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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL RODRIGO DE PAULA FONTES BOAS PRÁTICAS NA PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MERENDA ESCOLAR EM CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ESTADUAL EM CAMPO GRANDE-MS Campo Grande 2012 RODRIGO DE PAULA FONTES BOAS PRÁTICAS NA PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MERENDA ESCOLAR EM CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ESTADUAL EM CAMPO GRANDE-MS Pesquisa exploratória e participativa apresentada como requisito obrigatório para obtenção do diploma como Especialista em Gestão da Segurança de Alimentos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Mato Grosso. ORIENTADORA: Professora Sergimara Freire Campo Grande 2012 RODRIGO DE PAULA FONTES BOAS PRÁTICAS NA PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MERENDA ESCOLAR EM CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ESTADUAL Pesquisa exploratória e participativa apresentada como requisito obrigatório para obtenção do diploma como Especialista em Gestão da Segurança de Alimentos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Mato Grosso. Aprovada em 11 de agosto de 2012 BANCA EXAMINADORA ______________________________ Professora Aldemira Câmara SENAC/AM ______________________________ Professora Dolores Aparecida Garcia SENAC/MT ______________________________ Professora Sergimara Freire SENAC/AM Aos professores do SENAC-MS que me ensinaram que trabalhar para trabalhar com gastronomia não precisamos estar dentro de uma cozinha, obrigado. AGRADECIMENTOS Aos professores Diretores do Centro de Educação Profissional Ezequiel Ferreira Lima, aos professores do SENAC-MT, professores do SENAC-MS, colegas de turma e a coordenação, secretaria e todos envolvidos no processo do EAD do SENAC-MT que me propuseram ter a oportunidade de ampliar meus conhecimentos. Se você viver todo dia como se fosse o último, algum dia você estará certo. Esta frase me causou um impacto na minha vida, e desde então, nos últimos 33 anos, toda manhã olho no espelho e pergunto a mim mesmo: "Se hoje fosse o último dia da minha vida, será que eu gostaria de fazer o que estou prestes a fazer hoje?" E sempre que a resposta fosse "Não" por vários dias seguidos, eu sabia que precisava mudar alguma coisa (JOBS, Steve. 2005). RESUMO Este trabalho procura dar o retorno à comunidade realizando em um Centro Educacional Profissional Estadual pesquisa que gerou relatório de não conformidades apresentadas com objetivo de gerar um relatório de melhoria que poderá ser aplicado na Instituição escolhida como objeto da pesquisa de maneira que tenha suas atividades de produção e distribuição de merenda escolar com o risco mitigado além do satisfatório. O trabalho foi realizado através de pesquisa exploratória, não participativa utilizando-se de entrevistas, relatório fotográfico e aplicação de lista de verificação extraída da RDC 275 de 21 de outubro de 2002. O resultado obtido foi de 68% de conformidade nos itens verificados, que classificou a instituição no Grupo 2 – entre 51% e 75% de conformidades dos itens, sendo que maior parte das não conformidades é atribuída à falta de registros e documentação das atividades. Com isso percebe-se a necessidade de ter profissional da área ou com capacidade técnica para acompanhar os processos de produção de merenda nas escolas, desde a concepção dos espaços, implantação das boas práticas e acompanhamento dos trabalhos desenvolvidos. Palavras chave: RDC 275, merenda, boas práticas de fabricação, manipulação de alimentos; ABSTRACT This work has been done to give something back to society by doing in a State Professional Education Center a research that resulted on an improvement report that could be applied at the chosen Institution in such way that it would have its lunch production and distribution improved with mitigate risk beyond satisfactory levels. This work has been done as a exploratory and non participative research based on interviews, photographic and check-list application extracted from the RDC 275 from 21st October 2002. O result obtained was conformity of 68% in the verified items. This evaluation classifies the institution at the Group 2 - conformity between 51% and 75%, considering the fact the most of the unconformities were about absence of documentation of the process of food handling and hygiene. It’s clearly that we need a technical professional with the capability to overlook the process of production at the schools, from the building of the kitchen through the good practices implementation and follow-up of the work in development. Keywords: RDC 275, school lunch, good manufacturing practices, food handling, , food handling; SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10 1.1. Histórico das Boas Práticas e Segurança dos Alimentos ......................... 10 1.2. Objetivos do Trabalho .................................................................................. 12 2. DESENVOLVIMENTO .................................................................................... 14 2.1. Metodologia ................................................................................................... 14 2.2. Resultados .................................................................................................... 14 2.2.1. Entrevistas ...................................................................................................... 14 2.2.2. Relatório Fotográfico....................................................................................... 16 2.2.3. Lista de Verificação ........................................................................................ 18 2.3. DISCUSSÃO .................................................................................................. 20 2.3.1. Edificações e Instalações ............................................................................... 21 2.3.2. Equipamentos, Móveis e Utensílios ................................................................ 22 2.3.3. Manipuladores ................................................................................................ 23 2.3.4. Produção e Transporte do Alimento ............................................................... 23 2.3.5. Documentação ................................................................................................ 23 3. CONCLUSÃO ................................................................................................. 24 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25 ANEXO A – Relatório Fotográfico .......................................................................... 27 10 1. INTRODUÇÃO Este trabalho foi desenvolvido junto ao Centro de Educação Profissional Estadual, sito em Campo Grande – MS. No trabalho desenvolvi junto à Instituição pesquisa exploratória, onde além de relatório fotográfico aplicou-se a “Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializados de Alimentos”. 1.1. Histórico das Boas Práticas e Segurança dos Alimentos A preocupação com a qualidade do alimento consumido pode ser considerada recente. Afinal, o que são 50 anos em nossa história? Apesar da preocupação maior em nossos estudos ser a saúde da população em geral, é preciso ter bem sedimentada a ideia que essas preocupações com o padrão de fabricação dos alimentos têm raízes fortes nas relações comerciais que se tornaram globalizadas com o fim da segunda guerra. AOrganização das Nações Unidas, em um comitê que se reuniu em 1945 criou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que se tornaria a responsável pelas questões comerciais envolvendo produtos alimentícios, onde deveria ser criada uma padronização para rotulagem, nomenclatura, e outros assuntos afins para que o comércio de tais produtos pudesse evoluir a passos largos. Atualmente esta Organização é presidida pelo brasileiro José Graziano da Silva, que foi o responsável pela implantação do Programa Fome Zero no Brasil durante os anos de 2003 a 2004. Somente em 1963, após discussões que se iniciaram em 1958 que o primeiro Codex Alimentarius (Livro da Comida) foi publicado, contendo recomendações a serem utilizadas como padrão, contendo códigos de conduta, guias, orientações e recomendações para produção e segurança de alimentos. Hoje, a Comissão do Codex Alimentarius é reconhecida como a referência pela Organização Mundial do Comércio em disputas envolvendo segurança de alimentos e proteção do 11 consumidor. Atualmente, o Codex Alimentarius é atualizado e revisto por uma comissão de 645 delegados de 145 países. Além do Codex, temos também orientando as Boas Práticas na Produção de Alimentos as normas ISO. A ISO – International Organization for Standardization – é um órgão internacional formado por 205 países e suas associações de normas e padrões. No Brasil, temos a ABNT como representante pelas normas ISO no Brasil. No Brasil, temos a ABNT em nome da ISO publica a Norma NBR ISSO 22000:2006 como sendo a norma para “Sistemas de Gestão da Segurança de Alimentos – Requisitos para qualquer Organização na Cadeia Produtiva de Alimentos”. Esta norma visa compreender todo o processo produtivo, com quatro enfoques principais para garantir a segurança do alimento por todo o processo produtivo sendo: comunicação interativa; gestão de sistema; programa de pré-requisitos e Princípios de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle. A ideia que a norma evangeliza é que somente através da gestão da produção do alimento para o consumidor final, desde o começo do processo da agricultura destinada para alimentação animal até o serviço de distribuição para o consumidor final em restaurantes e seus semelhantes. E que essa gestão seja feita não só através de ferramentas de controle, mas também pela comunicação e compartilhamento de informações entre todos os elos da cadeia. Esta norma também serve como base para o comércio exterior, exportação e importação de produtos. Produtos certificados com essa norma atendem a níveis de qualidade determinados que balizam as decisões sobre seu conteúdo e modo de produção quando em relações negociais internacionais. Além das normas e acordos internacionais, temos também nossa própria legislação, que orientada pelos itens anteriores, “procura também garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos”, palavras essas retiradas do sítio na Internet da própria Anvisa. A Anvisa, que é o braço do Governo Federal através do Ministério da Saúde para gerir a qualidade dos serviços e produtos oferecidos à população, é uma entidade recente, se considerarmos que foi fundada em 26 de janeiro de 1999. Sua 12 independência administrativa garante a autonomia necessária para exercer sua missão tanto frente à iniciativa privada quanto as instituições governamentais. Segundo seu sítio também, cabe a Anvisa, entre outras atribuições, fiscalizar os bens e produtos que se qualifiquem como “alimentos incluindo-se bebidas, seus insumos, embalagens, aditivos alimentares, limites de contaminantes orgânicos, resíduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários” e os serviços prestados compreendendo: “as instalações físicas, equipamentos, tecnologias, ambientes e procedimentos envolvidos em todas as fases de seus processos de produção dos bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária, incluindo a destinação dos respectivos resíduos”. Porém as Leis e normas governamentais não surgiram a partir da criação da Anvisa. Anterior a sua criação, a responsabilidade por tais atividades era ocupada diretamente pelo Ministério da Saúde através da Secretaria de Vigilância Sanitária, sendo que das três principais legislações gerais sobre as Boas Práticas na Fabricação datam de antes de sua criação. Nossas legislações são baseadas nas já citadas normas ISO e no Codex Alimentarius, com certas adaptações a nossa realidade e costumes. As RDCs (Resolução da Diretoria Colegiada) emitidas pela Anvisa sempre contém em seu corpo as referências usadas, de maneira que é possível compreender que as decisões não arbitrárias, e sim fundamentadas nos princípios das Boas Práticas, que tem como princípio fundamental a proteção do consumidor em todos seus prismas. 1.2. Objetivos do Trabalho O objetivo principal deste trabalho foi dar o retorno para a comunidade que vivo. Fala-se muito em direitos e não compreendemos que para que nossa sociedade se desenvolva por completo, ainda há a necessidade de contribuirmos 13 para este desenvolvimento até que o Poder Público por si só consiga conduzir completamente as necessidades que temos. Em setembro de 2011 houve um surto de contaminação por alimento em Campo Grande – MS, ocorrido na Escola Municipal de Tempo Integral Iracema Maria Vicente, onde cerca de cento e oitenta crianças foram hospitalizadas apresentando dores abdominais, vômito e alguns casos diarreia. Na época o caso causou comoção e revolta dos populares, que questionaram o poder público a respeito da qualidade do alimento servido. Após análise dos alimentos, o laudo apontou que a contaminação deu-se no preparo ou em sua distribuição, já que nos alimentos crus levados ao laboratório nada foi detectado. Neste caso, felizmente uma exceção, a culpabilidade do Poder Público não é questionável. Porém, cabe a fiscalização do trabalho desenvolvido na escola tanto por parte da própria Prefeitura como pelos pais dos alunos. A escolha do Centro Educacional se deu principalmente pelo fato de ser um novo modelo de escola em desenvolvimento no Estado. Com uma proposta de formar técnicos nas diversas áreas para atender a demanda crescente de mão de obra, a escola que já existe há nove anos oferece Ensino Técnico muitas vezes integrado ao Ensino Médio, com a nobre tarefa de incluir o jovem ou adulto na sociedade desempenhando um papel na construção de sua cidadania através da qualificação e posteriormente trabalho. Com aproximadamente trezentos alunos por turno, funcionando durante manhã, tarde e noite, a Escola fornece para cada turno merenda escolar, de acordo com o Programa Nacional de Alimentação Escolar. O trabalho aqui apresentado é apenas o começo do que deverá ser realizado junto à escola. Nesta primeira etapa, foi realizada entrevista com funcionários, diretores, inspeção orientada pelo anexo II da RDC 275/2002 e observação fotográfica. Destes dados, juntamente com os conhecimentos angariados até a presente data através dos estudos realizados ao longo do último ano, produziram-se os resultados que serão expostos adiante. A preocupação com a merenda deve ser tratada com muita seriedade. Não é necessário explicar como ela pode influenciar no aprendizado das crianças, jovens e 14 até adultos. A alimentação balanceada e livre de contaminantes pode não garantir o sucesso no aprendizado, porém, quando temos casos como o citado anteriormente a merenda pode sim exercer um papel importante no insucesso do aprendizado. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Metodologia O trabalho foi desenvolvido na Escola com sua autorização sendo realizado através de entrevista com o corpo da Diretoria da Escola, alguns discentes e funcionários. Foi realizado também um relatório fotográfico e aplicação da lista de verificaçãobaseada no anexo II da RDC 275/2002 da Anvisa. 2.2. Resultados 2.2.1. Entrevistas Durante as entrevistas pude observar que por parte do corpo docente e dos funcionários a preocupação com a qualidade da merenda é constante. A Diretoria trabalha com alguns recursos escassos, como falta de pessoal e alguns materiais adequados, mas realiza um bom trabalho. São produzidas cerca de 900 (novecentas) refeições/dia, em três turnos, onde se tem no período noturno o maior volume de refeições produzidas. E em cada turno há apenas uma merendeira para conduzir todo o processo de produção da merenda. Este fato dá-se pelo volume de estudantes que não permite que a Escola dimensione mais funcionários para tal função. Eventualmente funcionários de outras áreas se deslocam para ajudar na distribuição da merenda. A distribuição e consumo precisam ocorrer no intervalo dos alunos, que dura cerca de vinte minutos. No período noturno que chega a ter mais 15 de 300 (trezentas) refeições produzidas para consumo, apenas um funcionário realizando tal tarefa seria impossível. Foi informado pela Diretoria da escola que a Secretaria de Educação acompanha o desempenho das merendeiras, e que, semestralmente, as merendeiras participam de cursos de reciclagem para adoção das boas práticas na produção de alimentos. Através da entrevista e verificado pela visita técnica, os produtos são recebidos semanalmente. Quando recebidos, os produtos perecíveis são separados, onde o grupo das carnes e outros alimentos congelados são porcionados e armazenados separadamente no freezer horizontal. Vegetais e leguminosas são condicionados na câmara fria, enquanto frutas são separadas por tipo armazenadas em local recipientes que permitam a circulação de ar. Os insumos não perecíveis são armazenados em armários metálicos, com prateleiras, com portas e chaveados. Cabe observar também que são armazenados em separado dos insumos e limpeza e descartáveis. A produção tem início de manhã, onde os insumos do dia são pré-preparados para serem utilizados durante o dia, de maneira a acelerar as produções posteriores. É utilizado um balcão com toalha plástica para fácil higienização, já que a cozinha da produção da merenda ainda não foi equipada com o balcão de superfície lisa adequada para a manipulação de alimentos. A distribuição é realizada através de janela estilo “passa prato”, diretamente pela merendeira, em cumbucas plásticas e talheres de metal, começando juntamente com o intervalo dos alunos nos períodos matutino e vespertino. No período noturno é feita a distribuição em carrinho de servir. Minutos antes do intervalo, a merenda já é distribuída nas cumbucas e armazenada no carrinho, de modo que durante a noite há distribuição pelo carrinho por funcionário da escola e pela merendeira através do passa prato. Após a distribuição a higienização do local e utensílios fica por conta da funcionária. 16 2.2.2. Relatório Fotográfico Após entrevista com as pessoas supracitadas passei a realizar o relatório fotográfico, anexo a este trabalho. Procedo então com análise das dezessete fotos presentes ao relatório, conforme sua numeração. Podemos observar nas fotos (1), (2) e (10) que apesar das janelas providenciarem boa iluminação natural para a área de produção, estas não possuem tela milimétrica para evitar que possíveis vetores adentrem a zona de produção quando abertas. Observamos também na foto (1) o balcão utilizado para o pré-preparo dos alimentos. Como a escolha não dispõe de balcão em aço inoxidável, utiliza-se de mesa com toalha de plástico transparente sobre outra toalha para que sejam colocadas as placas de corte quando do preparo dos alimentos. Apesar das cadeiras dispostas no recinto os funcionários da escola garantiram que tal área não é utilizada pra consumo de alimentos. Observamos na foto (3) que já um armazenamento inadequado de insumos (cebola) juntamente com produtos de limpeza (álcool). Há também na segunda prateleira, de baixo para cima, colheres de madeira que são utilizadas na produção, altamente não recomendado. Cabe ressaltara também que há uma fresta entre as paredes, que pode causar acúmulo de sujeira e servir de abrigo para vetores. Na foto (4) nos alimentos armazenados nos potes de vidro seria necessário que fossem rotulados, para garantir o prazo de validade e até identificá-los corretamente. O armazenamento de utensílios de cozinha sobre a câmara fria também foi uma irregularidade observada. Nas fotos (5) e (6) observamos a inexistência dos ângulos abaulados entre as paredes e piso e paredes e teto como recomenda a RDC 275/2002. Na foto (7) temos uma visão de toda a mesa/bancada onde é trabalhado o pré-preparo da merenda, e o carrinho de servir. 17 Na foto (8) temos os armários onde são armazenados os alimentos não perecíveis, descartáveis e materiais de limpeza. Chamamos a atenção para algumas manchas no chão próximo aos armários. Na foto (9) temos um balcão que é utilizado como depósito dos equipamentos de cozinha, e o armazenamento das frutas. Observamos que o balcão fica encostado na parede, possibilitando que vetores possam subir pela parede e depois para o balcão, e as frutas que apesar de armazenadas em cestos, estes estão diretamente colocados sobre o chão da cozinha. Estes cestos poderiam estar dispostos em cima da grade de madeira que pode ser vista na foto (10). Na foto (11) temos uma visão da área de produção efetiva, onde se situam balcão e uma pia de aço inoxidável. Observe que não há proteção na luminária. A área observada foi recém-reformada para que recebesse os azulejos lisos e brancos, como recomenda a RDC 275/2002, ainda que não realizada com os ângulos abaulados, como se mostra através da foto (13). Na foto (13) também pode se observar o lixo destampado, de acionamento manual. O recolhimento do lixo é efetuado após a higienização da cozinha em cada turno. A foto (12) ilustra a câmara fria com regulagem de temperatura, o freezer horizontal e ao lado do extintor o cardápio mensal a ser produzido naquela cozinha. A foto (14) mostra o passa prato e o balcão onde são servidas as merendas em cada turno. Lixeiras com tampa para resíduos advindos do consumo e distribuição. A foto (15) e (17) focam no fogão e área de produção. Na foto (15) observamos a divisória de meia altura, de concreto, e com revestimento liso de fácil higienização. Porém não são utilizadas pelos manipuladores toalhas descartáveis, mas panos para secar as mãos como demonstrado na foto. Na foto (17) observamos a utilização destes panos enquanto era feita a distribuição da merenda. Por fim temos a foto (16), onde vemos a pia utilizada pra higienização dos utensílios de cozinha, e armazenamento de alguns itens. A atenção fica no pote com sabão e palha de aço colocado sobre a placa de corte. 18 2.2.3. Lista de Verificação A lista de verificação aplicada foi o anexo II da RDC 275/2002. Após compilação dos dados, verificou-se o índice de aprovação de conformidade foi de 68%. Este resultado classifica o estabelecimento no Grupo 2 – atendimento de 51 a 75% de atendimento dos itens. Citaremos a seguir apenas os itens não conformes: 1. A inexistência de ângulos abaulados entre as paredes e teto e entre as paredes e o piso – Foi verificado conforme listado anteriormente no relatório fotográfico tal não conformidade. 2. Portas externas com fechamento automático – Não instalado na porta de acesso a cozinha; 3. Portas em adequado estado de conservação (livres de falhas, rachaduras, umidade, descascamento e outros) – A porta apresentava em seu rodapé rachaduras na tinta; 4. Existência de proteção contra insetos e roedores (telas milimétricas ou outro sistema) – Não instalado em nenhuma janela; 5. Instalações Sanitárias e Vestiários para os Manipuladores – Portascom fechamento automático: Não instalado; 6. Instalações Sanitárias e Vestiários para os Manipuladores – Presença de lixeiras com tampas e com acionamento não manual; 7. Instalações Sanitárias e Vestiários para os Manipuladores – Presença de avisos com os procedimentos para lavagem das mãos; 8. Lavatórios em condições de higiene, dotados de sabonete líquido inodoro antisséptico ou sabonete líquido inodoro e antisséptico, toalhas de papel não reciclado ou outro sistema higiênico e seguro de secagem e coletor de papel acionados sem contato manual – Utilização de toalhas de pano no ambiente de produção; 9. Luminárias com proteção adequada contra quebras e em adequado estado de conservação – Não há proteção instalada; 10. Sistema de exaustão e ou insuflamento com troca de ar capaz de prevenir contaminações – Apenas existe a ventilação natural através das janelas. 19 11. Sistema de exaustão e ou insuflamento dotados de filtros adequados – Não instalados; 12. Captação e direção da corrente de ar não seguem a direção da área contaminada para a área limpa: Há janelas que permanecem abertas em ambas as direções; 13. Existência de registro da higienização: Não implantado; 14. Manejo dos resíduos - Recipientes para coleta de resíduos no interior do estabelecimento de fácil higienização e transporte, devidamente identificados e higienizados constantemente; uso de sacos de lixo apropriados. Quando necessário, recipientes tampados com acionamento não manual: Lixeira pequena, sem tampa. 15. Equipamentos - Existência de planilhas de registro da temperatura, conservadas durante período adequado: Não existentes; 16. Equipamentos - Existência de registros que comprovem que os equipamentos e maquinários passam por manutenção preventiva – Não existentes; 17. Equipamentos – Existência de registros que comprovem a calibração dos instrumentos e equipamentos de medição ou comprovante da execução do serviço quando a calibração for realizada por empresas terceirizadas – Não existentes; 18. Utensílios - Armazenados em local apropriado, de forma organizada e protegidos contra a contaminação: Alguns itens armazenados em locais inapropriados; 19. Higienização dos Equipamentos – Existência de registro da higienização: Não existente; 20. Utilização de uniforme de trabalho de cor clara, adequado à atividade e exclusivo para área de produção: Manipuladores utilizando roupa própria; 21. Utilização de uniformes limpos e em adequado estado de conservação: Manipuladores utilizando roupa própria; 22. Manipuladores: Asseio pessoal: boa apresentação, asseio corporal, mãos limpas, unhas curtas, sem esmalte, sem adornos (anéis, pulseiras, brincos, etc.); manipuladores barbeados, com os cabelos protegidos – Manipuladores portando adornos na área de produção; 20 23. Área de Manipulação: Cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta lavagem das mãos e demais hábitos de higiene, afixados em locais apropriados: Inexistentes; 24. Matéria-Prima - Existência de planilhas de controle na recepção (temperatura e características sensoriais, condições de transporte e outros): Inexistentes; 25. Armazenamento em local adequado e organizado; sobre estrados distantes do piso, ou sobre paletes, bem conservados e limpos, ou sobre outro sistema aprovado, afastados das paredes e distantes do teto de forma que permita apropriada higienização, iluminação e circulação de ar – Alguns produtos (frutas) estavam em cestos diretamente sobre o chão. 26. Produto Final - Existência de programa de amostragem para análise laboratorial do produto final: Inexistente; 27. Produto Final - Existência de laudo laboratorial atestando o controle de qualidade do produto final, assinado pelo técnico da empresa responsável pela análise ou expedido por empresa terceirizada: Inexistente; 28. Documentação - Manual de Boas Práticas: Inexistente; 2.3. DISCUSSÃO Após a coleta de dados, tecemos os seguintes comentários referentes às Boas Práticas utilizadas no Centro Educacional Profissional estudado: A escola, de acordo com seus recursos, executa de forma satisfatória a produção e distribuição da merenda escolar. Há um envolvimento de vários membros do corpo da Escola na atividade conforme informações coletadas. Ao conversar com os membros do corpo Docente verificou-se a preocupação dos mesmos com esta área importante e por vezes esquecida nas escolas. 21 Ainda sim, há algumas modificações que podem ser feitas para que seja aprimorada ao máximo a segurança dos alimentos produzidos na instituição estudada. Baseado na aplicação da Lista de Verificação da RDC 275/2002 na unidade produtora de merenda do Centro Educacional Profissional visitado apresenta um desempenho satisfatório na questão da Segurança dos Alimentos. Apesar de sua classificação segundo a RDC 275/2002 a unidade produtora ter sido enquadrada no Grupo B face ao número de não conformidades considero o trabalho realizado satisfatório. As não conformidades apresentadas podem incorrer em risco para os comensais. Apesar de 25 das 44 não conformidades serem documentais, ainda restam 19 não conformidades relacionadas à estrutura e higiene dos manipuladores. 2.3.1. Edificações e Instalações Nesse item temos a ocorrência de 14 não conformidades, as quais pela natureza da unidade produtora possam ser as mais complicadas de serem sanadas por dependerem de orçamento do poder público para que sejam sanadas as modificações necessárias. Recomendo a Direção do Centro solicitar reforma na cozinha com instalação de exaustor e também acertar os ângulos retos presentes na área de manipulação, bem como fechar o vão identificado nas fotos (2) e (3), que podem incorrer em acúmulo de sujidades e vetores. Nesse aspecto também deveria ser trocada a porta por uma que possuísse sistema de fechamento automático, evitando que vetores possam entrar no ambiente de produção, além de diminuir o contato com maçanetas por parte dos manipuladores. Deveriam ser substituídas as atuais lixeiras por modelos que possuam tampas de acionamento automático para evitar contaminações cruzadas, tanto na área de produção como no ambiente de higienização dos manipuladores. 22 Para atender a norma RDC também deveriam ser expostos cartazes com os procedimentos de lavagem das mãos na área de produção, de preferência próximos a pia ou em áreas de grande visibilidade para lembrar os manipuladores sempre como fazê-lo de maneira correta. Como sinalizado anteriormente para que haja eficiente lavagem das mãos, a secagem também é importante. O uso de toalha de pano no ambiente de produção aumenta o risco de contaminação, pois o pano úmido, num ambiente cheio de alimentos é o lar perfeito para micro-organismos patogênicos. A despeito das instalações elétricas, apesar de existirem em número adequado não são dotadas de proteção. Se não todas pelo menos as luminárias que ficam diretamente sobre as áreas de produção deveriam ser substituídas por modelos adequados para evitar contaminações e acidentes. A ventilação do local é feita através de ventiladores e ventilação natural, e sem sistema de exaustão. Como há janelas por todos os lados, acaba-se tendo correntes de ar que circulam livremente em todas as direções, podendo trazer sujidades e outros agentes patogênicos para a área de produção. Soma-se isso ao fato de não termos telas milimétricas instaladas pela área, o risco de termos algum agente contaminante biológico ou físico é majorado. Por fim, falta algum método de controle da frequência da higienização das instalações. Apesar de ter sido informada que é realizada rotineiramente, e pelo que foi observado in loco, satisfatória, não há controle sobre quando e por quem foi realizada. 2.3.2. Equipamentos, Móveis e Utensílios Novamente o maior índice de não conformidades foi documentação. Não háregistro de controle sobre temperatura dos equipamentos, manutenção, calibração ou higienização, o que prejudica a frequência de realização de tais atividades. Uma não conformidade que mais chamou a atenção foi o armazenamento de alguns utensílios conforme percebido no relatório fotográfico. Utensílios diversos armazenados em bacias e panelas muito próximos de artigos de limpeza, assim como dispostos em armários sem portas, que permite que eventuais vetores que possam adentrar a área de produção. 23 2.3.3. Manipuladores Foram identificadas quatro não conformidades. Novamente, em relação aos cartazes afixados sobre lavagem das mãos e demais hábitos de higiene não foram vistos na área de produção. Há ausência de uso de uniforme pelos manipuladores, e uso de adornos diversos pelos manipuladores durante a produção. 2.3.4. Produção e Transporte do Alimento Temos aqui também mais quatro não conformidades, sendo duas referentes a matéria prima e duas referentes ao produto final. Apesar do controle de inspeção do recebimento existir, ele não é documentado, nem orientado planilha alguma. Isso pode acarretar o recebimento de algum produto fora dos padrões caso a pessoa que receba não esteja capacitada ou familiarizada com os requisitos mínimos de qualidade dos insumos. Outro problema grava foi o armazenamento de frutas e verduras em cestos diretamente sobre o chão, quando o pallet para tal função estava bem ao lado dos cestos. Em relação ao produto final, o controle quanto a qualidade é realizado pelos próprios manipuladores, através de observação da produção, com auxílio do olfato e paladar. Não há na escola programa de amostragem laboratorial e nem equipamentos necessários para que lá fossem realizados tais testes, desta forma inexistindo laudo laboratorial que comprove a qualidade dos alimentos produzidos. 2.3.5. Documentação Nesta seção é onde temos a maior parte das não conformidades, por inexistir qualquer documentação referente à Manual de Boas Práticas ou documentos de Procedimento Operacional Padrão – POP - para as atividades realizadas na unidade produtora de merenda. Todo trabalho é realizado conforme conhecimentos e experiências de cada manipulador em seu turno, sendo o único guia o cardápio planejado pela administração escolar. 24 3. CONCLUSÃO Verificou-se durante a pesquisa realizada que a instituição educacional avaliada apresentou um desempenho satisfatório. Porém, percebe-se a falta que uma orientação de profissional técnico na área de segurança dos alimentos adequada faz e impacta na produção segura. Apenas com a elaboração de Manual de Boas Práticas e a adoção de planilhas para os registros já elevaria a categoria da unidade inspecionada do Grupo 2 para o Grupo 1 – onde há mais de 76% de conformidades. Para as demais não conformidades envolvendo estruturas, cabe a Direção do Centro solicitar junto a Secretaria de Educação as obras necessárias para que a unidade produtora fique com total conformidade com a RDC 275. Em relação aos manipuladores, fica a cargo da administração prover e fiscalizar o uso dos uniformes, bem como a adoção das Boas Práticas na Manipulação. As não conformidades apresentadas são de fácil solução, sendo que uma ação do Poder Público, em conjunto com a administração escolar e a nutricionista responsável, e com uma pequena injeção de recursos pode tornar a cozinha desta escola um modelo para unidades produtoras de merenda para todo o Estado. 25 REFERÊNCIAS ANVISA. Texto online. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/bpf.htm> Acesso em 02 de julho de 2012. ANVISA. Texto online. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=8134> Acesso em 02 de julho de 2012. ANVISA. Texto online. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/folder_rdc216_2.pdf> Acesso em 02 de julho de 2012. ANVISA. Texto online. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=12546> Acesso em 02 de julho de 2012. ANVISA. Texto online. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/Institucional/anvisa/comp.htm> Acesso em 02 de julho de 2012. ANVISA. Texto online. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/appcc.htm> Acesso em 02 de julho de 2012. ARRUDA, Gillian A. Manual de boas práticas. 3. ed. São Paulo: Ponto Crítico, 2006 BOTTINI, Lucia. Chef Profissional. 3. ed. São Paulo: SENAC Editoras, 2009. CAMPO GRANDE NEWS. Texto online. 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Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2009. 27 ANEXO A – Relatório Fotográfico Foto 1 Foto 2 28 Foto 3 Foto 4 29 Foto 5 Foto 6 30 Foto 7 Foto 8 31 Foto 9 32 Foto 10 33 Foto 11 Foto 12 34 Foto 13 Foto 14 35 Foto 15 Foto 16 36 Foto 17
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