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ULCERA GASTRICA Introdução - A úlcera gástrica (UG) é sem dúvida a mais comum e importante patologia observada nos estômagos suínos. - Região revestida, por um epitélio escamoso estratificado, desprovido de células secretoras de muco e tampouco apresenta uma camada extracelular de muco, nem um mecanismo local produtor de bicarbonato necessário para neutralizar a acidez gástrica. - A incidência de casos de úlceras gástricas aumenta significativamente nos últimos anos devido à intensificação do sistema de produção, mudanças na dieta e condições de confinamento. - É uma das principais causas de morte súbita e esporádica de suínos em reprodução, embora possam acometer animais de qualquer idade (exceto lactantes). A úlcera gástrica é uma lesão que se inicia na camada mucosa do estômago e se estende até as camadas mais profundas. - Caracteriza-se por apresentar ulcerações na mucosa e consequentemente hemorragias que podem ser fatais ou intermitentes, levando animais à anemia e caquexia. - O processo ulcerativo pode atingir qualquer porção do estômago, sendo mais comum na região esofágica do que na região fúndica e pilórica. - O processo ulcerativo na região esofágica tem sido reconhecido com um problema frequente em criações intensivas de suínos. Sua ocorrência em animais terminados, a nível de frigorífico, varia de 2 a 50%. - Uma vez constatado um percentual significativo de ulceração na mucosa gástrica, em animais terminados ou reprodutores em determinada granja, recomenda-se identificar os fatores estressantes presentes na criação e adotar medidas de manejo que os minimizem, ou então, corrigir a granulometria da ração. Etiologia - As causas que desencadeiam a úlcera gástrica são múltiplas e bem conhecidas; - Evidências a campo indicam que a úlcera gástrica está relacionada com mais de um fator; - Fatores ambientais, nutricionais, manejo superlotação que causam estresse aos animais estão envolvidos em sua etiologia; - Dentre os fatores que tendem a aumentar sua ocorrência, destacam-se o fornecimento de rações com granulometria muito fina (inferior a 3mm de diâmetro). - O estresse provoca produção continua de glicocorticóides que, por sua vez, aumentam a produção de ácido clorídrico e ácidos biliares no estômago e facilitam a multiplicação de uma flora estomacal diferenciada, favorecendo o desenvolvimento de lesões ulcerativas. - Regime alimentar: ad libitum, desenvolvem mais UG, do que quando alimentados em regime restrito de duas vezes ao dia; - Porém jejuns prolongados, superiores a 24 horas provocam danos ao epitélio. - Dietas com níveis baixos de proteína e altos em amido de milho, são altamente ulcerogênicos. - O primeiro passo para um bom monitoramento é reconhecer os sinais clínicos das ulcerações gástricas: • Perda de sangue para o trato gastrintestinal é o principal sinal clínico e normalmente cursa com anemia e melena. • A anemia severa resulta na palidez, fraqueza e respiração acelerada. -Altos níveis de cobre na alimentação podem provocar lesões ulcerativas; - A utilização continua de cobre como promotor de crescimento com níveis de 50ppm causam um aumento de 1 a 3% de morte por UG em rebanhos; - Rações deficientes em vitaminas E e/ou Se; (hepatose dietética). - As úlceras gástricas podem ocorrer em todas as faixas etárias; - O maior número tem sido observado entre 4 a 8 meses de idade; - Em reprodutores existe maior probabilidade do aparecimento do quadro clínico, devido a lenta evolução da doença. - Há diminuição de volume fecal e as fezes são escuras, com consistência até levemente pastosa; - Fato esse que difere do quadro de hemorragias entéricas causadas por agentes infecciosos como Lawsonia intracellularis e Brachyspira hyodysenteriae, que sempre cursam com diarréia. - Suínos com ulcerações extensas e profundas podem parecer sadios se a hemorragia gástrica for mínima. - Em lesões crônicas, quando a abertura do esôfago no estômago é parcialmente obstruída por estenose da cárdia, os animais podem se alimentar e regurgitar logo em seguida. Esse processo costuma se repetir algumas vezes e estes animais normalmente tem um desenvolvimento ruim comparado aos companheiros de baia. Patogenia - Um hormônio suspeito de estar envolvido no desenvolvimento da UG é a Serotonina, em grande quantidade no TGI, provoca redução do fluxo sanguíneo na mucosa, aumentando a sensibilidade da mucosa a ácidos gástricos; - A melatonina parece ser um inibidor da serotonina, que por sua vez inibe a contração do estômago. - Super-aguda: geralmente são encontrados mortos os animais, em bom estado nutricional, (resultado de hemorragia intra gástrica grave). Ocorre com frequência em fêmeas gestantes ou lactantes ou recém desmamados, animais de crescimento e terminação. - Os mecanismos envolvidos nas lesões, são completamente entendidas. Ex.: milho fino aumenta a fluidez e acidez do conteúdo estomacal permitindo maior contato. Ex.: Dietas com granulometria grossa reduzem a fluidez do conteúdo estomacal, reduzindo o contato do HCL, pepsina e ácidos biliares. Sintomas - É variada e está relacionada com a forma patológica; - A manifestação clínica pode ser super- aguda, aguda, sub-aguda ou crônica. - Quando sobrevivem a hemorragia, tornam-se fracos, pálidos, recusam comer e beber água e perdem peso rapidamente; - Quando forçados a levantar para alimentar-se, podem morrer repentinamente devido ao esforço e excitação. - Forma aguda: • Taquipneia, perda de apetite, palidez das mucosas, fraqueza, hipotermia, melena e as vezes vômito; • Animais permanecem mais tempo deitados; • Morte geralmente ocorre em torno de três dias após o início do quadro clínico. - Forma Crônica: • Apresentam emagrecimento progressivo; • Tanto na forma sub-aguda, como na crônica, as hemorragias intermitentes conferem às fezes, coloração vermelho- escura a preta. - Sub - aguda: • A evolução do quadro clínico pode durar várias semanas; • Os animais apresentam anorexia, palidez, redução na condição corporal; • Apresentam constipação e fezes escuras e enegrecidas; Lesões: • As lesões podem ser discretas, simples ou múltiplas, irregulares na forma, variando no tamanho, desde alguns mm, até toda a região; • A região ulcerada pode ser encontrada recoberta com fibrina, mesclada com sangue. Diagnóstico - Observação dos sintomas e a confirmação do exame macroscópico; - Em casos de anemia e melena, fazer o diagnóstico diferencial com a enterite hemorrágica proliferativa, torção do mesentério e síndrome hemorrágico intestinal. Controle - Identificar e corrigir os fatores ulcero gênicos; - Doenças multifatoriais; - Granulometria de rações; - Tratamento dos animais que encontram os sinais geralmente é antieconômico e eficiência limitada; - ATB ajudam em infecções secundárias. - Policrilato de sódio 0,1 a 0,5% na dieta.