre e ferro, que catalisam a oxidação. Exs.: EDTA, ácido cítrico, derivados do ácido fosfórico. Limite: 200 mg/kg (0,02 g/100g) CONSEQUENCIAS BIOLÓGICAS DA OXIDAÇÃO LIPIDICA Os produtosoriundos da oxidação lipídica podem ser absorvidos pelo fígado e, até na ausência de absorção, representarem riscos para a mucosa intestinal. Peróxidos: afetam a atividade de diversas enzimas; Oxidam as LDL, o que, acredita-se ser a principal causa de doenças cardiovasculares; Degeneração renal; Lesões genéticas e mutações; Aterosclerose AVALIAÇÕES DA OXIDAÇÃO LIPIDICA 1. Organoléptico Análise sensorial . 2. Índice de Peróxidos Determi nação De peróxidos como produto da oxidação dos ácidos graxos. Só efetivo nos estágios iniciais da oxidação; instáveis. 3. Dienos conjugados Ligações duplas conjugadas formadas após abstração de H AVALIAÇÕES DA OXIDAÇÃO LIPIDICA 4. TBARS TBARS: “Espécies reativas ao Ácido Tiobarbitúrico”. Reação do Ácido tiobarbitúrico com o Malonaldeído; Produto secundário da oxidação lipídica. ESTUDO DIRIGIDO 1 - Como se classificam os lipídeos quanto a sua estrutura? Fale sobre cada fase. 2 - Diferencie ácidos graxos saturados de ácidos graxos insaturados 3 - Como são formados os triglicerídeos? 4 - O que diferencia óleos das gorduras? 5 - O que são gorduras trans? Qual sua importância? 6 - Sobre a rancidez hidrolítica ou lipolítica, explique: Definição Influência nos óleos e gorduras Fatores que influenciam 7 - Descreva as três etapas da rancidez oxidativa e a diferença da rancidez hidrolitica 8 – Sobre caracterização físico-química dos óleos, explique: Indice de acidez Indice de peroxido Indice de Iodo Indice de Saponificação Indice de refração Viscosidade Densidade 9 – Diferença entre a Lipase e Lipoxigenase
Compartilhar