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Recrutamento e Selecção Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de Recursos Humanos ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 2 Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade doInstituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipuladoo infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail:isced@isced.ac.mz Website:www.isced.ac.mz 3 Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autor Dr. Mateus Vasco Sengueranhe – Licenciado em Planificação, Administração e Gestão da Educação pela Universidade Pedagógica – Delegação da Beira e Mestrando em Recursos Humanos e Gestão do Conhecimento pela Universidade Internacional do México Coordenação Design Financiamento e Logística Revisão Científica e Linguistica Ano de Publicação Local de Publicação Direcção Académica do ISCED Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Imeldina Eduardo Matimbe Rego. Mestre em Gestao Estrategica de Recursos Humanos 2016 ISCED – BEIRA 4 INDICE Visão Geral .............................................................................................................................. 8 Objectivos do Módulo ............................................................................................................. 8 Avaliação ................................................................................................................................ 13 TEMA – I: A EVOLUÇÃO DO MERCADO DE RECURSOS HUMANOS E DO MERCADO DE TRABALHO ............................................................................................. 14 Unidade Temática 1.1. A Evolução do Mercado de Recursos Humanos e do Mercado de Trabalho ................................................................................................................................. 14 Introdução .............................................................................................................................. 14 1.1.1 Conceito de Mercado ................................................................................................... 14 1.1.2 O Mercado de Trabalho ou de Emprego.................................................................... 16 1.1.3 O Mercado de Recursos Humanos ............................................................................. 20 1.1.4 A interacção entre o mercado de trabalho e o mercado de Recursos humanos ..... 23 Sumário .................................................................................................................................. 24 Exercícios de Auto-Avaliação do Tema I ............................................................................ 25 Exercícios de Avaliação do Tema I ...................................................................................... 25 TEMA –II: CONTEXTUALIZAÇÃO DO RECRUTAMENTO E SELECÇÃO ........... 26 Unidade temática 2.1. Evolução Histórica dos Processos de Recrutamento e Selecção. . 26 Unidade Tematica 2.2. Evolucao do Processo de Recrutamento ...................................... 26 Unidade Tematica 2.3 Evolução do Processo deSelecção. ................................................. 26 Exercícios do Tema II ........................................................................................................... 26 Unidade Temática 2.1. Evolução Histórica dos processos de Recrutamento e Selecção. 26 Introdução .............................................................................................................................. 26 2.1.1 Diferença e Relação entre Recrutamento e Selecção................................................. 26 2.2 Evolução do Processo de Recrutamento ........................................................................ 27 2.3 Evolução do Processo de Selecção .................................................................................. 29 Sumário .................................................................................................................................. 33 Exercícios de Auto-Avaliação do Tema II ........................................................................... 33 TEMA – III: O RECRUTAMENTO DE PESSOAL ......................................................... 34 UNIDADE TEMÁTICA 3.1 Conceitualização de Recrutamento de Pessoal .................. 34 UNIDADE TEMÁTICA 3.2 O Recrutamento Interno ...................................................... 34 5 UNIDADE TEMÁTICA 3.3 O Recrutamento Externo e Misto........................................ 34 Exercicios de Auto Avaliação do Tema III ......................................................................... 34 Unidade Temática 3.1 Conceitualização de Recrutamento de Pessoal ............................. 34 Introdução .............................................................................................................................. 34 3.1.1 Conceito de Recrutamento de pessoal ........................................................................ 35 3.1.2 Os Objectivos do Recrutamento ................................................................................. 36 3.1.3 Relação do Recrutamento com outras Actividades de GRH .................................... 37 3.1.4 O Quadro Legislativo no Processo de Recrutamento ............................................... 38 3.1.5 A Estratégia de Recrutamento .................................................................................... 40 3.1.6 A Decisão de Preenchimento do Cargo Vago ............................................................ 40 3.1.7 Principais Limitações do Recrutamento .................................................................... 44 3.1.8 Formas de Recrutamento ............................................................................................ 46 Sumário .................................................................................................................................. 46 Unidade Temática 3.2 O Recrutamento Interno ...................................................................... 47 Introdução ............................................................................................................................... 47 3.2.1 Conceito de Recrutamento Interno ............................................................................ 47 3.2.2 Estratégias do Recrutamento Interno ........................................................................ 48 3.2.3 Fontes do Recrutamento Interno ................................................................................ 50 3.2.4 Vantagens do Recrutamento Interno ......................................................................... 51 3.2.5 Desvantagens do Recrutamento Interno .................................................................... 52 Sumário .................................................................................................................................. 55 Unidade Temática 3.3 O Recrutamento Externo e Misto ..................................................56 Introdução .............................................................................................................................. 56 3.3.1 Conceito de Recrutamento Externo ............................................................................ 56 3.3.2 Estratégia de Recrutamento Externo ......................................................................... 57 3.3.3 Estratégias a Empreender no Mercado ...................................................................... 57 3.3.4 Fontes do Recrutamento Externo ............................................................................... 59 3.3.5 Técnicas de Recrutamento Externo ............................................................................ 62 3.3.6 Instrumentos de Recrutamento Externo .................................................................... 64 3.3.8 Desvantagens do Recrutamento Externo ................................................................... 70 3.3.9 O Recrutamento Misto ................................................................................................. 72 6 Sumário .................................................................................................................................. 72 Exercícios de Auto-avaliação do tema III ........................................................................... 73 TEMA – IV: A SELECÇÃO DE PESSOAL....................................................................... 73 UNIDADE Temática 4.1 Conceitualização de Selecção de Pessoal .................................. 73 UNIDADE temática 4.2 O Processo de Selecção de Pessoal .............................................. 73 UNIDADE temática 4.3 Métodos e Técnicas de selecção de pessoal ................................ 73 UNIDADE temática 4.4 Exercícios de Auto Avaliação do Tema IV ................................ 73 Unidade Temática 4.1 Conceitualização de Selecção ......................................................... 73 Introdução .............................................................................................................................. 73 4.1.1 Conceito de Selecção de Pessoal .................................................................................. 74 4.1.2 Objectivos da Selecção de Pessoal ............................................................................... 75 4.1.3 Factores Condicionadores da Selecção de Pessoal .................................................... 76 4.1.4 Selecção como Um Processo de Comparação ............................................................ 76 4.1.5 A Selecção como Um Processo de Decisão ................................................................. 77 4.1.6 As Bases de Selecção ........................................................................................................ 80 Sumário .................................................................................................................................. 81 Unidade Temática 4.2 O Processo de Selecção de Pessoal ................................................. 82 Introdução .............................................................................................................................. 82 4.2.1 Conceito e Objectivos de Triagem dos Candidatos ................................................... 82 4.2.2 Métodos de Triagem dos Candidatos ......................................................................... 83 Sumário .................................................................................................................................. 84 Unidade Temática 4.3 Organização do Processo de Selecção de Pessoal ......................... 85 Introdução .............................................................................................................................. 85 4.3.1 A Necessidade dos Métodos de Selecção ..................................................................... 85 4.3.2 Métodos e Técnicas de Selecção .................................................................................. 86 Sumário ................................................................................................................................ 103 Unidade Temática 4.4 A Entrevista Profissional de Selecção ......................................... 104 Introdução ............................................................................................................................ 104 4.4.1 Conceito de Entrevista ............................................................................................... 105 4.4.2 Funções Específicas da Entrevista ............................................................................ 106 4.4.3 Treinamento dos Entrevistadores ............................................................................. 107 7 4.4.4 Classificação das Entrevistas ..................................................................................... 107 4.4.5 Etapas da Entrevista .................................................................................................. 112 Sumário ................................................................................................................................ 117 Unidade Temática 4.5 O Processo de Selecção ................................................................. 118 Introdução ............................................................................................................................ 118 4.5.1 Estratégias Sequenciais do Processo de Selecção .................................................... 118 4.5.2 O Acto de Selecção ..................................................................................................... 119 4.5.3 Custos com o Recrutamento e Selecção .................................................................... 121 Sumário ................................................................................................................................ 126 Exercícios de Auto-avaliação do tema IV.......................................................................... 127 Avaliação Final do Módulo de Recrutamento e Selecção ................................................ 127 GUIÃO DE CORRECÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO E DE AVALIAÇÃO FINAL ......................................................................................................... 128 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 139 8 Visão Geral Bem-vindo ao Módulo de Recrutamento e Selecção Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Recrutamento e Selecção o aluno deverá ser capaz de: Compreender o papel do Recrutamento e Selecção no âmbito específico da Gestão de Recursos Humanos, bem como a sua importância para o sucesso da empresa, tendo em conta que os dois processos constituem a porta de entrada dos novos colaboradores na empresa. Objectivos Específicos • Compreender as questões legais e éticas envolvidas no Recrutamento e Selecção; • Conhecer os diferentes métodos e técnicas utilizadas em Recrutamento e Selecção, bem como a sua eficácia; • Compreender o processo de concepção e implementação de algumas das técnicas específicas de análise de funções, recrutamento e selecção. • Identificar os tipos de Recrutamento • Descrever o processo de Recrutamento • Identificar as técnicas de Recrutamento e Selecção Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Poderão adquirir o manual. Como está estruturado este módulo Este módulo de Recrutamento e Selecção,para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Recursos Humanos, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: 9 Páginas introdutórias • Um índicecompleto. • Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos- chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cadaunidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de auto- avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades práticas, algumas incluindo estudo de casos. Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si, num cantinho, mesmo o recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. 10 Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctica e pedagógica, etc. deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar a aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 11 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso, se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para 12 responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar. Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade esucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater 13 assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorias devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 14 Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. TEMA – I: A EVOLUÇÃO DO MERCADO DE RECURSOS HUMANOS E DO MERCADO DE TRABALHO Unidade Temática 1.1. A Evolução do Mercado de Recursos Humanos e do Mercado de Trabalho Introdução Vai-se iniciar o estudo da 1ª unidade do 1º tema da disciplina de Recrutamento e Selecção. Nesta, conhecerá as características do mercado, que é onde as empresas aplicam as técnicas de recrutamento, visando atraírem um contingente suficiente de candidatos que precisam para ocuparem lugares vagos. Em termos de provisão de RH, existem dois tipos de mercados bem distintos, porém estreitamente relacionados: o mercado de trabalho e o mercado de RH. Objectivos • Distinguir os mercados de Recursos Humanos e de trabalho; • Caracterizar os mercados de Recursos Humanos e de trabalho; • Explicar como o comportamento de cada um dos mercados influencia o recrutamento; • Descrever cada um dos mercados em épocas de oferta e de procura. 1.1.1 Conceito de Mercado No entender de MACHADO, ET ALL (2014), os processos de recrutamento e a selecção enquanto sistema, operam no meio sócio-organizacional e, é a este meio que as empresas vão buscar elementos informativos importantes que lhes permitem tomar 15 decisões, de entre os quais, as pessoas novas que precisam para preencher cargos vagos. Este meio é o que se designa de mercado, que pode ser de trabalho ou de emprego e de recursos humanos. Os processos de recrutamento e selecção dependem em grande parte do comportamento dos mercados de Recursos humanos e de trabalho. Então, caro estudante, o que será mercado? CHIAVENATO (2004), recorrendo a uma abordagem económica, nos diz que o termo mercado envolve vários significados, a saber: • O lugar onde antigamente se efectuavam trocas de mercadorias, ou seja, o local físico onde os vendedores se encontravam com os compradores; • O “espaço económico” onde se realizam trocas de bens, os quais são produzidos e ofertados pelos produtores e procurados pelos compradores. • A área geográfica ou territorial dentro da qual as forças de oferta e procura convergem para estabelecer um preço comum. No seu entender, CHIAVENATO (2009) diz que basicamente, o conceito de mercado apresenta três dimensões importantes, como: • Uma dimensão de espaço: todo o mercado é caracterizado por uma área física, geográfica ou territorial. Localidades diferentes traduzem mercados diferentes. Em suma, o espaço é um elemento importante do mercado; • Uma dimensão de tempo: todo o mercado depende de uma época. Em épocas deferentes um mesmo mercado pode apresentar características diferentes. Então, o tempo é um elemento importante do mercado; • A dimensão de oferta e procura: todo o mercado se caracteriza pela oferta e disponibilidade de algo e, simultaneamente, pela procura e demanda de algo. Se a oferta é maior do que procura, trata-se de algo fácil de ser obtido e passa a haver concorrência entre os vendedores ou entre aqueles que oferecem algo. Se a procura é maior do que a oferta, então a situação se inverte e trata-se de algo difícil de ser obtido e passa a haver concorrência entre os compradores ou entre aqueles que precisam de algo. 16 Em termos de provisão de Recursos Humanos, existem dois tipos de mercados bem distintos, porém estreitamente entrelaçados e inter-relacionados: o mercado de trabalho e o mercado de Recursos humanos. Se formos a mudar de abordagem, de uma eminentemente económica, e passarmos a uma abordagem de administração, falaremos de ambiente, pois as empresas se relacionam com o ambiente, uma vez que é neste ambiente onde operam outras empresas e onde buscam os insumos que precisam para operar, incluindo as novas pessoas. SANTOS (2008) nos diz que ambiente é tudo o que envolve externamente uma empresa ou outra organização qualquer. A sobrevivência de qualquer organização depende da sua capacidade de aproveitar as oportunidades que este ambiente lhe propicia e, simultaneamente, eliminar as ameaças que dela advêm. É neste ambiente que a empresa busca, dos vários insumos, as pessoas de que necessitapara executarem todas as actividades que são desenvolvidas nela. Nas situações de oferta ou de procura de vagas ou de candidatos, ele tem um certo tipo de comportamento que influencia decisivamente nas estratégias de recrutamento e selecção que as empresas adoptam. De acordo com o pensamento de MILDEBERGER (2011), a cada dia o ambiente interno e externo das empresas sofre constantes transformações, a tecnologia e a globalização se aceleram em um ritmo nunca visto. A tendência de novas oportunidades e desafios sugere a actualização constante. Esta actualização inclui a busca de novas pessoas, dotadas de novos conhecimentos para que a empresa consiga se manter neste mercado. Ou seja, a empresa deve estar comprometida com seu corpo funcional, pois de nada adianta ter os equipamentos mais sofisticados se seus colaboradores não estão comprometidos com os objectivos da empresa. 1.1.2 O Mercado de Trabalho ou de Emprego Segundo MACHADO, ET ALL (2014), o mercado de emprego é constituído pelas empresas, mais as oportunidades de emprego, tendo uma relação estreita com a oferta e procura de emprego. 17 Por sua vez, CHIAVENATO (2004) diz que o mercado de trabalho ou de emprego é constituído pelas ofertas de trabalho ou de emprego oferecidas pelas organizações, em determinado lugar e em determinada época. Quanto maior for o número de organizações numa determinada região, maior será o mercado de trabalho e o seu potencial de disponibilidade de vagas e oportunidades de emprego. Este mercado pode ser segmentado por sectores de actividades ou por categorias (Ex: empresas metalúrgicas, de plásticos, bancos, farmacêuticas, etc.) ou por tamanhos (Ex: grandes, médias e pequenas empresas), ou ainda por regiões (Ex: norte, centro e sul de Moçambique). Em suma, o mercado de trabalho funciona em termos de oferta e procura, ou seja, disponibilidade de emprego e demanda de empregos. Assim sendo, segundo CHIAVENATO (2004), três possíveis situações de mercado de trabalho podem surgir: i) oferta maior que a procura; ii) oferta equivalente a procura; e iii) oferta menor que a procura. • Oferta maior que a procura Na óptica de CHIAVENATO (2009), a oferta maior que a procura é uma situação em que ocorre acentuada disponibilidade de empregos. Há excessiva oferta de empregos por parte das organizações e escassez de candidatos para preenche-las. Para MACHADO, ET ALL (2014), esta situação acarreta as seguintes consequências para as empresas: • O recrutamento é mais demorado, o rendimento mais baixo e o número de candidatos insuficiente; • Critérios de selecção tornam-se mais flexíveis e menos exigentes para compensar a escassez de candidatos; • Os esquemas de salários iniciais oferecidos aos poucos candidatos que se apresentam tendem a elevar-se, provocando distorções na politica salarial da empresa e no mercado; • Intensificação da competição entre as empresas ou serviços que utilizam o mesmo mercado de recursos humanos; 18 • Os candidatos passam a escolher as organizações que lhes oferecem melhores salários e melhores benefícios sociais; • As empresas ou serviços procuram reter e fixar os seus empregados porque é arriscada a sua substituição. Para além destas consequências, CHIAVENATO (2004) acrescenta as seguintes: • Fortes investimentos em treinamento de pessoal para compensar a inadequação dos candidatos, uma vez que o recrutamento foi “despachado”; • Altos investimentos em benefícios sociais, tanto para atrair candidatos, como para reter o pessoal existente, pois qualquer substituição torna-se demorada e arriscada; • Ênfase no recrutamento interno, como meio de fixar o pessoal e dinamizar planos de carreiras; • Os Recursos Humanos transformam-se em um recurso difícil e escasso, merecendo cuidados especiais. Para CHIAVENATO (2009), a situação de oferta de empregos acarreta as seguintesinfluências para os candidatos: • Excesso de vagas e de oportunidades de empregos no mercado de trabalho; • Os candidatos escolhem e seleccionam as organizações que lhes ofereçam as melhores oportunidades, cargos, salários e benefícios sociais; • As pessoas predispõem-se a sair das suas organizações para tentar oportunidades melhores no mercado de trabalho, aumentando a rotação do pessoal; • Simultaneamente, as pessoas sentem-se donas da situação e passam a fazer reivindicações de aumentos salariais e melhores benefícios sociais, tornam-se mais indisciplinadas, faltam e se atrasam mais, aumentando o absentismo. • Oferta equivalente à procura É uma situação de relativo equilíbrio entre o volume de ofertas de emprego e o volume de candidatos para preenche-las, ou seja, de procura de emprego. 19 • Oferta menor que a procura Para CHIAVENATO (2004) a oferta menor que a procura é uma situação em que há pouquíssima disponibilidade de oferta de emprego por parte das organizações; há escassez de ofertas de emprego e excesso de candidatos para preenche-las. MACHADO, ET ALL (2014), numa expressão mais simples, indicam que nesta situação há mais candidatos à procura de emprego do que as vagas disponíveis. Para esses autores, a situação de procura de emprego acarreta as seguintes consequências para as organizações: • O recrutamento é bem sucedido, seja qual for a estratégia aplicada. A empresa atrai grande volume de candidatos, o que permite reduzir os seus investimentos em termos de recrutamento; • Os critérios de selecção podem tornar-se mais rigorosos, sendo a selecção mais exigente; • As propostas de salários iniciais mantêm-se ou tendem a sofrer um sensível abaixamento, porquanto o mercado é de procura de emprego; • Baixíssimos investimentos em treinamento, pois a organização pode aproveitar os candidatos já treinados e com bastante experiência anterior; • Há uma intensificação de competição entre candidatos. Esta competição pode manifestar-se pelo recurso a influências e na aceitação de menor salário; CHIAVENATO (2004), para além das já mencionadas, acrescenta as seguintes: • Baixíssimos investimentos em benefícios sociais, pois não há necessidade de mecanismos de fixação de pessoal; • Ênfase no recrutamento externo, como meio de melhorar o potencial humano, substituindo empregados por candidatos de melhor qualificação; • Os Recursos Humanos tornam-se um recurso fácil e abundante, não merecendo cuidados especiais. A situação de procura de empregos acarreta as seguintes influências para os candidatos, no dizer de CHIAVENATO (2009): 20 • Escassez de vagas e de oportunidades de emprego no mercado de trabalho; • Os candidatos passam a concorrer entre si para conseguir as poucas vagas que surgem, seja apresentando propostas de salários mais baixos, seja candidatando- se a cargos inferiores às suas qualificações profissionais; • As pessoas procuram fixar-se nas organizações, com o medo de engrossar as filas de candidatos desempregados; • Simultaneamente, as pessoas passam a não criar atritos junto às organizações, nem a dar asas a possíveis desligamentos; tornam-se mais disciplinadas, procuram não faltar nem se atrasar ao serviço. 1.1.3 O Mercado de Recursos Humanos Na óptica de MACHADO, ET ALL (2014), o mercado de recursos humanos é constituído pelo conjunto de indivíduos aptos para o trabalho, ou seja, pelos candidatos reais e potenciais às oportunidades de emprego oferecidas pelas organizações. Também tem uma forte relação com a oferta e procura de trabalho. Na perspectiva de CHIAVENATO (2004), o mercado de Recursos Humanos é constituído pelo conjunto de pessoas aptas ao trabalho em determinado lugar e em determinada época. Este autor vai mais longe, ao explicar que o mercado de recursos humanos é basicamente definido pela parcela da população que tem condições de trabalhar e/ou está trabalhando, isto é, pelo conjuntode pessoas empregadas (mercado de Recursos Humanos aplicado) ou desempregadas (mercado de Recursos humanos disponível) e aptas ao trabalho. Assim, segundo o mesmo autor, o mercado de Recursos Humanos é constituído de candidatos reais e potenciais em relação a determinadas oportunidades de emprego. Como Chiavenato entende candidatos reais e candidatos potenciais? Para ele: • Os candidatos são reais quando estão procurando alguma oportunidade de emprego, independentemente de estarem ou não empregados; e • Os candidatos são potenciais quando, embora não estejam procurando oportunidades de emprego, têm condições de preenche-las satisfatoriamente. 21 CHIAVENATO (2009) ainda afirma que, por ser vasto e complexo, o mercado de Recursos Humanos pode ser segmentado por grau de especialização ou por regiões, como: • Por especialização: mercado de engenheiros, de médicos, de advogados, de técnicos, de directores, etc.; • Por regiões: norte, centro, sul, Sofala, Maputo, Nampula, etc. Ao segmento de operários não qualificados, CHIAVENATO (2009) diz que corresponde ao mercado de mão-de-obra, explicando que o mercado de mão-de-obra é o segmento do mercado de Recursos Humanos constituído por pessoas não qualificadas, isto é, sem experiência prévia e sem instrução básica. O mercado de recursos humanos funciona igualmente em termos de oferta e procura. Para MACHADO, ET ALL (2014), três possíveis situações desse mercado podem surgir: i) procura maior que a oferta; ii) procura igual a oferta; e iii) procura menor que a oferta. • Situação de procura maior que a oferta A situação de procura maior que a oferta, na perspectiva de MACHADO, ET ALL (2014)acontece quando há disponibilidade de empregos, isto é, há mais oportunidades de emprego que recursos humanos disponíveis. O comportamento das pessoas nesta situação do mercado de Recursos Humanos, segundo os mesmos autores, é o que abaixo se discrimina: • Há facilidade em conseguir emprego, pois há mais vagas do que candidatos; • As empresas vêem-se obrigadas a desenvolver várias estratégias de recrutamento, intensificando os seus esforços para conseguir a mão-de-obra desejada; • As empresas tornam-se mais flexíveis em matéria de exigências, eliminando o que possa constituir barreiras à admissão de pessoal; • Os candidatos passam a escolher a empresa que lhes oferecer melhores condições salariais, sociais, horário de trabalho, vantagens, etc. 22 • As empresas passam a utilizar a sua política pessoal (salários, benefícios) como meio para atrair os candidatos; • As empresas disputam os poucos candidatos existentes. • A situação de procura igual a oferta acontece,como é obvio, ocorre quando há equilíbrio entre o volume de mão-de-obra disponível e a oferta de empregos. • A situação de oferta maior que a procura: A situação de oferta maior que a procura, segundo MACHADO, ET ALL (2014),acontece quando há excesso de mão-de-obra, relativamente à disponibilidade de vagas por parte das empresas.Neste caso verifica-se que: • Há dificuldade em obter emprego. Para uma só vaga há vários candidatos em disputa; • Se dá maior valor à segurança do emprego do que ao salário; • As empresas não necessitam de promover qualquer estratégia de recrutamento, pois os candidatos acorrem espontaneamente; • As exigências das empresas tornam-se maiores e mais severas; • Há competição entre candidatos na disputa das poucas vagas disponíveis; • As organizações deixam de utilizar os salários e os benefícios como bens para intensificar o recrutamento; • Os candidatos não têm grandes possibilidades de escolha. Aceitam o que lhes é oferecido. Tabela 1: Súmula do Comportamento das Organizações em Função do Mercado de Trabalho SITUAÇÃO DE OFERTA SITUAÇÃO DE PROCURA Excessiva quantidade de ofertas de vagas Insuficiente quantidade de ofertas de vagas Competição entre as empresas para obter candidatos Falta de competição entre as empresas Intensificação dos investimentos Redução dos investimentos em 23 em recrutamento recrutamento Ênfase no recrutamento interno Ênfase no recrutamento externo Intensificação dos investimentos em benefícios sociais Redução ou congelamento dos investimentos em benefícios sociais Redução das exigências aos candidatos e abrandamento do processo selectivo Aumento das exigências aos candidatos e maior rigor no processo selectivo Fonte: CHIAVENATO (2008, p.148) Tabela 2: Súmula do Comportamento das Organizações em Função do Mercado de RH SITUAÇÃO DE PROCURA SITUAÇÃO DE OFERTA Excessiva quantidade de candidates Insuficiente quantidade de candidates Competição entre candidatos para obter empregos Falta de competição entre candidatos Extrema dificuldade em conseguir emprego Extrema facilidade em conseguir emprego Temor de perder o actual emprego e maior fixação a empresa Vontade de perder o actual emprego e menor fixação a empresa Maré baixa nos problemas de absentismo Maré alta nos problemas de absentismo O candidato aceita qualquer oportunidade, desde que ela apareça O candidato seleciona as múltiplas oportunidades Orientação para a sobrevivência Orientação para a melhoria e desenvolvimento Fonte: CHIAVENATO (2008, p.148) 1.1.4 A interacção entre o mercado de trabalho e o mercado de Recursos humanos 24 De acordo com CHIAVENATO (2009), o mercado de Recursos Humanos funciona como um espelho do mercado de trabalho: enquanto um está em oferta, o outro está em procura e vice-versa. Em outros termos, ambos interagem reciprocamente e estão sob contínua e mútua influência. Até certo ponto, o mercado de Recursos Humanos está parcial ou totalmente contido no mercado de trabalho. Figura 1 As relações entre o mercado de RH e o mercado de trabalho Candidatos vagas disponíveis Disponíveis Cargos preenchidos Fonte: CHIAVENATO (2004, p.151) Sumário Nesta unidade, acabamos de analisar a evolução do mercado. Apreendemos que as empresas buscam os seus futuros integrantes no mercado. Este mercado, em termos de provisão de Recursos Humanos divide-se em mercado de trabalho ou de emprego e mercado de Recursos Humanos. O mercado de trabalho é constituído pelas vagas que as empresas disponibilizam para serem preenchidas, enquanto o mercado de Recursos Humanos é constituído pelos candidatos. Esses candidatos podem ser reais ou potenciais. São candidatos reais, aqueles que reúnem as condições para ocupar as vagas disponíveis e estão a procura de emprego. Os candidatos potenciais são aqueles que, apesar de reunirem os requisitos para ocupar as vagas disponíveis no mercado, não estão a procura de emprego. Os mercados de trabalho e de Recursos Humanos influenciam decisivamente o recrutamento, na medida em que quando um está numa situação de oferta, o outro está na situação de procura, favorecendo, tanto os candidatos, como as empresas e vice- 25 versa, dai que, antes de se decidir sobre o recrutamento no mercado, uma das questões que deve ser analisada é o comportamento desse mercado. Exercícios de Auto-Avaliação do Tema I • O que é mercado numa perspectiva territorial? • Chiavenato defende que o conceito de mercado apresenta 3 elementos importantes. Explique-os. • Em termos de provisão de RH, existem dois tipos de mercado. Quais são? • O que é mercado de trabalho, segundo MACHADO, ET ALL? • Quando é que dizemos que o mercado de trabalho está em situação de oferta? • Quando é dizemos que o mercado de trabalho está em situação de procura? • Quando é que dizemos que o mercado de RH está numa situação de procura? • Quando é que dizemos que os candidatos são reais? • Quando é que dizemos que os candidatos são potenciais? • Que relações sepodem estabelecer entre o mercado de trabalho e o mercado de RH? Exercícios de Avaliação do Tema I • Chiavenato defende que o conceito de mercado apresenta 3 elementos importantes. Explique-os. • Quando é que dizemos que o mercado de trabalho está em situação de oferta? • Que relações se podem estabelecer entre o mercado de trabalho e o mercado de RH? 26 TEMA –II: CONTEXTUALIZAÇÃO DO RECRUTAMENTO E SELECÇÃO Unidade temática 2.1. Evolução Histórica dos Processos de Recrutamento e Selecção. Unidade Tematica 2.2. Evolucao do Processo de Recrutamento Unidade Tematica 2.3 Evolução do Processo deSelecção. Exercícios do Tema II Unidade Temática 2.1. Evolução Histórica dos processos de Recrutamento e Selecção Introdução Vai-se iniciar o estudo da 1ª unidade do tema II, onde irá conhecer todo o processo evolutivo por que passaram o recrutamento e a selecção, até atingirem os estádios actuais. Verá que as suas origens são diferentes, mas ao longo dos tempos foram se aproximando até formarem uma união que hoje é considerada essencial para a busca de homens certos que as empresas necessitam para suprir cargos vagos existentes nos seus quadros de pessoal. Objectivos • • Relacionar os processos de recrutamento e selecção; • Descrever as etapas evolutivas do processo de recrutamento e selecção. 2.1.1 Diferença e Relação entre Recrutamento e Selecção Quando se aborda a questão de entrada de novos integrantes na empresa, sobressaem os termos “Recrutamento e Selecção”, o que quer dizer que são termos indissociáveis, mas eles guardam diferenças substanciais, tanto no seu conceito, como nas suas práticas. Vejamos a seguir essas diferenças. Segundo VEGA E GONZÁLEZ (s/d), o recrutamento refere-se ao processo ou tramitação que decorre entre a decisão de preencher um cargo vago e o apuramento dos candidatos que correspondem ao perfil da função e que reúnem condições para ingressar na empresa. Os mesmos autores afirmam que a selecção consiste no processo de escolha entre esses finalistas e na tomada de decisão sobre a qual deve ser feita a oferta do cargo vago. 27 A partir das diferenças do conceito e de práticas, nota-se claramente que esses processos são inseparáveis, guardando uma forte relação, pois uma depende da outra. Vejamos de seguida a relação que existe entre os dois processos: A relação entre os dois processos, na perspectiva de VEGA E GONZÁLEZ (s/d) reside no seguinte: o recrutamento só existe em virtude de posteriormente se efectuar um processo de selecção. Paralelamente, a selecção é a etapa final do processo de recrutamento, de nada valendo empregar as melhores técnicas de selecção do mundo se não forem correctamente manejadas as primeiras etapas do recrutamento, atraindo-se candidatos que não satisfaçam os requisitos exigidos pela solicitação aos postos vagos. É por isso que o recrutamento e selecção de pessoal não podem ser vistos de forma separada conforme tem acontecido, porque são duas etapas do mesmo processo. 2.2 Evolução do Processo de Recrutamento MACHADO E PORTUGAL (2013) recordam-nos que o termo recrutamento (alistamento) tem a sua origem ligada à instituição militar e significa “arrolar e incluir mancebos para pregação de serviço”. Nesta perspectiva seria um acto essencialmente administrativo tendente a constituir uma amostra para ser sujeita a processos de formação e orientação conducentes à preparação de novos elementos para proverem as necessidades, tanto de armas como dos serviços das forças armadas. Porém, a utilização do termo recrutamento generalizou-se tendo sido adoptado por diversas empresas e organizações da sociedade civil, pois tinham as mesmas necessidades de se completarem e preencherem vagas que iam ocorrendo. Contudo, sofreu considerável evolução semântica, adquirindo um significado mais amplo que passou a abranger operações de atracção, selecção e mesmo de acolhimento dos recrutados. Sublinha-se que na sua concepção original, a actividade de recrutamento consistia na procura externa das pessoas de que a organização necessitava para sua manutenção e cumprimento de objectivos. Por sua vez, SEKIOU, ET ALL (2001) afirmam que ao analisarmos a evolução do recrutamento ao longo dos séculos, somos levados a restringir o processo de desenvolvimento desta actividade em três ciclos ou fases, que são: anterior à revolução industrial; com a revolução industrial; e depois de 1960. 28 1º Ciclo – Anterior à Revolução industrial: é a fase do Estado embrionário, onde surge o termo recrutar com uma origem no vocabulário militar, significando formar um grupo através da mobilização de homens. As organizações consideravam o trabalho como factor de produção simples e moderadamente oneroso; quem vendia a força de trabalho não tinha grande espírito reivindicativo e não se importava nada com o seu nível de produção; o contexto social, económico e político tornava o pessoal recrutado disciplinado; as técnicas de recrutamento eram rudimentares: o chicote para os escravos, umas moedas de ouro ou a chantagem da prisão para os soldados; e o aprendiz na idade média era contratado através de conhecimentos. O recrutamento era apenas uma prática. 2º Ciclo – Com a Revolução Industrial: corresponde à fase do surgimento do recrutamento como processo, pois foi nesta que o sentido da palavra recrutar evoluiu até assumir o seu sentido actual, que é de atrair candidatos para uma organização, que muitas vezes é confundido com o termo contratação. Em geral, a época industrial (séculos XIX e XX) caracteriza-se pela grande mobilidade da mão-de-obra; as organizações começaram a desenvolver técnicas para atrair mão-de-obra suficiente para satisfazer as suas necessidades. Lentamente, o recrutamento passou a designar as operações que precedem e preparam o processo de selecção; os trabalhadores foram gradualmente adquirindo um certo poder, uma vez que o estado de mobilidade em que se encontravam lhes proporcionava oportunidades de progresso; e durante todo o século XX, as componentes do processo de recrutamento demoraram algum tempo a definir-se (durante muito tempo, por exemplo, a principal fonte de recrutamento era constituída por um letreiro afixado na entrada do local de trabalho). 3º Ciclo – Depois de 1960: é a fase do reconhecimento, onde se nota o surgimento de mudanças consideráveis, tais como, a determinação das fontes de recrutamento, o aperfeiçoamento dos formulários de pedidos de emprego, a realização do recrutamento de forma mais estruturada, com a delimitação de critérios rigorosos, etc. Estas mudanças foram determinadas pelas vicissitudes do mercado de trabalho. A afirmação das acções e recrutamento é comprovada de modo diferente, consoante as organizações, como por exemplo, no ocidente, o recrutamento é entregue, na maioria das vezes, a peritos em técnicas de recrutamento bastante avançadas; noutros lugares, essa actividade, pelo contrário, pode encontrar-se frequentemente sob a responsabilidade de amadores. 29 2.3 Evolução do Processo de Selecção A história e desenvolvimento da selecção, entanto que processo encontra-se intimamente ligada à administração e à psicologia como disciplinas científicas. VEGA E GONZÁLEZ (s/d) afirmam que ao se analisar a história da selecção de pessoal, podem-se distinguir os seguintes principais momentos que contribuíram para o seu surgimento e desenvolvimento como processo: a pré-historia da selecção de pessoal; a revolução industrial e o desenvolvimento da Psicologia e da Administração; e a primeira e segunda guerra mundiais, que a seguir se discriminam: 1ª Etapa: Pré-historia da Selecção de Pessoal O desenvolvimento do trabalho e do homem levou, desde o princípio, à necessidade de divisão das diferentes tarefas entre os membros da comunidade. Na comunidadeprimitiva, a divisão de trabalho entre os seus membros se realizava fundamentalmente de acordo com o sexo, a idade e as características físicas. Neste período situa-se o primeiro momento da actividade de selecção de pessoas, apresentando um carácter naturalmente espontâneo. Segundo SEKIOU, ET ALL (2011), as bases da selecção dos candidatos nessa altura eram alternada ou simultaneamente as seguintes: • Fortes. Ao longo dos séculos, para defender o território de um país, era necessário escolher pessoas que possuíssem determinadas características específicas como, P.Ex: ser fisicamente mais forte do que os outros. • Idosos. Tendo em conta que, nas sociedades antigas, a esperança de vida era curta, as pessoas idosas rareavam e, como tinham a reputação de serem distinguidos pelos Deuses eram respeitadas em todas as selecções. Acontecia assim porque a experiência e a sabedoria estava associadas à idade avançada. • Bem-nascidas. A fortuna e as relações ao longo dos séculos e ainda mais nos dias de hoje, foram critérios que ajudaram um candidato a ser escolhido entre os outros. 30 • Com provas dadas. A quiromancia, a nefrologia, a fisionomia e a morfologia foram utilizadas, antigamente, nalgumas ocasiões para escolher uma determinada pessoa em detrimento de outras. Hoje em dia, nos países industrializados, as técnicas mais conhecidas e mais utilizadas são os testes e as entrevistas. Os historiadores da psicologia reconhecem a contribuição e o tratamento dado pelos filósofos da Grécia antiga ao pensamento psicológico. Platão reconheceu haver diferenças entre os homens. No estado ideal, “a República”, os homens, segundo Platão, deviam ser escolhidos para o cumprimento das tarefas de acordo com a própria capacidade. Neste sentido, os dotados de razão superior deviam ser dirigentes; os dotados de coragem, deviam ser guerreiros; e os demais deviam ser artesãos, lavradores, mercadores e escravos, necessários ao Estado, porém, inferiores, em hierarquia, aos guerreiros e estadistas, assim como os apetites e os sentidos o são em relação à coragem e à razão. Durante a idade média, o trabalho e, por conseguinte, a selecção de pessoas se caracterizou por adquirir um carácter praticamente hereditário; a classe social condicionava a escolha e as possibilidades de desempenho numa dada actividade. Assim, os ofícios passavam das mãos dos pais para os seus filhos. 2ª Etapa: A Revolução Industrial e o Desenvolvimento da Psicologia e da Administração A revolução industrial, permitiu muitas transformações, dentre as quais se destaca o desenvolvimento das ciências, como a Psicologia e a Administração. Entre as descobertas da época que contribuíram para o desenvolvimento da psicologia, está a teoria de Darwin sobre a evolução das espécies, onde se evidencia a sua famosa selecção natural. Francis Galton (1822-1911) dirigiu a sua atenção para as diferenças individuais e criou técnicas para efectuar mensurações, tendo criado os testes psicológicos, até aos nossos dias, muito úteis no processo de selecção de pessoal. 31 A partir daí, mais estudos no campo da Psicologia foram efectuados, tendo sido descobertas variadas técnicas que ainda hoje se usam com muito sucesso nos processos selectivos, tais como: os testes de inteligência, os testes psicotécnicos, os inventários e os testes de capacidade. MACHADO, ET ALL (2014) explica que o desenvolvimento da Psicologia cientifica e a sua aplicação ao mundo do trabalho através da selecção de pessoal justifica-se tendo em conta os seguintes fundamentos: • As diferenças inter-individuais: estas, tanto são físicas como psicológicas e levam as pessoas a assumir comportamentos diferentes e a percepcionar as realidades exteriores e interiores de modo diferente e a desempenharem as suas funções diferentemente; • As diferenças entre as funções: as funções ao diferentes na ambiência física onde são exercidas, nas exigências físicas e psicológicas que implicam, no nível de habilitações e de experiência requerida; • A crescente mobilidade pessoal: verifica-se quer na própria empresa, quer no mercado de trabalho, o que implica um recurso constante à avaliação e selecção; • A importância das pessoas nas organizações: ditada não apenas porque o seu ajustamento à função é essencial à produção, mas porque é essencial sentir que o seu trabalho contribui para a sua realização e satisfação pessoal. Se as funções fossem iguais, isto é, se exigissem os mesmos requisitos e se todos os indivíduos fossem iguais e apresentassem as mesmas potencialidades (para aprender e trabalhar) e se o mercado de trabalho estagnasse, a selecção deixaria de ter significado. Em simultâneo e paralelamente, desenvolve-se a ciência de administração. De facto, delineia-se a integração de postulados da psicologia à teoria da administração, implicando que toda a teoria, escola ou corrente da administração traz consigo uma concepção em torno da actuação do ser humano. Taylor, o criador da teoria científica de administração, foi quem pela primeira vez abordou cientificamente o processo administrativo com base na análise do trabalho por 32 meio de estudos dos tempos e movimentos, decompondo-o em seus elementos mais simples e buscando os métodos pelos quais se conseguiria elevar a produtividade dos trabalhadores. Por isso, não é de admirar que a selecção de pessoal com carácter sistemático tenha surgido a partir da escola científica de Taylor em 1903, no seu livro “Shop managment”, onde defende a selecção científica do trabalhador. Um outro representante da escola científica que popularizou a administração na época foi Emerson (seguidor de Taylor) que desenvolveu os primeiros trabalhos sobre a selecção e treinamento de empregados. Nesse contexto surge como pratica corrente, o desenvolvimento de processos científicos de selecção de trabalhadores visando a procura do homem adequado para o desempenho de actividades específicas, fundamentado no perfil físico dos operários. Desde então, até aos dias actuais, todo o processo selectivo tem em vista a adequação do homem certo para o lugar certo. 3ª Etapa: Primeira e Segunda Guerras Mundiais As duas grandes guerras mundiais exigiram o recrutamento de grandes grupos de pessoas, e durante as guerras, a necessidade social abriu um espaço ao desenvolvimento da psicologia e, em especial, da selecção de pessoal. As características e as complexidades de ambas as guerras orientaram a atenção dos psicólogos para outras esferas como o exercício da liderança, o trabalho em equipa, a moral do grupo tanto em condições de paz, como de guerra, e o aperfeiçoamento dos métodos de selecção de alguns elementos de engenharia humana. Ao finalizar a segunda guerra mundial, cerca de 200 psicólogos, que haviam participado no conflito bélico e acumulado uma grande experiência, deveriam incorporar-se à actividade profissional em condições de paz. Terminado o conflito, a American Psychological Association criou uma secção de Psicologia industrial e comercial, incorporando as experiências adquiridas no outro campo de batalha que é o mundo empresarial. Os psicólogos engrossaram as fileiras dos Departamentos de pessoal das empresas, entre cujas funções essenciais se encontrava a selecção de pessoal, que adquiriu um grande relevo nesse período, assim como a aplicação de técnicas de selecção de 33 natureza psicológica. Isto quer dizer que a integração dos psicólogos que trabalharam na guerra popularizou a utilização das técnicas psicológicas nos processos selectivos, acto que acontece até aos nossos dias. Sumário Nesta unidade estudamos e discutimos sobre a evolução do recrutamento e de selecção. Neste sentido, os processos de recrutamento e selecção são diferentes no seu conceito e nas suas práticas, dado que o recrutamentoconstitui uma etapa de chamamento e atracção de candidatos, enquanto a selecção é o processo de escolha de entre os candidatos atraídos pelo recrutamento daqueles que reúnem os requisitos para preencherem vagas dentro da organização. Também vimos que os dois processos, apesar de diferentes, têm uma relação muito profunda, que os torna indissociáveis, pois só existe atracção de candidatos porque haverá uma fase posterior, que é de escolha; paralelamente a isso, essa escolha só terá sucesso se as técnicas de atracção forem devidamente manejadas, atraindo candidatos que satisfaçam os requisitos que são solicitados pelo cargo, caso contrário, não existirão as pessoas que se precisam para preencher as vagas a serem supridas. Nesta unidade também discutimos em volta da evolução dos processos de recrutamento e selecção, onde aprendemos que o recrutamento tem origem militar e, ao longo dos tempos foi incorporado nas práticas de Gestão de Recursos Humanos, tendo passado por três ciclos ou fases, nomeadamente, a fase anterior a Revolução Industrial, a fase da Revolução industrial e a fase que se seguiu ao ano de 1960 até aos nossos dias. A evolução da selecção esteve muito ligada ao desenvolvimento da Administração e da Psicologia, tendo passado por três fases, nomeadamente, a pré-historia, o desenvolvimento da Administração e da Psicologia, e as duas guerras mundiais. Exercícios de Auto-Avaliação do Tema II 1. Qual é a diferença que existe entre o recrutamento e a selecção, segundo VEGA E GONZÁLEZ (s/d)? 2. Qual é a relação que existe entre o recrutamento e a selecção? 3. Qual é a origem do termo recrutamento? Por que foi mais tarde usado pelas empresas? 4. Indique as fases da evolução do recrutamento. 5. Caracterize a 1ª fase do recrutamento. 34 6. Caracterize a 2ª e a 3ª fases do recrutamento. 7. Indique as fases de selecção. 8. Caracterize a 1ª fase da selecção. Exercício de Avaliação do Tema II 1)Qual é a relação que existe entre o recrutamento e a selecção? 2)Indique as fases de selecção. TEMA – III: O RECRUTAMENTO DE PESSOAL UNIDADE TEMÁTICA 3.1 Conceitualização de Recrutamento de Pessoal UNIDADE TEMÁTICA 3.2 O Recrutamento Interno UNIDADE TEMÁTICA 3.3 O Recrutamento Externo e Misto Exercicios de Auto Avaliação do Tema III Unidade Temática 3.1 Conceitualização de Recrutamento de Pessoal Introdução Esta unidade tem como finalidade conhecer os diversos conceitos de recrutamento, os seus objectivos, as suas formas e as técnicas a utilizar. Iremos perceber que o acto de recrutar desempenha um papel vital para as organizações, pois tem como objectivo final repor os meios humanos necessários ao preenchimento das necessidades de pessoal que surgem por diversos motivos nas organizações. Objectivos • • • Conceptualizar o processo de recrutamento; • Explicar os objectivos do recrutamento; • Relacionar o recrutamento com outras práticas no quadro da GRH; • Explicar o quadro legislativo que orienta o recrutamento de 35 pessoal; • Descrever as estratégias de recrutamento 3.1.1 Conceito de Recrutamento de pessoal O termo recrutar tem origem militar. Esta posição é assumida se tivermos em conta a definição que o Dicionário apresenta do verbo recrutar: “listar para o serviço militar” (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2004, p. 823). É apenas por extensão que na área de gestão de RH significa atrair pessoal. VEGA E GONZÁLEZ (s/d), citando GIL, (2001), afirmam que o seu significado teve origem inicialmente nos exércitos, onde captar recrutas para vagas de futuros soldados ou postos de guerrilha era habitual. Rapidamente o termo, bem como seu objectivo (captação de pessoas) foram incorporados nos processos de Administração de pessoal, em especial, no subsistema de Recrutamento e Selecção de Pessoal, como porta de entrada de pessoas nas empresas. Portanto, o recrutamento constitui o primeiro patamar na relação entre o candidato e a organização, e o primeiro filtro no processo de selecção. Há várias definições de recrutamento. Para CHIAVENATO (2004), recrutamento é um conjunto de procedimentos que tendem a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos na organização. Basicamente, é um sistema de informação, mediante o qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos, oportunidades de emprego que pretende oferecer. Segundo SOUSA, ET ALL (2006), o recrutamento consiste num conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. Através do processo de recrutamento, a organização informa o mercado de trabalho de que existem oportunidades de emprego para determinadas funções. Dizem ainda os autores que, para que se inicie o processo de recrutamento, é necessário que a organização se aperceba de que existe uma necessidade de contratar pessoas para desempenhar funções específicas, determinando, a partida, qual o perfil de competências interessa recrutar, tendo em conta os seus objectivos estratégicos e operacionais. 36 BOHLANDER, ET ALL (2005) diz que o recrutamento é o processo de localizar e incentivar candidatos potenciais a disputar vagas existentes ou previstas. Durante esse processo, tenta-se informar plenamente os candidatos sobre as qualificações exigidas para o desempenho do cargo e as oportunidades de carreira que a empresa pode oferecer aos funcionários. Para CUNHA, ET ALL (2012), o recrutamento pode ser considerado o processo através do qual a organização procura atrair pessoas. Num outro desenvolvimento, os mesmos autores definem o recrutamento como o conjunto de actividades levadas a cabo por uma organização com o objectivo fundamental de identificar um grupo considerável de candidatos, atraindo-os para a empresa. SEKIOU, ET ALL (2001) definem recrutamento como um conjunto de acções empreendidas pela organização para atrair candidatos dotados de competências específicas para ocupar de imediato ou no futuro, um posto de trabalho vago. Em suma, define-se o recrutamento como uma convocatória que é feita pela empresa, visando atrair pessoas com as qualidades necessárias a uma integração ao quadro de pessoal e ao desempenho com êxito, de determinadas posições dentro dessa empresa. 3.1.2 Os Objectivos do Recrutamento Segundo SEKIOU, ET ALL (2001), o recrutamento é uma actividade da qual a organização depende para adquirir os Recursos Humanos imprescindíveis para o seu funcionamento, bem como para a prossecução dos seus objectivos globais. Os principais objectivos do recrutamento, na perspectiva desses autores, são os seguintes: • Preparar meios e técnicas para ajudar a organização a encontrar candidatos de qualidade onde quer que estes se encontrem, já que as suas competências constituem a pedra angular em torno da qual, e a partir da qual, se articulam todas as actividades da Gestão dos Recursos Humanos; 37 • Aumentar a base de dados dos candidatos e accionar um mecanismo de actualização do número e das qualificações de eventuais candidatos a partir dos instrumentos e das diversas fontes utilizadas; • Contribuir, a título preventivo, para a criação de programas específicos para vários serviços da organização. Em forma de acréscimo, MACHADO E PORTUGAL (2013) indicam que o objectivo final do recrutamento é de repor os meios humanos necessários ao preenchimento das necessidades de pessoal surgidas por diversos motivos. Para prosseguirem os objectivos para que foram criadas, as organizações vivem na contingência de terem que se renovar constantemente não só para preservarem a qualidade dos seus recursos humanos, mas também para responderem às exigências do contexto e do mercado. 3.1.3 Relaçãodo Recrutamento com outras Actividades de GRH Segundo SEKIOU, ET ALL (2001), existe uma interdependência entre o conjunto de actividades da GRH. A actividade de recrutamento também está relacionada com outras actividades, algumas das quais constituem condições prévias à sua realização. Antes de se pensar em recrutar um candidato, por exemplo, é preciso saber exactamente quais as funções que ele executará quando for contratado. Os autores que temos vindo a citar afirmam que as actividades que geralmente antecedem o recrutamento são as seguintes: • Planeamento de efectivos e análise das funções: em geral, estas duas actividades estão relacionadas. O planeamento de efectivos permite identificar as funções e determinar as necessidades da organização de acordo com cada categoria profissional; • A análise de funções: serve para definir cada posto de trabalho e as respectivas tarefas; • Avaliação de funções e renumeração: a avaliação de funções ajuda a definir as aptidões, os conhecimentos e as capacidades exigidas. Em suma, o conjunto de competências exigidas e necessárias para cada lugar vago. Destina-se também em primeiro lugar, a determinar os salários. Uma vez estabelecidos os requisitos 38 de cada um dos lugares vagos, a organização deve enquadrar o salário do lugar a preencher no âmbito da sua politica salarial. Figura 2 Relação do Recrutamento com outras actividades de GRH Fonte: SEKIOU, ET ALL (2001, p.280) 3.1.4 O Quadro Legislativo no Processo de Recrutamento Na óptica de SEKIOU, ET ALL (2001), a legislação é um conjunto de normas jurídicas que tratam do que é justo, razoável e equitativo num país ou num domínio específico. A actividade do recrutamento refere-se directamente ao domínio do trabalho em relação ao qual o legislador determina regras que é essencial conhecer bem e o processo também é idêntico em relação ao recrutamento dos trabalhadores a tempo parcial. É por isso que o recrutamento deve respeitar os princípios legislativos de equidade, não discriminação e competências. • Equidade: um dos objectivos da legislação é de definir disposições claramente identificadas, na observância do tratamento equitativo em relação a todos os candidatos aos lugares a preencher. Os candidatos devem ter acesso a todos os Planeamento dos RH Conhecimento da cultura da organização Análise de funções Definição do lugar a preencher, respectiva história e perspectivas Avaliação de funções Determinação das qualidades exigidas para o lugar ou perfil do candidate ideal Remuneração Determinação da remuneração do posto de trabalho Recrutamento Ponto de partida da procura de candidatos 39 empregos oferecidos sem qualquer distinção (raça, sexo, religião, cor partidária, etc.), distinções que contribuiriam para impedir a igualdade de oportunidades ou de tratamento em matéria de emprego ou de profissão. • Não discriminação: a legislação pode incentivar e/ou constranger os empregadores a não exercer discriminação quando procederem ao recrutamento. As formas de discriminação divergem e exercem-se de formas diferentes consoante o país, a região e o empregador. Os comportamentos discriminatórios podem ter origem em diversos aspectos, tais como os preconceitos, a forma de pensar, os hábitos, as regras, os costumes e práticas que se desenvolvem no âmbito das condições económicas específicas de determinados países. Actualmente, diversos países procuram diminuir a prática da discriminação através da legislação. • Competência: não devia ser considerada discriminatória a distinção, exclusão ou preferência em relação a um lugar a preencher no recrutamento de um candidato. A competência exigida e previamente definida em relação ao lugar a preencher, é o único critério que pode favorecer um candidato em relação a outro. Sendo assim, a exclusão de um candidato com base nos seus antecedentes criminais não se justifica, se este tiver a competência exigida para o lugar a preencher. A exclusão fundamentada na competência é imprescindível para favorecer o crescimento da organização e, por conseguinte, o progresso da actividade. A legislação deveria, em princípio, facilitar o acesso de todas as pessoas a lugares de grande exigência, proporcionando, se necessário, oportunidades de formação profissional. Ver legislação moçambicana Concretamente para Moçambique, a LEI DE TRABALHO (2007) faz referência ao recrutamento e selecção apenas no artigo 7, quando afirma que “o empregador pode, para efeitos de admissão ou de execução de contrato, exigir ao candidato a emprego ou trabalhador a realização ou apresentação de testes ou exames médicos, para comprovação da sua condição física ou psíquica, salvo disposição legal em contrário. No artigo 28 do mesmo artigo, faz referência ao trabalho do portador de deficiência, sem no entanto, trazer algo palpável quanto ao recrutamento, uma vez que só faz referência à protecção aos trabalhadores e não aos candidatos a emprego. Analisando o 40 conteúdo do artigo 7 a que fizemos referência, somos obrigados a concluir que a lei moçambicana não alude com exactidão as questões de equidade e discriminação contra minorias tribais ou raciais, mulheres, portadores de deficiência e de doenças crónicas na lei específica de trabalho, apesar da Constituição da Republica se referir a essas matérias na generalidade. 3.1.5 A Estratégia de Recrutamento Na óptica de MACHADO, ET ALL (2014), o recrutamento de pessoas pelas organizações deve ser precedida por um conjunto de estratégias que visam assegurar uma escolha criteriosa e cuidada de novos membros de modo que a estabilidade do grupo e o cumprimento dos objectivos pré-definidos não sejam perturbados. Esta posição é corroborada por CAMARA, ET ALL (2010), quando afirmam que um processo de recrutamento não tem sempre o mesmo figurino e, antes de o iniciar, haverá que definir qual a estratégia será seguida para o preenchimento da vaga. Essa estratégia deve ser concertada entre o Departamento de Recursos Humanos, que lidera o processo, e a função cliente, de forma a haver convergência de iniciativas e de vontades. Por isso, para esses autores, num primeiro momento, se deverá definir, se o preenchimento da vaga deve ser feito através de um recrutamento interno ou externo. Tratando-se do recrutamento interno, é utilizada uma de três estratégias possíveis: a escolha directa, o concurso interno e o recomendar um amigo (refer a friend) (Idem). Tratando-se do recrutamento externo, quando a empresa dispõe de um banco de dados de candidatos, normalmente é por ai que a pesquisa se inicia. Vai-se procurar ver se, entre eles, há algum ou alguns que preencham os requisitos do perfil da função e convoca-los para participarem no processo de recrutamento. Caso a estratégia de consulta de banco de dados não resultar, deve fazer-se a consulta ao mercado. Para proceder a essa consulta, deverá ser previamente definida uma estratégia de aproximação ao mercado, que pode ser uma das que se segue: • Recrutar directamente, ou • Utilizar os serviços de empresas especializadas. 3.1.6 A Decisão de Preenchimento do Cargo Vago 41 Segundo PERETTI (2007), a origem do pedido de preenchimento de um cargo vago ou de um novo cargo pode ser: uma saída, uma mudança, ou um novo posto de trabalho. Assim, o responsável hierárquico directo elabora uma ficha de pedido, submete-a à sua hierarquia e transmite-a ao serviço responsável pelo recrutamento. CAMARA, ET ALL (2010), afirmam que antes do recrutamento tem que haver uma decisão de gestão sobre o preenchimento do cargo vago. A vacatura pode surgir por um de dois motivos: • Tratar-se de um cargo já criado e o anterior titular foi transferido para uma outra função,ou abandonou a empresa; ou • Tratar-se de um cargo novo que nunca antes foi preenchido. Já MACHADO E PORTUGAL (2013) referem que a vacatura pode resultar das seguintes causas: reforma dos trabalhadores por limite de idade; promoção e/ou mudança de funções; morte/incapacidade permanente; demissão ou rescisão do acordo; reconversão e reclassificação; reafectação a outra função; transferência; e substituição temporária. Para SOUSA, ET ALL (2006) o recrutamento é desencadeado em face de necessidades do seguinte tipo: substituição de colaborador; criação de um novo cargo; aquisição de novas competências; reforço de competências já existentes; introdução de um novo produto/serviço; alteração de produto/serviço existente; introdução de nova tecnologia; reorganização do trabalho; e reforço estratégico da empresa. Para CHIAVENATO (2004), a decisão de preenchimento do cargo é de grande relevância para a gestão da empresa porque, por norma, esse preenchimento é feito por tempo indeterminado, o que significa, a criação de um custo fixo adicional na estrutura de custos da empresa, quando se trata de um cargo novo. Com efeito, segundo CAMARA, ET ALL (2010), antes de ser tomada uma decisão de gestão sobre o preenchimento (ou unidade) da vaga, devem-se encarar outras alternativas, tais como: • A redistribuição das tarefas atribuídas a esse cargo pelos restantes membros da equipa (ou unidade), tornando desnecessária uma nova admissão; • Uma análise aprofundada do conteúdo dos diferentes cargos da mesma unidade, para concluir se há tarefas que podem ser eliminadas, ou automatizadas, por exemplo, evitando ter que recrutar mais pessoal; 42 • A reanálise dos perfis e competências das funções próximas do cargo vago para, através da sua alteração ou enriquecimento, eliminar a necessidade de recrutamento; • Recurso a outsourcing. Os mesmos autores nos ensinam que se, após esse exercício, continuar a ser evidente a necessidade de preenchimento do cargo, deverá ser ponderado o seguinte, antes da decisão: • Qual é o custo adicional que ela vai trazer; • Se esse custo está orçamentado; • Se o colaborador adicional está dentro das previsões de headcount (número de pessoal) autorizado; • Quando é que o novo colaborador é necessário para iniciar funções. Só depois de obtido o necessário sancionamento é que a função Recursos Humanos inicia o processo de recrutamento. Antes de iniciar o processo de recrutamento, o órgão de Recursos Humanos deve ainda certificar-se de qual é o perfil pretendido para a função, de forma a estar perfeitamente sintonizado com o que deseja o seu cliente interno e evitar erros de recrutamento que vão desembocar em candidatos inviáveis, com os sobrecustos e perdas de tempo inerentes. A definição do perfil da função, na perspectiva de CAMARA, ET ALL (2010) compreende três elementos essenciais, que são: • Identificação concreta da função, o seu título e o enquadramento organizacional. • A clarificação de quais os requisitos que o candidato ideal deve preencher, nomeadamente: as aptidões e competências técnicas e de gestão; a experiência anterior; as dimensões comportamentais exigidas para ter sucesso e os factores preferenciais; • O que a empresa tem para lhe oferecer em troca, focando, entre outros: os salários e benefícios atribuídos ao cargo; as oportunidades de formação e desenvolvimento pessoal; as possibilidades de carreira; o local de trabalho; o horário de trabalho; e outras condições específicas como, por exemplo, cláusulas de confidencialidade, regime de exclusividade, etc. 43 CHIAVENATO (2009) prefere usar o termo análise de cargos ao invés de definição de perfil. Diz ele que, a análise de cargos concentra-se em quatro áreas de requisitos, que são: • Requisitos mentais: consideram as exigências do cargo no que se refere aos requisitos mentais que o ocupante deve possuir para poder desempenhar adequadamente o cargo. Entre os requisitos mentais, estão os seguintes factores de especificações. Instrução essencial, experiência anterior essencial; adaptabilidade ao cargo; Iniciativa necessária e aptidões necessárias. • Requisitos físicos: consideram a quantidade e a continuidade de energia e de esforços físico e mental requeridos, e a fadiga provocada. Entre os requisitos físicos estão os seguintes factores: esforço físico necessário; concentração visual; destreza ou habilidade; e compleição física necessária. • Responsabilidades envolvidas: consideram a responsabilidade que o ocupante do cargo, além do desempenho normal de suas atribuições, tem com relação a supervisão directa ou indirecta do trabalho de seus subordinados. Consideram-se responsabilidades por: Supervisão de pessoal; Material, ferramenta ou equipamento; Dinheiro, títulos, ou documentos; Contactos internos ou externos e Informações confidenciais. • Condições de trabalho: consideram as condições de ambiente e arredores onde o trabalho é executado, tornando-o desagradável, adverso ou sujeito a risco, exigindo do ocupante um severo ajustamento a fim de manter a sua produtividade. Englobam os seguintes factores: ambiente de trabalho e riscos. Figura 3 – decisão de preenchimento do cargo vago N S Cargo vago Preencher - Redistrição - Outsourcing - Eliminação - Custo - Cabimento - Headcount - Data de entrada Criação de cargo novo Busca do titular 44 S N Fonte: CAMARA, ET ALL (2010, p. 384) 3.1.7 Principais Limitações do Recrutamento Na visão de SEKIOU, ET ALL (2001), o recrutamento externo tem suas limitações e, as principais são as que abaixo se apresentam: • Custos: com o tempo, o recrutamento tornou-se um sistema complexo, demorado e oneroso. Com efeito, a duração dos períodos de recrutamento de algumas categorias de lugares prolonga-se, frequentemente, por várias semanas, ou até meses. A preparação das acções necessárias para acolher os futuros candidatos representa despesas que muitas vezes, excedem a capacidade das organizações para as pagar, principalmente em períodos de rigor orçamental. As diligências a empreender na organização, a publicação do anúncio e o recurso a peritos externos (agências de recrutamento) ocupam tempo e custam caro à organização. Este custo pode representar em média o dobro do salário anual. • Gestão: sem um conhecimento previsional das estruturas da organização, uma análise do futuro organograma, um planeamento rigoroso dos programas a longo prazo, e sem o conhecimento de algumas noções em matéria de absentismo, de saídas para a reforma, de estatísticas relativas aos óbitos, qualquer acção de recrutamento se torna arriscada e não deixa espaço para as regras rigorosas que exige. Uma gestão saudável da organização, com planeamento dos lugares vagos, o estudo das causas que contribuem para o movimento de Recursos Aprovação Perfil da função Recrutamento 45 Humanos, etc., é primordial e diminui as imprecisões e os erros a nível do recrutamento. • Tecnologia: a tecnologia geralmente traz mudanças que obrigam as organizações a alterar todas as suas actividades. O recrutamento acompanha esse movimento, no sentido em que os passos seguidos durante o recrutamento dos RH devem adaptar-se às mudanças surgidas durante a implantação de um sistema tecnológico. Dessa forma, com a facilidade de fuga de cérebros, as organizações a operar no domínio da tecnologia de ponta, ao contrário das outras organizações, devem procurar meios de recrutamento apurados para atraírem técnicos de qualidade; • Situação económica: um período de recessão económica obriga as organizações a gerir o decrescimento com uma estratégia de adaptação da mão-de-obra e ajustarem-seas novas exigências organizacionais, nomeadamente a polivalência profissional. Numa conjuntura desse género, devido à concorrência intensa, as organizações procuram principalmente quadros de alto nível (directores, quadros superiores, investigadores em tecnologia de ponta, etc.). O único meio que lhes permite fazerem diferença consiste em dotarem-se de equipas de trabalho dinâmicas para as vendas e o serviço de pós-venda. Além disso, um período de crise reduz geralmente a mobilidade de alguns tipos de candidatos (nomeadamente os que têm um emprego estável), uma vez que o risco de trocar um trabalho estável por um emprego precário pode trazer-lhes consequências nocivas. Por outro lado, em períodos de expansão, algumas organizações também deparam com problemas, já que tem de subir as ofertas, em, especial os salários, para se valerem disso para captar os melhores talentos. • Sindicatos: na maioria dos casos, os empregadores respeitam os contratos e os acordos colectivos e afixam internamente os anúncios dos lugares vagos. Mas, por vezes, as exigências da organização para preencher um lugar não encontram resposta a nível interno. Neste caso, os empregadores recorrem a outras fontes de recrutamento. Acontece, por vezes, que os sindicatos possam impelir o empregador a aceitar Recursos Humanos provenientes de outra organização pelo facto de os trabalhadores das duas organizações serem regidos pelo mesmo contrato colectivo; • Outras limitações: no recrutamento existem outras limitações, como o hábito de recrutar sempre da mesma forma, o estabelecimento de exigências demasiado 46 elevadas para o lugar a preencher, o recurso a programas de acção para estabelecer a igualdade no emprego, a instituição de designações de funções que criam estereótipos para excluir as mulheres de algumas funções, etc. 3.1.8 Formas de Recrutamento Segundo SOUSA, ET ALL (2006), habitualmente se consideram dois tipos de recrutamento: o recrutamento interno e o recrutamento externo. A mesma terminologia é usada por CAMARA, ET ALL (2010) e PERETTI (2007) Para CHIAVENATO (2004), consideram-se três formas de recrutamento: recrutamento interno, recrutamento externo e recrutamento misto. Figura 4. Formas de Recrutamento Fonte: CAMARA, ET ALL (2010, p. 388) Sumário Nesta unidade discutimos sobre a conceitualização do recrutamento. Vimos que o termo recrutamento tem uma origem militar, que essencialmente significa alistar mancebos para o exército. No mundo empresarial, o recrutamento de pessoas, basicamente é uma convocatória feita pelas empresas, visando atrair pessoas com qualidades necessárias para integrar o seu quadro de pessoal. Os objectivos da selecção são diversos, mas basicamente, é de repor os meios humanos necessários ao preenchimento das vagas existentes na empresa. O recrutamento tem relação com outras actividades da GRH, como o planeamento, a análise de funções, avaliação de funções e remuneração. Também foi matéria de aprendizagem, as questões de legislação, onde se viu que o recrutamento deve se reger por princípios de equidade e não discriminação. As estratégias de recrutamento passam por serem desenhadas primeiramente para o Recrutamento Interno Externo Tipo 47 recrutamento interno e, caso se verifique que não há cobertura, desenha-se uma estratégia para abordar o mercado. A decisão de preencher um cargo vago é da gestão. O cargo vago pode surgir por vários motivos, como transferência, abandono, morte ou incapacidade, ou ainda por ter sido criado um novo cargo. A definição do perfil da função compreende três elementos, que são: identificação concreta da função, a clarificação de quais requisitos o candidato deve possuir, e o que a empresa tem para lhe oferecer. Os principais limites do recrutamento são: os custos, a gestão, a tecnologia, a situação económica e os sindicatos. As formas de recrutamento são o interno, o externo e o misto. Unidade Temática 3.2 O Recrutamento Interno Introdução Esta unidade tem como finalidade a análise de uma das formas de recrutar, que é o que se realiza dentro da própria organização, chamado de Recrutamento interno. Iremos discutir as estratégias que as empresas podem empregar para realiza-lo, as fontes de busca de informado, bem assim as suas vantagens e desvantagens. Objectivos • Definir o recrutamento interno • Descrever as estratégias do recrutamento interno • Identificar s fontes do recrutamento interno • Explicar as vantagens e desvantagens do recrutamento interno 3.2.1 Conceito de Recrutamento Interno No dizer de CAMARA, ET ALL (2003), o recrutamento interno consiste no preenchimento da vaga por um colaborador que ocupa outra função, mas já faz parte da empresa Na visão de CHIAVENATO (2004), o recrutamento é interno quando, havendo determinada vaga, a empresa procura preenche-la através dos seus empregados, que podem ser: • Promovidos (movimentação vertical), 48 • Transferidos (movimentação horizontal), e • Transferidos com promoção (movimentação diagonal). Desta forma, o recrutamento interno pode envolver: transferências de pessoal, promoção de pessoal, transferências com promoções de pessoal, programas de desenvolvimento de pessoal e planos de carreiras de pessoal. Para SOUSA, ET ALL (2006), O recrutamento interno refere-se a captação de indivíduos que já trabalham na organização. Isto significa que para ocupar determinado lugar se recorre a colaboradores que já trabalham na organização, e, por via do seu desempenho ou por via da aquisição de novas competências, mostraram aptidão, potencial e disponibilidade para o exercício da função a preencher. Segundo PERETTI (2007), os postos de trabalho com necessidades de recrutamento são geralmente propostos prioritariamente aos colaboradores da empresa. Isto é particularmente verdade ao nível de postos de chefia e de quadros. No âmbito da política de promoção interna, é necessário um equilíbrio entre o recrutamento externo e a promoção interna. A empresa só deve recorrer ao recrutamento externo, quando não existirem possibilidades de recrutamento interno. 3.2.2 Estratégias do Recrutamento Interno De acordo com CAMARA, ET ALL (2010) tratando a empresa de recorrer ao recrutamento interno, é utilizada uma de três estratégias possíveis: a escolha directa, o concurso interno e o recomendar um amigo (refer a friend). • A escolha directa: Incide sobre cargos de confiança da gestão, ou com certa senioridade ou determinado grau de responsabilidade dentro da organização, e consiste na nomeação, pela gestão, de qual a pessoa que deve ocupar uma determinada vaga, sem que antes se faça um processo de consulta. As razões para optar por esta solução prendem-se com um de três factores: 49 • O cumprimento de planos de desenvolvimento de carreira, para o qual o candidato escolhido está preparado; • A melhor utilização do talento disponível na organização, movimentando as pessoas-chave em conformidade; • A retenção dentro da empresa de colaboradores considerados imprescindíveis, dando-lhes oportunidades, quer de alargar os seus horizontes profissionais, quer de progredir na organização. • O concurso interno: consiste na afixação do anúncio do lugar vago nos painéis de informação da empresa (ou na intranet), incluindo o perfil detalhado da função, dando dele conhecimento generalizado e convidando os interessados a candidatar-se, dentro de certo prazo. • O sistema de recomendar um amigo: surge, normalmente, acoplado ao concurso interno e consiste em convidar os colaboradores a indicar o nome de um amigo ou conhecido que, em sua opinião, tenha as condições necessárias para preencher o cargo em aberto. Basicamente, é um modelo misto, associado ao recrutamento interno, por ser originado internamente.É muito utilizado, por exemplo, nas empresas americanas e garante a obtenção de candidatos de qualidade, tanto no aspecto de compatibilidade com a cultura da empresa, como no tocante a perfil de aptidões, porque ninguém quererá recomendar um candidato que o vá deixar ficar mal e, assim, capitaliza-se na sensibilidade dos colaboradores relativamente à cultura da empresa e no seu desejo de recomendarem alguém que os prestigie. Por outro lado, tem custos mais baixos que o recrutamento externo e não é tão moroso como o recrutamento interno. Na verdade, é um sistema muito vantajoso, caso se consiga, por esse meio, gerar candidaturas em número aceitável, para alem de que permite a identificação de candidatos de qualidade e culturalmente compatíveis com a empresa. As empresas, por norma, ajudam a manter vivo o sistema, premiando os colaboradores que, ao longo do ano, fizeram recomendações que redundaram em recrutamentos de sucesso. 50 3.2.3 Fontes do Recrutamento Interno Fonte de recrutamento refere-se ao lugar onde é retirada a informação que se precisa para alimentar o processo de recrutamento. De acordo com CHIAVENATO (2004), muitas empresas utilizam bancos de talentos para alimentar o recrutamento interno, buscando-se os seguintes dados e informações: • Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de selecção que submeteu aquando do seu ingresso na organização; • Resultados das avaliações de desempenho do candidato interno; • Resultados dos programas de treinamento e de aperfeiçoamento de que participou o candidato interno; • Análise e descrição do cargo actual do candidato que se está considerando, a fim de avaliar a diferença entre ambos e dos requisitos adicionais que se farão necessários; • Planos de carreiras ou planificação das movimentações de pessoal para se verificar a trajectória mais adequada do ocupante do cargo considerado. • Condições de promoção do candidato interno (está no ponto de ser promovido) e de substituição (se o candidato interno já tem substituto preparado para o seu lugar). Para que possa funcionar bem, o recrutamento interno exige intensa coordenação do órgão de RH com os demais órgãos da empresa para que essa informação esteja sempre disponível e actualizada no banco de talentos. PERETI (2007) prefere designar a busca de dados e informações fornecidas pelo banco de talentos, de prospecção interna. Para esse autor, a prospecção interna assenta sobre: • A existência de um sistema de informação sobre os postos de trabalho disponíveis: anúncios, notas de serviço e jornal da empresa, que são utilizados em conjunto ou separadamente; • A exploração directa dos ficheiros existentes: triagem, a partir das informações disponíveis e dos critérios de selecção, das pessoas susceptíveis de ocupar o posto de trabalho permitindo realizar um pedido de oferta restrito; 51 • A existência de um plano de carreiras: por cada período de férias, o pessoal é destacado no quadro do plano de carreiras para ocupar o posto de trabalho e fazer a substituição, solicitando as condições para o fazer. 3.2.4 Vantagens do Recrutamento Interno CHIAVENATO (2004), indica as seguintes vantagens do recrutamento interno: • É mais económico: evita despesas com anúncios ou honorários, bem como custos com os candidatos (atendimento, admissão e integração); • É mais rápido: evita demoras frequentes do recrutamento externo; • Apresenta maior índice de validade e de segurança, pois o candidato já é conhecido; • É uma fonte poderosa de motivação para os empregados; • Aproveita os investimentos da empresa em treinamento de pessoal; • Desenvolve um sadio espírito de competição entre o pessoal, tendo em vista que as oportunidades são oferecidas aos que demonstrem condições de merece-las. CAMARA, ET ALL (2003), cita as seguintes vantagens do recrutamento interno: • Um custo mais baixo que o recurso ao mercado externo, a menos que provoque um conjunto de movimentações encadeadas que resulte, no fim do processo, num recrutamento do exterior; Tal poderá não suceder se, em cada passo do processo de substituição, se fizer uma análise aprofundada da real necessidade de substituir o colaborador transferido, tal sucede para o preenchimento de qualquer cargo vago; • Elimina o risco de não haver encaixe cultural entre a pessoa e a organização, porque ela já deu provas na empresa; • Permite desenvolver e dar oportunidades de carreira aos colaboradores actuais, o que é motivador para toda a organização e reforça o compromisso individual do colaborador escolhido para com a empresa; Globalmente, porém, há que referir que a grande vantagem desta forma de recrutamento é permitir desenvolver as pessoas que já estão na empresa e dar-lhes perspectivas de carreira. 52 Tabela 3: Sistematização das Vantagens do Recrutamento Interno CHIAVENATO (2004) CÂMARA, ET ALL (2010) • É mais económico; • É mais rápido; • Apresenta maior índice de validade e de segurança; • É uma fonte poderosa de motivação para os empregados; • Aproveita os investimentos da empresa em treinamento de pessoal; • Desenvolve um sadio espírito de competição entre o pessoal. • Um custo mais baixo, a menos que provoque um conjunto de movimentações encadeadas que resulte, no fim do processo, num recrutamento do exterior; • Elimina o risco de não haver encaixe cultural entre a pessoa e a organização; • Permite desenvolver e dar oportunidades de carreira aos colaboradores actuais, o que é motivador para toda a organização e reforça o compromisso individual do colaborador escolhido para com a empresa. Fonte: o autor 3.2.5 Desvantagens do Recrutamento Interno Segundo CHIAVENATO (2004), as desvantagens do recrutamento interno são as seguintes: 53 • Exige que os novos empregados tenham potencial de desenvolvimento para serem promovidos a alguns níveis acima do cargo em que estão sendo admitidos e motivação suficiente para chegar lá; • Pode gerar conflito de interesse, pois, ao oferecer oportunidades de crescimento, cria uma atitude negativa nos empregados que não demonstram condições, ou não realizam aquelas oportunidades; • Quando administrado incorrectamente pode levar ao principio da incompetência de Peter; • Quando efectuado continuamente, leva os empregados a uma progressiva limitação às politicas e directrizes da organização; • Não pode ser feito em termos globais dentro da organização. CAMARA, ET ALL (2010), apresentam as seguintes desvantagens do recrutamento interno: • Morosidade do processo, mais lento que o recurso ao mercado, porque, uma vez seleccionado o candidato interno, haverá que o substituir e garantir um período de sobreposição na antiga função, antes que a hierarquia o deixe ocupar o novo lugar; • Muitas vezes, a hierarquia tem grande relutância em dar o seu acordo à saída dos seus melhores colaboradores e o candidato vencedor é, por norma, um bom profissional; • Se não houver normas claras (período mínimo de permanência no cargo, por exemplo, de um ano), pode provocar rotação excessiva de pessoal dentro da empresa, com perdas de eficiência e sucessivas curvas de aprendizagem; • Se for necessário rejeitar alguns candidatos internos, é preciso, posteriormente, gerir as suas expectativas frustradas e mantê-los motivados. Estes autores acrescentam que as candidaturas internas são, por vezes, usadas como forma de assinalar o desejo de mudança do lugar presentemente ocupado, quer por desentendimentos com a chefia, quer por cansaço ou frustração nessa função. Isso dará ao órgão de Recursos Humanos dados preciosos para investigar essas situações e evitar 54 que elas degenerem ou acabem por provocar rupturas, com a saída do pessoal-chave ou conflito coma hierarquia. Para PERETTI (2007), o recrutamento interno apresenta algumas desvantagens, a que chama de limites. Adianta que, muitas vezes resulta mais dos resultados obtidos no passado do que das aptidões para preencher o novo posto. Isto verifica-se quando os bons desempenhos aceleram a carreira até ao nível da incompetência (cf. Principio de Peter), e quando o desejo de se desembaraçar de um colaborador medíocre leva o responsável hierárquico a facilitar a sua promoção. Tabela 4: Sistematização das Desvantagens do Recrutamento Interno Chiavenato (2004) Câmara, et all (2010) Peretti (2007) • Exige que os novos empregados tenham potencial de desenvolvimento para serem promovidos a alguns níveis acima do cargo em que estão; • Pode gerar conflito de interesse; • Pode levar ao principio da incompetência de Peter; • Quando efectuado • Morosidade do processo; • Muitas vezes, a hierarquia tem grande relutância em dar o seu acordo à saída dos seus melhores colaboradores e o candidato vencedor é, por norma, um bom profissional; • Se não houver normas claras (período mínimo de permanência no cargo, por exemplo, de um • Resulta mais dos resultados obtidos no passado do que das aptidões para preencher o novo posto. • Os bons desempenhos aceleram a carreira até ao nível da incompetência (cf. Principio de Peter); • Quando o desejo de se desembaraçar de um colaborador medíocre leva o 55 continuamente, leva os empregados a uma progressiva limitação às politicas e directrizes da organização; • Não pode ser feito em termos globais dentro da organização. ano), pode provocar rotação excessiva; • Se for necessário rejeitar alguns candidatos internos, é preciso, posteriormente, gerir as suas expectativas frustradas e mantê-los motivados. responsável hierárquico a facilitar a sua promoção. Fonte: o autor Sumário Nesta unidade discutimos sobre o recrutamento interno. Aprendemos que o recrutamento é interno quando consiste em preencher vagas por colaboradores que já fazem parte da organização, podendo ser através de uma promoção, uma transferência e uma transferência com promoção. As estratégias do recrutamento interno são a escolha directa, o concurso interno e o sistema de recomendar um amigo. As fontes do recrutamento interno são Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de selecção; Resultados das avaliações de desempenho do candidato interno; Resultados dos programas de treinamento e de aperfeiçoamento de que participou o candidato interno; Análise e descrição do cargo actual do candidato que se está considerando; Planos de carreiras ou planificação das movimentações de pessoal; e Condições de promoção do candidato interno (está no ponto de ser promovido) e de substituição (se o candidato interno já tem substituto preparado para o seu lugar). De entre as vantagens do recrutamento interno, podem-se mencionar as seguintes: é mais económico, é mais rápido, é fonte de motivação para os colaboradores, etc. de entre as inumeráveis desvantagens, ressaltam as seguintes: pode gerar conflitos de interesse, pode levar a 56 incompetência, podem ser promovidos colaboradores incapazes (como forma de os seus superiores se livrarem deles), etc. Unidade Temática 3.3 O Recrutamento Externo e Misto Introdução Esta unidade tem a finalidade de analisar o conjunto de acções que são empreendidas pelas empresas para atraírem candidatos que não trabalham na organização. É o tal recrutamento externo, onde a empresa usa uma serie de técnicas para visar os potenciais candidatos que estão aptos a ocupar o cargo e que se encontram no mercado de recursos humanos. Objectivos • • • Definir recrutamento externo a selecção • Explicar as estratégias do recrutamento externo • Identificar as fontes do recrutamento externo • Descrever as técnicas do recrutamento externo • Identificar os instrumentos do recrutamento externo • Explicar as vantagens e desvantagens do recrutamento externo • Descrever o recrutamento misto. 3.3.1 Conceito de Recrutamento Externo CAMARA, ET ALL (2010) diz que, não se conseguindo preencher o cargo vago com candidatos internos, recorre-se ao recrutamento externo, que basicamente consiste em identificar, no mercado, candidatos com perfil para preencher a vaga existente. Segundo CHIAVENATO (2009), o recrutamento externo trata da busca do profissional fora da empresa, no mercado de recursos humanos. Havendo uma vaga, a organização procura preenchê-la com candidatos externos atraídos pelas técnicas de recrutamento. Ela incide sobre os candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou aplicados em outras organizações. 57 De acordo com SOUSA, ET ALL (2006), O recrutamento é externo quando, havendo determinado posto de trabalho, vago, a organização procura preenche-lo com candidatos externos à organização. Este procedimento pode e deve ser antecedido de uma prospecção interna à organização. No entender de CAMARA, ET ALL (2010), recrutar bem externamente não é sinónimo de recrutar pessoas com um perfil idêntico ao das que já estão na empresa. É necessário aproveitar a oportunidade para injectar “sangue novo”, encorajando a diversidade e valorizando candidatos que tragam formas inovadoras de analisar os problemas e de os resolver. Quando a empresa dispõe de um banco de dados de candidatos, normalmente é por ai que a pesquisa se inicia. 3.3.2 Estratégia de Recrutamento Externo Para proceder a consulta do mercado de recursos humanos, deverá ser previamente definida uma estratégia de aproximação a esse mercado, que depende essencialmente de duas variáveis: • Qual o tipo de função a preencher; • Qual a vantagem ou inconveniente de a empresa se identificar como estando à procura de novos colaboradores. Optando-se pela primeira variável (qual o tipo de função a preencher), a empresa pode optar por: • Recrutar directamente, ou • Utilizar os serviços de empresas especializadas. Essas empresas podem ser: “caçadores de cabeças” (headhunters); consultores de pesquisa directa (search) e consultores de recrutamento. 3.3.3 Estratégias a Empreender no Mercado Na perspectiva de SEKIOU, ET ALL (2011), as organizações, na sua busca incessante por candidatos externos, no intuito de alcançarem maior número possível de candidatos, empreendem as seguintes estratégias: 58 • Campanhas de recrutamento: para atrair candidatos e criar uma imagem positiva junto do público, algumas organizações de grande dimensão lançam, por vezes, campanhas de recrutamento para divulgar as suas ofertas de emprego. Isto acontece principalmente quando uma organização se instala numa região ou num país. Podemos pensar nas campanhas de recrutamento que algumas organizações promovem para atrair candidatos no estrangeiro. Salvaguardando o principal objectivo pretendido (atrair bons candidatos), a campanha de recrutamento pode valorizar a imagem da organização no mercado de trabalho e inclusivamente no seu meio envolvente. Pode ainda conquistar nova clientela para os seus produtos ou serviços. A imagem da organização constitui um aspecto que não se deve negligenciar aquando do recrutamento. Os anúncios de oferta de emprego nos órgãos de comunicação, por exemplo, constituem cada vez mais um motor de comunicação e de marketing da organização. Os anúncios podem não só atrair novas competências como também reforçar a inserção dos trabalhadores efectivos e a imagem da organização junto dos seus parceiros, normalmente os bancos, fornecedores, clientes, subcontratantes, etc. • Conteúdo dos anúncios de emprego: o anúncio de oferta de empregodeve conter uma descrição breve do lugar a preencher, da competência exigida (formação académica, experiência e características esperadas do candidato), da data de entrada ao serviço, do salários e de outros benefícios. Deve mencionar ainda o nome da organização, o sector de actividade, a dimensão da organização e o local de trabalho. Quanto à forma do anúncio, ela diverge consoante a importância da organização, o mérito e o número de trabalhadores pretendidos. Além disso, o anúncio não deve ser classificado numa rubrica que distinga o sexo, como “procura-se homens” ou “ procura-se mulheres”. SOUSA, ET ALL (2006) acrescentam que A redacção de um anúncio deve respeitar algumas regras para que se atinjam os seus objectivos: • A informação não deve ser tão vaga que atraia candidaturas que não correspondam com as exigências, nem tão complexa e imprecisa que potenciais candidatos não respondam por pensar que não lhes diz respeito; • A definição do suporte de publicação (jornais diários, semanários, revistas técnicas, etc.) e o período de publicação são outros aspectos que não devem 59 ser esquecidos. É importante que exista um conhecimento sobre a imprensa nacional e os hábitos de leitura dos potenciais candidatos. • Escolha dos Meios de Comunicação: a escolha dos meios de comunicação depende directamente da importância do lugar vago. Para anunciar um lugar de director de produção, não se deve escolher o mesmo meio de comunicação do que para anunciar um lugar de trabalhador de limpeza da fabrica. Também depende do grau de especialização exigido para o lugar vago, no sentido em que, para anunciar um lugar num domínio muito especializado, é preferível colocar o anúncio de oferta de emprego num órgão de comunicação especializado nesse domínio. Por último, relativamente aos supostos escritos, a experiência mostra que, independentemente do lugar, as organizações, para procurarem candidatos, utilizam muitas vezes os jornais diários e recorrem menos aos semanários de grande tiragem. A justificação é que a relação custo/resultado é mais vantajosa. 3.3.4 Fontes do Recrutamento Externo As fontes do recrutamento externo, segundo CHIAVENATO (2009) são os lugares no mercado que são abordados pela empresa a fim de atrair os candidatos a fim de ocuparem vagas existentes. Podem ser directas e indirectas. As Fontes Directas de Recrutamento As fontes directas são os lugares que são abordados directamente pela empresa. Chiavenato (2009), cita as seguintes: as escolas e/ou universidades, a própria empresa, as outras empresas e o mercado em geral e outras fontes, que podem ser abordadas directamente pela empresa. Segundo SOUSA ET ALL (2006), nomeiam-se as seguintes fontes directas de recrutamento externo: • Centros de emprego: constituem uma fonte de recrutamento privilegiada para determinadas profissões. • Escolas: as empresas vão as escolas recrutar candidatos com elevado potencial. Este recrutamento pode acontecer junto de finalistas, na sua versão mais simples, ou pode acontecer por via de parcerias que as empresas estabelecem 60 com as escolas, promovendo iniciativas conjuntas e permitindo um maior conhecimento mútuo entre o potencial empregador do potencial candidato. Neste sentido, é cada vez mais frequente as empresas solicitarem listagens com os nomes de alunos finalistas para estágios. Por outro lado, as associações de estudantes de algumas universidades e institutos, ou as próprias instituições, promovem a distribuição de listagens com nomes de finalistas e respectivos interesses. • O próprio mercado: a própria empresa aplica as diversas técnicas de recrutamento, para divulgar as suas vagas nos meios de comunicação social, como rádio, televisão, jornais e revistas, identificando-se ou não. Figura 5. Fontes directas do recrutamento externo Fonte: CHIAVENATO (2004, p.177) As fontes indirectas de recrutamento externo CHIAVENATO (2004) afirma que as fontes indirectas são aquelas que são abordadas pelas empresas e, por sua vez, elas é abordam o mercado. São elas: agências de recrutamento,as associações de classe (ordem dos advogados, ordem dos médicos, ordem dos contabilistas, etc.) e os sindicatos. MACHADO E PORTUGAL (2014b) afirmam que as agências de recrutamento são empresas de consultoria que apoiam as empresas, na abordagem das fontes de recrutamento, possuem consultores especializados para o efeito, como os headhunters, os search ou ainda o outplacement. Empresa Escolas e Universidades A propria empresa Outras empresas Outras fontes 61 • Headhunters: são consultores, altamente especializados, que não só conseguem ter acesso aos candidatos certos – gestores do topo (top management), que têm sucesso no cargo que aparentemente ocupam – como têm com eles um tipo de relacionamento, em regra cimentado ao longo de anos e de anteriores passos de carreira, que lhes permite discutir com os mesmos, alternativas de carreira e a oportunidade que, em concreto, têm nas mãos. • Search: são consultores especializadosa gestores seniores, mas que ainda não atingiram o topo da carreira. Embora, basicamente a metodologia utilizada seja semelhante de headhunters, o público-alvo é diferente e mais receptivo a propostas que lhes permitam uma evolução de carreira, mudando de empresa. Dai que o contacto seja mais fácil, com base numa pesquisa prévia de quais os gestores potencialmente são ajustáveis ao perfil pretendido. Tanto num caso, como noutro, os consultores submetem à empresa uma shortlist (lista reduzida) de candidatos que considerem viáveis, para que esta os entreviste e seleccione. • Consultorias de outplacement – replacement:também denominadas de agências de emprego, actuam na recolocação de profissionais no mercado. O papel da consultoria ou agência é buscar a recolocação do profissional que está sendo demitido no mercado de trabalho, cujo encargo é da responsabilidade da empresa que está dispensando. O uso de consultores de recrutamento corresponde ao outsourcing do processo de recrutamento e selecção. De acordo com SOUSA, ET ALL (2006), citando CAMARA (2003), as vantagens desta fonte são o facto de retirar de centro da organização a necessidade de gestão logística do processo e do recurso a uma empresa com competências específicas neste tipo de processo, que a organização contratante normalmente não tem. Na perspectiva de CAMARA, ET ALL (2010), a decisão de uso de cada uma das fontes deve primeiro ser feita depois de ponderadas as seguintes situações: • A empresa pode considerar vantajoso apresentar-se no mercado de trabalho identificando-se, se tem reputação de empregadora de qualidade, 62 aproveitando o anúncio para, simultaneamente com o recrutamento transmitir uma imagem de quais os seus valores e cultura, para o reforço da sua reputação como organização. • Os inconvenientes de se apresentar ao mercado, identificando-se, estão ligados, por exemplo, ao facto de indicar à concorrência que pretende expandir a sua actividade a outros locais (Por exemplo, recrutar para Chimoio, Nampula, etc.) • O facto de tal identificação poder ter repercussões internas negativas, se houver colaboradores com expectativas em relação à função. A utilização de empresas especializadas é, em certos casos, indispensável, por ser ineficaz a pesquisa directa de candidatos pela empresa. É o que se passa com gestores de topo que, por norma, não respondem a anúncios nem são contactáveis directamente para efeitos de recrutamento. Figura 6. Fontes indirectas de recrutamento Fonte: CHIAVENATO (2004, p.177) 3.3.5 Técnicas de Recrutamento Externo Para CHIAVENATO (2004), Astécnicas de recrutamento externo podem ser: a) Anúncios em jornais e revistas especializadas: anúnciosem jornais costumam ser uma boa opção para o recrutamento, principalmente para cargos técnicos, operacionais e administrativos. No nível gerencial, quanto mais importante o cargo, recomenda-se a publicação em revistas especializadas ou a utilização de outras técnicas. Empresa Agencias de recrutamento Associações de classe Sindicatos Escolas e universidades A propria empresa Outras empresas Outras fontes 63 b) Agências de recrutamento: envolvem instituições privadas, públicas e sem fins lucrativos. Como entidades governamentais (Para o caso de Moçambique, o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional - INEFP) têm actuado na divulgação de vagas para pessoas físicas ou pessoas jurídicas, mais voltadas para cargos operacionais e administrativos. c) Contactos com escolas, universidades: normalmente as instituições que formam os melhores profissionais do mercado são procuradas pelas empresas para a abertura de vagas de estágio e posteriormente para a sua contratação. As empresas promovem palestras e estimulam visitas, com o objectivo de atrair os candidatos em potencial. d) Indicação de candidatos por funcionários: é uma técnica de recrutamento de baixo custo, alto rendimento e efeito relativamente rápido. A indicação terá que gerar responsabilidade e compromisso do indicado e do indicador. e) Cartazes ou anúncios em locais visíveis: é uma técnica de recrutamento de baixo custo e normalmente eficaz. f) Consulta aos arquivos de candidatos da empresa: as empresas que adoptam a prática de recebimento contínuode currículos podem estruturar um banco de dados contendoas informações mais importantes dos candidatos. • Consultorias: as empresas usam os serviços dos “caçadores de cabeças” – Head-hunters e search para o recrutamento de executivos. Também buscam nas consultorias, o outplacement, que são agencias que reorientam os ex- trabalhadores. SOUSA ET ALL (2006), acrescenta as seguintes técnicas de recrutamento externo: • Candidaturas espontâneas: arquivamento das candidaturas que chegam a organização e pela sua utilização em caso de necessidade. É cada vez mais frequente a chegada dessas candidaturas. • Anteriores processos de recrutamento e selecção: podem existir arquivos de curricula de candidatos que a empresa tem a guarda de processos anteriores, que receberam uma opinião positiva, mas não chegaram a ser admitidos. • Recrutamento on-line (e-recuitment): o recrutamento on-line refere-se ao conjunto de instrumentos que permitem a prospecção, recepção e realização de 64 triagem de candidatos on-line (usando internet). Permite, desta forma, não apenas introduzir filtros que possibilitam a triagem de candidaturas (nomeadamente, quanto à idade, habilitações, residência, anos de experiência, etc.) mas, igualmente, alguns testes de avaliação de competências no que respeita a conhecimento de línguas, de informática e de aptidões intelectuais e competências comportamentais, aproximando-se da e-selection. Esta técnica está crescentemente implantada tem tido grande aceitação e utilização, não só pela grande cobertura (sem limites geográficos), mas também pelo reduzido custo envolvido neste processo de divulgação. Este meio de divulgação é mais dirigido para quadros médios ou superiores. • Informal: esta técnica é extremamente utilizada. É o vulgar “conheces alguém para trabalhar aqui?”. Tem custos de recrutamento e selecção muito baixos, praticamente inexistentes. É frequentemente conhecido por “cunha”, tendo junto de muita gente uma leitura muito pejorativa. Porém, o que esta técnica faz é aproveitar de forma eficiente, as redes de contactos disponíveis na organização. A eficácia neste caso, como nos outros é medida pelo desempenho no trabalho propriamente dito. 3.3.6 Instrumentos de Recrutamento Externo Segundo SEKIOU ET ALL (2011), os principais instrumentos usados para o recrutamento são: Curriculum vitae, carta de apresentação, telefone, ficha de controlo, formulário de pedido de emprego e internet. • Curriculum vitae (CV) Ainda na abordagem de SEKIOU ET ALL (2011), o Curriculo Vitae (doravante CV) é um resumo de factos concretos sobre uma pessoa utilizado para procurar emprego, contendo a formação académica e profissional e tudo o que pode ser pertinente em relação a um emprego pretendido. Segundo os mesmos autores, também se define como o documento que permite ao empregador obter informações sobre os candidatos que procuram emprego. Actualmente, o CV deve insistir mais nos objectivos concretizados nos empregos anteriores, ou seja, os resultados obtidos. Quanto mais elaborado de forma original e 65 pertinente for o CV, mais hipótese tem de levar o candidato à entrevista, durante a qual este poderá colocar-se pessoalmente em evidência. SEKIOU ET ALL (2011) chama a atenção para que não se faça confusão entre CV, biografia e portefólio, pois todos eles descrevem os antecedentes de uma pessoa e, de algum modo, os dados que estes documentos contêm por vezes se confundirem. Na verdade: • a biografia descreve toda a vida de uma pessoa com inúmeros pormenores; e • o portefólio reúne informações num documento que descreve os objectivos pessoais e educativos da pessoa, incluindo documentos de grande valor como, por exemplo, os desenhos executados por um artista e cuja avaliação este considera importante para obter emprego. Vide em anexo o exemplo de um Currículo Vitae. • Carta de apresentação ou de motivação Adaptado de SEKIOU ET ALL (2001, p. 298) A carta de apresentação ou de motivação, na óptica de SEKIOU, ET ALL (2011), é um documento escrito em forma de carta que estabelece a ligação entre o candidato e o empregador. Afirma ainda o autor que temos vindo a citar que a carta de apresentação do CV, por exemplo, constitui um primeiro contacto com o empregador para atrair a atenção deste, acentuando ao mesmo tempo o interesse e a motivação do candidato em relação ao lugar oferecido e à organização. Para estes autores, há quatro tipos de cartas que podem estabelecer a ligação entre um candidato e o empregador. Trata-se de cartas: 1) De acompanhamento ou de motivação do CV; 2) De insistência, no caso de a primeira carta enviada ter ficado sem resposta; 3) De agradecimento, depois de uma entrevista; 66 4) De resposta, por parte do empregador. Destas cartas, a que acompanha o CV é a que se reveste de maior importância, já que é ela que retira o CV do anonimato e apresenta a pessoa, gravando o nome do candidato na memória do técnico de recrutamento. Esta carta suscita a primeira impressão que o empregador reterá do candidato. • O telefone: Devido ao seu grau de celeridade e eficácia, o telefone passou a ser um instrumento indispensável para o recrutamento. É útil, principalmente em quatro ocasiões, que são: 1) Convocar um candidato escolhido; 2) Anunciar ao candidato escolhido a sua nomeação; 3) Receber os CV por fax; 4) Realizar uma entrevista com os candidatos por teleconferência. Um candidato deve fornecer sempre um número de telefone onde possa ser contactado a qualquer hora pelo empregador (familiares, amigos, cônjuge, etc.). • Ficha de controlo: é um meio de anotar todos os contactos efectuados durante a procura de emprego. Seja a seguir a uma visita pessoal, ao envio de um CV ou a uma entrevista, importa seguir o andamento da iniciativa tomada junto das organizações contactadas. Ao preencher uma ficha de controlo, será mais fácil, no devido tempo, fazer o ponto da situação e evitar erros, nomeadamente enganar-se em relação ao nome da pessoa contactada ou o nome da organização ou ainda enviar duas vezes a mesma coisa para a mesma organização. • Formulário de pedido de emprego A maioria das empresas exige que o candidato preencha um formulário de pedidode emprego, apesar de apresentar um CV. Este hábito deve-se a dois motivos: a uniformização dos dados relativos a todos os candidatos; e a facilidade de tratamento de tratamento dos formulários em questão, geralmente analisados através de meios informáticos. Nalgumas organizações, o formulário de pedido de emprego é mesmo o único documento utilizado. Trata-se, por conseguinte, de um documento fundamental para o recrutamento que permite à organização reunir dados essenciais, necessários e uniformes de qualquer candidato. • Internet 67 É uma ferramenta que permite ao empregador colocar informações em sites. As pessoas interessadas candidatam-se, enviando a sua oferta de serviços por meio electrónico. Este substitui uma série de meios tradicionais: o correio vulgar, o fax, etc. Tabela 5: Características dos instrumentos de recrutamento externo Instrumento Características CV • Definição: documento que permite ao empregador obter informações sobre os candidatos que procuram emprego; • Finalidade: 1) pré-seleccionar os candidatos; 2) prover a reserva de candidatos; 3) orientar as decisões sobre os candidatos; • Qualidade do CV: ser apelativo, rigoroso, redacção legível, ser isento de erros de ortografia, utilizar papel de qualidade, espaçamento cuidado, frases curtas e verbos de acção; • Características tradicionais: paginado, incluindo três paginas no máximo, impressão em formato de papel oficial, branco ou um tom de pastel, sem data e sem assinatura. Carta de apresentação ou de motivação • Justificação: expor resumidamente o motivo por que se considera o candidato ideal para o lugar vago, manifestar as suas aspirações; • Objectivos: suscitar uma opinião favorável no empregador, apresentar o CV de forma a dar ao empregador o gosto de o ler; realçar o interesse e a motivação em relação ao posto de trabalho e à organização; manifestar disponibilidade para uma entrevista; • Formalidades: redigir a carta em papel branco e de formato normalizado, utilizando uma pagina no máximo e uma linguagem simples e directa, 68 com ortografia correcta; ser rigoroso em relação ao nome, cargo e morada do destinatário; empregar as fórmulas de cortesia comuns; referir o nome, a morada e o telefone; assinar e juntar a referência “documento em anexo”. Telefone • Facilita o contacto rápido e directo entre o candidato e o empregador; • Exige alguma preparação: 1) como se deve apresentar, explicar o objectivo do telefonema e solicitar a marcação de uma entrevista; 2) ter argumentos para responder às objecções do interlocutor; 3) saber concluir o telefonema e agradecer. Ficha de controlo • Permite à organização réu ir de maneira uniforme todas as informações a respeito de todos os candidatos; • Permite ao candidato assegurar o acompanhamento das iniciativas que toma ao procurar emprego. Formulário de pedido de emprego • Permite uma avaliação rápida do candidato; • Exige que cada candidato: 1) formule as suas ideias de uma forma diária e lógica; 2) seja preciso; 3) cuide da apresentação, do vocabulário e da ortografia; 4) explique exactamente como a sua competência pode ser útil. Internet • Substitui os instrumentos de recrutamento tradicionais; • Ganha cada vez mais popularidade; • Atrai mais candidatos jovens Fonte: SEKIOU, ET ALL (2001, 294) 69 3.3.7 Vantagens do Recrutamento Externo Segundo CHIAVENATO (2009), o recrutamento externo possui as seguintes vantagens: • Traz “sangue novo” e experiência para a organização; • Renova e enriquece os recursos humanos da organização; e • Aproveita os investimentos em treinamento e desenvolvimento de pessoal feito por outras empresas ou pelos próprios candidatos. Para CAMARA ET ALL (2010), são seguintes sãs vantagens do recrutamento externo: • A celeridade do processo, uma vez que não há que tomar em conta outras movimentações encadeadas, nem períodos de passagem de tarefas antes da sua efectivação; • A injecção de sangue novo na empresa, de pessoas que trazem novas formas de pensar e de encarar os problemas, enriquecendo o leque de competências existentes na organização; • A identificação de candidatos que, embora não sejam ideais para o preenchimento da função em aberto, permite a constituição ou enriquecimento de um banco de dados de candidatos, para futuras oportunidades que surjam; • A visibilidade que a empresa obtém no mercado de trabalho e o reforço da sua imagem como empregadora de qualidade. Tabela 6: Sistematização das vantagens do recrutamento externo CHIAVENATO (2004) CAMARA, ET ALL (2010) • Traz “sangue novo” e experiências novas para a organização; • Renova e enriquece os recursos humanos da organização; • Aproveita os investimentos em treinamento e • A celeridade do processo, uma vez que não há que tomar em conta outras movimentações encadeadas, nem períodos de passagem de tarefas antes da sua efectivação; 70 desenvolvimento de pessoal, feitos por outras empresas ou pelos próprios candidatos. • A injecção de sangue novo na empresa; • A identificação de candidatos que, embora não sejam ideais para o preenchimento da função em aberto, permite a constituição ou enriquecimento de um banco de dados de candidatos, para futuras oportunidades que surjam; • A visibilidade que a empresa obtém no mercado de trabalho e o reforço da sua imagem como empregadora de qualidade. Fonte: o autor 3.3.8 Desvantagens do Recrutamento Externo CHIAVENATO (2004) aponta as seguintes desvantagens do recrutamento externo: • É mais demorado do que o recrutamento interno; • É mais caro e exige despesas imediatas; • É menos seguro; • Pode frustrar o pessoal interno; e • Afecta a política salarial da empresa e influencia as faixas salariais internas. Por sua vez, CAMARA, ET ALL (2010) apresenta as seguintes desvantagens do recrutamento externo: 71 • Ser dispendioso e normalmente, bastante mais caro que o recrutamento interno; • Comportar maiores riscos de incompatibilidade cultural entre o candidato e a empresa, levando à sua rejeição pelo grupo e, por fim, ao seu fracasso; • Frustrar as expectativas de carreira dos colaboradores da empresa, dando a noção que as oportunidades que surgem são dadas a pessoas de fora e que não há a preocupação de desenvolver quem já está na organização. Tabela 7: Sistematização das Desvantagens do Recrutamento externo CHIAVENATO (2004) CAMARA ET ALL (2010) • É mais demorado do que o recrutamento interno; • É mais caro e exige despesas imediatas; • É menos seguro; • Pode frustrar o pessoal interno; • Afecta a política salarial da empresa e influencia as faixas salariais internas • É dispendioso e normalmente, bastante mais caro que o recrutamento interno; • Comporta maiores riscos de incompatibilidade cultural entre o candidato e a empresa, levando à sua rejeição pelo grupo e, por fim, ao seu fracasso; • Frustra as expectativas de carreira dos colaboradores da empresa, dando a noção que as oportunidades que surgem são dadas a pessoas de fora e que não há a preocupação de desenvolver quem já está na organização. Fonte: o autor 72 3.3.9 O Recrutamento Misto CHIAVENATO (2004) afirma que, na prática, as empresas nunca fazem apenas o recrutamento interno ou externo. Ambos se complementam e se completam. Devido às vantagens e desvantagens dos dois tipos de recrutamento, uma solução ecléctica tem sido preferida pela maioria das empresas, que é o recrutamento misto, ou seja, aquele que aborda tanto as fontes internas, como fontes externas de recursos humanos. Segundo o autor que temos vindo a citar, podemos encontrar três alternativas de recrutamento misto:• Inicialmente, recrutamento externo, seguido do recrutamento interno; • Inicialmente recrutamento interno, seguido de recrutamento externo; • Recrutamento externo e recrutamento interno, concomitantemente. Sumário Nesta unidade discutimos sobre o recrutamento externo e misto, onde aprendemos que o recrutamento é externo quando a empresa preenche as suas vagas com candidatos externos. As estratégias desse recrutamento são essencialmente dois: (1) recrutar directamente; e (2) utilizar os serviços de agencias ou empresas de consultoria. As fontes do recrutamento externo são directa e indirecta. De entre as fontes directas citam- se as escolas e universidades, a própria empresa, os centros de emprego, o mercado em geral. As fontes indirectas podem ser os serviços de consultoria através dos headhunter, os search, ou o outplacement. As técnicas de recrutamento externo podem ser anúncios nos jornais e na rádio/TV e revistas, agências de recrutamento, contactos com escolas e universidades, consulta aos arquivos de candidatos na empresa, etc. Os instrumentos que se podem usar para o recrutamento externo são entre outros, os seguintes: CV, carta de apresentação ou de motivação, formulários de pedido de emprego, internet, telefone, etc. Também aprendemos que o recrutamento externo apresenta vantagens e desvantagens. De entre as suas vantagens, citam-se os seguintes: traz “sangue novo” e experiencia para a empresa, aproveita os investimentos em treinamento e formação feitos pelos próprios candidatos ou por outras empresas, etc. De entre as suas desvantagens há a registar as seguintes: é menos seguro, pode frustrar o pessoal interno, etc. Ainda aprendemos que o recrutamento é misto quando, como processo, se realizam concomitantemente os recrutamentos interno e externo. 73 Exercícios de Auto-avaliação do tema III • Defina recrutamento, segundo SOUSA, ET ALL (2006). • Identifique os objectivos do recrutamento, na perspectiva de SEKIOU, ET ALL (2001). • Defina recrutamento interno, segundo Chiavenato (2004). • Quais são as fontes do recrutamento interno, na óptica de Chiavenato (2004)? • Defina recrutamento externo segundo Sousa, et all (2006). • Identifique as fontes directas do recrutamento externo. • Indique as fontes indirectas do recrutamento externo Exercício de Avaliação do Tema III • Identifique os objectivos do recrutamento, na perspectiva de SEKIOU, ET ALL (2001). • Defina recrutamento interno, segundo Chiavenato (2004). • Quais são as fontes do recrutamento interno, na óptica de Chiavenato (2004)? TEMA – IV: A SELECÇÃO DE PESSOAL UNIDADE Temática 4.1 Conceitualização de Selecção de Pessoal UNIDADE temática 4.2 O Processo de Selecção de Pessoal UNIDADE temática 4.3 Métodos e Técnicas de selecção de pessoal UNIDADE temática 4.4 Exercícios de Auto Avaliação do Tema IV Unidade Temática 4.1 Conceitualização de Selecção Introdução Esta unidade tem como finalidade apresentar os diversos conceitos de selecção de pessoal, bem assim os seus objectivos, os factores que a condicionam, as suas bases e os processos em que se baseia a comparação e a decisão de seleccionar um candidato a emprego em detrimento do outro. 74 Objectivos • • Definir a selecção de pessoal • Identificar os objectivos da selecção de pessoal • Descrever os factores condicionantes da selecção de pessoal • Explicar, por quê a selecção é um processo de comparação e de decisão. • Nomear as bases de selecção de pessoal 4.1.1 Conceito de Selecção de Pessoal O dicionário da língua portuguesa (2004), define a selecção como o acto ou efeito de seleccionar; escolha criteriosa e fundamentada. Esta definição mostra que a selecção não pode ser tomada como um simples exercício. Ela deve ser tomada como um processo complexo, que até alguns autores a consideram como ciência. Para MACHADO ET ALL (2014) a selecção é o conjunto de operações, através das quais e pela utilização de métodos e técnicas adequadas se avaliam as capacidades, as características e as qualificações dos candidatos a determinado lugar, escalonando-os face aos requisitos e exigências das respectivas funções. Para SEKIOU ET ALL (2011), a selecção é processo que, para a organização, consiste em escolher, entre vários candidatos, a pessoa que melhor satisfaz os requisitos do posto de trabalho a preencher e as necessidades dos dois parceiros (empregador e candidato), tendo em conta as condições contextuais. CHIAVENATO (2004) define a selecção como um processo que busca entre os candidatos recrutados, aqueles mais adequados aos cargos existentes na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização. Na óptica de CUNHA ET ALL (2012), a selecção é o processo através do qual as organizações escolhem as pessoas mais adequadas ao exercício de funções específicas depois de recrutadas/atraídas. A escolha deve basear-se num critério de ética e justiça, e considerar a articulação das necessidades organizacionais com os candidatos. 75 Na análise das definições apresentadas pelos vários autores, pode-se verificar a quase total coincidência de ser a selecção um processo; alguns autores definem a selecção como um conjunto de técnicas, o que se considera uma “projecção limitada sob o ponto de vista metodológico” (VEGA E GONZÁLEZ, s/d), Por sua vez, há também consenso quanto ao facto de esse processo ser uma acção a expressar uma decisão: escolher, seleccionar e a existência de um padrão comparativo. 4.1.2 Objectivos da Selecção de Pessoal MACHADO ET ALL (2014) afirmam que a selecção tem como objectivo avaliar as qualificações (literárias e profissionais) e as capacidades (físicas, psicológicas) de um candidato face às exigências, às condições de trabalho (físicas e ambientais) de determinada função segundo o mérito, utilizando para o efeito técnicas apropriadas. Consiste, portanto num conjunto de actividades que visa escolher para o exercício de determinadas funções candidatos que disponham de capacidade suficiente para o seu desempenho. Na perspectiva de SEKIOU ET ALL (2001), a selecção busca dois objectivos, que a seguir se discriminam: • Fornecer à organização os recursos humanos necessários e suficientes para a eficiência organizacional, bem como a igualdade de oportunidades para cada candidato; • Colocar cada trabalhador no lugar mais adequado, para o próprio e para a organização, de modo a que este utilize as suas aptidões, o seu temperamento e as suas motivações no cumprimento das tarefas. Este segundo objectivo expressa a situação ideal. CHIAVENATO (2009), mais sintético, não perde a linha de pensamento dos outros autores, e defende que a selecção visa alcançar dois objectivos básicos: • A adequação do homem ao cargo; e • A eficiência e eficácia do homem no cargo. 76 4.1.3 Factores Condicionadores da Selecção de Pessoal Segundo MACHADO, ET ALL (2014), o processo de selecção de pessoas é condicionado e influenciado por numerosos factores, salientando-se os seguintes: • Exigências do cargo – seleccionar um titular para um posto de trabalho que exige competência, experiência e formação académica superiores, é bem mais difícil, que preencher um cargo menos exigente; • Número de candidatos – este pode determinar a mudança de estratégias, de métodos e até de exigências; • Qualidade do método de selecção – a sua boa qualidade acarreta maior confiança no processo e traduz-se num índice de garantia mais elevado. Estes autores referem ainda que convém no entanto, realçar que a selecção não pode e nem deve ficar apenas pelo mero diagnóstico de um perfil. É indispensável que forneça um prognóstico acerca da adaptação do homem ao posto de trabalho e do grau de satisfação pessoal que nele esperaencontrar. A validade deste prognóstico, diagnosticado num ser em contínua mudança baseia-se no facto do ser humano se manter fiel às suas próprias forças orientadoras de evolução, por outro lado, existe a percepção de que o homem procura sempre fazer o melhor uso das suas capacidades. 4.1.4 Selecção como Um Processo de Comparação CHIAVENATO (2009) indica que a selecção é um processo de comparação entre duas variáveis: de um lado, os requisitos do cargo a ser preenchido e, de outro lado, o perfil das características do candidato que se apresentam. A primeira variável (x) é fornecida pela descrição e análise de cargos, enquanto a segunda (y) é obtida por meio da aplicação de técnicas de selecção. Figura 7. Selecção como processo de comparação X Y versus x Epecificações do cargo Caracteristicas do candidato O que o cargo requer O que o candidate oferece 77 x Fonte: CHIAVENATO (2004, p.186) • Quando a variável x é maior do que a variável y, diz-se que o candidato não atinge as condições ideais para ocupar determinado cargo e, portanto, é rejeitado para aquele cargo. • Quando as variáveis x e y são iguais, diz-se que o candidato reúne as condições ideais para o cargo e, portanto, é aprovado. • Quando a variável x é menor que a variável y, o candidato reúne mais do que as condições exigidas pelo cargo, e portanto, torna-se um superdotado para o cargo. Essa comparação não se concentra num único ponto de igualdade entre as variáveis, mas sobretudo numa faixa de agitação, admitindo certa flexibilidade a mais ou a menos ao redor do ponto ideal. Essa comparação exige que a descrição e análise do cargo sejam transformadas numa ficha profissiográfica ou ficha de especificações, a partir da qual se possa estruturar o processo selectivo com maior rigor. 4.1.5 A Selecção como Um Processo de Decisão CHIAVENATO (2004) ensina-nos que uma vez feita a comparação entre as características exigidas pelo cargo e as oferecidas pelos candidatos, pode acontecer que vários desses tenham condições aproximadamente equivalentes para serem indicados ao órgão requisitante para ocupar o cargo vago. O órgão de selecção (staff) não pode impor ao órgão requisitante a aceitação dos candidatos no processo de comparação. Pode apenas prestar serviço especializado, aplicar técnicas de selecção e recomendar os candidatos que julgar mais adequados ao cargo. A decisão final de aceitar ou rejeitar os candidatos é sempre da responsabilidade do órgão requisitante. Análise e descrição do cargo para saber quais os requisites que o cargo exige do seu ocupante Técnicas de selecção para saber quais as condições pessoais para ocupar o cargo desejado 78 MACHADO ET ALL (2014) corroboram com esta posição, ao afirmarem que a decisão no âmbito da selecção é da responsabilidade do órgão requisitante e tomada em função dos objectivos e estratégias da empresa. CHIAVENATO (2009) indica que como um processo de decisão, a selecção de pessoal comporta três modelos de comportamento: • Modelo de colocação: quando não inclui a categoria de rejeição. Há um candidato e há uma só vaga, que deve ser preenchida por aquele candidato. Como resultado, o candidato apresentado deve ser admitido sem sofrer rejeição alguma. • Modelo de selecção: quando existem vários candidatos e apenas uma vaga a preencher. Cada candidato é comparado com os requisitos exigidos do cargo que se pretende preencher, ocorrendo duas alternativas: aprovação ou rejeição. Se rejeitado, é dispensado do processo, porque, para o cargo vago, há vários candidatos, e apenas um poderá ocupa-lo. • Modelo de classificação: é a abordagem mais ampla e situacional, em que existem vários candidatos para cada cargo e várias vagas para cada candidato. Cada candidato é comparado com os requisitos exigidos pelo cargo que se pretende preencher. Ocorrem duas alternativas para o candidato: (1) ser aprovado ou (2) rejeitado para o cargo. Se rejeitado passa a ser comparado com os requisitos exigidos por outros cargos que se pretende preencher, até se esgotarem os cargos vagos, dai a denominação de classificação. Para cada cargo a ser preenchido concorrem vários candidatos que o disputam, sendo que apenas um deles poderá ocupa-lo, se vier a ser aprovado. Segundo ainda CHIAVENATO (2004), o modelo de classificação se fundamenta no conceito ampliado de candidato, ou seja, a organização não o considera como voltado apenas para determinado e único cargo, mas como um candidato da organização que será posicionado ao cargo mais adequado às suas características pessoais. Assim, dois requisitos se colocam na base de todo programa de classificação: 79 • Técnicas de selecção capazes de proporcionar informações relacionadas com os vários tratamentos e permitir comparações dos vários candidatos em relação aos vários cargos. • Modelos de selecção que permitam o ganho máximo nas decisões sobre candidatos ou, simplesmente padrões quantitativos de resultados. O modelo de classificação é superior aos modelos de colocação e de selecção no que tange ao aproveitamento de candidatos, à eficiência dos processos por envolver a totalidade de cargos vagos; e à redução dos custos envolvidos por evitar duplicidade de despesas com o processo. É sempre importante que se faça uma boa selecção, pois, assim acontecendo, vantagens múltiplas serão compartilhadas pela organização e pelo novo colaborador. Esta posição é reforçada por MACHADO ET ALL (2014). Segundo esses autores, Uma selecção adequada e integrada no contexto sócio-laboral da empresa, traz múltiplas vantagens ao empregador e ao recrutado: • Aumento da produção – empregado eficiente é, regra geral, duas vezes mais produtivo do que aquele que não o é. Este maior índice de produtividade tem a ver com as capacidades, interesses e motivações apropriadas ao exercício do respectivo cargo; • Diminuição da rotação do pessoal – a não satisfação no trabalho produz rotação e a rotação custa caro à empresa, pois são necessárias sucessivas operações de selecção de pessoal para substituir quem sai e sucessivas acções de formação para preparar o novo trabalhador. Este facto tem impacto directo no índice de produtividade, pelo menos durante o período de adaptação; • Redução do tempo de formação – a rapidez com que se aprende determinada tarefa tem a ver com a natural propensão para a executar, cabendo à selecção detectá-la; • Maior aproveitamento do tempo da chefia – toda a chefia deve zelar pela fácil e rápida integração do trabalhador recém-admitido. Sendo, porém, uma função importante, não é a sua tarefa exclusiva. Ora, quanto melhor a selecção, menor a necessidade desse acompanhamento, sobrando-lhe tempo para se dedicar às suas 80 funções normais de direcção e orientação, funções essas que não podem ficar comprometidas pelo desempenho profissional de trabalhadores menos eficientes. 4.1.6 As Bases de Selecção CHIAVENATO (2009) indica que como a selecção de RH é um sistema de comparação e de escolha, ela deve apoiar-se em algum padrão ou critério para alcançar alguma validade. Para esse autor, bases de selecção são informações sobre o cargo a preencher. Assim, as informações sobre o cargo que se pretende preencher podem ser obtidas através de cinco maneiras: • Descrição e análise de cargos: é o levantamento dos aspectos intrínsecos e extrínsecos do cargo; • Aplicação da técnica dos incidentes críticos: consiste na anotação sistemática e criteriosa dos chefes directos a respeitodos factos e comportamentos dos ocupantes do cargo considerado, que produziram melhor ou pior desempenho no trabalho; • Requisição de empregado: consiste na verificação dos dados na ficha de requisição do empregado, preenchidos pelo chefe directo, especificando os requisitos e as características que o candidato ao cargo deve possuir; • Análise do cargo no mercado: quando se trata de algum cargo novo, sobre o qual a empresa não tem nenhuma definição a priori, nem mesmo o chefe directo, existe a alternativa de verificar em empresas similares cargos comparáveis, seu conteúdo, os requisitos e as características dos seus ocupantes; • Hipótese de trabalho: caso nenhuma das alternativas anteriores possa ser utilizada, resta o emprego da hipótese de trabalho, ou seja, uma previsão aproximada do conteúdo do cargo e sua exigibilidade em relação ao ocupante (requisitos e características necessárias), como simulação inicial. Figura 8. Colheita de informações sobre o cargo como base do processo de selecção COLHEITA DE INFORMAÇÕES SOBRE O CARGO Análise do cargo Técnica de incidentes criticos Requisição de empregado Análise do cargo no mercado Hipótese de trabalho 81 ESCOLHA DAS TÉCNICAS DE SELECÇÃO DO OCUPANTE Adaptado de CHIAVENATO (2004, p.190) CHIAVENATO (2009) avança afirmando que as informações que o órgão de selecção recebe a respeito dos cargos e de seus ocupantes são transformadas numa ficha de especificação do cargo ou ficha profissiográfica que deve conter os atributos psicológicos e físicos necessários ao desempenho do ocupante no cargo considerado. Com essa ficha, o órgão de selecção pode estabelecer as técnicas de selecção adequadas ao caso. A ficha profissiográfica representa uma espécie de codificação das características que o ocupante deverá possuir. Através dela, o seleccionador poderá saber o que é que deve pesquisar nos candidatos. Sumário Nesta unidade aprendemos sobre a conceitualização da selecção, onde concluímos que a selecção é um processo através do qual as organizações escolhem as pessoas mais adequadas no exercício de funções específicas depois de recrutadas/atraídas. Essa escolha deve basear-se num critério de eficacia, ética e justiça, e considerar a articulação das necessidades organizacionais com as do candidato. Os objectivos da selecção são basicamente dois, a saber: adequar o homem no cargo e garantir a Ficha de especificações Entrevis tas Testes de conhecime nto ou capacidade Testes psicol ógicos Testes de persona lidade Técnic as de simula cao Técnicas de grupo 82 eficiência e a eficácia do homem no cargo (colocar o homem certo no cargo certo). Os factores condicionantes da selecção são as seguintes: exigências do cargo, número de candidatos, e a qualidade do método de selecção. Também aprendemos que a selecção é considerada como um processo de comparação e de decisão. É um processo de comparação, pois compara duas variáveis: (1) os requisitos do cargo a ser preenchido; e (2) o perfil das características do candidato. É um processo de decisão, uma vez que termina sempre com uma decisão sobre o candidato que preenchera a vaga. Na tomada de decisão podem ser usados um dos seguintes modelos: de colocação, de selecção e de classificação. Uma selecção adequada traz sempre benefícios para a organização, como o aumento da produção, a diminuição da rotação de pessoal, a redução do tempo de formação e maior aproveitamento do tempo das chefias. As bases de selecção de pessoal são a descrição e análise de cargos, a aplicação das técnicas de incidentes críticos, a requisição do empregado, a análise do cargo no mercado e as hipóteses do mercado. Unidade Temática 4.2 O Processo de Selecção de Pessoal Introdução Nesta unidade, você vai aprender sobre a triagem dos candidatos. Trata-se de uma etapa que se situa entre o recrutamento e a selecção, razão pela qual é também designada de pré-selecção. Discutiremos basicamente em torno dos seus objectivos e dos seus métodos. Objectivos • • Definir a triagem dos candidatos; • Identificar os objectivos da triagem dos candidatos; • Explicar os métodos de triagem dos candidatos; • 4.2.1 Conceito e Objectivos de Triagem dos Candidatos CHIAVENATO (2004) afirma que, uma vez efectuado o recrutamento dos candidatos e antes de se iniciar a selecção propriamente dita, existe uma etapa de ligação chamada triagem inicial dos candidatos. 83 Esta ideia é complementada por MACHADO ET ALL (2014) ao afirmarem que enquanto a recepção de candidaturas é um acto puramente administrativo, a triagem envolve outros procedimentos e visa verificar se quem responde está dentro das condições definidas na divulgação das vagas. Estes autores ainda realçam que esta fase não é de avaliação. CHIAVENATO (2004) corrobora esta ideia, afirmando que na realidade, a triagem é uma espécie de pré-selecção e visa reduzir o número daqueles poucos candidatos que realmente apresentam melhores condições de sucesso. Trata-se, pois, de uma pré- selecção grosseira, mas que permite afunilar o processo selectivo. O objectivo de triagem na óptica de CHIAVENATO (2009), é de procurar assegurar a permanência somente dos candidatos que atinjam o mínimo de qualificações estipuladas no recrutamento. Na realidade, serve para reduzir os custos do processo de selecção, eliminando sumariamente os candidatos não qualificados ou com forte propensão a rejeição. MACHADO, ET ALL (2014) vão mais longe ao afirmarem que o objectivo da triagem é dereduzir o número de candidatos, eliminando aqueles que, aparentemente, não parecem corresponder às exigências do posto de trabalho. Aparentemente, porque os métodos utilizados não permitem uma avaliação profunda e verdadeiramente fiável. É pois, uma avaliação que incide mais sobre as deficiências notória do candidato do que sobre as suas potencialidades. Em contrapartida privilegiam-se aqueles candidatos cujas características, CV, qualificações sobressaem mais, mas de forma algo superficial. 4.2.2 Métodos de Triagem dos Candidatos Na perspectiva de CHIAVENATO (2009), existem dois métodos básicos de triagem de candidatos, a saber, o questionário preliminar e a entrevista de triagem. • O Questionário Preliminar: é um questionário previamente organizado e montado para ser preenchido rapidamente pelos candidatos e colher as informações prévias e fundamentais a respeito. Geralmente, o questionário 84 preliminar se concentra exclusivamente nas qualificações anunciadas no processo de recrutamento. • Entrevista de Triagem: é uma entrevista superficial e de curta duração com os candidatos para verificar inicialmente quais aqueles que possuem as qualificações mínimas para seguir adiante no processo selectivo. Na maioria das vezes, aplica-se o questionário preliminar e, com base nele, faz-se a entrevista de triagem. Se o candidato possui as qualificações mínimas anunciadas, será encaminhado para o processo selectivo a seguir. Se não as tem, é rejeitado. A estes métodos, MACHADO ET ALL (2014) acrescenta os seguintes: análise curricular e provas de conhecimento. • Análise Curricular: serve de base à eliminação dos candidatos que não satisfazem os requisitos objectivos exigidos. Este método, não permitindo um conhecimento pessoal do candidato, não fornece dados sobre os aspectos essenciais ao desempenho de qualquer função, como a sua personalidade, a sua capacidade de relacionamento, a sua apresentação e outros aspectos. Para ser válida, isto é, para permitir uma comparação minimamente objectiva entre os candidatos, exige a elaboração de um formulário padronizado que solicite de todos, dados sobre os mesmos temas. Assim,o formulário vai permitir a uniformização dos pontos abordados pelos candidatos e facilidade de tratamento dos mesmos. • Provas de Conhecimento: é um método bastante utilizado, sobretudo quando o número de candidatos é bastante elevado, pois permite limitar o número de candidatos. Evidentemente, essas provas devem estar relacionadas com o teor das exigências da função. Sumário Nesta unidade aprendemos sobre a triagem dos candidatos e conseguimos reter que a triagem dos candidatos é uma espécie de pré-selecção e visa reduzir o número daqueles poucos candidatos que realmente apresentam melhores condições de sucesso. O objectivo da triagem dos candidatos é exactamente o de reduzir o número de candidatos, eliminando aqueles que, aparentemente, não parecem corresponder às exigências do 85 posto de trabalho. Os métodos da triagem dos candidatos são: questionário preliminar, entrevista de triagem, análise curricular e provas de conhecimento. Unidade Temática 4.3 Organização do Processo de Selecção de Pessoal Introdução Nesta unidade, você vai aprender sobre a forma como se realiza o processo de selecção, concretamente nos seus variados métodos, sobretudo os de domínio psicológico, de personalidade e comportamentais, bem como técnico. Objectivos • • Explicar os métodos ou técnicas de selecção. • Definir os requisitos dos métodos ou técnicas. • 4.3.1 A Necessidade dos Métodos de Selecção Na óptica de MACHADO, ET ALL (2014), a selecção é um processo que utiliza diversas técnicas com o objectivo de obter o maior volume de informação acerca dos candidatos, a fim de assegurar uma avaliação objectiva. Esta avaliação refere-se a: • Qualificações: trata-se de avaliar a experiência e a formação académica ligada directa ou indirectamente ao posto a preencher; • Capacidades para exercer o cargo; • Personalidade – neste domínio, a avaliação do candidato é orientada para as suas atitudes gerais, interesses actuais e objectivos futuros, nomeadamente: • Comportamento: a avaliação incide sobre a sua apresentação, expressão, sociabilidade, interacção. • Potencial intelectual: trata-se de examinar o sentido da criatividade do candidato, o seu dinamismo, o exercício da liderança, a sua iniciativa, etc., a fim de avaliar se o candidato é apto ou não para assumir responsabilidades; 86 • O posto de trabalho em causa: a avaliação incidirá igualmente sobre as razões de interesse pelo posto, a compreensão das actividades e das responsabilidades inerentes ao posto, o salário desejado. Este processo desenrola-se em três etapas, que são: • Determinação do nível de aptidões e de qualificação necessário para o exercício satisfatório da função. É o papel da análise de funções; • A avaliação dos candidatos. É uma fase determinante do processo de selecção. Sem avaliação não há selecção; sem a determinação do nível de conhecimento ou de capacidades, bem como da sua utilização, não há selecção. • A decisão. Esta surge da escolha dos que possuem o nível de capacidades ou de qualificações necessário para o exercício de determinada função. 4.3.2 Métodos e Técnicas de Selecção Os métodos e técnicas de selecção referem-se aos caminhos que são usados pelas equipas de selecção para apurar se as características dos candidatos se encaixam fielmente nos requisitos do cargo em disputa. Requisitos de Qualidade dos Métodos de Selecção Vários autores consideram que os métodos de selecção devem ser portadores de certos requisitos de qualidade. Para SOUSA, ET ALL (2006), os requisitos da qualidade dos métodos de selecção são os seguintes: • Devem ser práticos: adequar-se aos constrangimentos de tempo e aos custos; • Devem ser confiáveis/objectivos: Por exemplo, os métodos devem ser aplicados de igual forma, independentemente dos candidatos; • Devem ser válidos: Por exemplo, o método deve prognosticar a adequação do candidato à função. CUNHA ET ALL (2012), usam uma linguagem diferente, preferindo tratar essas características de preditores de sucesso do candidato ao exercício das funções a desempenhar. Para esses autores, na generalidade, são utilizados dois grandes critérios de avaliação da validade preditiva: o desempenho profissional e o desempenho na 87 aprendizagem. Ou seja, pretende-se saber em que medida esses métodos e técnicas ajudam a compreender como os candidatos (a) virão a desempenhar a função e (b) aprenderão a desenvolver as suas capacidades e competências, tanto para as funções de curto como de longo prazo. A Escolha das Técnicas de Selecção Segundo CHIAVENATO (2004), com as informações a respeito do cargo a ser preenchido, o passo a seguir é a escolha das técnicas de selecção para seleccionar os candidatos adequados. As técnicas de selecção podem ser classificadas em cinco grupos: Entrevista de selecção, Provas de conhecimento ou capacidade, Testes psicotécnicos ou psicológicos, Testes de personalidade e Técnicas de simulação (Idem). CUNHA ET ALL (2012) abordam, para além das indicadas por Chiavenato, as biodatas (análise do CV e cartas de recomendação ou referências), enquanto isso, MACHADO ET ALL (2014) acrescentam as técnicas de grupo. Vejamos em detalhes, cada uma destas técnicas. Em suma, os métodos que se assumem neste manual são os seguintes: biodatas, provas de conhecimento ou capacidade, testes psicológicos, testes de personalidade ou psicotécnicos, técnicas de simulação, técnicas de grupo e a entrevista. Por razões que se prendem com a sua complexidade, a entrevista será tratada numa unidade em separado para s sua melhor compreensão, dado ser a técnica de selecção que mais se usa. As Biodatas Na óptica de CUNHA, ET ALL (2012), biodata é a derivação do termo inglês “biographical data”. É usado para denominar a informação biográfica (história da vida e experiência) solicitada aos candidatos a uma dada função e cuja análise é usada para tomar decisões de selecção. O método permite que o candidato se auto descreva em temos demográficos, atitudinais e de experiência. Presume-se que as experiências passadas dos candidatos ou as suas características predizem a sua carreira. 88 Estes autores, parafraseando SCHULTZ E SCHULTZ (1998) afirmam que muitos dos nossos comportamentos, valores e atitudes se mantém ao longo da vida, por isso, não é despropositado considerar que o nosso comportamento no futuro será baseado no nosso comportamento passado. As avaliações podem incidir em aspectos tão diversos como a data de nascimento, os lugares ocupados em anteriores funções, os interesses, as aspirações, os hábitos, as preferências, os objectivos de carreira, os valores, as crenças, as auto-impressões, as relações com os vizinhos, o status financeiro, as experiências de vida na adolescência, a estabilidade emocional, a orientação para o trabalho versus para a família, a gestão do dinheiro, o interesse nas reparações domésticas, etc. As pesquisas sugerem que as escalas biodata medem uma ampla variedade de características individuais – incluindo capacidades cognitivas, interesses características de personalidade, capacidades físicas e, mesmo competências e habilidades. Sugerem também que essa informação tem validade preditiva para o desempenho, a progressão na carreira, a satisfação e a rotatividade. Os inventários biográficos, como também são conhecidas as biodatas, são procedimentos padronizados que contemplam os elementos detalhados que os candidatos deverão prestar. Podem ser relativamente longos e abarcar um vasto leque de matéria e perguntas, como por exemplo: • Como encara os seus vizinhos? • Com que frequência conta anedotas? • Quais dos seguintes aspectos da vida são mais importantes para si: (a) uma casa agradável e uma família feliz; (b) sucesso na carreira; (c) ser famoso; (c)contribuir para a melhoria da comunidade; (d) ser um cidadão exemplar? • Com que frequência os seus colaboradores o procuram no gabinete? • Quantos processos disciplinares instaurou na sua empresa no último ano? • Quantos livros lê por ano? As fontes das biodatas são o Curriculum Vitae e as cartas de recomendação ou referências. 89 • O Curriculum Vitae (CV) como Fonte das Biodatas CUNHA ET ALL (2012), indicam que o CV é a fonte mais simples de obtenção de biodatas e representa o segundo método mais usado nos processos de selecção, constituindo, frequentemente, a via de primeiro contacto entre o candidato e a empresa. Acresce o seu papel de filtro, pois permite rejeitar os candidatos que não cumprem determinados requisitos. MACHADO ET ALL (2014) tratam a análise do CV por avaliação curricular. Estes autores defendem que a avaliação curricular será tratado como um método de selecção quando praticado em discussão ou entrevista para verificação e confirmação dos seus elementos. Fora disso, não parece legítimo entende- lo como método de selecção. Será antes um método de pré-selecção e consiste mais numa análise do que numa avaliação curricular. • As Referências e Cartas de Recomendação As referências (junto de antigos professores, chefias, colegas de trabalho, amigos e conhecidos), segundo CUNHA, ET ALL (2012) são um método bastante comum. Ainda que usadas informalmente, acabam por ser, frequentemente, o critério que permite diferenciar candidatos em igualdade de circunstâncias noutros critérios. As cartas de recomendação carecem de alguma validade pelo facto de, tendencialmente, o seu tom ser positivo (o candidato tende a solicitá-las a pessoas que podem tecer boas considerações!). Tendem também a ser mais favoráveis quando entregues directamente ao candidato – e não ao potencial empregador (sem o conhecimento do candidato). Ou seja, as pessoas que redigem a carta de recomendação tendem a ser mais enfáticas nos méritos anunciados quando sabem que o candidato a quem se referem lerá o conteúdo da carta. Acresce que a sua avaliação está normalmente limitada pela ausência de alguma forma de padronização. Algumas organizações facultam esquemas padronizados e convidam o autor da carta de recomendação a responder a um determinado conjunto de questões, por vezes com escalas numéricas para diversos itens. Provas de Conhecimento ou Capacidade Segundo CHIAVENATO (2004), as provas de conhecimento ou capacidade são instrumentos que procuram medir o grau de conhecimentos profissionais ou técnicos exigidos pelo cargo (Por exemplo: noções de contabilidade, informática, vendas, 90 tecnologia, produção, etc.). Podem ser gerais (de cultura geral ou de línguas); e especificas (cultura profissional e de conhecimentos técnicos). CUNHA, ET ALL (2012), preferem dividir as provas de conhecimento ou capacidade em dois grandes grupos: provas ou testes de capacidade e provas ou testes de conhecimento. Vejamos em detalhes o que vem a ser cada um dos grupos: • Os Testes de Capacidades No entender de CUNHA, ET ALL (2012), Os testes de capacidades (físicas, psicomotoras e perceptivas) são aqueles que têm maior poder preditivo de desempenho em funções em que tais capacidades são mais necessárias. Destacam-se neste grupo os testes de capacidades físicas, os testes de capacidades psicomotoras e os testes de capacidades perceptivas. • Os testes de capacidades físicas: medem características como a força dinâmica, a força do tronco, a força estática, a força explosiva, a flexibilidade em extensão, e a flexibilidade dinâmica. O seu uso está limitado a actividades específicas – como policias e agentes de segurança. Os estudos sugerem que os testes de capacidades físicas predizem a rotatividade, as promoções e o desempenho. Todavia, esse poder preditivo varia consoante o grau em que se coadunam com as capacidades necessárias para o exercício do cargo. • Os testes de capacidade psicomotora: medem aspectos como o tempo de reacção, a coordenação dos membros e a destreza manual. Os estudos indicam que estas capacidades predizem o desempenho dos indivíduos (por EX: motoristas), embora tal ocorra mais vincadamente em cargos de menor complexidade. • Os testes de capacidades perceptivas: visam medir aspectos como atenção e acuidade auditiva, a localização sensorial e a visão periférica e cromática. Diversas investigações sugerem a sua relevância para efeitos de predição do desempenho dos indivíduos. • Testes de Conhecimentos Três grandes tipos de testes de conhecimentos podem ser identificados: teste de conhecimentos dos cargos, testes de julgamento situacional e testes de conhecimentos tácito. A literatura sugere que, tendencialmente, os três tipos explicam o desempenho dos indivíduos. 91 a) Testes de Conhecimento dos Cargos: o seu uso está limitado aos casos em que o avaliado tem formação/experiência prévia no cargo. Exemplos são os testes de conhecimentos de línguas, os testes de conhecimentos de informática e testes de conhecimentos específicos (P. EX: testes sobre procedimentos e organismos na administração pública). b) Os Testes de Julgamento Situacional: consistem na colocação do candidato perante cenários plausíveis (apresentados de modo escrito, via Web ou em imagens vídeo) focalizados nas tarefas constituintes do cargo a ocupar. Tipicamente, P. EX: é lhe então solicitado que indique, num formato de escolha múltipla, o que deverá ser realizado para lidar eficazmente com a situação. O uso mais comum ocorre na selecção de gestores e supervisores, mas pode ser usado noutros contextos e para outras finalidades, como por exemplo a predição do desempenho em contexto de equipa. c) O Conhecimento Tácito é o conhecimento adquirido na experiência da área, mas que é implícito e de difícil articulação, transmissão e partilha. É um aspecto da inteligência prática que capacita o indivíduo para seleccionar, adaptar e moldar os ambientes do mundo real. É adquirido com pouco apoio de outras pessoas ou recursos (EX: formação, instrução directa). Testes Psicológicos CHIAVENATO (2004) define os testes psicológicos como um conjunto de provas que se aplica a pessoas para apreciar o seu desenvolvimento mental, suas aptidões, habilidades, conhecimentos, etc. São de aptidões (gerais e especificas). Por sua vez, MACHADO, ET ALL (2014), indica que os testes psicológicos consistem na aplicação de um conjunto de provas (testes psicológicos), visando analisar as aptidões e características de personalidade tidas como condição essencial para o êxito profissional em determinada actividade. Ou seja, utilizando métodos de análise psicológica, pretende-se avaliar e prognosticar a eficiência dos candidatos para uma função em concreto. 92 O exame psicológico permite a observação metódica de comportamentos provocados, praticada a partir de micro-situações exemplares (testes, provas de situação, entrevista) e, por isso, é também uma observação intensiva. É uma observação finalizada e clarificada, no sentido de que há necessidade de aguardar que as circunstâncias façam surgir situações típicas para poderem ser avaliadas. Neste sentido, os testes psicológicos são “provocadores de condutas” em circunstâncias precisas e condições constantes. Mas como análise experimental que é, o comportamento observado limita-se às condições em que o examinado é colocado. A eficácia do exame psicológico fundamenta-se em terminadas condições, a saber: • Na manifestação das aptidões, aqui entendidas como a qualificação potencial para o exercício com êxito, de determinada actividade, que se pode avaliar anteriormente, dado que o teste funciona como uma situação simulada, semelhante à situação real e tecnicamente construída. É suposto que o individuo se comportará do mesmo modo como se comparta na vida real,perante circunstâncias idênticas; • Na possibilidade de atribuição de números aos diferentes resultados (expressão de uma característica psicológica), atribuição esta que se fundamenta no principio de que a tarefa proposta é tal que os diferentes indivíduos não a cumprem todos da mesma maneira ou no mesmo espaço de tempo. Definido o grau de “dificuldades” para cada um dos resultados possíveis, em função dos resultados obtidos pela amostra da população; • Na construção de um teste psicológico – o teste é uma situação padronizada que serve de estímulo a um comportamento. Este comportamento é avaliado por comparação estatística com o de outros indivíduos colocados na mesma situação, permitindo assim clarificar o sujeito-examinando quer quantitativa, quer tipologicamente. Por situação experimental padronizada entende-se que todos os elementos (teste psicológico, instruções, normas, condições físicas e ambientais) devem estar claramente definidos e ser reproduzidos em todos os casos. 93 Esta comparação permite classificar o sujeito escalonando-o ou enquadrando-o numa classe de indivíduos. Características relevantes e qualidades dos testes psicológicos Segundo SOUSA, ET ALL (2006), as características consideradas relevantes dos testes psicológicos são as seguintes: • Validade: um teste de selecção é valido quando é capaz de prognosticar o desempenho futuro da pessoa, no cargo; • Precisão: um teste é considerado válido quando, aplicando várias vezes numa mesma pessoa, apresenta resultados semelhantes; • Aferição: a aferição (uniformidade de avaliação e de interpretação) implica o estabelecimento de normas, conceitos e doutrinas relativas a população a que se destina; • Padronização: o teste tem de ter predefinidos os critérios que possibilitem comparar, de forma objectiva, os resultados obtidos. MACHADO ET ALL (2014), afirmam que, como instrumento de medida, o teste psicológico deve possuir as seguintes qualidades: • Garantia (fidelidade ou fidedignidade) - qualidade que permite verificar a consistência/constância dos resultados; • Validade – qualidade que faz com que o teste meça efectivamente aquilo que pretende medir. Esta qualidade pressupõe a existência de critérios de validação; • Sensibilidade – tem a ver com o poder discriminativo do teste. Se as pessoas são diferentes nas suas capacidades, os testes devem reflectir essas diferenças. Cada uma destas qualidades é avaliada por processos diferentes e variados, o que permite depositar confiança na sua medida. Testes de Personalidade ou Psicotécnicos No dizer de CHIAVENATO (2004), os testes psicotécnicos servem para analisar os diversos traços de personalidade, sejam eles determinados pelo carácter (traços 94 adquiridos ou fenótipos) ou pelo temperamento (traços inatos ou genótipo). Um traço de personalidade é uma característica marcante da pessoa e que é capaz de distingui-la das demais. Podem ser expressivos, projectivos e inventários. Os Testes Expressivos Os testes expressivos podem ser o Psicodiagnóstico Miocinético (PMK): avalia as características estruturais e reaccionais de personalidade, evidenciando atitudes constitucionais já consolidadas no indivíduo, ou seja, sua personalidade, e as atitudes situacionais e transitórias, que acontecem no momento de vida em que está passando, permitindo conhecer diferentes aspectos da personalidade por meio de alterações de tons posturais, uma vez que se acredita que toda intenção ou propósito de reacção acompanha-se de uma modificação do tom postural. Os Testes Projectivos Os testes projectivos podem ser: a árvore de Koch, o teste de Rorschach, o teste Szondi, a figura humana de Machover. • Árvore de Kochou teste da árvore: foi desenvolvimento por Karl Koch e publicado no início do século XX. Consiste em desenhar uma árvore ou escolher uma árvore já desenhada, antes de ser analisada. É usado para determinar a personalidade do sujeito e sua relação com o mundo externo e a família, pois o desenho da árvore pode revelar os sentimentos da pessoa, em cada fase do seu desenvolvimento, a partir da raiz até à copa e em que o tronco representa a força interna do indivíduo. • Teste de Rorschach: consiste em dar respostas sobre com o que se parecem as dez pranchas com manchas de tinta simétricas. A partir das respostas, procura-se obter um quadro amplo da dinâmica psicológica do indivíduo. • Teste de Szondi: foi desenvolvido para determinar o perfil pulsional e revelar as possibilidades de existência dos estados depressivos da pessoa examinada. Consiste de seis conjuntos, ou séries, de fotografias de pacientes psiquiátricos. Durante a aplicação do teste, o 95 examinando deve escolher, em cada série, dois retratos de pessoas simpáticas e dois retratos de pessoas antipáticas. Ao completar as seis séries, ou conjuntos, obtém-se um "perfil). BUCHER • Figura Humana de Machover: é uma técnica projectiva de teste baseado em desenho gráfico, através do qual pode-se fazer uma avaliação global da personalidade da pessoa, seu humor, emoção, etc. A realização de desenhos é uma forma de linguagem simbólica que ajuda bastante inconscientemente expressar as características mais íntimas de nossas personalidades. Estes testes são utilizados na selecção de pessoal para observar o tipo de personalidade do indivíduo, em contraste com outros testes psicotécnicos de perguntas e respostas, avaliando se há contradições entre os dois, e também são usados no clínico campo judicial e forense. (SAUR ET ALL) Os Inventários ou Testes de Traços Específicos de Personalidade Estes testes, segundo CAIXOTE E MONJANE (2013) permitem avaliar os traços específicos de personalidade de candidatos aos cargos. Existem cinco tipos de inventários, nomeadamente: teste de preferência de Kuder, teste de questionário de interesses vocacionais de Strong Júnior, teste de inventário de Myers-Briggs e o teste do quociente emocional de Daniel Goleman. Os inventários, segundo CHIAVENATO (2004) podem ser inventários de motivação, de frustração e de interesses. CUNHA ET ALL (2012), afirmam que os inventários de personalidade vêm adquirindo um papel crescente na selecção de pessoas, pois numerosos estudos já denotam a sua capacidade preditiva de diversas variáveis organizacionalmente relevantes, como por exemplo, o desempenho, a rotatividade, e comportamentos disfuncionais, etc. Para estes autores, dois grandes grupos de medidas podem ser identificadas: as gerais e as especificas do trabalho. 96 Exemplos das medidas específicas são: Neo Personality Inventory (NEO-PI), Personality Research Farms, Californoa Psychological Inventory, Minnesota Multiphasic Personality Inventory, Sistem Personality Factor Questionaire e o Myers- Briggs Type Indicator. Tabela 7: Inventários de medidas da personalidade e respectivas dimensões/escalas Inventario Dimensões/escalas Personality Inventory (NEO-PI) Extroversão, estabilidade emocional, amabilidade, conscienciosidade, abertura à experiencia. Personality Research Farms (Forma E) Rebaixamento; realização; afiliação; agressão; autonomia; mudança; estrutura cognitiva; defensividade; dominância; resistência; exibição; evitamento de danos; impulsividade; propensão para zelar e cuidar de outros; ordem; recreação; reconhecimento social; dependência efectiva; compreensão; infrequência; atracção. Califórnia Psychological Inventory (CPI) Dominância; capacidade para status; sociabilidade; presença social; auto-aceitação; empatia; responsabilidade; socialização; autocontrolo; boa impressão; comunicabilidade; bem-estar; tolerância; sucesso via informação; sucesso via independência; eficiência intelectual; inclinação psicológica; flexibilidade; feminilidade/masculinidade.Minnesota Multiphasic Personality Inventory (NMPL-2) Escalas clínicas e de validade; sub-escalas de auto- apresentação; superlativa, escalas clínicas reestruturadas; sub-escalas clínicas (escalas de introversão social); escalas de conteúdo; escalas suplementares; vários índices especiais (Ex: para justiça criminal). 97 Sistem Personality Factor Questionaire (16PF) Afabilidade; aptidões de raciocínio; estabilidade emocional; dominância (afirmação); vivacidade; conscienciosidade; moral/atenção às normas; desenvoltura social (atrevimento); sensibilidade; desconfiança/vigilância; abstracção/imaginação; intimidade/privacidade; apreensão; abertura à mudança; auto-suficiência; perfeccionismo; tensão. Myers-Briggs Type Indicator (MBTI) Dezasseis tipos de personalidade, de acordo com o modo como se conjugam quatro dicotomias (extroversão/introversão; sensorial/intuitivo; razão/emoção; julgamento/percepção) Fonte: CUNHA, ET ALL (2012, p.236) Exemplos das gerais são: os testes de integridade, os testes de potencial de vendas, os testes de violência, os testes de tolerância ao stress e os testes de potencial gestionário. Algumas destas medidas foram construídas para aferir aspectos específicos, embora transversais à generalidade dos cargos (ex: abuso de drogas, furtos, etc.), enquanto outras se focalizam em ocupações específicas (ex: gestores, vendedores, etc.). O Modelo dos Cinco Factores (big five) SEGUNDO CUNHA, ET ALL (2012), o modelo de cinco factores, mais conhecido como modelo das Big Five tem sido um dos inventários privilegiado das atenções mais recentes. Denota elevada aceitação teórica e grande aplicabilidade prática. Pode afirmar- se o seguinte: • O modelo representa as principais dimensões da personalidade, em diferentes contextos culturais; • Em grande medida, os outros modelos de personalidade abarcam as cinco dimensões nele contempladas; • As dimensões que o integram explicam diversas atitudes e comportamentos organizacionalmente relevantes, incluindo o desempenho. 98 Tabela 8: Dimensões do Modelo das Big Five Dimensão Significado Os indivíduos com forte orientação nesta dimensão são: Os indivíduos com fraca orientação nesta dimensão são: Extroversão/Introversão Preferência pela interacção social; gosto pela actividade em si Sociáveis, conversadores, assertivos, gregários, activos, emocionalmente positivos Reservados, retraídos, pouco conversadores Neuroticismo (reverso de estabilidade emocional) Tendência para a emocionalidade negativa e a instabilidade; inabilidade para lidar com as dificuldades. Ansiosos, deprimidos, hostis, irritados, instáveis, inseguros, tímidos, preocupados, impulsivos. Vulneráveis. Calmos, descontraídos, confiantes Amabilidade Orientação para o zelo na relação com os outros, recusa do antagonismo. Corteses, flexíveis, confiantes, cooperantes, empáticos, tolerantes. Rudes, pouco cooperativos, antipáticos, cépticos. Conscienciosidade Organização e preferência pelas actividades orientadas para objectivos. Responsáveis, organizados, cuidadosos, eficientes, perseverantes, orientados para o sucesso. Descuidados, distraídos, desorientados. Abertura a experiencia Tolerância para Imaginativos, 99 com as novas ideias e os novos modos de realizar as coisas, orientados para a experiencia. originais, artisticamente sensíveis, intelectualmente curiosos, conservadores, evitadores do risco, circunscritos a um pequeno leque de interesses, convencionais no pensamento. Fonte: CUNHA ET ALL (2012, 237/238) Ainda na perspectiva de CUNHA ET ALL (2012), são numerosos os estudos que se têm debruçado sobre o grau em que estas cinco características predizem o desempenho dos indivíduos, assim como outras variáveis organizacionalmente relevantes. Algumas das principais conclusões são as que se seguem: • Os indivíduos mais conscienciosos tendem a denotar superior desempenho, mais fracos níveis de comportamentos disfuncionais e menos problemas disciplinares; • Esta variável de personalidade denota grande transversalidade, pois parece ser relevante para a generalidade das funções organizacionais; • A extroversão é porventura mais relevante para funções que envolvam relacionamento interpessoal (Ex: empregados de balcão, director de relações publicas, etc.); • Provável que o mesmo ocorra com a amabilidade. Todavia, a sua ausência pode ser uma vantagem para o desempenho de certas profissões, como a de guarda prisional, cobrador de contas, etc. • É presumível que a estabilidade emocional seja relevante para a generalidade das funções organizacionais, podendo ser especialmente importante em papeis de liderança; • A abertura à experiencia pode relevar especialmente em papeis que requerem abertura de espírito, orientação inovadora, propensão para novas experiencias. 100 Técnicas de Simulação As técnicas de simulação, segundo CHIAVENATO (2004), são técnicas que procuram passar do tratamento individual e isolado para o tratamento em grupos e do método exclusivamente verbal ou de execução para a acção social. Podem ser psicodramas e dramatização (role-playiing). De acordo com CAIXOTE E MONJANE (2013), citando CHIAVENATO (2006), a principal técnica de simulação é o psicodrama, que consiste em que cada candidato põe em acção a função que lhe é mais característico sob forma de comportamento, como se fosse o seu quotidiano profissional. Aqui, o candidato é submetido a uma situação de dramatização de algum acontecimento relacionado com a futura função que vai desempenhar na organização, fornecendo alguma expectativa mais realista acerca do seu comportamento no exercício do futuro cargo. Adiantam ainda os mesmos autores, afirmando que as técnicas de simulação, geralmente são aplicadas para a selecção de candidatos que concorrem para ocupar cargos de direcção e chefia, venda e compras, relações públicas, diplomacia, teatro, actores de filmes, lobistas, parlamentares, pastores, padres ou sacerdotes, etc. Para CUNHA ET ALL (2012), as técnicas de simulação também se podem chamar de testes de amostras de trabalho, e são exercícios ou parcelas de trabalho físico ou psicologicamente similares às das funções que o candidato virá a realizar se for seleccionado. Podem ser considerados simulações de baixa fidelidade e focalizam-se mais no “saber fazer” do que no “ conhecer”. Baseiam-se na premissa segundo a qual, a forma mais apropriada para predizer o trabalho futuro é observar o comportamento em situações similares. Permitem identificar competências que, de outro modo, não seriam detectáveis. Eis alguns exemplos ilustrativos: • O candidato a piloto é inserido num simulador de voo. • O candidato a docente é convidado a uma apresentação em público. 101 Técnicas de Grupo Aplicadas à Selecção de Recursos Humanos Segundo MACHADO, ET ALL (2014), na selecção de pessoal também podem ser aplicadas técnicas de dinâmicas de grupo, a seguir discriminadas: provas de mesa redonda ou de grupo e assessment centers (centros de avaliação). As Provas de Mesa Redonda ou de Grupo MACHADO ET ALL (2014), indicam que este tipo de provas consiste em agrupar os candidatos e faze-los reagir no interior do grupo e observar o seu comportamento social. É justamente este comportamento social que é importante para o desempenho das funções de quadro frequentemente implicando em tarefas de chefia, de coordenação e de gestão de grupos. Para o efeito, o número de sujeitos que compõe o grupo deve variar entre 6 e 13 indivíduos, sendo o mais comum e o mais conveniente, 6 a 8. Menos de 6 não permite criar as interacções necessárias e mais de 8 dificulta a observaçãopelo número de interacções que se desenvolvem. Geralmente, a tarefa a executar consiste na discussão de um tema, imposto ou de livre escolha do grupo, ou na realização de uma tarefa concreta. Estas tarefas são de natureza diversificada, como por exemplo, a construção de uma ponte, de um conjunto mecânico, etc. Quando se trate de discutir um tema (imposto ou de livre escolha dos membros do grupo), este deve ser de ordem geral ou de natureza profissional dentro de limites daquilo que se presume ser do conhecimento dos membros do grupo. Para efeito de avaliação, os intervenientes serão psicólogos e elementos da direcção da organização. Estes últimos participam activamente no exame, recolhendo as suas observações e elementos de apreciação. Esta associação favorece a comunicação entre ambos, responsabiliza a empresa pelo exame e diminui o risco de subjectividade. 102 Factores em avaliação são os decorrentes da intervenção dos elementos em situação de confronto e de dinâmica com outros elementos, quando há um estímulo que provoca o comportamento. Será por exemplo, a inteligência prática que se revela no conhecimento e na compreensão dos factos que se relacionam com o tema em análise. O espírito de trabalho em equipa e o tacto na discussão de problemas permitem avaliar os indivíduos sob o ponto de vista da sociabilidade, enquanto o esforço desenvolvido por cada um, para conduzir o grupo em direcção ao objectivo, fornece a base para avaliar a capacidade de liderança, a energia e temperamento postos no trabalho de grupo. Os Centros de Avaliação (Assessment Centre) Segundo SOUSA, ET ALL (2006), o termo assessment centre não se refere a um sítio físico, mas descreve uma metodologia. Consiste num método que permite estimar o nível de adaptação a uma determinada função, através de um conjunto de exercícios, testes e entrevistas. Um assessment centre é sempre específico, construído para uma determinada função – os candidatos participam em exercícios práticos pertinentes para a previsão do seu comportamento na função. Os assessment centres combinam várias técnicas e implicam a colaboração de mais de um avaliador. Estes avaliadores retiram notas, a partir de critérios predeterminados, e quando o procedimento termina, partilham as suas observações e chegam a uma conclusão. Para SEKIOU ET ALL (2011), o centro de avaliação consiste num processo que utiliza uma série de instrumentos (testes, contextualização, etc.) de avaliação dos Recursos Humanos para fins específicos, tais como a selecção, promoção, evolução da carreira ou qualquer outra decisão relevante no domínio da Gestão de Recursos Humanos. Este método incide primeiro na observação de várias dimensões ligadas ao comportamento dos candidatos que exercem, sob simulação, tarefas relativas ao lugar vago. Em seguida, é feito um prognóstico em relação ao êxito global de cada candidato no lugar procurado, o que contribui para situar o processo entre duas das abordagens seguintes: 103 • Abordagem psicotécnica, que avalia os comportamentos rudimentares e os traços de personalidade definidos de modo bastante estrito, e • Abordagem clínica, que avalia as características demasiado vastas para serem precisas. Na óptica de CUNHA ET ALL (2012), o Assessment Centre é um método de selecção que coloca os candidatos numa situação de trabalho simulada, assim se pretendendo que o comportamento (normalmente sob stress) seja observado e avaliado por avaliadores competentes (internos e externos), com recurso a métodos padronizados e validados, durante um período tipicamente de um a três dias. Mediante observação e avaliação, espera-se que os avaliadores sejam capazes de predizer como os participantes realizarão a função futura. As principais vantagens dos centros de avaliação são a diversidade de instrumentos de avaliação de que se socorrem, a utilização de simulações que reflectem as tarefas a desempenhar na futura função, a estandardização dos procedimentos (que facilita a comparação dos candidatos) e o contributo para auto-compreensão e formação dos indivíduos. Enquanto isso, MACHADO, ET ALL (2014), indicam que, como variante das técnicas de grupo, o assessment centre visa determinar em que medida os indivíduos possuem certas aptidões, baseando-se na observação dos seus comportamentos, com a particularidade de agregar diferentes técnicas de avaliação e empregar vários avaliadores para apreciar os candidatos, cujos juízos são partilhados e confrontados. O Assessment centre é uma técnica muito dispendiosa em tempo e financeiramente. Sumário Acabamos de estudar a organização do processo de selecção propriamente dito, falando dos seus variados métodos. É sempre necessário o uso dos métodos ou técnicas nos processos de selecção para se fazer uma avaliação objectiva, tendo em conta as qualificações do candidato, as capacidades para exercer o cargo, e a personalidade. Esses métodos devem possuir requisitos de qualidade, nomeadamente, serem práticos, confiáveis ou objectivos e validos. É assim que poderão predizer o desempenho futuro dos candidatos. 104 Os métodos eleitos para efeito desse manual são: as biodatas, as provas de conhecimento ou de capacidade, os testes psicológicos, os testes de personalidade ou psicotécnicos, as técnicas de simulação, as técnicas em grupo e a entrevista. As biodatas, analisam o comportamento futuro do candidato a partir da sua história de vida; as fontes de informação são o CV e as cartas de referência. As provas de conhecimento medem o grau de conhecimentos profissionais ou técnicos exigidos pelo cargo. Os testes psicológicos medem o desenvolvimento mental, as aptidões, as habilidades e os conhecimentos dos candidatos. Os testes de personalidade ou psicotécnicos analisam os diversos traços de personalidade e podem ser expressivos, projectivos e inventários. As técnicas de simulação são exercícios ou parcelas de trabalho físico ou psicologicamente similares às das funções que o candidato virá a realizar se for seleccionado. As técnicas de trabalho em grupo são aquelas em que os candidatos fazem várias demonstrações em grupo; destacam-se as provas de mesa redonda e os centros de avaliação (assessment centres). Unidade Temática 4.4 A Entrevista Profissional de Selecção Introdução Nesta unidade você vai estudar sobre a técnica de selecção de pessoal que na actualidade é a mais utilizada, ou seja, a que é utilizada em todos os processos de selecção, apesar do seu subjectivismo. Vai saber acerca das suas funções específicas e sua classificação e suas etapas. Ainda vai saber acerca do treinamento dos entrevistadores. Objectivos • • Conceituar entrevista de selecção; • Explicar as funções específicas da entrevista; • Identificar os variados tipos de entrevista; • Avaliar a necessidade de treinar os entrevistadores; • Descrever as etapas da entrevista. 105 4.4.1 Conceito de Entrevista Segundo CHIAVENATO (2009), a entrevista é o processo de comunicação entre duas ou mais pessoas que interagem, de um lado, o entrevistador, e de outro lado, o entrevistado ou entrevistados. As entrevistas Podes ser com roteiro (digitadas) ou sem roteiros ou livres (não digitadas). Para MACHADO ET ALL (2014), a entrevista é uma técnica que consiste numa situação de interacção desenvolvida pela comunicação entre pessoas e com um objectivo determinado. Ela visa recolher, esclarecer, aprofundar e avaliar informações acerca do passado profissional de alguém e tomar conhecimento do seu projecto futuro. CHIAVENATO (2004) afirma que a entrevista é a técnica de selecção mais utilizada nas grandes, médias e pequenas empresas. Embora careça de base científica e se situe como a técnica mais subjectiva e imprecisa de selecçãoé aquela que mais influencia a decisão final a respeito dos candidatos. A esse respeito, MACHADO ET ALL (2014) enfatizam a posição tomada por Chiavenato a respeito da subjectividade, afirmando que a entrevista é uma técnica de selecção que oferece pouca garantia de vaidade porque denota falta de objectividade e uma alta carga de subjectividade. Para oferecer alguma garantia, os autores consideram que a entrevista terá de se basear em factos, pois os factos é que poderão reduzir a sua subjectividade. Assim, para oferecer uma base de objectividade, a entrevista deve ser o mais padronizada possível e as aplicações psicológicas reduzidas. CUNHA ET ALL (2012) apresentam dois conceitos que constituem a súmula dos apresentados por Chiavenato, Machado, et all e Sousa, et all. Segundo eles: • A entrevista é um procedimento de selecção destinado a predizer o desempenho futuro nas funções, tendo em consideração as respostas verbais do candidato às perguntas também verbais; • A entrevista é uma interacção interpessoal de duração limitada entre um ou mais entrevistadores e um candidato a emprego, com o propósito de identificar conhecimentos, competências, aptidões e comportamentos que podem ser preditores do sucesso no cargo subsequente. 106 A validade da entrevista, na perspectiva de MACHADO, ET ALL (2014), respeita à concorrência entre o facto avaliado e o êxito do trabalho. Logo, é o desempenho no trabalho, o critério definitivo da validade da entrevista. Para assegurar essa validade, é necessário ter um conhecimento fundamentado do que se pretende avaliar (dai o estabelecimento prévio do perfil do posto de trabalho) e o domínio da técnica de entrevista. A entrevista, acordo com CHIAVENATO (2004), tem várias aplicações, como na triagem inicial do recrutamento, na selecção de pessoal, no aconselhamento e orientação profissional, na avaliação do desempenho, no desligamento, etc. Em todas essas aplicações, a entrevista deve ser feita com habilidade e tacto, a fim de que possa conduzir aos resultados esperados. Na óptica de SOUSA ET ALL (2006), o objectivo da entrevista é de apreciar a adequação do candidato ao posto de trabalho, o que leva o entrevistador a ter que emitir juízos de valor relativamente ao perfil do entrevistado. CHIAVENATO (2009) indica que, como um processo de comunicação, a entrevista sofre de todos os males, como ruído, omissão, distorção, sobrecarga e, sobretudo, barreiras. Para reduzir todas essas limitações, duas providências podem melhorar o grau de confiança e de validade da entrevista: o treinamento adequado dos entrevistadores e melhor construção do processo de entrevista. 4.4.2 Funções Específicas da Entrevista MACHADO ET ALL (2014), citando BINGHAN E MOORE (1973), a técnica de entrevista cumpre 3 funções específicas, a saber: recolher informação, fornecer informação e motivar. a) Recolher informação: consiste em recolher a informação necessária, devendo abarcar não só os factos objectivos e relevantes das vivências do entrevistado, como também as suas opiniões, interpretações e atitudes. Esta recolha pressupõe a sua interpretação. Dai que o entrevistador deve ser hábil tanto na recolha como na interpretação dessa informação. 107 b) Fornecer informação: diz respeito à informação que deve ser prestada ao candidato. Trata-se da informação sobre o posto de trabalho, sobre a organização, condições de trabalho, normas de funcionamento. Ou seja, tudo aquilo que proporcione ao candidato a possibilidade de poder tomar a sua própria decisão. • Motivar: trata-se de influenciar a conduta do entrevistado em dois sentidos: por um lado, em relação ao posto de trabalho, uma conduta de aceitação ou rejeição e, por outro lado, face à entrevista, motivando-o para a sua participação. 4.4.3 Treinamento dos Entrevistadores CHIAVENATO (2004) indica que, dado que o entrevistador assume um papel de grande importância, muitas organizações investem no treinamento dos seus gerentes e das suas equipas de selecção nas habilidades de entrevistar candidatos. O primeiro passo tem sido a remoção de barreiras pessoais e de preconceitos para permitir autocorrecção e, com isso, transformar a entrevista num instrumento objectivo de avaliação. Para alcançar esse objectivo, todo o entrevistador deve observar os seguintes aspectos: • Examinar os seus preconceitos pessoais e dar-lhes o devido desconto; • Evitar perguntas do tipo armadilha; • Ouvir atentamente o entrevistado e demonstrar interesse por ele; • Fazer perguntas que proporcionem respostas narrativas; • Evitar emitir opiniões pessoais; • Encorajar o entrevistado a fazer perguntas sobre a organização e o emprego; • Evitar a tendência de classificar globalmente o candidato (efeito de halo ou de horn) como apenas bom, regular ou péssimo; • Evitar tomar muitas anotações e registos durante a entrevista para poder dedicar- se mais atentamente ao candidato e não às anotações. 4.4.4 Classificação das Entrevistas Segundo CUNHA ET ALL (2012), as entrevistas podem ser classificadas em função do formato das questões e das respostas requeridas; e segundo os intervenientes. Também podem ser classificadas de acordo com a sua estrutura. 108 Tipos de Entrevistas em Função do Formato das Questões e das Respostas Requeridas CHIAVENATO (2009) defende que, dependendo das habilidades do entrevistador, pode-se dar-lhe menor ou maior liberdade na condução da entrevista, isto é, pode-se entrevistar e padronizar a entrevista, como, pode-se deixa-la inteiramente livre à sua vontade. Assim, as entrevistas podem ser classificadas em função do formato das questões e das respostas requeridas, em quatro tipos, a saber: entrevista totalmente padronizada, entrevista padronizada apenas em termos de perguntas, entrevista directiva e entrevista não directiva. • Entrevista Totalmente Padronizada: é a entrevista estruturada, fechada ou directa, com roteiro preestabelecido, na qual o candidato é solicitado a responder. Apesar da sua aparente limitação, as questões padronizadas podem assumir uma variedade de formas, como: escolha múltipla, verdadeiro-falso, sim-não, agrada- desagrada, identificação de formas, etc. A sua vantagem reside no facto de que o entrevistador não precisar se preocupar quanto aos assuntos que irá pesquisar junto ao candidato, nem com a sequência, pois tudo já está preparado. Serve para ultrapassar as limitações dos entrevistadores. • Entrevista Padronizada Apenas quanto às Perguntas: as perguntas são previamente elaboradas, mas permitem repostas abertas. O entrevistador recebe um check-list (listagem) de assuntos a questionar e colhe as informações do candidato. • Entrevista Directiva: não especifica as questões, mas o tipo de resposta desejada. É aplicada apenas para conhecer certos conceitos espontâneos dos candidatos. • Entrevista não Directiva: não especifica nem as questões, nem as respostas requeridas. São denominadas entrevistas não estruturadas, não directivas, exploratórias, informais, etc. São totalmente livres, cuja sequência e orientação ficam a cargo de cada entrevistador. São criticadas pela sua baixa consistência devido ao facto de não terem um roteiro ou itinerário preestabelecido para cada entrevista, pois, o entrevistador pode esquecer ou omitir despercebidamente alguns assuntos ou informações. 109 Em todos os tipos descritos, as questões são formuladas de acordo com o pedido de emprego. Sempre se recomenda que os novatos comecem com entrevistas totalmente padronizadas e, à medida que o tempo vai passando, ganham habilidades para os tipos mais complexos. Tipos de Entrevistas quanto aos Intervenientes Quanto aos intervenientes no processo, CUNHA, ET ALL (2012) indicamque pelo menos cinco grandes tipos podem ser identificados, que são: entrevista individual, entrevista sequencial, entrevista em duo, painel de entrevistadores e entrevistas em grupo. Vejamos em detalhes cada um dos tipos. a) Entrevista individual: o candidato é entrevistado apenas por um entrevistador. É mais satisfatória para o candidato, não lhe requerendo constante ajustamento a cada um dos interlocutores. Mas comporta riscos, como: (a) a decisão de selecção ou rejeição fica dependente do julgamento de uma só pessoa; (b) uma parcela da informação pode ser esquecida pelo entrevistador; (c) os enviesamentos idiossincráticos do entrevistador podem ser mais perniciosos do que se estivesse ladeado por parceiros. b) Entrevista Sequencial: o candidato é entrevistado por várias pessoas (Por exemplo: o seu futuro director e o director de RH). A vantagem deste tipo de entrevista advém de permitir-lhe: (a) que o candidato melhor conheça as várias facetas da empresa; (b) que o candidato possa apresentar os seus méritos diversificados; (c) que a empresa tome nota das características dos candidatos em vários domínios. Também comporta algumas desvantagens, riscos e requisitos, como: (a) o processo pode ser demorado; (b) implica que os entrevistadores se organizem previamente tendo em vista acordar o modo como cada um extrairá do candidato a informação mais pertinente; (c) recomenda que os entrevistadores se reúnam após as entrevistas, de modo que os candidatos sejam avaliados conjuntamente. • Entrevistas em duo: na mesma entrevista, dois entrevistadores (exemplo: responsável de linha mais o director de RH) indagam o candidato. • Painel de entrevistadores: mais do que dois entrevistadores realizam o trabalho. Tem algumas vantagens, como: (a) permite julgamentos mais apurados e menos enviesados do que a fórmula de um só entrevistador; (b) a decisão é mais rápida do que na entrevista sequencial; (c) assegura 110 que o candidato seleccionado se ajusta a diversas partes da organização; (d) permite ao candidato colher elementos informativos acerca das várias partes da organização. As desvantagens e riscos são: (a) a interacção pode decorrer mais num regime tribunício/inquisitório do que uma conversação; (b) o processo pode ser prejudicado pelo comportamento de um entrevistador desalinhado das opções dos seus parceiros do painel. • Entrevistas em grupo: um grupo de candidatos é entrevistado por um ou mais entrevistadores. Podem ser apropriados para avaliar candidatos a funções que requeiram interacção social, capacidade de persuasão, espírito de equipa, competências comunicacionais e de gestão de conflitos. Para o candidato, o processo pode, todavia, ser intimidatório. Tipos de Entrevista quanto à Estrutura CUNHA ET ALL (2012) afirmam que as entrevistas podem ser convencionais (de baixa estrutura) e comportamentais (mais estruturadas). a) Entrevistas Convencionais (baixa estrutura): o entrevistador coloca questões ao candidato de acordo com o que lhe parece apropriado para obter a informação desejada. b) Entrevistas Comportamentais (mais estruturadas): o entrevistador coloca perguntas baseadas no comportamento passado do candidato ou em situações hipotéticas, de modo mais ou menos estruturado. Estas podem ser classificadas por sua vez em comportamentais do tipo situacionais, focalizadas no cargo e psicológicas. (a)As situacionais recorrem a questões específicas relacionadas com o posto e procuram aferir como se comportará o candidato em situações hipotéticas; (b) as focalizadas no posto indagam o candidato sobre o seu comportamento passado no posto; (c) as psicológicas procuram avaliar características pessoais. O quadro abaixo apresenta exemplos de perguntas e respectivos conteúdos. 111 Tabela 9: Possível Conteúdo das Questões Usadas nas Entrevistas Conteúdos Exemplos de perguntas Comentários Credenciais, realizações e factos biográficos • Qual é a sua formação? • Qual é o orçamento que agora gere? Mais frequentes nas entrevistas convencionais do que nas comportamentais Conhecimento técnico • Quantos e quais os programas de processamento de texto que é capaz de usar? • Que línguas fala e com que proficiência? Modestamente usadas em ambos os tipos de entrevistas Descrições deexperiencias e actividades • Quais eram as suas responsabilidades e incumbências? • Quais são os projectos que já coordenou? Usadas em ambos os tipos de entrevistas Informação auto- avaliativa (ex: gostos, desprazeres, forcas e fraquezas, objectivos, atitudes, filosofia de vida) • Quais são as suas principais forcas e fraquezas? • Quais os projecto pretende estar a fazer dentro de 5 anos? Mais frequentes nas entrevistas convencionais do que nas comportamentais Descrições comportamentais (ex: questões focalizadas no comportamento passado ou futuro) • Diga-me quando foi a última vez que teve de resolver um conflito entre dois colaboradores? Como procedeu? • Suponha que um amigo se sente só e Mais frequentes nas entrevistas comportamentais do que nas convencionais. 112 raramente sai da casa. O que faria? Fonte: CUNHA ET ALL (2012, 280) 4.4.5 Etapas da Entrevista De acordo com CHIAVENATO (2004), a entrevista de selecção merece cuidados especiais que podem promover o seu aperfeiçoamento. O seu desenrolar passa por 5 etapas, a saber: preparação da entrevista, ambiente, processamento da entrevista, encerramento da entrevista e avaliação do candidato. Preparação da Entrevista Nesta fase, permitem-se determinar os seguintes aspectos: • Os objectivos específicos da entrevista: o que se pretende com ela; • O tipo da entrevista adequado para alcançar os objectivos: estruturada ou livre • Leitura preliminar do curriculum vitae do candidato a entrevistar; • O maior número possível de informações sobre o candidato a entrevistar; • O maior número possível de informações sobre o cargo a preencher e as características pessoais essenciais exigidas pelo cargo. Esta preparação é vital para que o entrevistador possa com relativa precisão verificar e comparar a adequação dos requisitos necessários ao cargo e as características pessoais do candidato. Preparação do ambiente A preparação do ambiente é um passo no processo de entrevistar, que merece um realce especial para neutralizar possíveis ruídos, ou interferências externas que possam prejudicar a entrevista. O ambiente deve ser encarado sob dois prismas: • Físico: o local físico da entrevista deve ser privado e confortável. Sem ruídos, nem interrupções e de natureza particular. Uma pequena sala isolada e livre da presença de outros pessoas que possam interferir no seu andamento; • Psicológico: o clima da entrevista deve ser ameno e cordial, sem receios ou temores, sem pressões de tempo, sem coações ou imposições. 113 A espera é inevitável. Assim, um número suficiente de cadeiras deve ser providenciado. A sala de espera de ser suprida de jornais, revistas e literaturas, principalmente jornais internos ou informações sobre a organização. Processamento da entrevista A entrevista propriamente dita, onde entrevistador e entrevistado intercambiam informações, normalmente, envolve duas pessoas que iniciam um processo de relacionamento interpessoal, cujo nível de interacção deve ser bastante elevado, e sobretudo, dinâmico. O entrevistador provoca estímulos (perguntas) no candidato a fim de estudar suas respostas e reacções comportamentais (retroacção), que lhe permitam reelaborar novas perguntas (estímulos), realimentando o processo, e assim por diante. Da mesma forma que o entrevistador obtém as informações que deseja, deve também prestar informações que o candidatonecessita para tomar suas decisões. Uma parte considerável da entrevista consistirá em prestar ao candidato informações sobre a oportunidade existente e sobre a organização, com o intuito de transmitir-lhe uma imagem favorável e positiva e reforçar o seu interesse. O processamento da entrevista deve levar em conta dois aspectos intimamente relacionados: o material e o formal. • O aspecto material: constitui o conteúdo da entrevista, ou seja, o conjunto de informações que o candidato fornece a seu respeito, sobre a sua formação escolar, experiência profissional, situação familiar, condição socioeconómica, seus conhecimentos e interesses, aspirações pessoais, etc. Todas essas informações constam do pedido de emprego e do CV e que são esclarecidas e aprofundadas pela entrevista; • O aspecto formal: tem a ver com comportamento do candidato, ou seja, a maneira pela qual o candidato se comporta e reage dentro da situação, sua maneira de pensar, agir, sentir, seu grau de agressividade, assertividade, suas motivações e ambições, etc. O que se pretende nesse aspecto é ter um quadro das características pessoais do candidato, independentemente das suas qualificações profissionais. 114 O entrevistador deve considerar os dois aspectos na condução da entrevista para uma adequada avaliação dos resultados. O candidato provoca uma impressão sobre como se comporta durante a entrevista, ao mesmo tempo em que oferece as informações solicitadas sobre a sua história pessoal e carreira profissional. Para CAMARA ET ALL (2010), há várias técnicas possíveis de serem usadas na condução da entrevista, mas a de targeted selection, cujos resultados são apurados através do método STAR é a mais usada. Na perspectiva do mesmo autor, a técnica de targeted selection (selecção orientada) baseia-se no princípio de que “o comportamento passado permite prever o comportamento futuro”. Esta técnicafoidesenvolvida pela DDI (Development Dimensions International) e é considerada como a mais evoluída e eficaz. No decurso da entrevista, o entrevistador procura medir o candidato num conjunto de dimensões comportamentais, pré-escolhidas pela sua relevância para a função.Para efectuar essa medição, o entrevistador pedirá exemplos de situações concretas por que o candidato tenha passado, levando-o a analisa-las pelo método STAR (estrela), onde cada inicial corresponde a uma componente de resposta: Figura 9: Star como método de condução de entrevista(estrela) Situação Tarefa Resultado Acção Fonte: CAMARA, ET ALL (2010, p. 397) Onde: 115 • O “S” (Situação) corresponde ao problema ou situação concreta que o candidato teve de enfrentar; • O “T” (Tarefa) tem a ver com o relacionamento do candidato com a situação descrita (participante, espectador, chefe, etc.); • O “A” (Acção) descreve qual a actuação concreta que o candidato tomou perante a situação; • O “R” (Resultado) pretende saber qual foi o resultado concreto obtido como consequência da acção desenvolvida. O entrevistador deve procurar 3 stars (estrelas) por cada dimensão comportamental investigada. Essas “estrelas” serão positivas se o resultado obtido o for, e negativa se a actuação do candidato originou um resultado negativo. Seguidamente, o entrevistador fará uma “pergunta para ganhar tempo”, enquanto revê as suas notas e vê se há alguns pontos adicionais a discutir. Por fim, dá informação completa ao candidato sobre a função, a empresa e responde às perguntas que o candidato pretende colocar. Encerramento da entrevista Para CHIAVENATO (2004), a entrevista deve ser aberta e fluir livremente, sem acanhamentos e sem embaraços. O seu encerramento deve ser elegante, ou seja, o entrevistador deve fazer algum sinal claro para demonstrar o fim da entrevista, sobretudo, proporcionar ao entrevistado algum tipo de informação quanto à acção futura, como será contactado para saber o resultado ou quais serão os desdobramentos desse contacto. CAMARA ET ALL (2010), afirma que o fecho da entrevista deve indicar quais os passos seguintes no processo de selecção e que tipo de informação o candidato irá receber sobre o andamento do processo. Avaliação do Candidato 116 Segundo CHIAVENATO (2004), logo que o entrevistado deixar a sala, o entrevistador deve imediatamente empreender a tarefa de avaliar o candidato enquanto os detalhes estão frescos na sua memória. Se utilizou alguma forma de avaliação, ela deve ser verificada e completada. No final, certas decisões devem ser tomadas em relação aos candidatos: se ele foi rejeitado ou aceite ao final da entrevista e qual a sua colocação em relação aos demais candidatos que disputam a mesma vaga. Ou seja, uma avaliação definitiva deverá ser feita comparativamente após o término de todas as entrevistas com os demais candidatos. De modo geral, a entrevista deve ser entendida como um instrumento de comparação. O entrevistador precisa trabalhar dentro de certa precisão (apresentando resultados coerentes) e validade (medindo exactamente aquilo que se pretende verificar), tal como um instrumento de medida confiável. Logicamente, a sua margem de erro (sua tolerância ou variância com as medidas) é muito maior, dada a sua condição humana. O entrevistador deve funcionar como o fiel da balança que acompanha objectivamente as características oferecidas pelo candidato com os requisitos exigidos pelo cargo a ser preenchido. De acordo com CAMARA ET ALL (2010), a avaliação da entrevista é efectuada pelo painel de entrevistadores, em conjunto. Este autor apresenta uma matriz que normalmente é usada para avaliar o candidato, onde os resultados das entrevistas, dimensão a dimensão, são registados, usando uma escala de 1 a 5. Caso os dados recolhidos por um entrevistador sejam insuficientes para documentar uma dimensão, deverá inscrever a letra “F” (falta). Se a dimensão for desajustada para a função-alvo deve registar um “D” (Desajustado). A matriz que é reproduzida, a seguir, ilustra como a integração de resultados é conseguida. Tabela 10: Integração dos Resultados da Entrevista CANDIDATOS DIMENSÕES COMPORTAMENTAIS Motivação para Iniciativa Persuasão Comunicação verbal Liderança 117 resultados A B C A B C A B C A B C A B C António Luísa João Sandra José Maria Painel de entrevistadores: A – Director de ….; B – chefe de serviço de …..; C – Técnico de RH Fonte: CAMARA ET ALL (2010, p.398) A integração dos resultados permitirá seleccionar os dois ou três candidatos finalistas, por cada vaga a preencher, que devem ser aceites pela futura chefia como desejáveis, antes de o processo passar à fase seguinte. Com efeito, caso o superior hierárquico do candidato a recrutar rejeite algum finalista, alegando que não se sentiria confortável a trabalhar com ele, essa opinião deve prevalecer, e o candidato deve ser retirado. Sumário Nesta Unidade temática estudamos e discutimos sobre a entrevista como a técnica de selecção. Compreendemos que a entrevista é uma técnica que consiste numa situação de interacção desenvolvida pela comunicação entre pessoas e com objectivo determinado, visando recolher, aprofundar e avaliar informação acerca do passado profissional de alguém e tomar conhecimento do seu projecto futuro. A entrevista, apesar de ter um alto grau de subjectivismo, é o método mais usado nos processos selectivos. A entrevista cumpre três funções, nomeadamente as de recolher informação, fornecer informado e motivar. Há toda uma necessidade de treinar os entrevistadores como forma de remover as barreiras pessoaise de remover preconceitos, de forma a permitir a autocorrecção deles e, com isso, transformá-lo num instrumento objectivo. As entrevistas classificam-se quanto ao seu formato e das respostas requeridas, em função dos intervenientes e quanto à sua estrutura. As etapas 118 da entrevista são as seguintes: preparação da entrevista, preparação do ambiente, o processamento da entrevista, o encerramento e a avaliação do candidato. Unidade Temática 4.5 O Processo de Selecção Introdução Nesta unidade, Iniciaremos a analise, recuando para nos debruçarmos das fases sequenciais de selecção, que diz precisamente ao numero de vezes em que os candidatos serão submetidos às técnicas de selecção. Seguidamente vamos estudar o processo de selecção, que essencialmente é uma fase posterior à escolha dos candidatos finalistas. Esses candidatos estão em condições de ocupar a vaga, mas somente será escolhido um, para depois analisarmos o acto de selecção. Também vão-se analisar os custos do processo de recrutamento e selecção. Objectivos • • Descrever os estágios do processo de selecção. • Definir o acto de selecção; • Explicar os passos subsequentes á aprovação do candidato; • Analisar os custos com o recrutamento e selecção. 4.5.1 Estratégias Sequenciais do Processo de Selecção De acordo com CHIAVENATO (2004), a selecção de pessoal funciona como um processo composto de várias etapas ou fases sequenciais pelas quais passam os candidatos. Nas etapas iniciais estão as técnicas mais simples e económicas, ficando as técnicas mais caras e sofisticadas para o final. Como geralmente se aplica mais de uma técnica de selecção, as alternativas disponíveis são muitas e variam de acordo com o perfil e complexidade do cargo a ser preenchido. 119 Entre as principais alternativas de processos de selecção, que alguns autores designam de estratégias sequenciais de selecção, estão: • Selecção de estágio único de decisão: é o tipo de abordagem em que as decisões são baseadas nos resultados de uma única técnica de selecção, que pode ser uma entrevista ou uma prova de conhecimentos. É o tipo mais simples e imperfeito de selecção de pessoal; • Selecção sequencial de dois estágios de decisão: trata-se de um processo utilizado quando as informações colhidas no primeiro estágio são insuficientes para uma decisão definitiva de aceitar ou rejeitar um candidato. O seu objectivo é melhorar a eficiência do programa de selecção, por meio do plano sequencial que permite ao tomador de decisão continuar testando o candidato por meio de outras técnicas selectivas. Na selecção sequencial de dois estágios, exige-se uma decisão terminal após o segundo estágio. Trata-se ainda de um processo simples de selecção de pessoas e sujeito a erros e distorções no seu processamento. • Selecção sequencial de três estágios de decisão: é um processo de selecção que envolve uma sequência de três decisões tomadas com base em três técnicas de selecção. • Selecção sequencial de quatro ou mais estágios de decisão: envolve a utilização de maior número de técnicas selectivas. Esta estratégia é superior em termos utilitários, às alternativas anteriores. A principal vantagem dos planos sequenciais reside na economia e no custo de obtenção das informações sobre o candidato realizadas parcelarmente segundo a necessidade de cada caso. Os métodos sequenciais são recomendados quando as despesas com testes são elevadas, como é o caso dos testes que exijam aplicações e avaliações, individualizadas. Se não fossem essas despesas com a obtenção de informações, seria preferível aplicar toda a bacteria de testes a todos os candidatos indistintamente, seja qual for a sua extensão ou tamanho. 4.5.2 O Acto de Selecção Segundo CAMARA ET ALL (2010), os candidatos finalistas devem ser submetidos a um exame médico de admissão, para certificar que têm a robustez necessária ao desempenho da função e que não são portadores de doenças que possam constituir 120 riscos para os seus futuros companheiros de trabalho, na terminologia da lei. O exame médico é eliminatório, se o candidato ser considerado “inapto” para a função. Uma vez decidido qual é o primeiro candidato a quem vai ser proposto o lugar, há uma série de pontos a clarificar novamente entre o chefe funcional e o DRH, designadamente: • Tipo de contrato de trabalho (permanente ou a termo); • Data do inicio do contrato; • Qual é o titulo interno da função; • Qual a categoria sindical que vai ser atribuída, que melhor se ajuste as funções a desempenhar, entre as que estão disponíveis no contrato colectivo de trabalho do sector (se aplicável); • Qual o nível interno (se o houver) da função; • Local e horário de trabalho; • Período experimental acordado; • Salário inicial e prazo de revisão; • Benefícios a que tem direito; • Outros pontos relevantes, tais como deveres de confidencialidade, ou estipulações de exclusividade ou de não concorrência. Só após haver uma decisão definitiva acerca destes aspectos é que se deve contratar o candidato escolhido, para lhe fazer a proposta de emprego. Segundo CAMARA ET ALL (2010), o acto de selecção consiste na apresentação da proposta ao candidato, sua negociação e aceitação pelo candidato. Essa proposta deve ser apresentada pela chefia directa com a assessoria de um técnico de RH, se for conveniente. Deve ser apresentada com clareza, dando informação completa, mencionando no final o pacote de salário e benefícios. Relativamente ao salário e benefícios, a proposta deve ser a final e, portanto, não se deve criar uma dinâmica negocial acerca dela. No entanto, se no decurso da conversa se se concluir que a mesma é inadequada, por, por exemplo o candidato entretanto ter sido 121 aumentado na empresa onde actualmente está, deve existir a flexibilidade suficiente para a repensar, sempre com a preocupação de preservar a equidade interna. Deverá reconfirmar-se a motivação do candidato para a função e assegurar que a motivação não é meramente monetária. A aceitação da proposta pelo candidato pode ser adiada para lhe dar tempo para reflectir, se ele o solicitar, mas, normalmente, ocorrerá logo no decurso da reunião. Aí deve fixar-se a data de inicio de contrato (data de entrada). E o candidato deverá ter um contrato escrito com as condições acordadas, antes de se despedir do emprego anterior. Esta condição destina-se a dar ao candidato a certeza da seriedade da proposta e permitir-lhe, sem risco, escrever a carta de demissão, sabendo que o novo empregador posteriormente não recuará no compromisso assumido. A assinatura do contrato de trabalho põe termo ao processo de selecção, embora se deva considerar que o programa de orientação do novo colaborador, logo após o ingresso na empresa, é um corolário deste e é indispensável para que o mesmo faça, com sucesso, a sua integração na nova comunidade, conheça os seus valores e cultura, a estrutura da empresa e a natureza do seu negócio. 4.5.3 Custos com o Recrutamento e Selecção Segundo CHIAVENATO (2004), o processo selectivo deve ser eficiente e eficaz. Mais adiante, o autor explica que: • A eficiência consiste em fazer correctamente as coisas: saber entrevistar bem, aplicar testes de conhecimentos que sejam válidos e precisos, dotar a selecção de rapidez e agilidade, contar com um mínimo de custos operacionais, envolver as gerências e suas equipas nos processos de escolha dos candidatos, etc. • A eficácia consiste em alcançar resultados e atingir os objectivos: saber trazer os melhores talentos para a empresa e, sobretudo, tornar a empresa cada dia melhor com as novas aquisições de pessoal. Para se saber se o processo foi ou não eficiente e eficaz é necessário medi-lo e avaliar o seu funcionamentopor meio de resultados, ou seja, das suas saídas, que 122 CHIAVENATO (2004) designa de retroacção. Essa retroacção permite saber se são necessárias intervenções para corrigir inadequações e ajustar o funcionamento do processo para melhora-lo cada vez mais. Para medir a eficiência, na perspectiva de CHIAVENATO (2009), deve-se levar em conta uma estrutura de custos que permita uma análise adequada, a saber: • Custos de pessoal: incluem o pessoal que administra os processos de provisão de pessoas, seus salários e encargos sociais, bem como o tempo de pessoal de linha (gerentes e suas equipas) solicitado nas entrevistas com os candidatos; • Custos de operação: incluem telefonemas, telegramas, correspondência, honorários de profissionais e de serviços envolvidos (agencias de recrutamento, consultorias, etc.), anúncios em jornais e recepcionistas, despesas de viagens de recrutamento, despesas com exames médicos de admissão, serviços de informação cadastral de candidatos, etc. • Custos adicionais: incluem outros custos, como equipamentos, softwares, mobiliário, instalações, etc. Para medir a eficácia do processo de recrutamento e selecção é muito útil a utilização do quociente de selecção, que pode ser calculado por meio da seguinte equação: O quociente de selecção, ainda na perspectiva de CHIAVENATO (2004) é o resultado da proporção entre o número de pessoas admitidas e o número de candidatos submetidos às técnicas de selecção. À medida que o quociente de selecção diminui, aumenta a sua eficiência e selectividade. Em geral, o quociente de selecção sofre alterações provocadas pela situação de oferta e procura do mercado de recursos humanos. As outras medições de rendimento do processo de provisão de pessoal podem ser, ainda na visão de CHIAVENATO (2004): custo total das operações de recrutamento e Nº de candidates admitidos Q.S=-----------------------------------------x 100 Nº de candidatos examinados 123 selecção; custo por admissão; custo por admissão por fonte de recrutamento; totais de admissões; totais de admissões por fonte de recrutamento; qualidade de recrutamento por fonte; benefícios por fonte e eficiência da fonte; benéfico s por fonte e eficiência da fonte; analise dos resultados das provas e testes dos candidatos admitidos vs rejeitados; analise dos resultados das provas e testes dos admitidos versus rendimento observado; totais de admissões por anúncio; custos diferenciais por fonte; e custo total das operações de recrutamento e selecção. PERETTI (2007) fala-nos de custos de adaptação. No seu entender, os custos de adaptação dizem respeito à análise dos custos de familiarização, formação e adaptação. Qualquer que seja a empresa ou sector de actividade, a pessoa recrutada para um determinado posto de trabalho passa sucessivamente por três fases: de informação, de aprendizagem da função e de contribuição pessoal para a empresa. • A fase de informação começa no momento da entrada e corresponde ao período que o novo elemento consagra ao conhecimento dos dossiers do seu antecessor ou do serviço, às apresentações com as pessoas com quem irá trabalhar, assim como às acções de formação e de informação sobre a empresa ou sobre a função que irá ocupar. Durante esta primeira fase, a pessoa desempenha essencialmente um papel passivo. A sua eficácia será, por conseguinte, considerada fraca. • A fase de aprendizagem da função no terreno: o novo elemento começa o trabalho para o qual foi recrutado. Esta fase dura até ao momento em que adquire conhecimento prático da sua função, ou seja, o momento em que ele pode efectivar no trabalho os principais erros; • A fase de contribuição pessoal: o novo elemento adquire a experiência necessária à reflexão crítica sobre o seu trabalho e à iniciativa. É no decorrer desta fase que ele tem possibilidade de verificar os primeiros resultados do seu trabalho e de rectificar os erros que poderá ter cometido. O novo elemento deverá obter um determinado conhecimento da vida da empresa e, de uma forma geral, do meio envolvente do seu próprio trabalho. Só a partir do momento em que faz a aquisição deste conjunto de conhecimentos, poderá ter um papel de iniciador/integrador de novos colaboradores. 124 De acordo ainda com PERETTI (2007), Torna-se também importante juntar aos custos os outros elementos, como o consumo excessivo de material para o novo operário, os erros que serão cometidos, e sua correcção, etc. Apesar do seu elevado custo operacional, a selecção de pessoas traz importantes e enormes resultados para a organização, a saber: • Adequação das pessoas ao cargo e consequente satisfação do pessoal com o cargo; • Rapidez no ajustamento e integração do novo empregado às novas funções; • Melhoria gradativa do potencial humano mediante escolha sistemática dos melhores talentos; • Maior estabilidade e permanência das pessoas e decorrente redução da rotatividade; • Maior rendimento e maior produtividade pelo aumento da capacidade do pessoal; • Melhoria do nível das relações humanas pela elevação do moral; • Menores investimentos e esforços em treinamento, pela maior facilidade em aprender as tarefas do cargo e novas actividades trazidas pela inovação; A selecção de pessoal também promove importantes resultados para as pessoas, a saber: • Aproveita ao máximo as habilidades e características de cada pessoa no trabalho; • Favorece o sucesso potencial no cargo; • Eleva a satisfação das pessoas pelo facto de localizar a actividade mais indicada para cada indivíduo; • Evita perdas futuras na recolocação ou substituição de pessoas pelo provável insucesso no cargo. Para que haja melhoria contínua do processo de provisão, é necessário que ele não seja estritamente condicionado por normas, directrizes, esquemas e rotinas de trabalho que possam provocar sua rigidez e inflexibilidade. Como todo o sistema, o processo de provisão é vivo, adaptável e deve ser ágil e flexível. Alem disso, para que seja 125 participativo, ele deve ser descentralizado, envolvendo os gerentes de linha e suas equipas. Tabela 11: Consequências da Contratação Inadequada de Colaboradores Tempo e espaço • Os colaboradores recém-contratados que demonstram um mau desempenho exigem um maior acompanhamento que os restantes; • Os colaboradores recém-contratados que demonstram um mau desempenham e interferem no trabalho em equipa e requerem maior esforço de formação; Produtividade • Os colaboradores com melhor desempenho não precisam estar na mesma equipa de colaboradores com baixo desempenho. Criatividade • Os colaboradores com pior desempenho produzem menos ideias; • Caso estes sejam chefias, bloqueiam ideias porque não as entendem. Imagem e relações públicas • Os colaboradores recém-contratados que demonstram um mau desempenho dão uma imagem negativa perante os concorrentes e perante os seus colegas. Substituição de pessoas • Os colaboradores recém-contratados que demonstram um mau desempenho tendem a ter um nível mais elevado de absentismo. • Os colaboradores recém-contratados que demonstram um mau desempenho necessitam de mais formação. • São necessários mais colaboradores para “cobrir” o período que medeia a saída e a admissão de novos colaboradores para substituir os colaboradores que saíram por mau desempenho. 126 Custos adicionais • Existe o custo do recrutamento de novos colaboradores para substituir os colaboradores que saíram por mau desempenho; • Os colaboradores recém-contratados que demonstram um mau desempenho cometem mais erros e provocam reclamações. Tempo e imagem do departamento de Recursos Humanos • Responsabilidade extra para disciplinar e desvincular os colaboradores com mau desempenho; • Trabalhosuplementar no recrutamento de novos colaboradores que substituam os que demonstraram mau desempenho; • Uma selecção deficiente reflecte-se no departamento. Fonte: SOUSA ET ALL (2006, 55) Sumário Nesta Unidade temática estudamos e discutimos sobre o processo de selecção. Entendemos que as estratégias sequenciais de selecção são quatro, nomeadamente, a selecção sequencial de estágio único, a selecção sequencial de dois estágios, a selecção sequencial de três estágios e a selecção sequencial de quatro ou mais estágios sequenciais. Também aprendemos que após a escolha do candidato certo, este, é submetido ao exame médico, que é eliminatório, o que quer dizer que, se for inapto será rejeitado. Só depois é que se segue o acto de selecção que basicamente consiste na apresentação da proposta, a sua negociação e aceitação pelo candidato. A assinatura do contrato põe fim ao processo de selecção. O fim do processo desencadeia uma nova fase que tem a ver com a avaliação do processo em termo de eficiência, eficácia em termos de custos. O processo de selecção deve ser eficiente e eficaz. Para medir a eficiência, analisam-se os seguintes custos: custos com o pessoal, custos de operações, e custos adicionais. Para medir a eficácia, usa-se o quociente de selecção. A selecção, se bem feita traz enormes benefícios para o empregador e o empregado. Uma falha na contratação, traz consequências nefastas para ambos. 127 Exercícios de Auto-avaliação do tema IV • Defina a selecção na óptica de CUNHA, ET ALL (2012) • Por quê a selecção é um processo de comparação e de decisão? • O que é triagem dos candidatos, segundo CHIAVENATO (2004)? • Identifique o objectivo central da triagem, na perspectiva de MACHADO ET ALL (2014). • Qual é a necessidade de uso de métodos ou técnicas de selecção? • Indique os métodos ou técnicas de selecção. • O que é entrevista, segundo MACHADO, ET ALL (2014)? • Mencione as etapas da entrevista. • Mencione as estratégias sequenciais do processo de selecção. • O que entende por acto de selecção? • Explique, em que consiste a eficiência e eficácia do processo selectivo? Exercícios de Avaliação do tema IV • Por que é que a selecção é um processo de comparação e de decisão? • Identifique o objectivo central da triagem, na perspectiva de MACHADO, ET ALL (2014). • Qual é a necessidade de uso de métodos ou técnicas de selecção? • Indique os métodos ou técnicas de selecção. • Explique, em que consiste a eficiência e eficácia do processo selectivo? Avaliação Final do Módulo de Recrutamento e Selecção • Em termos de provisão de RH, existem dois tipos de mercado. Quais são? • Que relações se podem estabelecer entre o mercado de trabalho e o mercado de RH? • Quais são as fontes do recrutamento interno, na óptica de Chiavenato (2004)? • Por que é que a selecção é um processo de comparação e de decisão? • Explique, em que consiste a eficiência e eficácia do processo selectivo? • Indique os métodos ou técnicas de selecção. 128 GUIÃO DE CORRECÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO E DE AVALIAÇÃO FINAL Exercícios de Auto-Avaliação do Tema I • O que é mercado numa perspectiva territorial? Resposta: numa perspectiva territorial, o mercado é a área geográfica ou territorial dentro da qual as forças de oferta e procura convergem para estabelecer um preço comum. • Chiavenato defende que o conceito de mercado apresenta 3 elementos importantes. Explique-os. Resposta: os três elementos importantes do mercado são:(a)dimensão de espaço: todo o mercado é caracterizado por uma área física, geográfica ou territorial. Localidades diferentes traduzem mercados diferentes; (b) dimensão de tempo: todo o mercado depende de uma época. Em épocas deferentes um mesmo mercado pode apresentar características diferentes; e (c) dimensão de oferta e procura: todo o mercado se caracteriza pela oferta e disponibilidade de algo e, simultaneamente, pela procura e demanda de algo. Se a oferta é maior do que a procura, trata-se de algo fácil de ser obtido e passa a haver concorrência entre os vendedores ou entre aqueles que oferecem algo. Se a procura é maior do que a oferta, então a situação se inverte e trata-se de algo difícil de ser obtido e passa a haver concorrência entre os compradores ou entre aqueles que precisam de algo. • Em termos de provisão de RH, existem dois tipos de mercado. Quais são? Resposta: o mercado de trabalho ou de emprego e o mercado de recursos humanos. • O que é mercado de trabalho, segundo MACHADO, ET ALL? Resposta: Segundo Machado, et all (2014), o mercado de trabalho é constituído pelas empresas, mais as oportunidades de emprego, tendo uma relação estreita com a oferta e procura de emprego. • Quando é que dizemos que o mercado de trabalho está em situação de oferta? Resposta: o mercado de trabalho está numa situação de oferta quando ocorre acentuada disponibilidade de empregos. Há excessiva oferta de empregos por parte das organizações e escassez de candidatos para preenche-las. • Quando é dizemos que o mercado de trabalho está em situação de procura? 129 Respostas: o mercado de trabalho está em situação de procura quando há pouquíssima disponibilidade de oferta de emprego por parte das organizações; há escassez de ofertas de emprego e excesso de candidatos para preenche-las. • Quando é que dizemos que o mercado de RH está numa situação de procura? Resposta: dizemos que o mercado de RH esta em situação de procura quando há disponibilidade de empregos, isto é, há mais oportunidades de emprego que recursos humanos disponíveis. • Quando é que dizemos que os candidatos são reais? Resposta: dizemos que os candidatos são reais quando estão procurando alguma oportunidade, independentemente de estarem ou não empregados. • Quando é que dizemos que os candidatos são potenciais? Resposta: dizemos que os candidatos são potenciais quando, embora não estejam procurando oportunidades de emprego, têm condições de preenche-las satisfatoriamente. • Que relações se podem estabelecer entre o mercado de trabalho e o mercado de RH? Resposta: As relações que se podem estabelecer são: ambos interagem reciprocamente e estão sob contínua e mútua influência. Até certo ponto, o mercado de RH está parcial ou totalmente contido no mercado de trabalho. Exercícios de Auto-Avaliação do Tema II Qual é a diferença que existe entre o recrutamento e a selecção, segundo VEGA E GONZÁLEZ (s/d)? Resposta – a diferença é a seguinte: o recrutamento refere-se ao processo ou tramitação que decorre entre a decisão de preencher um cargo vago e o apuramento dos candidatos que correspondem ao perfil da função e que reúnem condições para ingressar na empresa, enquanto a selecção consiste no processo de escolha entre esses finalistas e na tomada de decisão sobre a qual deve ser feita a oferta do cargo vago. Qual é a relação que existe entre o recrutamento e a selecção? Resposta – A relação entre os dois processos reside no seguinte: o recrutamento só existe em virtude de posteriormente se efectuar um processo de selecção. Paralelamente, a selecção é a etapa final do processo de recrutamento, de nada valendo empregar as melhores técnicas de selecção do mundo se não forem correctamente manejadas as primeiras etapas do recrutamento, atraindo-se candidatos que não satisfaçam os requisitos exigidos pela solicitação aos postos vagos. É por isso que o recrutamento e selecção de pessoal não podem ser vistos de forma separada porque são duas etapas do mesmo processo. 130 Qual é a origem do termo recrutamento? Por que foi mais tarde usado pelas empresas? Resposta – a origem do termo recrutamento é militar, significando alistamento ou formar um grupo através da mobilização de homens. A utilização o do termo recrutamento pelas empresas e organizações da sociedade civil, deveu-seao facto de que tinham as mesmas necessidades de se completarem e preencherem vagas que iam ocorrendo Indique as fases da evolução do recrutamento. Resposta – as fases da evolução do recrutamento são: a fase anterior à revolução industrial; a fase da revolução industrial; e a fase depois de 1960. Caracterize a 1ª fase do recrutamento. Resposta – a 1º fase do recrutamento (anterior a revolução industrial) caracteriza-se por: surgimento do termo recrutar com uma origem no vocabulário militar; as organizações consideravam o trabalho como factor de produção simples e moderadamente oneroso; quem vendia a força de trabalho não tinha grande espírito reivindicativo e não se importava nada com o seu nível de produção; o contexto social, económico e político tornava o pessoal recrutado disciplinado; as técnicas de recrutamento eram rudimentares: o chicote para os escravos, umas moedas de ouro ou a chantagem da prisão para os soldados; e o aprendiz na idade média era contratado através de conhecimentos; o recrutamento era apenas uma prática. Caracterize a 2ª e a 3ª fases do recrutamento. Resposta – a 2ª fase caracteriza-se pelo seguinte: corresponde à fase do surgimento do recrutamento como processo; grande mobilidade da mão-de-obra; as organizações começaram a desenvolver técnicas para atrair mão-de-obra suficiente para satisfazer as suas necessidades; o recrutamento passou a designar as operações que precedem e preparam o processo de selecção; os trabalhadores foram gradualmente adquirindo um certo poder e; a principal fonte de recrutamento era constituída por um letreiro afixado na entrada do local de trabalho). A 3ª fase de recrutamento caracteriza-se por: determinação das fontes de recrutamento; aperfeiçoamento dos formulários de pedidos de emprego; realização do recrutamento de forma mais estruturada, com a delimitação de critérios rigorosos, etc. ; o recrutamento é entregue, na maioria das vezes, a peritos em técnicas de recrutamento bastante avançadas; noutros lugares, pode encontrar-se sob a responsabilidade de amadores. Indique as fases de selecção. Resposta - as fases da evolução da selecção são: a pré-historia da selecção de pessoal; a revolução industrial e o desenvolvimento da Psicologia e da Administração; e a primeira e segunda guerra mundiais. Caracterize a 1ª fase da selecção. Resposta – a 1ª fase de selecção caracteriza-se pelo seguinte: a divisão de trabalho entre os seus membros se realizava fundamentalmente de acordo com o sexo, a idade e as características físicas. Neste período situa-se o primeiro momento da actividade de selecção de pessoas, apresentando um carácter naturalmente espontâneo. Durante a 131 idade média, o trabalho se caracterizou por adquirir um carácter praticamente hereditário; a classe social condicionava a escolha e as possibilidades de desempenho numa dada actividade. Assim, os ofícios passavam das mãos dos pais para os seus filhos. Exercício de Auto-avaliação Tema III • Defina recrutamento, segundo SOUSA, ET ALL (2006). Resposta – Segundo SOUSA, ET ALL (2006), o recrutamento consiste num conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. Através do processo de recrutamento, a organização informa o mercado de trabalho de que existem oportunidades de emprego para determinadas funções. • Identifique os objectivos do recrutamento, na perspectiva de SEKIOU, ET ALL (2001). Resposta – Os principais objectivos do recrutamento, na perspectiva desses autores, são os seguintes: preparar meios e técnicas para ajudar a organização a encontrar candidatos de qualidade onde quer que estes se encontrem; aumentar a base de dados dos candidatos; e contribuir, a título preventivo, para a criação de programas específicos para vários serviços da organização. • Defina recrutamento interno, segundo Chiavenato (2004). Resposta – Na visão de CHIAVENATO (2004), o recrutamento é interna quando, havendo determinada vaga, a empresa procura preenche-la através dos seus empregados, que podem ser: Promovidos (movimentação vertical), Transferidos (movimentação horizontal), e Transferidos com promoção (movimentação diagonal). • Quais são as fontes do recrutamento interno, na óptica de Chiavenato (2004)? Resposta – As fontes de recrutamento são: (a)Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de selecção que submeteu aquando do seu ingresso na organização; (b) Resultados das avaliações de desempenho do candidato interno; (c) Resultados dos programas de treinamento e de aperfeiçoamento de que participou o candidato interno; (d) Análise e descrição do cargo actual do candidato que se está considerando, a fim de avaliar a diferença entre ambos e dos requisitos adicionais que se farão necessários; (e) Planos de carreiras ou 132 planificação das movimentações de pessoal para se verificar a trajectória mais adequada do ocupante do cargo considerado; (f) Condições de promoção do candidato interno (está no ponto de ser promovido) e de substituição (se o candidato interno já tem substituto preparado para o seu lugar). • Defina recrutamento externo segundo Sousa, et all (2006). Resposta – De acordo com SOUSA, ET ALL (2006), o recrutamento é externo quando, havendo determinado posto de trabalho vago, a organização procura preenche-lo com candidatos externos à organização. • Identifique as fontes directas do recrutamento externo. Resposta – As fontes directas do recrutamento externo são: as escoas/universidades, a própria empresa, as outras empresas, os centros de emprego e o mercado em geral. • Indique as fontes indirectas do recrutamento externo Resposta – As fontes indirectas do recrutamento externo são: empresas de consultoria e agencias d emprego (headhunter, searchs, outplacement), as associações de classe e os sindicatos. Exercícios de Auto-avaliação do tema IV • Defina a selecção na óptica de CUNHA, ET ALL (2012) Resposta – Na óptica de CUNHA, ET ALL (2012), A selecção é o processo através do qual as organizações escolhem as pessoas mais adequadas ao exercício de funções específicas depois de recrutadas/atraídas. • Por que é que a selecção é um processo de comparação e de decisão? Resposta – A selecçãoé um processo de comparação, pois compara duas variáveis: (1) os requisitos do cargo a ser preenchido; e (2) o perfil das características do candidato. A selecçãoé um processo de decisão, uma vez que termina sempre com uma decisão sobre o candidato que preenchera a vaga. • O que é triagem dos candidatos, segundo CHIAVENATO (2004)? Resposta – Triagem dos candidatos é uma espécie de pré-selecção e visa reduzir o número daqueles poucos candidatos que realmente apresentam melhores condições de sucesso. • Identifique o objectivo central da triagem, na perspectiva de MACHADO ET ALL (2014). 133 Resposta – O objectivo da triagem dos candidatos é exactamente o de reduzir o número de candidatos, eliminando aqueles que, aparentemente, não parecem corresponder às exigências do posto de trabalho. • Qual é a necessidade de uso de métodos ou técnicas de selecção? Resposta: É sempre necessário o uso dos métodos ou técnicas nos processos de selecção para se fazer uma avaliação objectiva, tendo em conta as qualificações do candidato, as capacidades para exercer o cargo, e a personalidade. • Indique os métodos ou técnicas de selecção. Resposta: Os métodos ou técnicas de selecção são: as biodatas, as provas de conhecimento ou de capacidade, os testes psicológicos, os testes de personalidade ou psicotécnicos, as técnicas de simulação e as técnicas de grupo. • O que é entrevista, segundo MACHADO, ET ALL (2014)? Resposta – Para MACHADO, ET ALL (2014), a entrevista é uma técnica que consiste numa situação de interacção desenvolvida pela comunicação entre pessoase com um objectivo determinado. Ela visa recolher, esclarecer, aprofundar e avaliar informações acerca do passado profissional de alguém e tomar conhecimento do seu projecto futuro. • Mencione as etapas da entrevista. Respostas – as etapas da entrevista são: preparação da entrevista, preparação do ambiente da entrevista, processamento da entrevista, encerramento da entrevista e avaliação do candidato. • Mencione as estratégias sequenciais do processo de selecção. Resposta: selecção sequencial de estágio único, a selecção sequencial de dois estágios, a selecção sequencial de três estágios e a selecção sequencial de quatro ou mais estágios sequenciais. • O que entende por acto de selecção? Resposta: O acto de selecção consiste na apresentação da proposta ao candidato, sua negociação e aceitação pelo candidato. • Explique, em que consiste a eficiência e eficácia do processo selectivo? Resposta:(a) A eficiência consiste em fazer correctamente as coisas: saber entrevistar bem, aplicar testes de conhecimentos que sejam válidos e precisos, dotar a selecção de rapidez e agilidade, contar com um mínimo de custos operacionais, envolver as gerências e suas equipas nos processos de escolha dos candidatos, etc. (b) A eficácia consiste em alcançar resultados e atingir os 134 objectivos: saber trazer os melhores talentos para a empresa e, sobretudo, tornar a empresa cada dia melhor com as novas aquisições de pessoal. Guião de Correcção dos Exercícios de Avaliação dos Temas Exercícios de Avaliação do Tema I • Chiavenato defende que o conceito de mercado apresenta 3 elementos importantes. Explique-os. Resposta: os três elementos importantes do mercado são:(a)dimensão de espaço: todo o mercado é caracterizado por uma área física, geográfica ou territorial. Localidades diferentes traduzem mercados diferentes; (b) dimensão de tempo: todo o mercado depende de uma época. Em épocas deferentes um mesmo mercado pode apresentar características diferentes; e (c) dimensão de oferta e procura: todo o mercado se caracteriza pela oferta e disponibilidade de algo e, simultaneamente, pela procura e demanda de algo. Se a oferta é maior do que a procura, trata-se de algo fácil de ser obtido e passa a haver concorrência entre os vendedores ou entre aqueles que oferecem algo. Se a procura é maior do que a oferta, então a situação se inverte e trata-se de algo difícil de ser obtido e passa a haver concorrência entre os compradores ou entre aqueles que precisam de algo. • Quando é que dizemos que o mercado de trabalho está em situação de oferta? Resposta: o mercado de trabalho está numa situação de oferta quando ocorre acentuada disponibilidade de empregos. Há excessiva oferta de empregos por parte das organizações e escassez de candidatos para preenche-las. • Que relações se podem estabelecer entre o mercado de trabalho e o mercado de RH? Resposta: As relações que se podem estabelecer são: ambos interagem reciprocamente e estão sob contínua e mútua influência. Até certo ponto, o mercado de RH está parcial ou totalmente contido no mercado de trabalho. Exercício de Avaliação do TemaII 135 • Qual é a relação que existe entre o recrutamento e a selecção? Resposta – A relação entre os dois processos reside no seguinte: o recrutamento só existe em virtude de posteriormente se efectuar um processo de selecção. Paralelamente, a selecção é a etapa final do processo de recrutamento, de nada valendo empregar as melhores técnicas de selecção do mundo se não forem correctamente manejadas as primeiras etapas do recrutamento, atraindo-se candidatos que não satisfaçam os requisitos exigidos pela solicitação aos postos vagos. É por isso que o recrutamento e selecção de pessoal não podem ser vistos de forma separada porque são duas etapas do mesmo processo. 2)Indique as fases de selecção. Resposta - as fases da evolução da selecção são: a pré-historia da selecção de pessoal; a revolução industrial e o desenvolvimento da Psicologia e da Administração; e a primeira e segunda guerra mundiais. Exercício de Avaliação do Tema III • Identifique os objectivos do recrutamento, na perspectiva de SEKIOU, ET ALL (2001). Resposta – Os principais objectivos do recrutamento, na perspectiva desses autores, são os seguintes: preparar meios e técnicas para ajudar a organização a encontrar candidatos de qualidade onde quer que estes se encontrem; aumentar a base de dados dos candidatos; e contribuir, a título preventivo, para a criação de programas específicos para vários serviços da organização. • Defina recrutamento interno, segundo Chiavenato (2004). Resposta – Na visão de CHIAVENATO (2004), o recrutamento é interna quando, havendo determinada vaga, a empresa procura preenche-la através dos seus empregados, que podem ser: Promovidos (movimentação vertical), Transferidos (movimentação horizontal), e Transferidos com promoção (movimentação diagonal). • Quais são as fontes do recrutamento interno, na óptica de Chiavenato (2004)? 136 Resposta – As fontes de recrutamento são: (a)Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de selecção que submeteu aquando do seu ingresso na organização; (b) Resultados das avaliações de desempenho do candidato interno; (c) Resultados dos programas de treinamento e de aperfeiçoamento de que participou o candidato interno; (d) Análise e descrição do cargo actual do candidato que se está considerando, a fim de avaliar a diferença entre ambos e dos requisitos adicionais que se farão necessários; (e) Planos de carreiras ou planificação das movimentações de pessoal para se verificar a trajectória mais adequada do ocupante do cargo considerado; (f) Condições de promoção do candidato interno (está no ponto de ser promovido) e de substituição (se o candidato interno já tem substituto preparado para o seu lugar). Exercícios de Avaliação do tema IV • Por que é que a selecção é um processo de comparação e de decisão? Resposta – A selecçãoé um processo de comparação, pois compara duas variáveis: (1) os requisitos do cargo a ser preenchido; e (2) o perfil das características do candidato. A selecçãoé um processo de decisão, uma vez que termina sempre com uma decisão sobre o candidato que preenchera a vaga. • Identifique o objectivo central da triagem, na perspectiva de MACHADO ET ALL (2014). Resposta – O objectivo da triagem dos candidatos é exactamente o de reduzir o número de candidatos, eliminando aqueles que, aparentemente, não parecem corresponder às exigências do posto de trabalho. • Qual é a necessidade de uso de métodos ou técnicas de selecção? Resposta: É sempre necessário o uso dos métodos ou técnicas nos processos de selecção para se fazer uma avaliação objectiva, tendo em conta as qualificações do candidato, as capacidades para exercer o cargo, e a personalidade. • Indique os métodos ou técnicas de selecção. Resposta: Os métodos ou técnicas de selecção são: as biodatas, as provas de conhecimento ou de capacidade, os testes psicológicos, os testes de personalidade ou psicotécnicos, as técnicas de simulação e as técnicas de grupo. • Explique, em que consiste a eficiência e eficácia do processo selectivo? Resposta:(a) A eficiência consiste em fazer correctamente as coisas: saber entrevistar bem, aplicar testes de conhecimentos que sejam válidos e precisos, 137 dotar a selecção de rapidez e agilidade, contar com um mínimo de custos operacionais, envolver as gerências e suas equipas nos processos de escolha dos candidatos, etc. (b) A eficácia consiste em alcançar resultados e atingir os objectivos: saber trazer os melhores talentos para a empresa e, sobretudo, tornar a empresa cada dia melhor com as novas aquisições de pessoal. Guião de Correcção da Avaliação Final do Módulo de Recrutamento e Selecção • Em termos de provisão de RH,existem dois tipos de mercado. Quais são? Resposta: o mercado de trabalho ou de emprego e o mercado de recursos humanos. • Que relações se podem estabelecer entre o mercado de trabalho e o mercado de RH? Resposta: As relações que se podem estabelecer são: ambos interagem reciprocamente e estão sob contínua e mútua influência. Até certo ponto, o mercado de RH está parcial ou totalmente contido no mercado de trabalho. • Quais são as fontes do recrutamento interno, na óptica de Chiavenato (2004)? Resposta – As fontes de recrutamento são: (a)Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de selecção que submeteu aquando do seu ingresso na organização; (b) Resultados das avaliações de desempenho do candidato interno; (c) Resultados dos programas de treinamento e de aperfeiçoamento de que participou o candidato interno; (d) Análise e descrição do cargo actual do candidato que se está considerando, a fim de avaliar a diferença entre ambos e dos requisitos adicionais que se farão necessários; (e) Planos de carreiras ou planificação das movimentações de pessoal para se verificar a trajectória mais adequada do ocupante do cargo considerado; (f) Condições de promoção do candidato interno (está no ponto de ser promovido) e de substituição (se o candidato interno já tem substituto preparado para o seu lugar). • Por que é que a selecção é um processo de comparação e de decisão? Resposta – A selecçãoé um processo de comparação, pois compara duas variáveis: (1) os requisitos do cargo a ser preenchido; e (2) o perfil das características do candidato. A selecçãoé um processo de decisão, uma vez que termina sempre com uma decisão sobre o candidato que preenchera a vaga. 138 • Explique, em que consiste a eficiência e eficácia do processo selectivo? Resposta:(a) A eficiência consiste em fazer correctamente as coisas: saber entrevistar bem, aplicar testes de conhecimentos que sejam válidos e precisos, dotar a selecção de rapidez e agilidade, contar com um mínimo de custos operacionais, envolver as gerências e suas equipas nos processos de escolha dos candidatos, etc. (b) A eficácia consiste em alcançar resultados e atingir os objectivos: saber trazer os melhores talentos para a empresa e, sobretudo, tornar a empresa cada dia melhor com as novas aquisições de pessoal. • Indique os métodos ou técnicas de selecção. Resposta: Os métodos ou técnicas de selecção são: as biodatas, as provas de conhecimento ou de capacidade, os testes psicológicos, os testes de personalidade ou psicotécnicos, as técnicas de simulação e as técnicas de grupo. 139 Bibliografia Recomendada Carlos Jorge Elias dos Santos (2010). Avaliação de Desempenho e Sistema de Incentivos. Instituto Universitário de Lisboa Paulo Farinha, Pedro Jacinto (2007 ). Avaliação de Desempenho. ISLA LISBOA Ávila, Lucas Veiga; Stecca, Jaime Peixoto (2015 ) Gestão de Pessoas Dias, Hugo Bastos Pereira Damião, ( 2010) Liderança, confiança e desempenho organizacional percebido Xavier, Ricardo de Almeida Prado (2016) Gestão de pessoas na prática; Os desafios e soluções REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A & GOMES, J. F. S. (2012) Manual de gestão de pessoas e do capital humano. (2ª Edição), Lisboa, Silabo. BOHLANDER, G. SNELL, S & SHERMAN, A. (2005). Administração de Recursos Humanos. CAIXOTE, C. & MONJANE, C. (2013). Manual de Gestão de Recursos Humanos – Uma abordagem conceptual e prática. Maputo, Imprensa Universitária/UEM. CAMARA, P. B, GUERRA, P. B & RODRIGUES, J. V. (2010) Novo Humanator – Recursos Humanos e sucesso empresarial (2ª Edição), lisboa, Dom Quixote. CHIAVENATO, I. (2004). Recursos Humanos – o capital humano das organizações (8ª Edição), São Paulo, Atlas. CHIAVENATO, I. (2008). Recursos Humanos – o capital humano das organizações (9ª Edição), São Paulo, Atlas. CHIAVENATO, I. (2009). Recursos Humanos – o capital humano das organizações (10ª Edição), São Paulo, Atlas. CUNHA, M. P., REGO, A., CUNHA, R. C., CARDOSO, C. C., MARQUES, C. DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA (2004). Lisboa, Fluminense. Dicionário electrónico Aurélio http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-evolucao-da-area- de-recursos-humanos-frente-ao-ambiente-de-mudancas-organizacionais/53514/ 23 mar. 2011. http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-evolucao-da-area-de-recursos-humanos-frente-ao-ambiente-de-mudancas-organizacionais/53514/ http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-evolucao-da-area-de-recursos-humanos-frente-ao-ambiente-de-mudancas-organizacionais/53514/ 140 MACHADO, A. R, MARIA, D. M. R. & PORTUGAL, M. N. (2014). Organizações – Introdução à gestão das pessoas. Lisboa, Editora Escolar. MACHADO, A. R & PORTUGAL, M. N. (2013.a). Selecção e Recrutamento de pessoas – a regeneração das organizações. Lisboa, Editora Escolar. MACHADO, A. R & PORTUGAL, M. N. (2013.b). Dicionário de Recursos Humanos. Lisboa, Editora Escolar. LEI nº 23/2007, de 1 de Agosto. Boletim da Republica nº 31/2007 – I série. Ministério do Trabalho, Maputo. PERETTI, J. M. (2007). Recursos Humanos – Função pessoal e gestão dos recursos humanos (3ª Edição), Lisboa, Edições Silabo, Lda. SANTOS, A. J. R. (2008). Gestão estratégica – Conceitos, modelos e instrumentos. Lisboa, Editora Escolar. SEKIOU, L. et all (2001). Gestão dos Recursos Humanos. Lisboa, Instituto Piaget. SOUSA, M. J., DUARTE, T., SANCHES, P. G. & GOMES, J. Gestão de Recursos Humanos – Métodos e práticas. Lisboa, Edições Técnicas, Lda. XAVIER, R. A. P. (2006). Gestão de pessoas na pratica – Os desafios e as soluções. São Paulo, Gente. VEGA, V. & GONZÁLEZ, J. M. F. (s/d). Recrutamento, selecção e promoção – Módulo de Mestrado em RHGC. México, Fundação Universitária Ibero-americana. ANEXOS 141 ANEXO Nº 1 Figura 4.3: Exemplo de Uma Ficha Profissiográfica FICHA PROFISSIOGRÁFICA Cargo: ___________________________________________________ Secção: _________________________________________________ Descrição do cargo: _______________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ Equipamentos de trabalho: ______________________________________________________ Escolaridade: _______________________________________________________ Experiência profissional anterior: _______________________________________________________ Condições de trabalho: _______________________________________________________ Relacionamento humano: _______________________________________________________ Tipo de actividade: _______________________________________________________ Características psicológicas do ocupante: _______________________________________________________ Características físicas do ocupante: _______________________________________________________ Testes ou provas a serem aplicados: _______________________________________________________ Fonte: CHIAVENATO (2004, p.192)