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FORMAÇÃO CONTINUADA PANETONE FFAABBRRIICCAAÇÇÃÃOO DDEE PPAANNEETTOONNEE Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” Centro de Tecnologia em Alimentos Rua Tagipuru, 242 – Barra Funda CEP: 01153-000, São Paulo – SP Telefax: (11) 3826-6766 e-mail: senaibarrafunda@sp.senai.br • Curso Técnico em Processamento de Alimentos • Cursos de Formação Continuada • Treinamento para Empresas • Assessorias Técnica e Tecnológica • Informação Tecnológica Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 4 Fabricação de panetone SENAI-SP, 2007 3ª Edição Trabalho elaborado pela Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” – CFP 1.05 do Departamento Regional do SENAI-SP para o curso de Formação Continuada – Panetone. Coordenação: Cristiana Ambiel Elaboração: Elias Rivero Alonso Ficha catalográfica SENAI-SP. Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira”. Fabricação de panetone. 3. ed. São Paulo, 2007. 37 p. PANETONE CDU 664.664 Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” Rua Tagipuru, 242 – Barra Funda 01156-000 – São Paulo – SP tel.: (11) 3826-6766 email: senaibarrafunda@sp.senai.br Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 5 Sumário História do Panetone................................................................................................... 7 Balanceamento ........................................................................................................... 9 Cálculo de porcentagem.............................................................................................. 10 Cálculo do rendimento ................................................................................................ 10 Curiosidade................................................................................................................. 11 Cálculo de encomenda................................................................................................ 11 Matérias-primas .......................................................................................................... 13 Matérias primas essenciais ......................................................................................... 13 Matérias-primas não essenciais .................................................................................. 14 Farinha de Trigo .......................................................................................................... 16 Pré misturas ou misturas prontas ................................................................................ 18 Fermento..................................................................................................................... 19 Processo de fabricação............................................................................................... 23 Fluxograma do processo............................................................................................. 23 Preparo da massa....................................................................................................... 24 Divisão da massa........................................................................................................ 24 Descanso da massa.................................................................................................... 24 Modelagem ................................................................................................................. 25 Acondicionamento....................................................................................................... 25 Fermentação............................................................................................................... 25 Cozimento................................................................................................................... 26 Resfriamento............................................................................................................... 26 Controle de qualidade ................................................................................................. 26 Embalagem................................................................................................................. 27 Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 6 Panetone com Recheio de Frutas............................................................................... 29 Panetone com Recheio de Chocolate – Chocotone .................................................... 31 Panetone com Pré-Mistura e Recheio de Frutas...........................................................33 Panetone com Pré-Mistura e Recheio de Chocolate - Chocotone ..............................35 Referência .................................................................................................................. 37 Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 7 História do Panetone A história se inicia no século XV quando um jovem, morador da cidade de Milão, apaixona-se pela filha de um padeiro. Buscando uma maneira de surpreender o pai da moça, que não aceitava o namoro, ele se disfarça de ajudante de padeiro e cria um pão doce. O pão tornou-se destaque na padaria pelo tamanho diferente para a época e por apresentar, no seu ápice, a figura moldada de uma cúpula de igreja. O jovem criador desta deliciosa receita, hoje apreciada em diversos países, atribuiu a autoria da receita a Toni, o pai da moça. O movimento da padaria cresceu significativamente e os clientes só pediam pelo pão do Toni. O nome sofreu algumas modificações ao longo dos anos até ficar somente panetone. Não se sabe se esta lenda é verídica ou não, no entanto, a autêntica receita do panetone aprimorou-se ao longo dos séculos, através de novas técnicas de preparação e melhoria das matérias primas utilizadas. Milão cidade localizada ao norte das Itália , foi a grande irradiadora da tradição de comer panetone nas festas natalinas, a qual estendeu-se para as Cidades do sul e outros países do mundo Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 8 Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 9 Balanceamento Balancear receitas significa determinar a quantidade de cada ingrediente que entrará na formulação da massa, segundo as características essenciais desejadas para o produto final. Ao formular uma receita, três fatores devem ser considerados: • A função que cada ingrediente exerce na massa e no produto final, bem como as porcentagens máximas e mínimas toleráveis; • As características internas e externas desejadas para o produto final; • Os métodos utilizados em panificação. Finalidades do balanceamento: • Controle de qualidade: estabelece padrões de qualidade para os produtos e processos, assegurando uniformidade na produção e permitindo identificar possíveis falhas no processo e suas causas; • Normalização e registros: descrição completa do processo, incluindo os tempos de masseira, descanso, fermentação, assamento, temperaturas da massa e do forno, tamanho das peças. Isso permite que todos os funcionários desenvolvam as receitas da mesma forma, auxiliando na solução dos imprevistos e criando uma identidade para o estabelecimento. • Controle de estoque: proporciona redução de custos pelo uso correto das matérias- primas, evitando o desperdício. • Controle de produção: possibilita avaliação financeira do negócio através do dimensionamento da produção, dos custos e lucros. Exemplo: A quantidade de farinhaé igual a 100% e os demais ingredientes devem ser calculados percentualmente, como vemos a seguir: Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 10 Pão de cachorro quente Farinha 100% 5000 g Açúcar 10% 500 g Sal 2% 100 g Melhorador 1% 50 g Água 50% 2500 ml Gordura 8% 400 g Fermento 5% 250 g Cálculo de porcentagem Para calcular a quantidade dos ingredientes, basta multiplicar o peso da farinha pela porcentagem do ingrediente e dividir por 100. Exemplo: Quanto devemos pesar de fermento, sendo 4% de fermento para cada 5000g de farinha? 5000 x 4% = 20000 4x 5000 20000 : 100 = 200g Resposta: 200g de fermento. Cálculo do rendimento Para calcular o rendimento ou o número de pães que serão produzidos com uma receita, basta dividir o peso total da massa pelo peso de cada pão ainda cru. Exemplo: Farinha 100% 5000 g Açúcar 2% 100 g Sal 2% 100 g Melhorador 1% 50 g Água 60% 3000 ml Fermento 4% 200 g Peso total 8450 g Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 11 Se o peso do pão cru for igual a 65g, para saber o número de pães, basta dividir o peso total (8450g) pelo peso do pão cru (65g): 8450 : 65 = 130 Portanto o rendimento será de 130 pães. Curiosidade Ao ser assado, o pão perde peso devido à evaporação de água e perda dos gases. Essa perda varia conforme o tipo de massa e o peso do pão. Cálculo de encomenda Para fazer uma encomenda de pães, é preciso definir a quantidade de farinha que será utilizada. Para tanto, é necessário saber a quantidade de pães a ser produzida e multiplicar este número pelo peso do pão cru. Exemplo: Quantidades de pães a produzir = 300 pães Peso cru = 65g Massa necessária = 300 x 65 = 19500g Farinha 100% Açúcar 8% Sal 2% Melhorador 1% Água 60% Fermento 4% Total 175% 19.500 175% x - 100% 175 1950000 x = x = 11143g Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 12 Portanto, para obter a encomenda em questão serão necessários 11143g de farinha. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 13 Matérias-primas Matérias primas essenciais Sal Funções: • Realça o sabor; • Controlador da fermentação e tempo de mistura; • Fortalecedor do glúten. Características: • Livre de impurezas para que não reaja com outros ingredientes da formulação; • Granulometria homogênea; • Refinado. Água Funções: • Possibilita a formação do glúten; • Determina a consistência final da massa; • Conduz e controla a temperatura da massa; • Dissolve os ingredientes da formulação • Permite a ação do fermento; • Contribui para a textura e maciez do pão; • Toma possível a atividade enzimática. Tipos: • Água doce: salinidade menor ou igual a 0,05%; • Água salobra: salinidade entre 0,05% a 0,3%; • Água salina: salinidade acima de 0,3%. • Água dura: contém grande quantidade de sais minerais; • Água mole: contém pequena quantidade de sais minerais; Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 14 • Água clorada: contém grande quantidade de cloro. O excesso de cloro poderá influir na fermentação e no sabor do produto. Nesse caso, devemos aumentar a quantidade de fermento. • Água destilada: não contém sais minerais como é o caso da água da chuva. Esse tipo de água não serve para panificação. Características: • Limpa, inodora, incolor e potável. Matérias-primas não essenciais Açúcar O açúcar ou sacarose é extraído não somente da cana-de-açúcar, mas também de beterraba. O mais comunmente usado, entretanto, é o de cana-de-açúcar. Seu papel é muito importante. Funções: • Confere sabor; • Amaciante; • Substrato para o fermento biológico produzir o gás; • Colabora na retenção da umidade. Tipos: • Cana-de-açúcar - granulado/pó - xarope - invertido - mascavo - melaço • Amido - glucose - glicose • Lactose • Mel • Frutose O tipo e a quantidade de açúcar utilizado influem em diversos pontos: • Na qualidade/tipo de massa • Forneamento: quanto maior a concentração de açúcar menor a temperatura do cozimento. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 15 Gorduras Funções: • Lubrificante; • Melhora a textura; • Aumenta a retenção de umidade; • Contribui para o aumento de volume do pão; • Melhora as propriedades de conservação. Tipos: • Animal (banha, manteiga); • Vegetal (óleo, gordura vegetal hidrogenada, margarina, creme vegetal) Características: • Semi-sólidas ou líquidas; • Ausência de cor, sabor e aromas estranhos; • Estabilidade à estocagem; • Preferencialmente hidrogenada. Leite Funções: • Enriquece o sabor e o aroma; • Melhora a coloração da crosta do pão; • Retém a umidade; • Aumenta o valor nutritivo; • Dá maior estabilidade à massa; • Melhora a conservação do pão. Características: • Ausência de cor, aroma e sabor estranhos; • Integral ou desnatado; Melhorador Sua utilização necessita de aprovação dos órgãos oficiais da saúde pois não deve fazer mal a saúde humana, devem ser empregados nos quadros recomendados pelos fabricantes. Funções: • É adicionado à massa para obter um produto de melhor qualidade. • Neutraliza as deficiências dos ingredientes da massa; • Aumenta o tempo de conservação do pão. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 16 Ovos Funções: • Melhora a cor do produto; • Melhora o sabor do produto; • Aumenta o valor nutritivo do produto; • Melhora a textura do produto. Características: • Sem contaminação microbiológica. Farinha de Trigo Proteínas A capacidade da farinha de trigo de forma uma massa viscosa e elástica, necessária para a produção de pão, depende amplamente das propriedades do componente mais importante, o glúten. O teor de proteínas na composição do trigo está diretamente relacionado com a qualidade e quantidade de glúten presente. O glúten é uma proteína insolúvel em água, composto por duas frações: glutenina, que regula o tempo de mistura da farinha, e a gliadina, responsável pelo volume potencial do pão. Uma justa proporção de ambas nos fornece uma farinha com condições ideais para o uso na panificação. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 17 Quando a farinha de trigo e os demais ingredientes da massa são misturados com água e ocorre a homogeneização mecânica, há hidratação das proteínas, formando assim a rede d e glúten: Farinha de trigo + água + batimento → rede de glúten Nesse momento, as proteínas se entrelaçam e formam uma rede ou malha fibrosa. Dessa rede de fibras resulta uma estrutura, que representa para o pão o que uma estrutura de ferro representaria para um edifício, retendo grande parte da água que permanecerá no pão, mesmo depois de assado. O glúten é responsável pela extensibilidade e pela elasticidade da massa, isto é, pela capacidade que a massa tem de se entender e de voltar ao normal, ou seja, reter maior umidade e armazenar o gás liberado pela fermentação. A combinação da resistência e da elasticidade das proteínas do glúten é o princípio básico da panificação, pois do equilíbrio entre esses fatores dependem o volume e a qualidade dos produtos. Funções da farinha de trigo • Fonte de açúcar; • Produção de gás; • Retenção de gás; • Responsável pela estrutura do produto. Tipos de farinha A farinha de trigo é dividida em quatro tipos: • Farinha especial: é extraída da parte central do endosperma. Apresenta tonalidade mais clara e granulometria mais fina. • Farinha comum: é obtida da parte mais externa do endosperma, próxima da casca, e por isso apresentatonalidade mais escura e granulometria mais grossa. • Farinha integral: é proveniente da casca, de parte do farelo e gérmen. • Farinha semolina: é extraída apenas da parte central do grão, apresenta uma coloração bem clara e maior granulometria. Classificação da farinha A farinha pode ser classificada em forte e fraca: isto está diretamente relacionado ao comportamento físico da massa durante o processo. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 18 A farinha forte apresenta boa quantidade de proteínas com ótima qualidade e produz massas bastante consistentes. A farinha fraca, por sua vez, possui proteínas de qualidade inferior e em quantidade menor que a farinha forte. Produz massas pegajosas, sujeitas a abaixar fora ou dentro do forno, proporcionando menor rendimento. Condições ideais para o armazenamento da farinha Verifiquemos quais os fatores que proporcionam condições favoráveis ao amadurecimento da farinha durante o armazenamento: • Área azulejada ou com piso e paredes laváveis; • Luminosidade natural, evitando a incidência direta do sol; • Temperatura interna máxima de 27ºC; • Umidade relativa inferior a 70%, para evitar desenvolvimento de fungos; • Evitar a presença de pragas, com o uso de telas finas nas portas e janelas e ralos sifonados; • Estabelecer uma rotina de desinfecção da área; • Seguir a rotação de estoque: “o primeiro que chega é o primeiro a sair”. • Utilizar estrados de material higiênico para o empilhamento dos sacos; • Empilhar os sacos conforme esquema abaixo: • Manter espaços entre as pilhas para permitir a ventilação e aeração da farinha; • Não empilhar os saco encostados nas paredes; Pré misturas ou misturas prontas As misturas surgiram no Brasil nos anos 70, desenvolvidas pelos moinhos de trigo, visando atender uma solicitação do mercado de ampliar a praticidade e rapidez no Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 19 preparo, aliado à melhoria de qualidade dos produtos, e diminuir o número de ingredientes necessários. Então foram criados os mixes ou bases, onde se encontravam alguns ingredientes, para obtenção dos pães era necessário a adição de outros. Após alguns anos o conceito evoluiu para as pré-misturas ou misturas prontas, que nada mais são do que todos os ingredientes de alta qualidade em uma receita já balanceada numa única embalagem, sendo necessário adicionarmos apenas água e fermento. As pré-misturas ou misturas prontas não impedem o desenvolvimento de uma receita exclusiva, resultando num produto diferenciado ao consumidor, através da criatividade na modelagem e apresentação, por exemplo. Observe a seguir algumas informações que podem auxiliá-lo a criar sua opinião sobre o emprego dessa tecnologia: • Redução global de custos: - dispensa pesagem individual dos ingredientes; - diminui o desperdício e as perdas de matéria-prima; - reduz o número de itens a serem estocados. • Uniformidade na qualidade do produto, não sofrendo interferências ou alterações de qualidade pelas matérias-primas; • Otimização da mão de obra através do melhor aproveitamento da jornada de trabalho; • Melhor aspecto sanitário nas dependências de uma padaria; Assistência tecnológica aos clientes por toda parte das empresas fabricantes. Fermento Noções sobre microrganismos Microrganismos ou micróbios são seres vivos que apresentam as seguintes características: • São microscópicos, invisíveis a olho nu; • Necessitam de condições básicas de vida, como água, alimento, temperatura, PH, etc. • Quando não encontram condições favoráveis de vida os microrganismos entram em fase de latência ou esporulação, uma espécie de hibernação. • Estão presentes em diversos locais, como o ar, o solo, a água e até no corpo humano. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 20 • Produtos resultantes da ação dos microrganismos poder ser desejáveis, como o pão, o vinho, os antibióticos, a cerveja, ou indesejáveis como as toxinas que provocam as intoxicações alimentares. • Todos os microrganismos tem as seguintes características. Habilidade de reprodução Habilidade de eliminação dos produtos residuais Capacidade de transformar as substâncias dos alimentos satisfazendo suas necessidades de energia e crescimento Capacidade de reagir a alterações do meio ambiente (calor, frio, umidade, etc.) Função • Agente de crescimento, transforma o açúcar presente na massa em gás carbônico, determinando o volume dos pães; • Produção de substâncias aromáticas, conferindo aroma e sabor aos pães. Curiosidade O gás que o fermento produz é formado por uma parte de carbono e duas partes de oxigênio. Esse gás chama-se dióxido de carbono (CO2). É responsável pelo crescimento e pela transformação da massa. Cuidado: deve-se evitar o contato direto entre o sal e o fermento fresco, pois o sal é um forte inibidor da atividade do fermento. Fermento comercial Há no mercado 3 tipos de fermento comercial: o fermento biológico fresco, o seco e o seco instantâneo. Entre os tipos existentes no mercado, o fermento comercial apresenta diferenças apenas no teor de água, implicando em alterações nos métodos de utilização na massa e no armazenamento. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 21 Diferenças entre os tipos de fermento biológico Fermento fresco Fermento seco Prensada Granulada Instantânea Armazenagem à temperatura Controlada de 4 a 8ºC Temperatura ambiente Temperatura ambiente Conservação Curta Longa Longa Atividade / Kg Baixa Média Alta Poder gaseificante Consistente Variável Consistente Umidade Alta: 70% Baixa: 7 a 9% Baixa: menos de 5% Manuseio especial Não Reidratação Não Fermento biológico seco Obtenção: secagem do fermento fresco por ar quente, é quebrado em pequenas partículas ou grânulos. O fermento seco é mais fraco do que o fermento fresco porque, durante o processo de secagem, ocorre a perda da água que se encontra no interior da célula, parte dessas células acabam morrendo e o restante permanece em estado de dormência. Portanto, este tipo de fermento deve ser usado em quantidades indicadas na embalagem. Fermento biológico seco instantâneo Obtenção: consiste em células de levedura das quais a água é extraída por meio da desidratação, o que lhe permite contar ao final do processo com uma baixa umidade, e permanecendo em estado de dormência. O empacotamento é feito à vácuo, o que aumenta o tempo de uso, ou de vida-de-prateleira. Vantagens: • Não necessita de refrigeração; • A embalagem fechada possui alta durabilidade (2 anos); • Proporciona excelente tolerância e salto de forno às massas; • Permite maior controle de fermentação em temperaturas elevadas; • Proporciona melhor uniformidade das células no miolo do pão. Fermento Natural O fermento natural, conhecido também por fermento selvagem, consiste na obtenção de uma massa de farinha e água que, exposta ao ar, seja contaminada por microrganismos dispersos no ambiente. Esses microrganismos vão encontrar nessa massa um ótimo meio de crescimento e desenvolvimento, ocasionando uma série de Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 22 fermentações não controláveis diferentes de quando utilizamos o fermento biológico, em qualquer uma das apresentações comerciais. Essas fermentações incontroláveis vão, na maioria das vezes, produzir gás carbônico (CO2) e alguns ácidos, sendo os mais comuns os ácidos acético e lático. É importante notar que, no fermento selvagem, dificilmente encontramos células da levedura comercial, Saccharomyces cerevisae. Depois de um certo tempo de incubação e crescimento, essa massa infectada por microrganismos tem condiçõesde servir de fermento, ou seja, de agente de crescimento para outras massas, recebendo o nome de isca, pé-de-massa, massa mater ou massa madre. Utilização do fermento natural A utilização do fermento natural se dá em casos muito específicos, em virtude da alteração das características comuns aos pães de modo geral; são muito utilizados para a produção de pães do tipo italiano, ciabatta, panetone, etc. Diferenças entre o fermento comercial e natural Fermento comercial (biológico fresco, seco e seco instantâneo) Fermento natural Tempo de crescimento curto; utilização simples; menor perda de água da massa; regularidade no tempo de processo; uso em qualquer tipo de produto. Tempo de fermentação longo; processo de produção artesanal; melhor odor característico; maior durabilidade do produto final. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 23 Processo de Fabricação Fluxograma do processo Pesagem dos ingredientes ↓ Preparo da massa ↓ Descanso ↓ ↑ Divisão ↓ Modelagem 1 → Descanso ↓ Modelagem 2 ↓ Modelagem 3 ← Descanso ↓ Descanso ↓ Modelagem 4 → Acondicionamento ↓ Fermentação ↓ Resfriamento ← Cozimento ↓ Corte e embalagem ↓ Comercialização Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 24 Preparo da massa Esta etapa tem a finalidade de: • Homogeneizar os ingredientes da fórmula, de modo que o amassamento possa desenvolver-se plenamente, com a presença de cada elemento na proporção adequada; • Aerar a farinha e assegurar um trabalho mecânico sobre a massa, ou seja, o desenvolvimento do glúten. É importante lembrar que: • O tempo necessário para o perfeito desenvolvimento da massa depende do tipo de masseira utilizado, ou seja, da velocidade e do trabalho mecânico que a mesma fornece à massa. • A temperatura da massa durante a mistura é controlada pela temperatura da água adicionada. Divisão da massa A divisão pode ser feita manualmente, com o uso de uma faca ou espátula ou nas divisoras, máquinas especialmente destinadas para esse fim. Descanso da massa O tempo de descanso permite, por um lado, que a massa cresça e, por outro, que o glúten se torne mais consistente. Após o período de descanso, a massa fica cheia de gás porque o fermento transforma o açúcar em gás carbônico e álcool. Para retirar este gás, a massa deve ser pressionada e depois modelada. Em seguida, é posta outra vez para crescer. Como o glúten já está desenvolvido, o pão terá maior volume. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 25 Modelagem Na modelagem as peças de massa adquirem forma do pão que se quer obter. A modelagem pode ser manual ou mecânica, sendo que nesta última faz-se uso da modeladora, que efetua cinco operações seqüenciais sobre as peças da massa. • Desgaseificação; • Laminação; • Alongamento; • Enrolamento; • Selagem. Acondicionamento Consiste na deposição dos produtos nas assadeiras ou esteiras; devem ser tomados os devidos cuidados no posicionamento das peças, como distanciamento, acerto das pontas, posição do fecho e etc., para evitar problemas futuros com a modelagem e, consequentemente, perda de qualidade do produto final. Fermentação A fermentação é uma etapa decisiva na fabricação do pão. Consiste na ação das leveduras, ou fermento ao consumirem o açúcar presente, transformando-o em álcool e gás carbônico; por isso é denominada fermentação alcoólica. Métodos de fermentação 1. Método direto rápido Aqui os ingredientes são misturados de uma só vez; é necessário utilizar melhoradores, porque não há fermentação básica nesta fase, mas somente o descanso da massa ou das bolas. A temperatura da massa pode variar de 27ºC a 30ºC; após misturada, coloca-se a massa sobre a mesa para passar pelas outra operações. 2. Método indireto - Esponja Este método permite que a massa desenvolva o ciclo total de fermentação. A massa é preparada em duas etapas: Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 26 - prepara-se a esponja, isto é, uma massa básica com farinha, água e fermento, e deixa-se essa massa fermentar. A temperatura da esponja deve ser de 24ºC a 26ºC. - agora juntamos os demais ingredientes à massa e novamente a massa é posta para fermentar. Após a segunda etapa, continuamos o processo de fabricação normal. Observação: com farinha forte, usaremos mais farinha na esponja e menos farinha na massa ou reforço. Já com a farinha fraca, o procedimento deverá ser de 24ºC a 26ºC. Cozimento A peça de massa, que se encontra no interior do forno, é submetida a uma temperatura entre 170 a 220ºC. Nesta fase, ocorre um movimento das moléculas de água, do interior até o exterior, que ao chegar à superfície, se evaporam. Isso provoca um aumento de temperatura na superfície externa, formando a casca, sendo esta tanto mais grossa quanto maior a duração dessa fase. Ao final, quando o fluxo de água encerra completamente, pode ocorrer a queima do produto ou a carbonização. Resfriamento Os panetones, ao saírem do forno, estão com a temperatura bastante elevada e devem ser resfriados, antes de serem submetidos ao fatiamento para posterior embalagem. A forma mais simples de resfriamento é a temperatura ambiente, sendo processo lento e necessitando de muito espaço. O local deve apresentar ótimas condições de higiene, evitando a contaminação do produto. Outra forma seria o uso de esteiras esterilizadas que se movem lentamente e em constante ventilação, porém esta forma é mais presente em escala industrial. Controle de qualidade Devemos realizar a avaliação d produto final de acordo com critérios preestabelecidos que auxiliem a determinar as falhas ocorridas durante o processo. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 27 Embalagem A embalagem pode ser realizada: • Manualmente - método mais simples e utilizado, porém mais lento • Máquinas de embalagem - específicas para panificação, operam em alta velocidade. Existem diversos tipos de materiais que podem ser utilizados, como o celofane, prolipropileno e polietileno. Devem proporcionar boa visualização do produto e proteção à umidade e ao aroma. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 28 Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 29 Panetone com Recheio de Frutas Ingredientes % Peso(g) Método Farinha de trigo 100 Sal refinado 1 Açúcar 22 Fermento 8 Gemas 16 Gordura 10 Melhorador 1 Água 40 Frutas cristalizadas 30 Uvas passas 25 Essência 0,5 TM = 15’ TD = 10’ + 10’ Bolear 3 vezes e colocar nas formas. TF=120’ Processamento Avaliação do Produto Observações Modelagem = As frutas devem ser lavadas e escorridas antes de se empregar Coloração = Decoração = As passas podem ser colocadas no vapor para amaciar, se necessário Aroma = Sabor = Aprovado ( ) sim ( ) não Nota 0 a 10 Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 30 Método: 1. Fazer uma massa esponja com 25% de farinha e todo o fermento, e colocar água até dar o ponto massa macia. Deixar descansar por 30 minutos, na estufa. 2. Fazer o creme com sal, açúcar, gordura, gema, essência e melhorador. 3. Adicionar a esponja e o restante da farinha ao creme, misturando tudo em 1ª velocidade +/- por 20 minutos, até obter uma massa enxuta e deixar descansar por 3 minutos. Colocar as passas e as frutas e misturar +/- por 3 minutos. Dividir em peças de 550g. Bolear e deixar descansarpor 10 minutos. Rebolear e descansar por mais 10 minutos. Rebolear e colocar nas formas e deixar descansar para a fermentação +/- 1 hora e finalmente cortar em cruz. 4. Fornear +/- por 35 minutos em forno a 170 °C. ANOTAÇÕES Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 31 Panetone com Recheio de Chocolate – Chocotone Ingredientes % Peso(g) Método Farinha de trigo 100 Sal refinado 1 Açúcar 22 Fermento 9 Gemas 8 Gordura 10 Melhorador 1 Água 35 Chocolates em gotas 35 Essência 0,5 TM= 15’ TD= 10’ +10’ Bolear 3 vezes e colocar nas formas TF=120’ Processamento Avaliação do Produto Modelagem = Coloração = Decoração = Aroma = Sabor = Aprovado ( ) sim ( ) não Nota 0 a 10 Método: 1. Fazer uma massa esponja com 25% de farinha e todo o fermento, e colocar água até dar o ponto massa macia. Deixar descansar por 30 minutos, na estufa. 2. Fazer o creme com sal, açúcar, gordura, gema, essência e melhorador. Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 32 3. Adicionar a esponja e o restante da farinha ao creme, misturando tudo em 1ª velocidade +/- por 20 minutos, até obter uma massa enxuta e deixar descansar por 3 minutos. Colocar o chocolate em gotas e misturar +/- por 3 minutos. Dividir em peças de 550g. Bolear e deixar descansar por 10 minutos. Rebolear e descansar por mais 10 minutos. Rebolear e colocar nas formas e deixar descansar para a fermentação +/- 1 hora e finalmente cortar em cruz. 4. Fornear +/- por 35 minutos em forno a 170 °C. ANOTAÇÕES Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 33 Panetone com Pré-Mistura e Recheio de Frutas Ingredientes % Peso(g) Observações Processamento Avaliação do Produto TM= TC= TD= TF= Lastro= Vertical= Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 34 ANOTAÇÕES Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 35 Panetone com Pré-Mistura e Recheio de Chocolate Ingredientes % Peso(g) Observação Processamento Avaliação do Produto TM= TC= TD= TF= Lastro= Vertical= Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 36 ANOTAÇÕES Fabricação de Panetone Escola SENAI “Horácio Augusto da Silveira” 37 Referências Ahmed A . EL-DASH, Celina de Oliveira Camargo, Norma Mancilla Diaz. Fundamentos da Tecnologia da Panificação Unicamp. Campinas. 1972. Antenor Pizzinatto, Cristina de Paula R. Santos Magno, Doralice M. F. Campagnolli. Avaliação e Controle de Qualidade de Farinha de Trigo. Ital. Campinas. 1994. Augusto Cezar de Almeida. ABC da Panificação & Dicionário da Panificação Brasileira. Vista Mechandising e Propaganda, São Paulo, 1994. Florinda O. Bobbio e Paulo A. Bobbio. Introdução à Química de Alimentos. Ed. Varela, São Paulo, 1989. Louise Garcia Pagani. Manipulação de Alimentos, SENAI-SP, 1995. Quaglia. Ciencia y tecnología de la panificación. Editora Acribia S. A ., Zarogoza, 1991. Raymond Calvel. O pão francês e os produtos correlatos. Editora J. Macêdo S. A . Comércio, Administração e Participações, Fortaleza, 1987
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