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Fundamentos de panificação e confeitaria ALIMENTOS E BEBIDAS Fundamentos de panificação e confeitaria Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Fundamentos de panificação e confeitaria / SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2014 112 p. : il. Inclui referências ISBN 978-85-8393-035-8 1. Confeitaria 2. Máquinas e equipamentos 3. Panificação 4. Segurança no trabalho I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 664 Índice para o catálogo sistemático: 1. Confeitaria 664 2. Panificação 664 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br mailto:editora@sesisenaisp.org.br http://www.senaispeditora.com.br/ Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Regional Walter Vicioni Gonçalves Diretor Técnico Ricardo Figueiredo Terra Gerente de Educação João Ricardo Santa Rosa Organização e elaboração Denise Aparecida da Silva José Roberto das Neves Maria Ivone T. Verri Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação pro�ssional multiplicam-se e, sobretudo, diversi�cam-se. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação pro�ssional para o primeiro emprego, dirigida a jovens. Privilegia também a quali�cação de adultos que buscam um diferencial de qualidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora �rmemente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, oferecendo modalidades de formação continuada para pro�ssionais já atuantes. Dessa forma atende às prioridades estratégicas da Indústria e às prioridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração como os cursos de Aprendizagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Superiores de Tecnologia. Oferece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação Pro�ssional, Quali�cação Pro�ssional, Especialização Pro�ssional, Aperfeiçoamento Pro�ssional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que integra uma série da SENAI-SP Editora, especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Walter Vicioni Gonçalves Diretor Regional do SENAI-SP Sumário 1. Composição dos alimentos Nutrientes 2. Componentes dos produtos alimentares Ingrediente Matéria-prima Aditivo Coadjuvante tecnológico de fabricação 3. Farinha de trigo Classificação da farinha de trigo Composição da farinha de trigo Maturação e armazenamento da farinha de trigo 4. Fermentos Fermento biológico Fermento químico 5. Leite Classificação do leite Funções do leite na panificação e na confeitaria 6. Óleos e gorduras Ácidos graxos Óleos vegetais Gordura Importância tecnológica de óleos e gorduras 7. Açúcar Efeitos do açúcar no processamento de alimentos Tipos de açúcar Alimentos açucarados Reações químicas do açúcar 8. Água Tipos de água Estados físicos da água 9. Sal Função do sal 10. Chocolate Tipos de chocolates Cobertura fracionada ou hidrogenada Diferença entre cobertura fracionada e hidrogenada Técnicas de preparação do chocolate e coberturas 11. Ovo 12. Aditivos como ingrediente na panificação e confeitaria Tipos de aditivos Aditivos utilizados na panificação e confeitaria 13. Pré-misturas ou misturas prontas Utilização das pré-misturas para obtenção de pães e bolos Pré-mistura como base para novas formulações Vantagens do uso de pré-mistura 14. Processos básicos de panificação e confeitaria Fluxograma de produção de produtos Etapas comuns de produção Classificação dos produtos de panificação Classificação dos produtos de confeitaria 15. Máquinas, equipamentos, instrumentos e utensílios Máquinas de panificação e confeitaria Equipamentos de panificação e confeitaria Instrumentos de panificação e confeitaria Utensílios de panificação e confeitaria Requisitos de segurança para máquinas Requisitos de higienização para máquinas 16. Controle dos processos produtivos Tipos de sistemas de controle de processos produtivos Planilhas de controle Planejamento 17. Segurança no trabalho na área de panificação e confeitaria Composição da legislação de segurança Norma Regulamentadora Norma Regulamentadora NR 06 Norma Regulamentadora NR 07 Norma Regulamentadora NR 09 Norma Regulamentadora NR 12 Norma Regulamentadora NR 17 18. Balanceamento de formulações Cálculo de uma formulação Cálculo de encomenda de um produto Conversão de receitas caseiras em formulação Desenvolvimento de novos produtos 19. Reciclagem de resíduos Coleta seletiva Cuidados para o descarte correto Referências 1. Composição dos alimentos Nutrientes Os alimentos são compostos por uma combinação de diferentes nutrientes: carboidratos, lipídeos, proteínas, vitaminas, sais minerais e água. O conhecimento sobre essa composição é uma das ferramentas necessárias para que o manipulador de alimentos possa dimensionar, de maneira correta, a proporção de ingredientes na formulação e, também, avaliar a qualidade e quantidade nutricional do alimento. Nutrientes Os nutrientes que compõem os alimentos são elementos ou compostos químicos necessários para que ocorram os processos físicos e químicos dentro de um organismo vivo (metabolismo). Classificação dos nutrientes Os nutrientes são classi�cados em macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais); encontrados na natureza em abundância, os primeiros são necessários para o corpo em maior proporção. Ainda encontram-se presentes nos alimentos a água e, como característica particular de alguns, uma porcentagem de �bras. A Tabela 1 mostra a composição média por 100 g de parte comestível de alguns alimentos. A Figura 1 apresenta as fontes de nutrientes. Tabela 1 – Composição média de nutrientes de alimentos Fonte: TACO (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos). • • • Figura 1 – Fontes de nutrientes. Funções dos nutrientes Os nutrientes presentes nos alimentos chegam às células durante a digestão e se desenvolvem no organismo. As principais funções dos nutrientes são: energética: corresponde ao provimento das necessidades calóricas do indivíduo, ou seja, são nutrientes que fornecem energia para o desgaste do organismo em atividades ou em repouso: carboidratos, lipídeos e proteínas; plástica ou construtora: relaciona-se com a formação e manutenção dos tecidos: proteínas e minerais; reguladora: torna o organismo mais resistente às doenças e assegura os processos em que tomam parte os nutrientes energéticos e plásticos: água, minerais e vitaminas. 2. Componentes dos produtos alimentares Ingrediente Matéria-prima Aditivo Coadjuvante tecnológico de fabricação Componentes dos produtos alimentares são todas as substâncias que fazem parte do processo produtivo de um alimento, seja ela na sua forma bruta ou processada, que está presente ou não no produto �nal. Os componentes que podem estar presentes em uma formulação são: ingrediente, matéria-prima, aditivo e coadjuvante tecnológico de fabricação. A Figura 1 mostra alguns componentes da formulação de pão. Figura 1 – Componentes da formulação de pão. Ingrediente “Ingrediente é toda substância, incluídos os aditivos alimentares, que se emprega na fabricação ou preparo de alimentos, e que está presente no produto �nal em sua forma original ou modi�cada.” (Portaria n. 42, de 14 de janeiro de 1998 – Anvisa). Exemplos: açúcar, sal, leite são alguns dos ingredientes do pão de fôrma. Matéria-prima “Matéria-prima é uma substância de origem vegetal ou animal em estado bruto que, para ser utilizada como alimento, sofre tratamento e/ou transformação de natureza física, química ou biológica.” (Decreto-Lei n. 986, de 1969 – Anvisa) • • • • Exemplo: o leite é amatéria-prima da manteiga, do queijo e do iogurte. Aditivo “O aditivo alimentar é a substância propositalmente adicionada ao alimento com o objetivo de manter, modi�car ou melhorar a sua aparência, potencializando assim suas características, tais como textura, cor, sabor, durabilidade (ou tempo de prateleira) e também as propriedades nutricionais dos alimentos.” (A Portaria n. 540 – SVS/MS, de 27 de outubro de 1997, da Anvisa, regulamenta a utilização de aditivos.) Os aditivos podem ser de origem natural (corante de urucum) ou arti�cial (conservante propionato de cálcio). Observações obrigatoriamente, os aditivos que forem utilizados na produção de qualquer alimento deverão ter sido previamente aprovados pelo Ministério da Saúde – Anvisa; o uso de aditivos em alimentos é proibido se servir para encobrir falhas no processamento e/ou nas técnicas de manipulação e encobrir alterações ou adulterações da matéria- prima ou do produto já elaborado. Exemplo de aditivos permitidos e proibidos pela legislação: permitido: antimofo utilizado na produção de pães e bolos; proibido: bromato de potássio utilizado em qualquer quantidade, nas farinhas, no preparo de massas e nos produtos de pani�cação (Lei n. 10.273, de 5 de setembro de 2001 – Anvisa). O bromato de potássio é classi�cado pela Organização Mundial de Saúde como um agente possivelmente cancerígeno para humanos. Coadjuvante tecnológico de fabricação j g ç Coadjuvante tecnológico de fabricação é toda substância que participa na formação do produto e que não está presente no produto �nal. Segundo a Anvisa, Portaria n. 540, SVS/MS, 27 de outubro de 1997: “Coadjuvante tecnológico é toda substância utilizada na elaboração e/ou conservação de um produto, que não se consome por si só como ingrediente alimentar. Portanto, o coadjuvante de tecnologia deverá ser eliminado do alimento ou inativado durante o processo, podendo admitir-se no produto �nal a presença de traços dessa substância ou de seus derivados”. O coadjuvante tecnológico é utilizado intencionalmente na elaboração de matérias-primas, alimentos ou seus ingredientes, para obter uma �nalidade tecnológica durante o seu tratamento ou a sua fabricação. Exemplos: fermento biológico, enzimas na farinha de trigo especí�ca para pães. 3. Farinha de trigo Classificação da farinha de trigo Composição da farinha de trigo Maturação e armazenamento da farinha de trigo Segundo a Instrução Normativa n. 8, de junho de 2005, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, “farinha de trigo é o produto elaborado com grãos de trigo, Triticum aestivum l., ou outras espécies de trigo do gênero Triticum ou combinações por meio de trituração ou moagem e outras tecnologias ou processos”. Os grãos deverão estar sãos e limpos, isentos de matéria terrosa e em perfeito estado de conservação. A farinha de trigo é obtida por meio de moagens sucessivas do grão do trigo. A parte do grão da qual se extrai a farinha é o endosperma. O grão é constituído basicamente por germe, casca ou pericarpo e endosperma. Figura 1 – Constituição do grão de trigo. Classificação da farinha de trigo A farinha de trigo é classi�cada em três tipos, de acordo com os limites de tolerância, conforme mostra a Tabela 1: Tabela 1 – Classificação da farinha * Os teores de cinzas e de proteína deverão ser expressos em base seca. Fonte: (Instrução Normativa n. 8, junho de 2005). ** Acidez graxa está relacionada à degradação dos lipídeos. Composição da farinha de trigo A farinha é basicamente composta por carboidratos, proteína, lipídeos, minerais e água, nas seguintes porcentagens: Tabela 2 – Composição da farinha Componente Porcentagem (%) Carboidrato 72,0% a 78,0% Proteínas 8,0% a 15,0% Lipídeos 0,8% a 1,3% Cinzas minerais 0,44% a 1,0% Umidade 11,0% a 15,0% Carboidrato O principal carboidrato presente na farinha de trigo é o amido. De acordo com a legislação brasileira, o amido é a porção extraída da parte aérea das plantas. Constitui a mais importante reserva energética de todos os vegetais e está presente principalmente em sementes. Quando extraído de partes subterrâneas de plantas como os tubérculos, recebe o nome de fécula. O amido tem como principal característica a gelatinização, que faz com que as soluções se tornem viscosas. No momento em que o amido é colocado em água à temperatura ambiente ou inferior à ambiente, os grânulos incham, absorvendo cerca de 30% de seu peso em água. Entretanto, ao aquecer a suspensão de amido acima da temperatura de 60°C, os grânulos se intumescem. O aumento contínuo dessa temperatura resulta no fenômeno da gelatinização, que ocorre na produção de alimentos que contêm o amido. Durante o armazenamento sob refrigeração, o amido gelatinizado sofre o fenômeno inverso à gelatinização, denominado retrogradação. A retrogradação é um fenômeno complexo e depende de muitos fatores; basicamente, ocorre um rearranjo das moléculas, forçando a saída da água. A essa perda parcial da água dá-se o nome sinérese. Proteínas As proteínas encontradas na farinha podem ser divididas em solúveis e insolúveis; essas últimas são as mais importantes para a formação do glúten, e consequentemente das massas alimentares. O glúten é uma rede tridimensional elástica e extensível, formada na mistura de farinha de trigo e água sob ação mecânica. Durante o amassamento, as proteínas insolúveis da farinha, chamadas de gliadina e glutenina, se entrelaçam, formando a rede de glúten. Essa proteína é encontrada no trigo, no centeio, na cevada, na aveia e no malte, mas em quantidade diferente para cada cereal. Somente no trigo essa quantidade é adequada para a produção de pães. A qualidade do grão determina e direciona a farinha de trigo para a produção de pães, bolos, biscoitos e massas alimentícias. A Tabela 3 relaciona a quantidade de proteína da farinha com o produto a que se destina. Tabela 3 – Quantidade de glúten nos produtos Observação Em uma porcentagem da população ocorre intolerância a uma das proteínas formadoras do glúten, o que causa a chamada doença celíaca. A doença pode surgir em qualquer idade. Nos indivíduos afetados, a ingestão de glúten causa danos às vilosidades do intestino delgado, Figura 2, que são minúsculas elevações que revestem o intestino. Figura 2 – Vista microscópica das vilosidades do intestino delgado. O intestino delgado, além de outras funções, é responsável por terminar a digestão dos alimentos e a absorção dos nutrientes através das vilosidades. Portanto, a doença celíaca afeta a absorção dos nutrientes. Lipídeos, sais minerais e umidade O conteúdo de lipídeos (gordura) no grão de trigo varia de 2% a 3%, e é proveniente principalmente do germe. Esse conteúdo está diretamente relacionado à quantidade de farinha que se extrai do grão. Quanto mais alta a extração, maior o conteúdo lipídico. Como a gordura pode sofrer rancidez, a farinha com alto conteúdo lipídico está sujeita à deterioração. Na farinha integral, encontra-se uma concentração alta de gorduras, portanto sua durabilidade é menor que a da farinha dos tipos 1 e 2. Os sais minerais presentes na farinha de trigo são provenientes do farelo e de camadas externas do grão. Indicam o teor de cinzas e também determinam o grau de extração. Durante a moagem do grão, as perdas nutricionais são expressivas, e os sais minerais e vitaminas são quase que totalmente eliminados. O teor de umidade da farinha é determinado pela legislação vigente (Instrução Normativa n. 8) e delimita uma umidade máxima de 15% para todos os tipos de farinha de trigo. A farinha deve ser armazenada em local seco e fresco, devido a sua característica higroscópica, ou seja, a capacidade de absorver a umidade do ar. É importante que a umidade esteja em nível adequado para que inviabilize o desenvolvimento de microrganismos. Alguns microrganismos são encontrados na farinha de trigo, como bactérias, esporos de bactérias termó�las e fungos. Com o aumento da umidade, pode predominar o desenvolvimento das bactérias em relação aos fungos.Uma das causas da deterioração da farinha pode ocorrer em consequência do processo fermentativo, que se dá pela multiplicação de bactérias láticas em umidade acima do limite. Além disso, o Bacillus cereus pode ser comumente encontrado, bem como algumas micotoxinas. Maturação e armazenamento da farinha de trigo Durante a maturação, ocorrem alterações nas características físico-químicas e reológicas (comportamento de uma massa elaborada com farinha durante o processo) das farinhas que afetam positivamente a qualidade da massa. A farinha de trigo não maturada, ou seja, recém-moída, não possui a propriedade viscoelástica (extensibilidade-elasticidade) necessária para desenvolver uma massa de boa qualidade. A maturação da farinha de trigo inicia-se por volta do quinto dia após a moagem, prolongando-se por três semanas. O tempo de armazenamento para que a farinha esteja adequada ao uso deve ser de pelo menos sete dias. A farinha deve ser armazenada segundo as normas que as boas práticas estabelecem para o armazenamento. As sacas devem estar sobre estrados, a pelo menos 20 cm do chão, afastadas da parede e com espaço entre as pilhas. O local deve ser arejado e ventilado, com iluminação clara, sem a incidência de sol diretamente sobre as sacas. Não devem ser armazenados com a farinha nenhum produto químico, substâncias ou alimentos que tenham odor forte. Preferencialmente, o estoque de farinha deve ser exclusivo para essa �nalidade. 4. Fermentos Fermento biológico Fermento químico Os fermentos são substâncias que desempenham papel fundamental na produção de pães, bolos e biscoitos, visto que aumentam o volume e a porosidade dos produtos em que são utilizados. Além disso, na produção de pães, o fermento tem grande in�uência no sabor. Os fermentos possuem características de�nidas para cada produto, e são classi�cados em biológicos e químicos. Fermento biológico “O fermento biológico é o produto obtido de culturas puras de leveduras (Saccharomyces cerevisiae – Figura 1) por procedimento tecnológico adequado.” (Resolução – Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNNPA) n. 38, de 1977 – D.O de 27/12/77). É chamado também de agente de crescimento, composto por organismos vivos (leveduras), visíveis somente através do microscópio. Na fermentação da massa, o fermento consome a glicose obtida da quebra do carboidrato presente pelas enzimas, transformando-o em álcool e gás carbônico (CO2) e mais de 40 compostos responsáveis pelo sabor e odor típicos do pão. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento é em torno de 36°C. A partir de 50°C, a temperatura torna-se letal para o fermento. Figura 1 – Visualização do Saccharomyces cerevisiae no microscópio. Tipos de fermentos biológicos Os tipos de fermentos biológicos comercializados diferem quanto ao processo pelos quais são obtidos, e podem ser classi�cados em fresco, seco e seco instantâneo. No Quadro 1 observam-se as diferenças entre os tipos de fermento biológico. Quadro 1 – Principais características de cada tipo de fermento * aproximadamente. Fonte: SENAI-SP. Fermento químico “O fermento químico é o produto formado de substância química ou mistura de substâncias químicas que, pela in�uência do calor e/ou umidade, produz desprendimento gasoso capaz de expandir massas elaboradas com farinhas, amidos ou féculas, aumentando-lhes o volume e a porosidade” (Resolução CNNPA n. 38, de 1977, publicada no D.O. de 27/12/77). Essas substâncias químicas produzem dióxido de carbono (CO2) na presença de água e/ou calor do forno, expandindo a massa e dando volume ao produto. Muito utilizado para a produção de bolos e biscoitos, dependendo do agente químico utilizado em sua composição pode ser de ação rápida (umidade), lenta (calor) e de dupla ação (umidade + calor). O fermento químico deve ser armazenado em temperatura ambiente, seguindo as Boas Práticas de Armazenamento. • 5. Leite Classificação do leite Funções do leite na panificação e na confeitaria O leite é o produto oriundo da ordenha de animais. Para que o leite seja considerado alimento saudável, a ordenha deverá ser executada em ótimas condições de higiene e em animais sadios. O leite deve denominar-se segundo a espécie que foi ordenhada (leite de cabra, leite de égua, leite de búfala). Tem uma composição complexa, cor branca e opaca, ligeiramente amarelada, de odor suave e gosto adocicado. É considerado um alimento completo por possuir quantidades expressivas de substâncias nutritivas. Seus principais componentes são: água, proteínas (caseína), gordura, carboidratos (lactose), minerais (cálcio, potássio, sódio) e vitaminas (A, D, E, K, complexo B). Classificação do leite O leite pode ser classi�cado em: pasteurizado tipo A, B ou C (integral, padronizado, semidesnatado e desnatado – Instrução Normativa n. 62, de 2011). Deve ser armazenado sob refrigeração; • • • UHT (Ultra-High Temperature – temperatura extremamente alta) – integral, semidesnatado e desnatado. Deve ser armazenado em estoque seco; em pó – integral, parcialmente desnatado e desnatado. Deve ser armazenado em estoque seco. Para reconstituição do leite em pó, utilizam-se em média 150 g de leite para um litro de água; condensado – obtido pela remoção de aproximadamente 40% de água e adição de xarope, glicose ou sacarose, seguido de envasamento. Deve ser armazenado em estoque seco. Funções do leite na panificação e na confeitaria O leite aumenta o valor nutricional, enriquece o sabor e o aroma, melhora a coloração, retém umidade e aumenta o tempo de conservação de pães e bolos secos. Além disso, dá maior estabilidade à massa. • • 6. Óleos e gorduras Ácidos graxos Óleos vegetais Gordura Importância tecnológica de óleos e gorduras Os óleos e gorduras, também conhecidos como lipídeos, são nutrientes com estrutura molecular e funções variadas que diferem entre si pelo estado físico em temperatura de 20°C, ou seja, nessa temperatura o óleo é líquido e a gordura é sólida; por exemplo, o óleo de soja e a gordura hidrogenada. Observações Os óleos e gorduras: são insolúveis em água; podem ser de origem vegetal (extraídos de milho, soja, coco) ou animal (a banha, que é derivada do porco, a manteiga, que é derivada do creme do leite). O principal constituinte dos óleos e gorduras é o triglicerídeo, formado por moléculas com estruturas diferentes, uma das quais é o ácido graxo. Ácidos graxos Os ácidos graxos diferem entre si e, por essa razão, têm in�uência nas propriedades dos óleos e das gorduras. Como exemplo, destaca-se o ácido graxo mais amplamente distribuído na natureza que é o chamado ácido oleico (ômega-9), presente no azeite de oliva, nos óleos de soja, de milho e de amendoim, na manteiga e em outros alimentos, em quantidades diferentes para cada um. Óleos vegetais Os óleos vegetais, que são mais utilizados na indústrias de alimentos, na maioria das vezes são extraídos em prensas contínuas seguidas de uma extração com solvente orgânico (substâncias químicas capazes de dissolver outras). A composição dos ácidos graxos essenciais é variada entre os óleos, e, por esse motivo, alguns são considerados mais saudáveis que outros. Na Tabela 1, encontra-se a composição em ácidos graxos de três tipos de óleos. Tabela 1 – Composição de ácidos graxos dos óleos de girassol, milho e soja Fonte: SENAI-SP. Além das diferenças entre os óleos, alguns processos também provocam mudanças, ocasionando perdas nutricionais. É o caso da fritura, em que não só o óleo mas também a gordura �cam em contato com a água do alimento, com o oxigênio do ar e expostos a temperaturas elevadas, dando início ao processo de degradação, formando uma série de substâncias prejudiciais ao • • organismo, como por exemplo os peróxidos e nitrosaminas, que aumentam a probabilidade de doenças como o câncer. Gordura A gordura é utilizada nos processos de produção para facilitar, melhorar ou modi�car o produto �nal. A indústria alimentícia produz gordura vegetal hidrogenada ou fracionada e diferentes alternativasde margarinas: a gordura vegetal hidrogenada é obtida através da adição de hidrogênio (H) em uma molécula insaturada (dupla ligação) de carbono (Figura 1). Esse processo é denominado hidrogenação industrial, e é formado a partir de óleos vegetais, uma gordura de consistência �rme. Seu armazenamento é sob refrigeração; Figura 1 – Exemplo de hidrogenação. as margarinas são compostas por leite ou seus derivados, gordura vegetal hidrogenada (soja), água e outros ingredientes. O armazenamento das margarinas normalmente é em temperatura ambiente e local fresco e seco, ou conforme indicações na embalagem. Cada tipo de margarina tem pontos de fusão (temperatura na qual a gordura passa do estado sólido para o líquido) e hidrogenação diferentes. Vantagens da utilização das margarinas e da gordura vegetal hidrogenada • • • • • • • • • Em relação aos óleos vegetais e às gorduras de origem animal, as margarinas e a gordura vegetal hidrogenada têm as seguintes vantagens: armazenamento normalmente em temperatura ambiente e local fresco e seco, ou conforme indicações na embalagem; maior facilidade de utilização; pontos de fusão e hidrogenação diferentes para cada produto (margarina: bolo, creme, uso geral, croissant, folhados; e gordura vegetal hidrogenada: para frituras); têm menor probabilidade de oxidação. A gordura tem funções variadas e importantes na confeitaria e na pani�cação. Além de aumentar o valor nutricional dos produtos, auxilia na absorção de líquidos, aumenta a vida de prateleira, evitando o ressecamento, suaviza a textura, confere maciez, lubri�cando a rede de glúten, e, por consequência, contribui para o aumento de volume em pães. Os ácidos graxos que compõem as gorduras são os mesmos dos óleos que as originam, com algumas perdas e mudanças na sua estrutura, por serem submetidos aos processos de hidrogenação. Importância tecnológica de óleos e gorduras Além de serem bons condutores de calor, os óleos e gorduras: lubri�cam a massa ao longo do processo; aumentam a palatabilidade (sabor, aroma); melhoram a textura (maciez); retêm a umidade, aumentando a vida de prateleira; facilitam a incorporação de ar, melhorando o volume. 7. Açúcar Efeitos do açúcar no processamento de alimentos Tipos de açúcar Alimentos açucarados Reações químicas do açúcar O açúcar é um carboidrato denominado quimicamente sacarose (glicose + frutose), obtida a partir do caldo de cana-de-açúcar ou de beterraba, podendo se apresentar em diversas granulometrias. Deve ser livre de fermentação, isento de matéria terrosa, parasitos e detritos animais ou vegetais. Efeitos do açúcar no processamento de alimentos O açúcar, no processamento de produtos alimentícios, além de atuar como agente de escurecimento e no processo de fermentação, servindo de substrato (alimento) para o fermento, também confere sabor (doçura) e aroma e contribui para a textura, dando maior maciez ao produto, e a retenção de umidade. Tipos de açúcar Os tipos de açúcares mais utilizados em pani�cação e confeitaria são: • • • • • • • re�nado granulado; cristal; demerara; mascavo; de confeiteiro; impalpável; xarope de açúcar invertido. O tipo de açúcar depende da adição, no processo de sua obtenção, de certos compostos químicos que vão de�nir as diversas propriedades por meio de suas diferentes estruturas químicas. Essas propriedades especí�cas devem ser observadas na elaboração dos produtos de confeitaria e pani�cação para que os tipos de açúcares escolhidos atribuam ao produto �nal as características desejadas. Açúcar refinado granulado É um açúcar puro, sem corantes, sem umidade ou empedramento e com cristais bem-de�nidos e granulometria homogênea. É utilizado na indústria farmacêutica, na fabricação de confeitos, xaropes translúcidos e misturas secas. Açúcar cristal É um açúcar em forma cristalina produzido diretamente em usina, sem re�no. Muito utilizado na indústria alimentícia na confecção de bebidas, massas, biscoitos e confeitos. Açúcar demerara É um produto de cor escura mais claro do que o açúcar mascavo; está mais próximo do estado bruto, pois não passou pelo re�no, possui cristais de tamanhos mais regulares. Em relação ao açúcar branco, possui valor nutricional maior. Pode ser utilizado em doces, pães e biscoitos. Açúcar mascavo É um produto úmido e de cor castanha, e não passa por processo de cristalização ou re�no. Usado na confecção de doces que não requerem transparência. Açúcar de confeiteiro É um produto que tem grânulos muito �nos (microcristais), cristalinos; destinado à indústria alimentícia, é muito utilizado no preparo de bolos, glacês, suspiros etc. Pode haver adição de amido de arroz, milho ou fosfato de cálcio para evitar aglomeração dos minicristais. Açúcar impalpável É mais branco e tem granulometria menor que o açúcar de confeiteiro; também possui uma porcentagem de amido de milho. Utilizado em glacês, cremes, pasta americana ou outros tipos de coberturas �nas. Xarope de açúcar invertido É uma solução de sacarose acidi�cada e aquecida, na qual ocorre a quebra da molécula da sacarose, separando a frutose da glicose. O xarope obtido dessa maneira é um líquido claro e não tem nenhum aroma em particular diferente da doçura. De poder umectante e anticristalizante, é utilizado em frutas em calda, sorvetes, balas, bebidas, massa, geleias, biscoitos, licores e bebidas carbonatadas. • • • • Alimentos açucarados Os alimentos açucarados são produtos que de certa forma possuem açúcar na sua composição. Esse açúcar pode estar presente naturalmente ou pode ser adicionado em quantidades diferentes; são eles: alimentos naturalmente açucarados – mel, frutas, beterraba; alimentos açucarados – açúcar cristal, re�nado, glucose; alimentos elaborados à base de açúcar – caldas, geleias, caramelos, glacês, fondant; alimentos elaborados com adição de açúcar – sorvetes, biscoitos doces, bolos, pudins, roscas e pães doces. Os alimentos açucarados mais utilizados na confeitaria e pani�cação, além do açúcar branco, cristal e de confeiteiro, estão descritos a seguir. Mel É um alimento elaborado por abelhas melíferas a partir do néctar das �ores ou outras substâncias que as abelhas recolhem, transformam e deixam madurar nos favos da colmeia. Utilizado em produtos especí�cos, confere sabor característico e tem médio poder adoçante. Alguns alimentos à base de glicose são produzidos para substituir o mel. Glicose ou glucose de milho É um produto utilizado em alimentos e comercializado na forma líquida ou em pó, obtido mais comumente do amido de milho por meio de processo químico. Tem poder adoçante muito baixo. Cobertura de caramelo à base de glicose É um alimento que tem em sua composição, além da glicose de milho, xarope de açúcar. Tem cor de caramelo e frequentemente é confundida com a glicose. Os produtos elaborados com a adição dessa cobertura podem ter cor e sabor alterados, dependendo da quantidade adicionada. Reações químicas do açúcar As reações que promovem mudança na estrutura do açúcar durante os processos de cocção são as reações de Maillard e de caramelização. Reação de Maillard Reação de Maillard é uma série de reações complexas que permite dourar os produtos em temperaturas inferiores às de caramelização. Basicamente ocorrem entre os aminoácidos ou proteínas e os açúcares (carboidratos), que, ao serem aquecidos, produzem compostos aromáticos e coloração acentuada. Dependendo dos tipos de proteínas e açúcares que compõem o alimento, a reação produz resultados diferentes, atribuindo aspectos característicos aos alimentos cozidos ou assados (bolo, pães, carnes). Reação de caramelização Reação de caramelização é uma reação que o açúcar (sacarose) sofre quando submetido a altas temperaturas, perdendo água, condensando-se, degradando-se e produzindo estruturas e moléculas complexas (processo denominado caramelização). Nesse processo, a mudança de cor começa a surgir em 154°C, o açúcar passa de tons bem claros de amarelo para dourado até chegar a uma cor escurae intensa. Popularmente, o açúcar caramelizado é conhecido como caramelo. • • • • • 8. Água Tipos de água Estados físicos da água A água é considerada solvente universal; é insípida, incolor e inodora, e constituída por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio (H2O). Desde que potável, é ingrediente básico para a elaboração de vários produtos alimentícios, visto que determina a consistência da massa, dissolve os ingredientes sólidos, favorece as reações químicas e enzimáticas e de fermentação e conduz a temperatura da massa de pães. Tipos de água A água é essencial na produção de alimentos: pode ser adicionada como ingrediente nos produtos; é utilizada para higienização das máquinas, utensílios e alimentos e tem papel importante na conservação dos alimentos. Mas, para utilizá-la corretamente, deve-se conhecer seus tipos: doce: água de rios, lagos e fontes, salinidade menor que 0,05%; salobra: salinidade entre 0,05% a 0,3%; salina: salinidade acima de 0,3%; dura: contém quantidade acima de 150 mg/L de sais de cálcio e magnésio; pode provocar incrustações e entupimento de tubulações; mole: contém quantidades abaixo de 75 mg/L de sais de cálcio e magnésio; o intervalo entre 75 mg/L e 150 mg/L desses sais é considerado • • • água com dureza moderada; clorada: é a água tratada, em que é utilizado o cloro dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação nas Estações de Tratamento de Água (ETAs) com o objetivo de destruir os microrganismos presentes e permanecer ativo para possível ocorrência de contaminação na rede. Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do sistema de abastecimento seja de 2 mg/L (Portaria MS n. 2.914 de 12/12/2011); destilada: não contém sais minerais e é obtida por meio da destilação. Esse tipo de água não serve para a produção de alimentos; é utilizada em laboratório ou industrialmente como reagente ou solvente. A água da chuva é considerada destilada; água potável: entende-se por água potável a que atenda ao conjunto de valores permitidos como parâmetro da qualidade da água (padrão de potabilidade – Portaria MS n. 2.914 de 12/12/2011) destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem, e que não ofereça riscos à saúde. Estados físicos da água Nos processos produtivos dos alimentos (cozimento, aquecimento, congelamento), veri�ca-se constantemente a mudança dos estados físicos da água. A Figura 1 apresenta os estados físicos da água (sólido, líquido e gasoso) e suas mudanças. Figura 1 – Estados físicos da água. 9. Sal Função do sal O sal para consumo humano é o cloreto de sódio cristalizado, cuja fórmula química é NaCl. Ele é extraído de fontes naturais, basicamente de água do mar e minas subterrâneas. Mais conhecido como sal de cozinha ou sal comum, é re�nado e tem granulometria homogênea. Observação Ao sal são adicionados obrigatoriamente iodo, selênio, magnésio e zinco, como estratégia da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, do Ministério da Saúde, para prevenir e controlar os distúrbios nutricionais e as doenças associadas à alimentação e nutrição. É fundamental para a saúde humana. Função do sal O sal, além de proporcionar o sabor característico, possui diferentes funções, de acordo com o produto a que está sendo adicionado. Tem função de realçar o sabor, controla a doçura, fortalece o glúten, controla a fermentação biológica e, para massas, controla o tempo de batimento. Funciona também como bactericida. 10. Chocolate Tipos de chocolates Cobertura fracionada ou hidrogenada Diferença entre cobertura fracionada e hidrogenada Técnicas de preparação do chocolate e coberturas “Chocolate é o produto obtido a partir da mistura de derivados de cacau (eobroma cacao L.), massa de cacau (pasta ou liquor), cacau em pó e/ou manteiga de cacau, com outros ingredientes, contendo, no mínimo, 25% (g/100 g) de sólidos totais de cacau.” (Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n. 264, de 22 de setembro de 2005, da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Esse tipo de chocolate compreende os do tipo amargo, ao leite e seus derivados. Ainda, segundo a RDC 264, “chocolate branco é o produto obtido a partir da mistura de manteiga de cacau com outros ingredientes, contendo, no mínimo, 20% (g/100 g) de sólidos totais de manteiga de cacau. O produto pode apresentar recheio, cobertura, formato e consistência variados”. Tipos de chocolates No mercado nacional, existem três tipos de chocolates tendo como base a manteiga de cacau. São eles: chocolate amargo, ao leite e branco. São apresentados a seguir três tipos de chocolates com possíveis variações de ingredientes. Tabela 1 – Formulação de chocolate * Açúcar, leite em pó integral, leite em pó, gordura láctea, lecitina, baunilha etc. Fonte: SENAI-SP. Cobertura fracionada ou hidrogenada Cobertura fracionada ou hidrogenada é um produto feito de gordura fracionada ou vegetal hidrogenada de palma, soja, algodão, palmiste. As gorduras fracionadas ou hidrogenadas são ingredientes que substituem a manteiga de cacau na formulação do chocolate. Essa substituição é feita pela indústria com o objetivo de obter produtos mais baratos, já que a manteiga de cacau é o ingrediente mais caro na formulação dos chocolates. Esse produto não deve ser denominado chocolate, e sim cobertura fracionada ou hidrogenada sabor chocolate seguida da denominação do chocolate a que se refere (ao leite, meio amargo, amargo ou branco). Esses produtos apresentam características bem próximas às do chocolate. Diferença entre cobertura fracionada e hidrogenada A diferença entre os dois tipos de coberturas, fracionada e hidrogenada, está no processo a que é submetido o óleo ou a gordura vegetal que compõe a formulação. • • • • • O fracionamento é um processo físico e reversível, que consiste na separação de frações de óleo e gorduras com ponto de fusão mais semelhante; já a hidrogenação é um processo químico e irreversível, que tem como princípio a adição de átomos de hidrogênio e a conversão de ligações duplas em ligações simples. Quanto mais hidrogenado for o óleo, mais sólido ele será na temperatura ambiente. As coberturas, muito utilizadas na confeitaria e pani�cação, são mais resistentes ao calor do que os chocolates, não necessitando de têmpera (técnica de resfriamento brusco usada na preparação do chocolate). Técnicas de preparação do chocolate e coberturas Deve-se conhecer as técnicas de preparação do chocolate e coberturas para que os produtos obtidos não apresentem alterações. Essas alterações podem ser a ranci�cação, absorção de odores, migração da manteiga de cacau ou do açúcar para a superfície do produto. As principais técnicas de preparação do chocolate e coberturas são: derretimento – é necessário que, no derretimento, o chocolate atinja a temperatura de 45°C a 48°C; ele não deve ser superaquecido, pois pode queimar, perder o sabor e o aroma e tornar-se granuloso. O derretimento pode ser efetuado em derretedeira, micro-ondas ou banho-maria; têmpera ou pré-cristalização – para que ocorra a têmpera ou pré- cristalização do chocolate, o tempo, a temperatura e o manuseio da massa derretida devem ser su�cientes para a formação dos cristais estáveis, tornando a mistura homogênea. A temperatura de têmpera varia de acordo com o tipo de chocolate: chocolate meio amargo: 29°C a 30°C chocolate ao leite: 28°C a 29°C chocolate branco: 27°C a 28°C • As coberturas não têm necessidade da pré-cristalização. cristalização – a cristalização é o efeito de solidi�cação do chocolate ou da cobertura. Ocorre sob temperatura de refrigeração para o chocolate e temperatura ambiente para as coberturas. 11. Ovo Biologicamente, o ovo é o óvulo de alguns animais, especialmente aves, e pode ser fecundado ou não. É destinado ao consumo humano após cocção. Observação Na embalagem devem constar, além dos dizeres exigidos para alimentos, também as expressões “O consumo deste alimento cru ou malcozido podecausar danos à saúde” e “Manter os ovos preferencialmente refrigerados”. Os ovos podem ser encontrados in natura (frescos), pasteurizados ou desidratados. Ovos in natura devem ser armazenados sob refrigeração (4°C- 12°C) e os ovos pasteurizados e desidratados, conforme recomendação do fabricante. Além de fornecerem estrutura às preparações, os ovos favorecem a incorporação de ar na massa (emulsi�cante natural), aumentam o valor nutritivo do produto produzido, conferem umidade, sabor e funcionam como corante, graças à coloração da gema. • • • 12. Aditivos como ingredientes na panificação e confeitaria Tipos de aditivos Aditivos utilizados na panificação e confeitaria Aditivo é qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos com o propósito de modi�car as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento (segundo a legislação brasileira determinada pela Portaria n. 540 de outubro de 1997, Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa). Observações ao agregar-se, o aditivo ou seus derivados podem se converter em um componente do alimento. Por exemplo, a pectina que é adicionada às geleias com a função de espessante e se incorpora no alimento; como os aditivos não têm o objetivo de tornar mais nutritivo o alimento, não são considerados aditivos os contaminantes ou substâncias nutritivas que são incorporados ao alimento para manter ou melhorar suas propriedades nutricionais. Por exemplo, as vitaminas; o uso do aditivo deve ser limitado a uma quantidade mínima para alcançar o efeito desejado, tal que sua ingestão diária não supere os valores recomendados pela legislação. Tipos de aditivos Segundo a legislação, os aditivos são divididos em tipos conforme sua função, como mostra Quadro 1: Quadro 1 – Tipos e função de aditivos * Sistema Internacional de Numeração de Aditivos Alimentares - INS: International Numbering System Fonte: SENAI-SP. • • • • • Observação A legislação nacional também de�ne que os aditivos e a classe a que pertencem devem ser mencionados no rótulo por código ou com o nome por extenso. Aditivos utilizados na panificação e confeitaria Os aditivos são considerados fundamentais para a obtenção de produtos de qualidade, principalmente os que atuam na correção das de�ciências da farinha de trigo. Atualmente, os mais empregados na pani�cação e confeitaria são: emulsi�cantes, melhoradores de farinha, agente branqueador de farinha, conservante e fermento químico. Emulsificantes Exemplos lecitina é um emulsi�cante natural; os polissorbatos 60 e 80 e estearil lactil lactatos de sódio e de cálcio (conhecidos por SSL e CSL, utilizados na pani�cação) são emulsi�cantes sintéticos. Funções As funções dos emulsi�cantes são: lubri�cação da massa, permitindo que os ingredientes sejam batidos de uma só vez; substituição parcial ou total da gordura da formulação e dos ovos; atuação sobre o amido, diminuindo a taxa de retrogradação (saída da água de soluções viscosas obtidas a partir da mistura de água e amido); • • interação com o glúten, proporcionando a obtenção de pães com maiores volumes �nais e melhor estrutura; melhora da homogeneização da massa, aumentando a incorporação e retenção de ar e promovendo maior volume e melhoria na estrutura do miolo. Melhoradores de farinha Os melhoradores de farinha são compostos por aditivos que, incorporados à formulação, têm a função de melhorar as caracteristicas dos produtos de pani�cação. São também chamados de condicionadores ou uni�cadores. Podem ser encontrados na forma de pó, pasta ou líquido. Os componentes desses melhoradores de farinha podem ser emulsi�cantes, agentes oxidantes ou enzimas, ou, ainda, uma mistura dessas substâncias. Funções dos agentes oxidantes Os agentes oxidantes têm a função de reforçar a estrutura formada pelas proteínas da farinha (gliadina e glutenina), a rede de glúten. Por isso, produzem uma massa com maior elasticidade, consequentemente com maior resistência à extensão. Com isso, ocorre um aumento na capacidade de retenção do gás formado na fermentação, o que resulta em produtos com maior volume e também maior salto de forno (aumento rápido de volume que ocorre nos primeiros minutos após a massa entrar no forno). O agente oxidante mais utilizado para atuar como reforçador de glúten é o ácido ascórbico. Funções das enzimas • • • Os açúcares resultantes da atividade das amilases (enzimas mais utilizadas na pani�cação) servem como alimento para o fermento. Essas enzimas afetam a consistência da massa e retardam o ressecamento. Além das amilases, as hemicelulases, proteases, entre outras, vêm sendo introduzidas no processo de pani�cação; em produtos de confeitaria, as enzimas reduzem com e�cácia o fenômeno da retrogradação do amido, com consequente manutenção da maciez e frescor do produto; as enzimas, no caso da produção de biscoitos, podem ajudar a diminuir as quebras no produto acabado, melhorar a crocância, diminuir o tempo de fermentação, facilitar a laminação, melhorar a cor, entre outros benefícios. Observação As enzimas, embora não sejam consideradas aditivos e sim auxiliares no processamento (coadjuvante tecnológico), completam a composição dos melhoradores de massa. Agente branqueador de farinha Os agentes branqueadores de farinha são aditivos que permitem a obtenção de pães com miolo mais branco. A adição desse aditivo acontece logo após a moagem do trigo pelos moinhos. Observação O agente branqueador de farinha permitido pela legislação nacional é o peróxido de benzoíla. Conservante Os conservantes são aditivos que têm como objetivo combater o desenvolvimento de fungos e bolores. Observações O mais utilizado para o pão é o propionato de cálcio; para os produtos de confeitaria é o sorbato de potássio, e para as massas batidas, o ácido sórbico. A quantidade a ser utilizada nos produtos deve ser a determinada pelo fabricante, que segue a dose máxima de uso de�nida pela legislação. Fermento químico O fermento químico é um aditivo composto por substâncias que promovem o aumento do volume da massa por meio da produção de gás carbônico (CO2). Com a variação dos do fermento químico é possível obter diferentes características das massas, como altura e estrutura, demonstradas nos grá�cos 1 e 2. Gráfico 1 – Influência dos fermentos químicos na altura do bolo. • • Gráfico 2 – Tamanho da estrutura do miolo. Tipos de fermentos químicos em relação à velocidade de ação Os fermentos químicos possuem diferenças na velocidade de liberação do gás carbônico na massa devido à ação dos fosfatos, um dos componentes encontrados nos fermentos. A escolha do fermento depende não só do processo e dos equipamentos utilizados, mas também do que se espera quanto a textura, simetria dos alvéolos, ou seja, a estrutura do produto. Quanto à velocidade de ação, os fermentos podem ser: de ação rápida, de ação lenta e de dupla ação. O tipo de fermento químico mais empregado para a produção de bolos é o de dupla ação. fermento químico de ação rápida – São aqueles que iniciam a liberação do gás imediatamente após o contato com os ingredientes líquidos da formulação; fermento químico de ação lenta – São aqueles que liberam o gás gradativamente, conforme a elevação da temperatura da massa, ou seja, a reação química inicia-se com maior intensidade após o contato com a temperatura de forneamento; • fermento químico de dupla ação – Esse tipo de agente de crescimento é composto de substâncias que agem parcialmente a baixas temperaturas, mas requerem temperaturas elevadas para completar a reação. 13. Pré-misturas ou misturas prontas Utilização das pré-misturas para obtenção de pães e bolos Pré-mistura como base para novas formulações Vantagens do uso de pré-mistura Pré-misturas ou misturas prontas para o preparo de alimentos são os produtos obtidos pela mistura de ingredientes destinados ao preparode alimentos pelo consumidor com a adição de outros ingredientes (Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n. 273, de 22 de setembro de 2005, da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Regulamento Técnico sobre Misturas para o Preparo de Alimentos). Em uma pré-mistura de bolo, por exemplo, acrescentam-se ovo e leite. Podem requerer aquecimento ou cozimento. O produto resultante após o preparo, de acordo com as instruções do fabricante, deve ser aquele mencionado na designação da mistura. Os ingredientes que fazem parte da composição da formulação de um tipo de pré-mistura são: balanceados, homogeneizados e envasados em uma única embalagem. As facilidades de uso que as pré-misturas oferecem na fabricação de pães, bolos e creme devem ser conhecidas pelos manipuladores. Observação As indústrias de alimentos investem em tecnologias no desenvolvimento de misturas prontas ou pré-misturas que apresentem características iguais aos produtos tradicionais, tornando a produção mais versátil e de menor custo. Utilização das pré-misturas para obtenção de pães e bolos Para obtenção de pães, bolos, cremes, entre outros produtos, a partir de pré- misturas, é necessária a adição de água, leite ou outros ingredientes de acordo com instruções do fabricante. O modo de preparo também é indicado na embalagem. Na elaboração dos produtos com pré-mistura, é importante usar a dosagem exata indicada dos ingredientes a serem acrescidos e seguir rigorosamente o modo de preparo descrito na embalagem. Pré-mistura como base para novas formulações A combinação entre pré-misturas e outros ingredientes resulta em produtos diferenciados dos tradicionais. Essas opções são sugeridas pelos próprios fabricantes de pré-misturas. Por exemplo, com a pré-mistura de pão de hambúrguer pode-se produzir es�rra, pão de fôrma, entre outros. Além disso, podem ser desenvolvidos novos produtos pelos manipuladores. Vantagens do uso de pré-mistura Além de ampliar a praticidade e a rapidez no preparo dos alimentos, aliadas à melhoria de qualidade dos produtos, e diminuir o número de ingredientes • • • • • • • • necessários, também são vantagens na utilização de pré-mistura: redução global de custos; dispensa de pesagem individual dos ingredientes; diminuição do desperdício e das perdas de matéria-prima; redução do número de itens a serem estocados; uniformização na qualidade do produto, sem interferências ou alterações de qualidade pelas matérias-primas; otimização da mão de obra por meio do melhor aproveitamento da jornada de trabalho; melhoria no aspecto sanitário das dependências de uma padaria; assistência tecnológica aos clientes por parte das empresas fabricantes. 14. Processos básicos de panificação e confeitaria Fluxograma de produção de produtos Etapas comuns de produção Classificação dos produtos de panificação Classificação dos produtos de confeitaria Processos básicos de pani�cação e confeitaria são operações ou sequência de operações que envolvem uma mudança de estado, de composição, de dimensão ou outras propriedades que possam ser de�nidas relativamente a um padrão dentro da pani�cação e da confeitaria. Esses processos podem ser contínuos (o produto �nal é obtido quase sem interrupções) ou em lotes (o produto �nal é obtido através de processos que podem parar e recomeçar, podendo processar uma variedade de produtos). É importante esclarecer que entre os processos de pani�cação e confeitaria existem diferenças, e que etapas com a mesma denominação, pertencentes a processos distintos, terão descrições diferentes. Diante disso e da necessidade de distribuir equipamentos e toda instalação na área de manipulação, deve-se elaborar um esquema (�uxograma) que resuma as principais etapas dos processos básicos para as duas áreas. Fluxograma de produção de produtos • • Fluxograma de produção é o conjunto das principais etapas de um processo. Cada etapa é representada por um retângulo, nomeado de preferência por uma única palavra, e por setas que ilustram o �uxo de trabalho de determinado produto. Se houver necessidade, o �uxograma deverá ser seguido da descrição do processo. Como exemplo de etapa comum de produção às áreas de pani�cação e confeitaria, tem-se a mistura, que é descrita de forma diferente para cada uma delas. A mistura é o momento no processo no qual os ingredientes são adicionados. Na pani�cação, o início da mistura dá-se com os ingredientes secos, seguidos pelos úmidos, e, por último, acrescentam-se os líquidos. Na confeitaria, além de a ordem de adição dos ingredientes ser outra, para cada produto há uma sequência distinta. Observações na confeitaria, os �uxogramas diferem de produto para produto; na pani�cação eles são muito parecidos, e com raras exceções agrega-se ou retira-se uma etapa; as etapas básicas de produção de produtos de pani�cação e confeitaria variarão ou poderão ser retiradas para a inclusão de outras, dependendo do produto. A Figura 1 apresenta o �uxograma das etapas comuns para as áreas de pani�cação e confeitaria. • • Figura 1 – Fluxograma de processos básicos de panificação e confeitaria. Etapas comuns de produção As etapas comuns de produção para as áreas de pani�cação e confeitaria são: balanceamento, pesagem, mistura, divisão, modelagem, fermentação, cocção, resfriamento e acabamento. Essas etapas são descritas a seguir: balanceamento – essa etapa consiste em determinar a quantidade exata, por meio de cálculos, de cada ingrediente da formulação da massa, que garantam as características de qualidades essenciais desejadas para o produto �nal; pesagem – é a etapa em que os ingredientes que compõem uma formulação (receita) são pesados. Como há o risco de um ingrediente sofrer alteração pela presença de outro, os ingredientes devem ser pesados separadamente. Essa etapa pode comprometer todo o restante do • • processo se os ingredientes não forem pesados com a precisão possível. Os ingredientes podem ser pesados antecipadamente, desde que sejam mantidos em embalagens fechadas para impedir perdas e contaminação. Algumas empresas estão incorporando um setor no qual um funcionário é responsável por pesar todos os ingredientes das formulações que serão produzidas; mistura – no contexto da produção para pani�cação e confeitaria, a mistura é constituída por mais de um ingrediente utilizado em uma formulação, com o objetivo de torná-los estritamente ligados e a mistura uniforme. Assim, essa etapa, desde que corretamente realizada, conforme o procedimento descrito em cada formulação, garante que em cada ponto o produto possua a mesma característica. A sequência em que os ingredientes são agregados e também o tempo e a velocidade de batimento da mistura são importantes para se obter o produto desejado. Por exemplo, a etapa de mistura na produção de pão deve sofrer um vigoroso batimento até que ocorra o desenvolvimento da rede de glúten; já para um petit--four (biscoitinho), a mistura deve ser delicada, sem muito batimento para que essa mesma rede não se desenvolva. Na maioria dos produtos de confeitaria, o desenvolvimento da massa e a incorporação de ar são um dos itens mais importantes no processo. Seguir corretamente o método de preparo levará à obtenção correta da estrutura e textura desejadas para o produto �nal. Os métodos direto e indireto são formas de mistura utilizados na pani�cação; • divisão – é a etapa na qual se de�ne o tamanho do produto �nal, contribuindo para garantir a uniformidade e o peso de cada um. Pode ser manual ou mecânica. A divisão deve ser a mais precisa possível, pois o excesso de peso de um produto acarreta perda econômica, e a falta pode signi�car fraude; modelagem – é a etapa na qual se atribui forma apropriada a cada produto. Pode ser manual ou mecânica. Em alguns casos, o recheio será adicionado nessa etapa. Um produto deverá ter sempre a mesma modelagem, para servir de referência ao consumidor, tornando possível a ligação entre a modelagem e o que se espera, em termos sensoriais, do produto; • • • fermentação– é a etapa responsável pelo volume em pães e bolos. No caso dos produtos pani�cáveis, é o período em que a levedura atinge atividade máxima, transformando o açúcar em gás carbônico, álcool e inúmeras substâncias que vão auxiliar na formação do aroma, do sabor e da textura dos pães. Já na confeitaria, a fermentação ocorre em dois períodos distintos, antes e durante o assamento da massa, pela reação do fermento químico; cocção – é a técnica utilizada no preparo de alimentos crus. Ocorre por meio da transferência de energia térmica (calor) para o alimento. Nessa etapa acontecem várias transformações químicas, físicas e biológicas. Essa transferência ocorre por condução em alimentos sólidos, ou seja, o calor é transmitido de partícula para partícula da parte externa do alimento até seu centro geométrico (pão). No caso de alimentos líquidos ou �uidos, a transferência de calor é por convecção, em que as partículas se deslocam rapidamente, mantendo o liquido em circulação (caldas). Exemplo: na cocção de cenoura em água fervente, a fonte de energia (calor) é o fogo, ocorre transferência de calor por condução na panela, por convecção na água e por condução na cenoura. Cozinhar, assar, fritar, grelhar são formas de cocção. Dependendo do tipo e do tamanho do alimento, além do que se deseja para o produto �nal, devem-se selecionar a forma, o tempo e a temperatura de cocção. Diferentes formas de cocção produzem diferentes resultados, por exemplo: sonho frito ou assado. A cocção é uma etapa importante, pois é por meio dela que se diminui ou se elimina a contaminação biológica. Também melhora o aspecto sensorial do alimento, a textura, a cor, o sabor e o aroma; resfriamento – é a etapa em que a temperatura do alimento é reduzida. No âmbito da pani�cação e confeitaria, essa etapa é aquela que o alimento depois da cocção tem sua temperatura igual à do ambiente. O resfriamento pode ser forçado, como, por exemplo, o creme de confeiteiro, que deverá ser colocado em banho de gelo para que a redução da temperatura do cozimento seja rápida e logo em seguida utilizado ou armazenado sob refrigeração. Ou o alimento pode ser resfriado lentamente, como é o caso dos pães, que �cam em armários abertos até o resfriamento completo, com tempo entre 4 e 8 horas, de acordo com o tamanho de cada pão. O resfriamento pode ser feito em • equipamentos apropriados, como câmaras ou esteiras transportadoras com sistema de ventilação; acabamento – etapa em que o produto é �nalizado com o intuito de deixá-lo mais atraente para o consumidor. É o resultado da ação de torná-lo perfeito em seu aspecto exterior ou, se houver necessidade, corrigir falhas que possam interferir na compra do produto, como, por exemplo, a aplicação de geleia de brilho em pães ou o corte das rebarbas de chocolate do pão de mel. A descrição de uma etapa deve ser completa e clara, ou seja, toda informação da etapa em questão, como tempo, temperatura, modo de preparo, deverá constar da descrição. Classificação dos produtos de panificação Os produtos de pani�cação (pães) são classi�cados conforme os processos a que são submetidos. Assim, tem-se o pão tradicional (francês, de fôrma), o especial (centeio, integral, cerveja) e o rústico (italiano). Ainda podem ser subdivididos em doce, semidoce ou salgado, dependendo do teor de açúcar presente na massa. Observação Um pão pode mudar de categoria a partir do momento em que haja mudança do processo de elaboração ou adição de ingredientes especiais. Exemplo: pão doce está na categoria de pão tradicional desde que não tenha recheio ou cobertura, do contrário passará a ser considerado um pão especial. Classificação dos produtos de confeitaria Os produtos de confeitaria são classi�cados conforme os processos a que são submetidos e às características que lhes são conferidas por esses processos. São designados pelo nome popular ou de acordo com a substância que os • • • • caracteriza. Entre uma numerosa quantidade de produtos, podem-se citar: bolo ou bolo de laranja, rocambole de goiabada, �os de ovos. Os produtos de confeitaria tradicionais são produzidos a partir de massas, cremes, coberturas e caldas. As massas que são as bases para a confecção dos produtos podem ser consideradas: friáveis – massas com textura frágil. Exemplo: empadinhas; cozidas – massas assadas. Exemplo: bolos; e as propriamente cozidas. Exemplo: bomba; fermentadas – nessas massas estão presentes agentes biológicos de crescimento. Exemplo: es�rras; folhadas e semifolhadas – são constituídas por várias lâminas de massas. Exemplos: torta mil-folhas e vou-au-vent. Os cremes podem decorar, rechear ou fazer parte como ingrediente dos produtos tanto de confeitaria como de pani�cação. Com um creme básico como o de confeiteiro podem-se preparar várias versões, somente com a adição de ingredientes diferentes. Um exemplo típico é o recheio do sonho: com a adição de chocolate ao creme de confeiteiro, tem-se, além do recheio tradicional, o recheio de chocolate. Depois de prontos, deverão ser resfriados e utilizados de imediato ou refrigerados. As coberturas são utilizadas na confeitaria para cobrir ou decorar os produtos. Na sua maioria, são à base de creme de leite e/ou chantili e/ou chocolate. Também são utilizados para preparação de coberturas clara e açúcar, que são chamados de glacês e pasta americana. As decorações podem ser feitas com o auxílio de diferentes bicos de confeitar, que, juntamente com os corantes, proporcionam uma in�nidade de formas e cores. Já as essências devem ser usadas com moderação nas coberturas para que não haja interferência nem disputa entre os sabores do produto. As caldas são complementos indispensáveis em certos produtos, como os pudins; podem ser feitas com açúcar e água ou ainda de frutas. São utilizadas para regar, mergulhar, decorar e ainda como base para a produção de doces e balas. 15. Máquinas, equipamentos, instrumentos e utensílios Máquinas de panificação e confeitaria Equipamentos de panificação e confeitaria Instrumentos de panificação e confeitaria Utensílios de panificação e confeitaria Requisitos de segurança para máquinas Requisitos de higienização para máquinas O mercado tanto nacional como internacional fabrica e oferece à venda uma grande variedade de máquinas, equipamentos, instrumentos e utensílios para pani�cação e confeitaria. Alguns deles, utilizados na área de pani�cação e confeitaria, como a masseira, a batedeira e o forno, são tidos como fundamentais, pois sem eles torna-se mais difícil obter produtos de boa qualidade. Os outros são considerados complementares. Máquinas de panificação e confeitaria Máquina de pani�cação e confeitaria é uma estrutura constituída pela combinação de elementos que realizam determinada função, dependendo para isso de uma fonte de energia, com desempenho especí�co, de forma a atender tanto quantitativa quanto qualitativamente as necessidades de produção. Os elementos formados por peças ou componentes têm movimento em relação a outras partes que compõem a máquina. As máquinas podem ser divididas em automáticas (masseiras) e manuais (cilindros manuais para massa). Masseira ou amassadeira Masseiras são máquinas utilizadas para a mistura, homogeneização e cilindragem da massa (desenvolvimento da rede de glúten) na produção de pães. Podem ser de uma ou duas velocidades, de acordo com a rotação do motor e a capacidade de trabalho do equipamento. Possuem tacho em aço inoxidável que pode ser �xo ou basculante com um batedor e painel de controle de velocidade e tempo. Observação As masseiras devem ser providas de dispositivo de segurança, enclausuramento das zonas de perigo, tensão segura (tensão extrabaixa) nos comandos de acionamento, grade de proteção �xa ou móvel intertravada com relés de duplo canal, freios automáticos e botão reset. Masseira semirrápida A masseira semirrápida apresenta duas velocidades: a primeira velocidade (lenta) mistura os ingredientes e produz a aeração da farinha e a formação da massa; já a segunda velocidade (rápida)cilindra (sova) a massa, desenvolve a rede de glúten e proporciona maior oxigenação à massa. • • • • Figura 1 – Masseira semirrápida. Masseira rápida A masseira rápida possui apenas uma velocidade, de alta rotação, sendo necessário o uso de água gelada na produção dos pães. A velocidade de rotação alta faz com que a massa atinja temperaturas superiores a 27°C, prejudicando o processo. A utilização da água gelada contribui para a diminuição dessa temperatura. Observações em alguns tipos de masseira rápida, a água deve ser adicionada como gelo triturado; o tempo de mistura dos ingredientes nesse tipo de masseira é reduzido em relação ao da masseira semirrápida; as etapas de aeração da farinha, formação da massa e sova são feitas simultaneamente; essa masseira dispensa o uso do cilindro. Figura 2 – Masseira rápida. Cilindro de massa O cilindro de pani�cação consiste principalmente em dois rolos paralelos tracionados que giram em sentido de rotação inversa, mesa baixa, prancha de extensão traseira, motor e polias. A distância entre os rolos pode ser regulada, para permitir maior ou menor espaço na passagem da massa. O cilindro de massa é um equipamento utilizado para cilindrar a massa (sovar a massa para desenvolver a rede de glúten). O desenvolvimento da rede de glúten pode ser incompleto ou não ocorrer, por opção do manipulador ou por limitação da masseira. Nesse caso o cilindro atua completando ou formando a rede. Com a utilização do cilindro, a massa torna-se mais homogênea, além de melhorar as características para a retenção dos gases durante o processo de fermentação. A limpeza dos rolos deve ser feita com o equipamento desligado e com raspador ou espátula plástica, evitando riscar as superfícies. Deve-se limpar todo o cilindro com um escovão, começando pela parte mais alta, inclusive o suporte, e, por último, passar álcool a 70%. Figura 3 – Cilindro de massa. Divisora A divisora é uma máquina que tem por �nalidade dividir a massa em unidades de acordo com a necessidade ou o tamanho desejado. A divisora pode ser mecânica (acionamento manual), elétrica, boleadora ou não, ou volumétrica rotativa. A divisora boleadora elétrica executa o boleamento das peças (peça em forma de bola com superfície lisa), após dividir a massa. Na divisora volumétrica rotativa, a divisão é efetuada contínua e automaticamente, o que é útil na produção de grandes quantidades de pães, garantindo a padronização no tamanho dos produtos. • • • • A higienização deve ser feita nos sistemas de lâminas e esteiras, retirando todos os resíduos de massa e aplicando álcool a 70%. Figura 4 – Tipos de divisoras. Câmara de fermentação A câmara de fermentação acomoda os pães em condições adequadas durante a fermentação �nal. A câmara é constituída por um sistema de resistores elétricos controlados por termostato e umidostato. Por meio do termostato, é possível aquecer ou resfriar o ambiente até a temperatura desejada; pelo umidostato, controla-se a umidade interna da câmara gerada por uma pequena caldeira. Vantagens da fermentação na câmara em relação à fermentação em temperatura ambiente: fermentação mais rápida e segura; padronização do produto; melhor volume e maciez dos pães; maior durabilidade do produto acabado; • • • • • • • economia de fermento e pequena perda de umidade; retardamento da fermentação por meio do abaixamento da temperatura. Figura 5 – Câmara de fermentação. Forno O forno efetua a cocção de produtos de padaria e confeitaria. Sua fonte de energia para o aquecimento pode ser gás natural, eletricidade, óleo diesel ou lenha. O forno pode ser de lastro, roto turbo ou turbo simples e contínuo. Para que o forno seja considerado um bom forno, ele deve: gerar calor e vapor em quantidades su�cientes para que os produtos tenham as características desejadas; apresentar controle de temperatura e�ciente que não sofra variações; ter isolamento térmico e�ciente para não dissipar calor no ambiente; ter boa distribuição de calor internamente; permitir fácil limpeza; • • • • ocupar o menor espaço possível e ter a maior capacidade possível de produção; ser de manutenção simples e não muito frequente; ser de fácil carregamento e descarregamento. A capacidade de produção é medida por meio da quantidade de massa assada por hora. Sistemas de funcionamento dos fornos Os fornos funcionam basicamente em dois sistemas de operação, podendo ser estáticos ou contínuos. No forno estático o manipulador carrega o forno com a massa para ser assada; o forno contínuo é alimentado automática e continuamente pela massa que será assada. Sistema estático sistema de lastro – as assadeiras são colocadas diretamente sobre a pedra do lastro (base da câmara de cozimento) onde se dá a cocção, pelo processo de condução e irradiação de calor; Figura 6 – Forno de lastro. • • sistema turbo simples – consiste numa câmara de cozimento cujas paredes internas possuem abas ou aparadores que servem de encaixe para as assadeiras e esteiras. O sistema de aquecimento pode ser por meio de resistência elétrica, gás ou lenha. Nesse tipo de forno, o calor é distribuído através de uma ventoinha, e o cozimento é feito por convecção; Figura 7 – Forno turbo simples. sistema roto térmico ou roto turbo – são grandes fornos em que os carrinhos cheios de esteiras/assadeiras são colocados sobre uma base giratória, o que permite que os produtos assem homogeneamente. Nesse tipo de forno, existem saídas independentes de vapor e calor para que no momento de abertura não provoquem queimaduras no operador. Figura 8 – Forno de sistema roto térmico/roto turbo. Sistema contínuo Os fornos com sistema de operação contínuo possuem assadeiras/esteiras que são colocadas no forno sobre uma esteira rolante cuja velocidade é constante; passam por um túnel no qual o cozimento ocorre por meio do processo de transmissão de calor por convecção e irradiação. Figura 9 – Forno de sistema contínuo. Fatiadora A fatiadora é usada para cortar em fatias os diversos tipos de pães de fôrma. Os pães são colocados sobre a rampa, empurrados contra as lâminas e cortados em fatias uniformes. Essas lâminas são serrilhadas e cortantes, movendo-se rápida e alternadamente em sentido vertical. • • • • Figura 10 – Fatiadora de pão. Observações os pães devem ser fatiados frios, para que o miolo não sofra danos e para facilitar a operação; é necessário manter as lâminas da fatiadora sempre a�adas. Moinho para farinha de rosca O moinho é um máquina empregada na produção de farinha de rosca. Para isso, colocam-se no duto de abastecimento os pães secos ou torrados, que serão triturados em granulometria �na, até que passem pela peneira, saindo pelo duto de descarga. Observações deve-se ter o cuidado em moer sempre pães torrados ou bem secos; deve-se evitar umidade para que não ocorra a aderência do produto nas paredes internas do moinho. Figura 11 – Moinho para farinha de rosca. Laminadora A laminadora tem por �nalidade laminar e/ou dividir a massa de acordo com a necessidade do uso em formatos variados (croissant, quadrados, retângulos, entre outros). Figura 12 – Laminadora. • • • Batedeira A batedeira é utilizada na confeitaria e destinada a misturar e bater massas leves, médias e pesadas. Figura 13 – Batedeira. Possui painel de controle com variações de velocidade. É composta por tacho removível ou basculante, dependendo de sua capacidade. Possui batedores para cada tipo de consistência de massa, como: batedor do tipo globo, para massas leves, por exemplo: bolos e suspiros; batedor do tipo raquete, para massas médias, por exemplo: coxinhas e petit-fours; batedor do tipo gancho, para massas pesadas, por exemplo: croissants e sonhos. Figura 14 – Tipos de batedores. Modeladora A modeladora é responsável pela modelagem das peças de massa que saem da divisora, dando-lhes a forma cilíndrica. A massa é colocada entre os rolos e comprimida. Depois, é enrolada (moldada) por um sistema de lona que girano mesmo sentido. Figura 15 – Modeladora. Observação A regulagem da abertura dos rolos in�uencia a aparência do produto e o processo de fermentação, por isso deve-se alterar a abertura de acordo com o tamanho da peça a ser modelada. Liquidificador O liquidi�cador pica, tritura, faz sucos, caldos e massas úmidas ou que não exijam textura fofa depois de assadas. Ideal para realizar tarefas que exijam mais força, como triturar gelo ou alimentos mais duros. Figura 16 – Liquidificador industrial e doméstico. Mixer O mixer, embora seja muito parecido com o liquidi�cador, deve ser usado para produtos que exijam um pouco de aeração, por exemplo pudins. Também são utilizados para misturar massas e molhos. É um equipamento • mais versátil do que o liquidi�cador, pois pode ser usado diretamente em diferentes recipientes, como panelas, cubas, tigelas, entre outros. Equipamentos de panificação e confeitaria Equipamento de pani�cação e confeitaria é uma estrutura formada por elementos que complementam a ação de uma máquina na execução de determinada atividade. Exemplo: carregadeira para forno (equipamento para colocar os pães no forno). Instrumentos de panificação e confeitaria Instrumento é um dispositivo com o propósito de mensurar, medir ou controlar determinado parâmetro. Exemplo: balança. Balança Balança é o instrumento usado para medir (pesar, dimensionar) ingredientes em um processo produtivo ou na comercialização de produtos em geral. Existem vários tipos de balança: eletrônica, mecânica e eletrônica de precisão. A mais utilizada na indústria alimentícia é a balança eletrônica e analítica, por ter maior precisão e praticidade de uso. Observações conforme a Portaria n. 236 do Inmetro, as unidades de medida de massa autorizadas nas balanças são o quilograma (kg), o micrograma (µg), o miligrama (mg), o grama (g) e a tonelada (t); • - - - - para o bom funcionamento das balanças, algumas regras devem ser seguidas: desligar as balanças para higienização; evitar colocar produtos ou vasilhas bruscamente sobre o prato de pesagem; não ultrapassar o limite máximo de peso; usar a tensão elétrica correta. Figura 17 – Balança semianalítica. Observação Além das balanças, termômetros e provetas (Figura 18) são instrumentos importantes dentro da área de manipulação, pois são utilizados para medir temperatura e volume. Figura 18 – Proveta e termômetro. Utensílios de panificação e confeitaria Utensílio é um objeto nem sempre essencial; quando utilizado de maneira correta, promove maior rendimento e praticidade ao processo de produção e, ainda, proporciona ao operador conforto e segurança. Uma in�nidade de utensílios é utilizada tanto na confeitaria como na pani�cação: fôrmas, moldes, placas, potes, panelas, peneiras, talheres, espátulas. Para adquiri-los, deve-se, em primeiro lugar, saber qual a gama de produtos que será elaborada e em que quantidade será produzida. Requisitos de segurança para máquinas Em dezembro de 2010, o Ministério do Trabalho e Emprego aprovou a Norma Regulamentadora NR 12, que estabelece requisitos especí�cos de • • • segurança para máquinas de pani�cação e mercearias, novas, usadas ou importadas. Todas as máquinas e equipamentos devem ser projetados ou adequados de forma a garantir segurança ao manipulador. Vale lembrar que em situação de emergência deve-se: acionar o botão de emergência em qualquer situação de perigo; manter o botão de emergência acionado até que se restabeleça a condição segura de operação; o desacionamento do botão de emergência deve ser feito de forma intencional e manualmente. Na higienização de qualquer máquina ou equipamento, deve-se, primeiramente, certi�car-se de que ele esteja desligado (chave geral na posição desligada) para só então dar início aos procedimentos de higienização. Requisitos de higienização para máquinas A higienização deve ser diária quando o produto é o mesmo durante toda a produção ou imediatamente após o uso no caso de cada troca de produto a ser elaborado. Inclui partes externa e interna e peças removíveis, conforme procedimento de higienização preestabelecido. As lonas das modeladoras devem ser trocadas quando as condições de higiene não forem mais adequadas. Toda máquina ou equipamento que não esteja em uso por problemas ou avarias deve ser retirado da área de manipulação. 16. Controle dos processos produtivos Tipos de sistemas de controle de processos produtivos Planilhas de controle Planejamento O controle dos processos produtivos tem como objetivo acompanhar, �scalizar e monitorar uma condição ou atividade que pode sofrer variação. Essas condições podem ser associadas a temperatura, pH, pressão, velocidade, vazão, entre outras, e são chamadas de variáveis do processo. As variáveis do processo devem ser rigorosamente controladas, principalmente as relacionadas aos aspectos de qualidade e segurança alimentar. Uma variável importante que se relaciona com esses dois aspectos é o tempo de cocção dos alimentos. Além de afetar a cor do produto, o tempo de cocção é um fator determinante para diminuir ou eliminar os microrganismos presentes no alimento. Na produção de pães, por exemplo, a etapa assamento (cocção) tem como variável a temperatura, pois se, por qualquer motivo, ultrapassar o valor estipulado (parâmetro), o pão pode queimar e o seu interior não assar. Porém se a temperatura estiver abaixo do parâmetro, o mesmo tipo de pão pode �car branco e não alcançar volume satisfatório. Portanto, a temperatura é uma variável que deverá ser controlada. • • Tipos de sistemas de controle de processos produtivos Os sistemas de controle dos processos produtivos podem ser: manual; automático. Controle manual O controle dos processos produtivos é manual quando necessita da intervenção do manipulador. Por exemplo: o manipulador tem de manter a temperatura da água quente em determinado valor. Nesse caso, um termômetro mede a temperatura da água quente e o manipulador veri�ca visualmente a temperatura no termômetro e, com base nela, efetua o fechamento ou abertura da válvula de controle de vapor para que a temperatura desejada seja mantida. Controle automático O controle dos processos produtivos automático funciona por meio de instrumentos sem a interferência direta do homem. Por exemplo: instala-se um instrumento capaz de manter a temperatura da água quente em um valor desejado. Esse instrumento atua junto à válvula de controle de vapor para que a temperatura desejada seja mantida, dispensando qualquer interferência manual. Planilhas de controle Planilhas de controle são ferramentas que permitem o acompanhamento de todo o processo produtivo, possibilitando a tomada rápida de decisões quando necessário, minimizando perdas e evitando retrabalho. No Quadro 1, pode-se observar um exemplo de planilha de controle simpli�cada. Quadro 1 – Planilha de controle Fonte: SENAI-SP. Planejamento Planejamento signi�ca pensar com antecedência, programar uma ação; é o contrário de improvisar. Consiste na de�nição de objetivos e na previsão dos recursos para que esses objetivos sejam alcançados. O equilíbrio na produtividade é a condição na qual o processo e o �uxo produtivos são mantidos dentro do planejado. Produtividade é a relação entre a quantidade produzida e os recursos utilizados para essa produção. Portanto, a e�ciência de uma empresa está em planejar a produção. 5W2H Uma das técnicas utilizadas para elaborar um planejamento é a chamada 5W2H, que consiste em aplicar sete perguntas, que devem ser respondidas de forma clara e concisa. 5W2H é uma maneira de organizar, veri�car ou, ainda, planejar a execução das atividades atribuídas aos colaboradores de uma empresa. O nome dessa técnica foi criado a partir da união das primeiras letras em inglês das palavras What (o quê?), Who (quem?), Why (por quê?), Where (onde?), When (quando?), How (como?) e How much (quanto?) com o número de perguntas que precisam ser feitas durante o seu uso (5W e 2H). Por meio dessa técnica de planejamento,
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