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Illana	Lages	
1.	O que ocorre com a: motricidade voluntária, o tato 
discriminativo e a sensibilidade termo-algésica neste tipo de 
lesão medular? (Hemissecção completa medular). 
A medula espinhal contém um conjunto de neurônios que 
carregam informações do cérebro e tronco encefálico para a 
periferia (fibras eferentes) e outras que fazem o sentido contrário 
(fibras aferentes). Essas fibras constituem os tratos que 
conduzem as vias medulares. 
O principal trato eferente é o trato corticoespinhal, que 
conduz os estímulos originados no giro pré-central, localizado no 
lobo frontal, na área motora primária até os nervos periféricos que, 
por sua vez, estimulam a musculatura, promovendo movimento. O 
trato corticoespinhal é, portanto, responsável pela motricidade 
voluntária. 
Um dos principais tratos aferentes é o trato espinotalâmico, 
que é, na verdade, composto por uma porção anterior e 
outra lateral. O trato espinotalâmico anterior conduz estímulos 
de tato protopático (tato grosseiro, não discriminativo) 
e pressão detectados por receptores da periferia, e o 
trato espinotalâmicolateral conduz estímulos 
de temperatura e dor. Por isso, de maneira generalizada, diz-se 
que essa via é a responsável pela sensibilidade superficial. Na 
verdade, existem linhas que consideram a sensibilidade pressórica 
como uma forma de sensibilidade profunda, porém, para fins 
didáticos, ela será agrupada com as outras formas de sensibilidade 
superficial, no nosso estudo. 
O outro trato aferente de extrema relevância para esta 
síndrome é formado pelos fascículos grácil e cuneiforme, que 
ocupam o cordão posterior da medula. Essas vias conduzem 
informações de propriocepção consciente, que é a noção da 
posição e deslocamento dos membros sem o auxílio da visão, 
de sensibilidade vibratória e do tato epicrítico (tato fino, 
discriminativo). A essas vias se atribui, genericamente, a 
responsabilidade pela sensibilidade profunda. 
A Síndrome de Brown-Sequard pode ocorrer em lesões 
neoplásicas e traumáticas, que normalmente 
acometem a interrupção anatômica dos principais tratos que 
percorrem uma metade da medula espinhal e os sintomas são 
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identificados abaixo do nível da lesão. Os sintomas resultantes da 
secção dos tratos que não se cruzam na medula espinhal e 
aparecem do mesmo lado da lesão. Em contrapartida, os sintomas 
decorrentes da lesão de tratos que se cruzam na medula e são 
observados no lado oposto da lesão. 
Assim, a síndrome apresenta-se com perda da motricidade 
voluntária e aparecimento do sinal de Babinski ipsilateral à 
lesão, indicando interrupção do trato corticoespinhallateral, o que 
acarretará síndrome do neurônio motor superior do mesmo lado 
abaixo do nível da lesão; perda do tato discriminativo, da 
sensibilidade proprioceptiva e vibratória ipsilateral à lesão, 
resultado da interrupção dos fascículos grácil e cuneiforme; e, 
perda da sensibilidade termoalgésica contralateral à lesão, o que 
indica a interrupção do trato espinotalâmico lateral. 
 
Referências: 
PAZINATO, Elisangela Ferraz et al. Síndrome de Brown-Séquard Causada 
por Ferimento de Arma de Fogo. Relato de caso. JBNC-JORNAL 
BRASILEIRO DE NEUROCIRURGIA, v. 30, n. 1, p. 80-84, 2019. 
PADILLA-VÁZQUEZ, Felipe et al. Sindrome de 
Brown Sequard en una hernia discal cervical. Archivos de Neurociencias, 
v. 18, n. 2, p. 104-107, 2013.