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Gestão de Qualidade 1 TROL Gestão de Qualidade Aneilton Barbosa de Paiva 2ª e d iç ão Gestão de Qualidade 2 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Diretor Charleston Jose de Sousa Assis Assessora Andrea Jardim FICHA TÉCNICA Texto: Aneilton Barbosa de Paiva Revisão Ortográfica: Natália Barci de Souza Projeto Gráfico e Editoração: Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Andreza Nacif Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). P149g Paiva, Aneilton Barbosa de. Gestão de qualidade / Aneilton Barbosa de Paiva ; revisão de Natália Barci de Souza e Marcus Vinicius da Silva. – Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2013. 300 p. : il. 1. Gestão da qualidade total. 2. Controle de processos. 3. ISSO 9000. 4. Controle da qualidade. I. Souza, Natália Barci de. II. Silva, Marcus Vinicius da. III. Título. CDD 658.562 Gestão de Qualidade 3 Gestão de Qualidade 4 Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Gestão de Qualidade 5 Gestão de Qualidade 6 Sumário Apresentação da disciplina ................................................................................................ 08 Plano da disciplina .............................................................................................................. 10 Unidade 1 – Conteúdo Histórico da Qualidade .............................................................. 14 Unidade 2 – A Qualidade e Dinâmica do Mercado......................................................... 52 Unidade 3 – Gestão da Qualidade com Focos no Processo .......................................... 88 Unidade 4 – Gestão da Qualidade com Foco nas Interações ........................................ 126 Unidade 5 – Ferramentas Básicas da Qualidade ............................................................. 168 Unidade 6 – Sistema de Gestão da Qualidade e Sistema ISSO 9000............................ 210 Unidade 7 – Programas Associados à Qualidade ........................................................... 254 Considerações finais ........................................................................................................... 288 Conhecendo as autoras ...................................................................................................... 290 Referências ........................................................................................................................... 292 Anexos ................................................................................................................................ 294 Gestão de Qualidade 7 Gestão de Qualidade 8 Apresentação da Disciplina Prezado Aluno, Entramos em uma nova fase do curso. Neste trimestre você terá a oportunidade de vivenciar novas experiências acadêmicas e alargar os seus conhecimentos sobre a ciência da Administração. Nesta disciplina, será apresentada a você a metodologia da Gestão pela Qualidade, que tem se tornado uma importante aliada dos gestores de empresas para a obtenção de melhores resultados operacionais. O grande desafio é aliar o estudo teórico a situações reais vivenciadas diariamente no mercado. Nesse caso, a Gestão da Qualidade poderá se tornar uma prática gerencial de sucesso. Esta disciplina foi elaborada com o objetivo de oferecer material suficiente para que possa ter base e seguir o seu caminho, agregando valor ao conhecimento que você já adquiriu até aqui no Curso de Administração. Assim, o aproveitamento desta disciplina poderá tornar-se diferencial para sua vida acadêmica e profissional. Para isso, aproveite bem o conteúdo aqui proposto, estude um pouco mais os tópicos e crie você mesmo seu caminho. Lembre-se: o mercado espera por profissionais capacitados, estruturados e com conhecimento teórico e prático. Faça a sua parte! Sucesso! Gestão de Qualidade 9 Gestão de Qualidade 10 Plano da Disciplina A disciplina de Gestão da Qualidade fundamenta-se no estudo dos assuntos referentes à Qualidade, desde as suas origens até os dias atuais e sua importância no mundo das organizações, visando à obtenção de melhores resultados mercadológicos. Pretende-se desenvolver nos acadêmicos o potencial para analisar o ambiente de negócios, o processo produtivo e desenvolver técnicas e metodologias para dinamizar o resultado das organizações. O conteúdo programático foi dividido em sete unidades que abordaram as questões relativas ao contexto da Qualidade e o Mercado. Unidade 1: O Contexto Histórico da Qualidade Nesta primeira unidade vamos ter a oportunidade de conhecer o contexto históricoda Qualidade, bem como abordar os diferentes conceitos de Qualidade; entendendo como se estrutura a disciplina por meio de abordagens e dimensões. Objetivos: Conhecer o contexto histórico da Qualidade; Compreender os diferentes conceitos de Qualidade; Entender como se estrutura a disciplina por meio de abordagens e dimensões. Unidade 2: A Qualidade e a Dinâmica do Mercado Em nossa segunda unidade, você vai compreender como a Qualidade pode ser implementada nas organizações por meio de um Programa de Qualidade, e ainda entender quais são os impactos da Qualidade nos negócios da organização. Objetivos: Compreender como a Qualidade pode ser implementada nas organizações, por meio de um Programa; Analisar os impactos da Qualidade nos negócios da organização. Gestão de Qualidade 11 Unidade 3: Gestão da Qualidade com Foco nos Processos Nesta unidade, você vai ter a oportunidade de conhecer o que é a Gestão da Qualidade com foco nos processos e sua importância para a gestão da organização. Ainda, serão apresentadas metodologias de intervenção nos processos, com enfoque na análise e melhoria das atividades por meio da eliminação dos problemas. Objetivos: Compreender o que é a Gestão da Qualidade com foco nos processos e sua importância para a gestão da organização; Conhecer metodologias de intervenção nos processos, com enfoque na análise e melhoria das atividades por meio da eliminação dos problemas. Unidade 4: Gestão da Qualidade com Foco nas Interações Nesta unidade, vamos ter a oportunidade de entender as diferenças entre uma empresa de manufaturados e uma empresa de serviços, e ainda como a Gestão da Qualidade pode ser aplicada com foco em interações do cliente e empresa de serviços. Objetivos: Identificar as diferenças entre uma empresa de manufaturados e uma empresa de serviços; Compreender como a Gestão da Qualidade pode ser aplicada com foco em interações do cliente e empresa de serviços. Unidade 5: Ferramentas da Qualidade Nesta unidade você irá conhecer um conjunto de ferramentas que são essenciais para a avaliação e análise dos resultados dos processos, tornando-se, portanto, fundamentais para o acompanhamento dos processos. Objetivo: Conhecer um conjunto de ferramentas que são essenciais para a avaliação e análise dos resultados dos processos. Gestão de Qualidade 12 Unidade 6: Sistema de Gestão da Qualidade e Sistema ISO 9000 Nesta unidade vamos conhecer o conjunto de normas emitidas pela ISO para estruturação de um SGQ, o processo de certificação do SGQ, bem como entender os requisitos da Norma ABNT NBR ISO 9001:2008. Objetivos: Analisar as particularidades das normas emitidas pela ISO, para estruturação de um SGQ; Conhecer o processo de certificação do SGQ e os requisitos da Norma ABNT NBR ISO 9001:2008. Unidade 7: Programas Associados à Qualidade Em nossa última unidade teremos a oportunidade de conhecer aspectos gerais de programas implementados pelas organizações, com foco na melhoria de resultados, procurando compreender a correlação entre esses programas e as atividades de Gestão da Qualidade. Objetivos: Compreender os aspectos gerais de programas implementados pelas organizações, com foco na melhoria de resultados; Correlacionar os programas e as atividades de Gestão da Qualidade. Gestão de Qualidade 13 Gestão de Qualidade 14 O Contexto Histórico da Qualidade História e Evolução da Qualidade. Conceitos da Qualidade. Abordagens da Qualidade. Dimensões da Qualidade. 1 Gestão de Qualidade 15 Nesta nossa primeira unidade vamos ter a oportunidade de conhecer o contexto histórico da Qualidade, bem como abordar os diferentes conceitos de Qualidade, entendendo como se estrutura a disciplina por meio de abordagens e dimensões. Objetivos da Unidade: Conhecer o contexto histórico da Qualidade; Compreender os diferentes conceitos de Qualidade; Entender como se estrutura a disciplina por meio de abordagens e dimensões. Plano da Unidade: História e Evolução da Qualidade. Conceitos da Qualidade. Abordagens da Qualidade. Dimensões da Qualidade. Bem-vindo à primeira Unidade. Gestão de Qualidade 16 Caro aluno, sabemos que comparada a outras ciências, a Administração é ainda muito jovem. Desde os primeiros momentos da administração, com a participação efetiva de Taylor na proposta de racionalização do trabalho, pode ser notada a participação da Qualidade no processo administrativo. Vamos então conhecer o contexto histórico e a evolução da Qualidade. História e Evolução da Qualidade De mera atividade de inspeção, a Qualidade experimentou, com o passar do tempo, o acréscimo de teorias e metodologias, culminando com o reconhecimento de sua importância e aplicabilidade, experimentando, por consequência das mudanças mercadológicas, uma trajetória evolucionista. Vamos estudar o contexto histórico da Qualidade, desde os primórdios da função Qualidade até os dias atuais, embasados em estudo de Garvin (1998), visando entender como a Qualidade evoluiu até os dias atuais e conhecer as importantes contribuições de cada momento dessa evolução. Vamos lá? A Era da Inspeção Gestão de Qualidade 17 Vamos refletir! Antes de iniciar a leitura, faça uma reflexão sobre o que seria o ato de inspecionar. O primeiro momento do contexto histórico da Qualidade será denominado de Inspeção. Os primeiros registros da atividade de Qualidade remontam aos séculos XVIII e XIX. Naquela época, toda produção era feita por artesãos que fabricavam os seus produtos de acordo com o desejo pessoal dos clientes, manifestado pelo contato direto entre consumidor e fornecedor. Como o próprio artesão era o responsável pela produção, a atividade de qualidade era também por ele exercida, fazendo com que as dúvidas sobre o produto fossem resolvidas na hora. Considerando que a produção era realizada em pequenas quantidades e de forma artesanal, pode-se dizer que nas atividades de Qualidade imperava a informalidade, pois os artesãos conheciam o seu processo de produção e faziam com que convergissem para eles todas as atividades referentes a projeto, produção e serviços, dos quais se destacavam a inspeção e assistência técnica ao produto. Todavia, com o aumento da demanda daqueles artesãos mais capacitados, e a impossibilidade de atender a todos os pedidos por eles, passaram a contratar empregados para proporcionar atendimento à demanda, aparecendo, portanto, as primeiras organizações. Diante dessa situação, a atividade de inspecionar o produto elaborado pelos demais empregados tornou-se necessária, ocupando espaço de forma gradativa. Porém, os custos com a atividade de verificação de defeitos, por sua vez, fizeram com que os preços dos produtos ficassem mais elevados, de tal forma, a situar-se acima do poder aquisitivo do consumidor médio. Gestão de Qualidade 18 Outro evento teve participação especial nas atividades de inspeção. A produção em massa surge como uma alternativa considerável para resolver a situação criada com o aumento dos custos e, por consequência, com o aumento dos preços ao consumidor. A ideia era que uma produção maior de produtos poderia suprir a demanda do mercado, diminuir os custos e possibilitar um preço mais competitivo para o mercado. Assim, a atividade de inspecionar os produtos tornou-se uma prática necessária para garantir a ausência de defeitos. Ao mesmo tempo, a fabricação de equipamentos militares era intensificada nos Estados Unidos e o exército americano fazia as suas exigências em termos de maior intercambiabilidade de peças a serem montadas em seus equipamentos de guerra. Aparecia aí o famoso "Sistema Americano de Produção", como era denominado pelas suas características inovadoras.Por este sistema exigia-se um Controle de Qualidade bastante rigoroso apoiado numa inspeção rotineira. Foram desenvolvidos gabaritos para posicionar as peças nas máquinas, devidamente ajustados, a fim de melhor cumprir as condições severas de medidas. Mesmo assim, utilizando-se modelos padrões para a fabricação, ainda persistiam os defeitos originados por erros de montagem, matérias-primas não adequadas e ferramentas gastas. Dentro da evolução natural da atividade de inspeção, foram sendo desenvolvidas técnicas mais aprimoradas, resultando na fase de um sistema de inspeção mais adequado aos novos níveis de produção. Naquela época, Taylor cria a figura do Encarregado de Inspeção, em posição equivalente aos demais cargos da operação. Assim, os operários e mestres deveriam atuar de forma a atender às exigências do inspetor. Na década de 20, o americano Radford, em sua obra The Control of Quality in Manufacturing, estabelece a Qualidade como responsabilidade gerencial e assegurava que a Qualidade estava relacionada com a conformidade, com as especificações estabelecidas para o produto. Gestão de Qualidade 19 Como resultado das atividades, configurou-se que a atividade de inspeção se limitava a uma atividade de verificação de defeitos e que o estudo, análise e solução dos problemas não era foco das atividades. A consequência de toda essa situação poderia ser traduzida em questionamento bastante controvertido: a atividade de inspeção, por si só, era capaz de proporcionar a ausência de erros, porém essa atividade implicava em refugar ou retrabalhar os produtos com defeitos. Por outro lado, o aumento dos custos implicava em inadequação da atividade, frente à necessidade de atendimento da realidade do mercado. Porém, um evento marcou o início de uma fase da Qualidade. É que com o surgimento de pesquisas realizadas na empresa americana Bell Telephone Laboratories, tem início uma metodologia que comporta uma mudança na forma de se realizar a Inspeção, que é o Controle Estatístico da Qualidade. Vamos refletir! Após conhecer os fundamentos da Inspeção, você acha que os critérios da Inspeção poderiam ser aplicados em um processo de fabricação de sabonetes? Por quê? Gestão de Qualidade 20 A Era do Controle Estatístico da Qualidade No ano de 1931, o americando W.A. Shewhart publicava uma obra que iria revolucionar o assunto Qualidade e que direcionou, em grande parte, o Controle de Qualidade Moderna. Shewhart trabalhava na Bell Telephone e estava investigando o assunto de Qualidade. Dentre os objetivos de seu estudo figurava a intenção de reduzir as atividades de inspeção individual de produtos. Como resultado de seu estudo, conseguiu elaborar uma definição precisa dos controles praticados na operação, por meio da criação de técnicas de acompanhamento e avaliação da produção. Aparecia aí o Controle Estatístico de Processo, onde o fator de variabilidade na operação foi longamente apreciado por Shewhart, o qual apregoava a não existência de duas peças absolutamente iguais dentro do processo produtivo, embora fabricadas dentro das mesmas condições. Gestão de Qualidade 21 Passou-se, então, a aceitar as variações e extinguir nas mesmas aqueles limites que passariam a ser considerados como problemas. A partir daí, convencionou-se que o processo estaria sob controle sempre que a análise de amostras retiradas da produção se mantivesse dentro de um intervalo caracterizado por um limite inferior e superior de aceitação das medidas. Segundo o próprio Shewart (1931), “dir-se-á que um fenômeno está sob controle quando, recorrendo-se à experiência passada, se puder prever, pelo menos dentro de certos limites, como o fenômeno deve variar no futuro. Entende-se, aqui, que previsão significa que se possa determinar, pelo menos aproximadamente, a probabilidade de que o fenômeno observado fique dentro de determinados limites”. Como ferramenta de análise adotou-se o gráfico do Controle Estatístico de Processo, onde estariam sendo visualizadas as causas anormais (que podem ser atribuídas a um determinado fator) de variação de medidas, daquelas inerentes a um processo de produção. Veja um exemplo de um gráfico de controle no quadro 01, adiante, demonstrando uma análise hipotética, com uma medida média de 10 cm, um limite superior de 12 cm e limite inferior de 08 cm, com registros coletados em determinado período de análise. Nele, é possível identificar as medidas que estão entre os intervalos de normalidade e aqueles que apresentam anormalidades. Gestão de Qualidade 22 Enquanto isso, outros pesquisadores faziam progresso nas práticas de amostragens, fundamentais ao processo de desenvolvimento estatístico que passaram a ser utilizados largamente, em substituição à prática da inspeção individual. Gráfico de controle de processo. A inspeção em 100% do lote, adotada no início da atividade, demonstrou ser deficiente para separar os produtos considerados bons para aqueles considerados como maus. Assim, uma alternativa que se apresentava era a verificação de um pequeno número de produtos e, depois, com o resultado dessa verificação, decidir pela aceitação ou não de todo o lote de produção. As consequências de se adotar um lote de produtos, no qual uma pequena quantidade de produtos apresentasse ausência de defeitos, poderiam ser relacionadas com a aceitação de um lote com produtos que possuíssem defeitos. Por isso, mais adiante, criou-se a metodologia de se utilizar tabelas estatísticas de amostragens, sendo que por meio delas iria ser inspecionado apenas um pequeno lote do total produzido, e sua aceitação ou não seria função do número de materiais defeituosos encontrados no lote. Gestão de Qualidade 23 É indiscutível que a aplicação desses conceitos melhorou em muito a qualidade e os custos com a atividade tiveram redução considerável, diminuindo tempo de verificação e desperdícios. Um evento, entretanto, foi marcante para maior aceitação do controle estatístico da Qualidade. Com a Segunda Guerra Mundial havia a necessidade de aumentar a produção de armamento através da pulverização da atividade por vários fornecedores e, com isto, a necessidade de padrões foi mais exigida para que os níveis de qualidade fossem mais aceitáveis. Veja que agora aquele gargalo que a Inspeção proporcionou foi eliminado, pois houve a redução do número de inspetores e a consequente redução dos custos com a fabricação dos produtos. A Qualidade passa, então, de atividade de simples verificação de defeitos para uma atividade científica. Passou-se a incentivar-se o treinamento do pessoal na área de Controle de Qualidade e vários outros segmentos da indústria passaram a disseminar as novas técnicas. Ou seja, o controle da Qualidade começa a ser efetuado por um número maior de empresas que viam nele uma excelente alternativa para garantir produtos melhores e otimizar o processo de produção. Assim, em 1940 o Controle de Qualidade estava estabelecido como disciplina reconhecida, com métodos estatísticos dirigidos à fabricação, com divulgação e estudos em Universidades, tornando-se mais acessível à comunidade industrial. Essa situação assim permaneceu, até que na década de 60 surgia a Era da Garantia da Qualidade. E agora, na sua avaliação, como o controle estatístico da Qualidade poderia ajudar a Gestão da Qualidade nas empresas hoje? Gestão de Qualidade 24 Era da Garantia de Qualidade Ao comprar um produto, qual é a importância que você atribui à garantia dele? Tudo na vida tem condições de evoluir, não é mesmo? Então, imagine o que aconteceu com o mercado com o pós-Segunda Guerra Mundial! Pronto? Pois é, como consequência dos estudos de fabricação de armamentos durante a Segunda Guerra surgiu inúmeras tecnologias queiriam mudar completamente o ambiente mercadológico e o processo produtivo. Afinal, os países precisavam retomar o crescimento, tão ameaçado pela guerra. Assim, a Qualidade não poderia ficar estagnada. Era preciso acompanhar as necessidades do mercado! Dessa forma, a Qualidade ganhou novas metodologias e novas orientações. A expansão da Qualidade passava dos aspectos fabris, simplesmente, para implicações mais amplas com outras formas de gerenciamento, ou seja, as técnicas estatísticas eram e são necessárias na Qualidade, porém, enxergou-se a necessidade de se utilizar a Qualidade também com enfoque de gerenciamento. Gestão de Qualidade 25 Veja só o que motivou uma nova Era da Qualidade: A atividade de Serviços também já demonstrava preocupações com os aspectos de melhor A estatística não constituía mais a única ferramenta para gerenciar a Qualidade. Os custos assumiam uma posição de destaque e comandavam toda uma ação sobre os asp Então, começaram a surgir importantes contribuições visando à melhoria da Qualidade. Adiante, vamos dar destaque a três momentos especiais da Garantia da Qualidade. Qualidade Total Essa contribuição veio do Japão, que experimentava uma fase muito interessante de seu processo industrial. O Japão passava por uma reestruturação de sua indústria, logo após a Segunda Guerra, e precisava buscar novas metodologias para ganhar credibilidade no mercado e mudar sua imagem de fabricante de produtos de baixa qualidade. A participação de importantes nomes da Qualidade Americana contribuiu fortemente para que os japoneses se tornassem referenciais na prática da Qualidade. Uma constatação muito importante para o Controle da Qualidade diz respeito ao entendimento de que a organização é formada por um conjunto de áreas e que todas elas precisam trabalhar em conjunto para que o resultado final seja o melhor possível. Tomando-se, por exemplo, o caso de uma indústria, encontramos a área de Marketing, Engenharia, Logística, compras, produção, pós-venda etc. A novidade que o conceito de Qualidade Total trouxe é que todas essas áreas deveriam trabalhar em conjunto, para que o produto final não dependesse de inspeção para ter a qualidade especificada no projeto. Dessa forma, o Marketing seria o encarregado de identificar no mercado as necessidades do cliente e repassá-las para os engenheiros que, por sua vez, deveriam elaborar projetos que Gestão de Qualidade 26 atendessem aos requisitos estabelecidos pelos clientes. Da mesma forma, as áreas de logística e engenharia deveriam disponibilizar seus recursos para que a área de produção pudesse realizar a fabricação do produto, dentro daquilo que esperavam os clientes e das especificações do projeto. Concluindo, o princípio da Qualidade Total propôs e defendeu a ideia de que "para se conseguir uma verdadeira eficácia, o controle precisa começar na fase de projeto e ir até o momento em que o produto esteja nas mãos do cliente". Veja que esse conceito mudou radicalmente a forma de controlar a Qualidade de produtos e serviços, mudando de inspeção para a prevenção de ocorrência de defeitos ou inconformidades. Vamos refletir! Se considerarmos uma área de vendas e uma área de contas a receber em uma empresa de ferramentas, qual o risco correria a empresa, caso essas áreas não trabalhassem integradas? Programa Zero Defeito O que você acha a respeito da proposta de um programa com essa finalidade? Seria possível atingir o zero defeito em um processo de fabricação? Difícil, não é mesmo? Porém, não foi impossível! Dentro dessa maneira de realizar o controle da qualidade, o americano Phillip Crosby identificou que seria preciso trabalhar a mudança de comportamento e postura dos funcionários envolvidos no processo de produção. Não era suficiente melhorar os processos, era preciso que os colaboradores se envolvessem nessa melhoria! Com esse raciocínio, o programa Zero Defeito buscava atingir o objetivo de “fazer certo da primeira vez”, reconhecidamente como um os maiores objetivos da Qualidade. Gestão de Qualidade 27 Crosby identificou que três causas estavam relacionadas com as dificuldades do processo de fabricação e que provocavam os defeitos ou retrabalhos: falta de conhecimento, falta de instalações adequadas e falta de atenção dos operários. Chegou à conclusão de que esta última era a mais importante e a que se dava menos importância. Assim, o Zero Defeito surgiu como um programa filosófico, visando promover uma vontade consciente e constante de fazer certo da primeira vez. Dessa forma, o programa deveria enfatizar que os empregados seriam parte integrante do processo, com realização de treinamentos, eventos especiais, divulgação de resultados relacionados com a qualidade do estabelecimento de metas e do feedback pessoal. O resultado é que houve melhoria substancial na realização das atividades, eliminando defeitos e atingindo o cumprimento de prazos. Dessa forma, o Zero Defeito deixou importante contribuição para a Gestão da Qualidade, ao enfatizar a necessidade de envolvimento das pessoas para a busca dos resultados organizacionais. Custos da Qualidade Outro aspecto muito discutido na Era da Garantia da Qualidade dizia respeito aos aspectos econômicos da Qualidade. Afinal, naquela começava a ser evidente a preocupação das empresas com a gestão de custos e o estudo de seus impactos nos resultados das organizações. A pergunta que se fazia na época (e que poderia muito bem ser repetida continuamente hoje em dia) era: quanto custava fazer Qualidade? A resposta é que os custos com a qualidade se tornam menores à medida que a qualidade é melhorada. Ou seja, o custo da não qualidade (erros, defeitos, retrabalhos etc.) é maior do que o custo com o impedimento de sua ocorrência. Joseph Juran, outro teórico americano, foi o estudioso que primeiro se preocupou com o assunto, classificando os custos em evitáveis, aqueles que são relacionados com perdas internas e externas; e inevitáveis, relacionados com a prevenção e controle, durante o processo operacional. Gestão de Qualidade 28 Aqui, para melhor entendimento, você poderia fazer uma correlação com sua pessoal. No seu dia a dia você tem diversos custos, alguns são essenciais para sua sobrevivência e qualidade de vida – estes custos são inevitáveis, porém você possui outros custos que podem ser eliminados ou reduzidos – estes são os custos evitáveis, em que você pode eliminá-los ou reduzi-los sem afetar sua sobrevivência ou qualidade de vida. Juran insistiu que a gestão dos custos poderia proporcionar grandes ganhos para a empresa, pois ela é que deveria estabelecer a melhor maneira de decidir sobre custos e quanto deveria ser investido na melhoria da qualidade. Além dessas inovações, a Garantia da Qualidade apresentou ao mercado outra novidade, que foi a criação da função de Engenharia de Controle de Qualidade. Como consequência, aparecia a Engenharia de Confiabilidade, garantindo o desempenho aceitável do produto ao longo do tempo, especialmente na época, referenciado com os componentes e sistemas militares. O maior objetivo da Engenharia da Confiabilidade passa a ser melhorar a confiabilidade do produto e reduzir a taxa de falhas. Pronto! A Qualidade atingiu um nível de satisfação que não precisa mais evoluir. Certo? Errado, não é mesmo? Ora, o mercado evolui constantemente e se a Qualidade não acompanhasse, essa evolução poderia ter sido inviabilizada. A Era da Garantia da Qualidade foi muito rica em contribuições, não é mesmo? Na sua avaliação, qual a contribuição mais valiosa para as empresas hoje em dia? Vamos conhecer a última Era da Qualidade. Gestão de Qualidade 29 Era da Gestão Estratégica da Qualidade Primeiro, indagamos: o que é estratégia ou o que é estratégico? Recordando, já sabemosque a estrutura das organizações possui três níveis: - O nível estratégico, de onde partem a missão, valores, visão, diretrizes e objetivos macro para a organização; - O nível tático, que é o encarregado de elaborar táticas capazes de transformar os objetivos estratégicos em realidade para a organização; - O nível operacional, que é onde são realizadas as atividades fins de uma empresa, e os objetivos táticos são realizados através de ações operacionais. Pois bem, então podemos afirmar que o nível estratégico da organização apresenta os rumos, as diretrizes e os objetivos estratégicos, e que esses objetivos devem direcionar todas as demais atividades da organização. Assim, a atividade de recursos humanos deve realizar atividades que visem esses objetivos, da mesma forma que a área financeira, de marketing, de produção... Então, agora que sabemos o que é uma estratégia ou o que são objetivos estratégicos da organização, poderemos conhecer um pouco mais da Era da Gestão Estratégica da Qualidade. Gestão de Qualidade 30 Vamos a ela? Na década de 80, o mercado sofre uma nova reviravolta, com o advento da globalização, o acirramento da competição e a necessidade de aumento da produtividade e competitividade das organizações. E isso faz com que a Qualidade também sofra um aprimoramento para poder continuar auxiliando a gestão na obtenção de melhores resultados. Os pilares da Garantia da Qualidade continuaram inabaláveis por duas décadas, porém os novos acontecimentos começaram a provocar inquietações nos níveis mais elevados das organizações, gerando agora um novo tipo de preocupação com a Qualidade, dentro de uma visão mais ampla, dirigida ao processo de Planejamento Estratégico da Empresa e a necessidade de maior agressividade na concorrência. O principal motivo de preocupação dos americanos dizia respeito ao avanço dos fabricantes japoneses no mercado mundial, especialmente no EUA. Os produtos japoneses tais como pneus, TV em cores, chips e, especialmente, os veículos automotores, superavam os produtos americanos, pois se mostravam com qualidade superior, evidenciando dimensões da qualidade, tais como desempenho, estética e confiabilidade. Outro aspecto relevante era o processo produtivo, em que os asiáticos tinham grande superioridade sobre os norte- americanos. Dessa forma, o impacto dessas forças externas conseguiu sensibilizar a alta gerência das empresas para a Qualidade dos produtos que, dentro desta nova situação, deveria ser redefinida, dentro de uma visão mais ampla ao mundo exterior das organizações, focando especialmente o cliente, que seria a razão de ser das empresas. Como ações iniciais, as empresas foram incentivadas a procederem a uma cuidadosa definição das necessidades dos usuários, através de pesquisas de mercado, análise dos produtos dos concorrentes, estudo do ciclo de vida dos produtos e reclamações dos clientes. Gestão de Qualidade 31 Outro fator observado nesse período é que os ganhos de Qualidade também estavam associados aos ganhos de participação no mercado. A Qualidade passou a ser uma poderosa arma na concorrência, sendo que a melhora contínua passaria a ser um objetivo fundamental, com programas abrangentes de compromisso de toda organização para assuntos referentes à Qualidade. Para que essas mudanças pudessem ser promovidas, exigia-se uma mudança de comportamento em todos os níveis da organização e as pessoas deveriam ser preparadas para vivenciar essa nova situação. Como providência imediata, surgiu, então, a necessidade de educação e treinamento de todos os envolvidos, de uma forma aprimorada e dirigida aos novos rumos que a organização se propunha a seguir, dentro desta nova Era que se iniciava. Portanto, as atividades de Qualidade passaram a ser incluídas no Planejamento Estratégico das Empresas, apresentando metas específicas para a melhoria da Qualidade, sem perder, no entanto, o conteúdo oriundo dos movimentos que precederam a esta Era. Veja bem que o Controle Estatístico de Processo continuou a ser um instrumento importante, principalmente com a aplicação do CEP – Controle Estatístico de Processo. A gestão dos processos, a integração das áreas, o acompanhamento da produção e medições continuaram a ser aplicadas, o que nos permite afirmar que a Gestão Estratégica da Qualidade é mais uma extensão das suas antecessoras do que uma negação delas, porém num aspecto muito mais amplo. Atualmente, podemos afirmar que não existe um único modelo de Gestão Estratégica da Qualidade, pois as empresas têm necessidades diferentes que exigem atenções também diversas e, lógico, o que é aplicável a uma empresa poderá não ser indicado à outra. Nesta última Era, vimos que a Qualidade assume caráter estratégico nas organizações. O que isso significa na prática? Se você não conseguiu responder, sugiro que releia o tópico e tente novamente. Gestão de Qualidade 32 Importante Para conhecer os Principais teóricos da Qualidade vá ao “material de apoio” e conheça as contribuições de cada personagem maiúsculo da Gestão da Qualidade. Após ter conhecido os principais teóricos da Qualidade, reflita sobre a grande contribuição para o Processo! Relacione as contribuições mais importantes para a Qualidade atualmente e compartilhe com seus colegas e tutor. Vamos, adiante, estudar os Conceitos de Qualidade. Conceitos de Qualidade O que é a Qualidade? Uma das maiores dificuldades no curso de Gestão da Qualidade reside no entendimento do que é a Qualidade. Afinal, o termo qualidade é muito amplo e pode representar diversos entendimentos. Vejamos alguns significados de qualidade, corriqueiros no mercado, que poderiam contextualizar o conceito básico da qualidade: Gestão de Qualidade 33 Ausência de Defeitos Um produto que não apresenta defeitos pode perfeitamente ser conceituado como um produto de qualidade. Produto com uma Boa Estética ou Design Moderno A estética ou design é o que primeiro atrai um consumidor para a compra de um produto. Ter um produto moderno, arrojado, pode ser sinônimo de qualidade. Reputação A imagem que um produto ou marca tem no mercado pode ser traduzida em qualidade na mente do consumidor. Durabilidade do Produto Um produto durável é consequência de um bom projeto, boas matérias-primas e um processo de fabricação confiável. Segurança na Prestação de Serviços Hoje não é suficiente ter um bom produto. É preciso ter agregado a ele uma prestação de serviços eficiente, caso o cliente precise. E isso pode representar uma imagem de qualidade. Garantia de Utilização Sem Falhas A garantia é um compromisso da qualidade do produto com a utilização sem falhas, por determinado período. Garantia se traduz em respeito ao consumidor. Perfeito Sem Falhas. Diz-se que um produto é perfeito quando ele consegue atender a todas as necessidades e desejos do consumidor. Então, é muito comum o consumidor atribuir um bom conceito de qualidade a um produto, considerando-se as características mais visíveis desse produto. Exemplificando: se o cliente compra determinado eletrodoméstico de uma marca conceituada no mercado, diz-se que esse produto tem qualidade, afinal o status de bom produto que a marca conseguiu ao longo de sua existência, traduz-se em qualidade; da mesma forma, pode-se entender que uma garantia estendida, deve significar boa qualidade; ou ainda, a segurança, zelo e compromisso demonstrados por um prestador de serviços, seja em uma consulta médica, um reparo em computador, e assim por diante. Gestão de Qualidade 34 Mais recentemente, com uma maior conscientização do consumidor, especialmente quanto à necessidade de valorizar as empresas que produzem sem agredir o meio ambiente e que possuem uma política de responsabilidadeempresarial, a qualidade também tem sido entendida como resultado dessas práticas. Outro ponto importante a ser abordado é quanto ao preço. Em muitas situações, é comum convencionar que a qualidade está intrinsecamente relacionada com o preço de um produto. Assim, pode-se entender que para que um produto tenha qualidade ele necessariamente precisará ter um preço mais alto. Porém, não seria razoável entender que os produtos e serviços possuem faixa de mercado e, por consequência, atendem a um determinado público-alvo? Nesse caso, para aquele público-alvo e dentro da sua faixa de atuação, ele poderia perfeitamente possuir os atributos de outro produto, com outra faixa de mercado, preços etc. Então, sob esse contexto, a qualidade também é possível para produtos que, não necessariamente, possuam preço elevado. E você, o que pensa a respeito? Já seria possível estabelecer o seu conceito de Qualidade? Vamos tentar? Você conseguiu? Ótimo! Se não, recomendo reler os tópicos anteriores e tentar novamente. Você verá que é fácil! Pois bem, vamos em frente! O que se percebe é qualquer que seja o conceito sobre qualidade elaborado pelo consumidor, ele abrange basicamente aquilo que ele vê, manuseia, sente e estabelece como valioso ao redor de um produto. Afinal, esse conceito de qualidade abrange o que chamamos de abordagem do usuário, que será tratada mais adiante. E, então, adentramos a uma segunda pergunta: como gerar a Qualidade nas empresas, para o que o cliente possa avaliar seus produtos ou serviços como sendo de qualidade? Gestão de Qualidade 35 Antes, porém, precisamos entender que o senso comum sobre qualidade está correto, porém, na visão da gestão da empresa, é preciso um pouco mais. É preciso entender que a resposta a essa pergunta deve, necessariamente, conjugar a percepção do cliente a respeito da qualidade com as ações que deverão ser desenvolvidas pelas empresas para atendimento das necessidades e expectativas do mercado. Assim, aliando o entendimento do consumidor acerca da qualidade com os elementos que constituem a parte da gestão, parece imprescindível conhecer o que pensam alguns dos mais conceituados estudiosos da Qualidade a respeito do assunto. Para eles, a Qualidade é: “adequação à finalidade ou uso” (Juran). “a qualidade deve ter como objetivo as necessidades do usuário, presentes e futuras” (Deming). “conformidade com as exigências” (Crosby). “qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos...” “o total das características de um produto ou serviço referentes a marketing, engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em uso atenderá às expectativas do cliente” (Feigenbaun). Então, da contribuição dos autores acima citados, tem-se que a Qualidade é atividade de gestão que implica necessariamente no atendimento das necessidades (exigências) dos clientes. Podemos concluir, portanto, que a Gestão da Qualidade é a construção de um processo que tenha por finalidade criar condições de atendimento às necessidades dos clientes, envolvendo aquilo que eles atribuem como sendo de valor em um produto ou serviço. Ou seja, a prática da Qualidade envolverá o desenvolvimento de um conjunto de dimensões ou características dos produtos, ou, pelo menos, aquelas dimensões que são mais evidentes e necessárias no produto. Gestão de Qualidade 36 Abordagens da Qualidade Segundo Garvin (1992), as abordagens da qualidade servem para ampliar a definição de Qualidade. Elas evidenciam o aspecto dinâmico do termo qualidade e mostram que o conceito muda conforme o contexto de quem o elabora. Dessa forma, estudiosos de áreas distintas como Filosofia, Economia, Marketing e Engenharia analisam a qualidade com perspectivas que competem entre si, com esquemas de análises diferentes, terminologias próprias e ao mesmo tempo, com alguns temas comuns. As diferentes formas de conceituar a Qualidade representam cinco diferentes posicionamentos a respeito do assunto. Vamos conhecê-las? A primeira abordagem é transcendental. Nessa visão, a qualidade é sinônima de perfeição, tida como algo absoluto, ausente de defeitos e com alto valor agregado do produto. Nesse caso, tem-se que a Qualidade está intrinsecamente envolta com o respeito adquirido pela marca do produto ou serviço no mercado. Às vezes, o aspecto transcendental do conceito de Qualidade pode equiparar o produto a uma obra artesanal, implicando em discordância da produção em massa. Em razão das dificuldades de se tornar essa abordagem prática, mensurável, os seus adeptos pregam que a qualidade não é mensurável em razão de ser percebida pela simples razão de que o próprio produto ou marca são sinônimos de qualidade. A segunda abordagem é a baseada no produto. Diferentemente da abordagem transcendental, nesta abordagem a qualidade está relacionada com características perceptíveis no produto. A Qualidade é vista como uma variável que pode ser medida. Neste contexto, as definições de Qualidade estabelecem que a valorização de ingredientes ou atributos perceptíveis em determinado produto provocará diferença de qualidade. Dessa forma, um produto pode ser definido como de qualidade quando consegue atender a uma ou mais exigências do cliente. Gestão de Qualidade 37 Vejamos que, se um cliente deseja comprar um veículo para praticar esportes em estradas ou um rali, por exemplo, ele certamente estará atribuindo uma exigência desse mesmo produto relacionada com segurança, robustez, operacionalidade, enfim, diferentemente de outro consumidor que deseja adquirir um veículo para atividades urbanas, e que por isso mesmo pode definir como atributos do produto aspectos relacionados com economia, fácil direção, tamanho e conforto. O mesmo raciocínio pode ser dispensado para um produto de baixo valor agregado, mas que também pode ser definido como de boa ou má qualidade pela existência ou não de atributos estabelecidos pelo consumidor. É o caso, de um sabonete que, além do ingrediente eficiência na higiene pessoal, poderá trazer em uma composição um aroma diferenciado, por exemplo. Em todas essas situações, pode-se entender que a qualidade do produto pode ser classificada pela quantidade dos atributos desejados pelo cliente e presentes no produto. A terceira é a abordagem baseada no usuário do produto ou serviço. Esta visão também é bastante subjetiva, pois se fundamenta no princípio de que um produto com qualidade é aquele que melhor atende aos desejos ou às necessidades do consumidor. Isto quer dizer que um produto possui maior qualidade à medida que está atendendo às necessidades do público-alvo. Nas palavras de Garvin (1992), nesta abordagem a qualidade “está diante dos olhos de quem observa”. Perceba que na concepção de qualidade sob a visão do cliente, na prática, um produto de qualidade é aquele que satisfaz as suas necessidades. Quanto mais satisfação, teoricamente o produto apresenta mais qualidade. Então, se um produto tem a capacidade de atender às necessidades do cliente, de forma total, para esse cliente ele será preferível a outro, independente se o outro apresenta mais atributos ou ingredientes que possam qualificá-lo como melhor. Pode-se exemplificar que um consumidor de roupas esportivas pode preferir uma marca que atenda as suas necessidades relacionadas com estética e status, ao invés de uma marca que comercialize roupas com atributos relacionados com durabilidade, que pode caracterizá-las como produtos de maior qualidade. Gestão de Qualidade 38 A quarta abordagem está baseada na produção. Enquanto a abordagem anterior está intimamente comprometida com a preferência do consumidor, esta tem a visão da qualidade relacionada com a engenharia e o processo de produção. Aqui, a importância da qualidade diz respeito à conformidade com as especificaçõesdos produtos. A qualidade é conceituada e entendida como uma metodologia disponibilizada para as organizações, visando fazer certo da primeira vez. Assim, a qualidade deve ser capaz de auxiliar a empresa na redução ou eliminação de desperdícios, refugos e retrabalhos. Por essa visão, muito embora se reconheça a importância da abordagem do usuário do produto, o enfoque da qualidade é interno. Pois, quanto mais próximo das especificações estiver o produto, com certeza mais satisfação ele proporcionará ao usuário. A abordagem da produção tem importância destacada, uma vez que a melhoria do processo produtivo leva a menores custos com desperdícios, retrabalhos e refugos, proporcionando, inclusive, produtividade e competitividade para as organizações. Por fim, a abordagem baseada no valor. Inicialmente, é preciso estabelecer que um produto de qualidade é aquele que oferece um desempenho ou satisfação a um preço aceitável. Também, esse mesmo produto precisa ter um custo aceitável. Depois, é preciso entender que, por preço, temos a definição de um valor monetário alocado a um produto ou a um serviço. Normalmente, o preço é estipulado em função dos custos e margem de lucro que se pretenda obter no mercado. Em um mercado em que o preço pode se tornar um diferencial na hora do consumidor adquirir um produto ou serviço, é muito importante que a qualidade esteja também cada vez mais relacionada com o preço. Gestão de Qualidade 39 Pela abordagem de valor, um produto precisa, além dos ingredientes que o diferencia dos demais, apresentar um preço que seja compatível com a expectativa do consumidor. Ou seja, o consumidor pode preferir um determinado produto ou serviço pelos seus atributos, porém, estará limitado pelo que se denomina de preço psicológico, o que o impede de ter acesso a ele. Raciocínio similar pode ser observado no processo produtivo. Um alto custo certamente implicará em alto preço do produto no mercado e, assim, embora o produto seja perfeito do ponto de vista de confecção, o preço de venda o tornaria um produto com poucos compradores. A exceção, evidentemente, fica por conta dos produtos com excelência e alto valor agregado. Nesse caso, tem-se uma situação subjetiva, pois o valor supera o alto preço, prevalecendo a visão da qualidade em termos de valor: utilidade, status, afetividade etc. Concluindo, a coexistência dessas diferentes abordagens pode ocasionar conflitos sobre qualidade dentro das organizações. Na área de Marketing, por exemplo, prevalecem as abordagens baseadas nos produtos e/ou no usuário, enquanto que na área de Produção ocorre o enfoque baseado no processo produtivo. Para Garvin (1998), a solução dos conflitos passa necessariamente pela aplicação dos preceitos de cada abordagem em momentos específicos: as características que definem a qualidade de um produto devem ser inicialmente identificadas através de uma pesquisa de mercado (abordagem baseada no usuário). As características devem, então, ser traduzidas em atributos identificáveis de produto (qualidade baseada no produto), e o processo produtivo pode então ser organizado, assegurando que os produtos estão seguindo essas especificações (abordagem baseada na fabricação). Além das abordagens da Qualidade estudadas até o momento, e considerando as características do mercado atualmente, principalmente no que diz respeito à consciência do consumidor, você poderia propor uma nova abordagem da Qualidade que fosse decisiva para o consumidor na hora de adquirir um produto ou serviço? Gestão de Qualidade 40 Agora, que já discutimos sobre as Abordagens da Qualidade, vamos conhecer um pouco sobre as dimensões da qualidade. Dimensões da Qualidade Conforme vimos em conceituações da qualidade, é muito comum ocorrer a diferenciação de pensamentos sobre o conceito de qualidade quando especialistas em Marketing, Engenharia e produção abordam o assunto. O objetivo de se estudar as dimensões da qualidade pode ser resumido na necessidade de se promover o desmembramento do conceito da qualidade em características de produtos, serviços e processos, bem como correlacioná-las com as abordagens ou conceitos da qualidade. Gestão de Qualidade 41 Conhecendo-se as dimensões da qualidade, o entendimento das abordagens da qualidade se mostra mais fácil. Podemos observar que a abordagem baseada no produto preocupa-se com o desempenho, características e a durabilidade do produto; a abordagem baseada no usuário está voltada para a estética e a qualidade percebida; e o enfoque baseado na produção busca a conformidade e a confiabilidade. Assim, uma vez que o conceito de cada abordagem seja bem entendido e cada dimensão seja considerada separadamente, ficará claro o porquê dos conflitos. Então, para melhor compreensão, é preciso entender que a qualidade pode apresentar facetas diferentes que podem produzir uma avaliação positiva dos produtos e serviços, bem como proporcionar à organização melhores resultados. Observando a contribuição de Garvin (1992), as dimensões da qualidade podem ser encontradas em oito situações distintas: a) Desempenho – Esta dimensão está relacionada com a função básica ou operacional do produto. Pode estar relacionada com a potência de um motor de um veículo, com a imagem de um televisor, com a capacidade de comunicação móvel de um telefone celular, onde se pode medir a efetividade do ingrediente básico do produto. Assim, quando a organização espera obter alto desempenho de seus produtos, deve priorizar a elaboração do seu projeto, além de definir boa capacidade das áreas de engenharia e de projetos. b) Características – Enquanto o desempenho trata da função básica do produto, a dimensão características diz respeito aos “adereços”, funções secundárias, que são incorporados à função básica do produto. Dada a exigência do consumidor atualmente, pode-se dizer que essa dimensão muito se aproxima da dimensão desempenho, uma vez que o mercado exige que os produtos apresentem diferenciação. E essa diferenciação pode estar caracterizada naquilo que se acresce ao produto ou serviço, sem perder o foco na característica básica. Naturalmente, a área de Marketing deve ser muito exigida para identificar os desejos e necessidades do consumidor. Gestão de Qualidade 42 c) Confiabilidade – Pode ser traduzida como a possibilidade de um determinado produto ou serviço funcionar por um tempo sem falhas, quando em uso. Dessa forma, a confiabilidade acaba por se tornar uma importante dimensão da qualidade a ser trabalhada pela empresa, visando criar identificação com o consumidor de seus produtos. Naturalmente, a confiabilidade pode ser visualizada na expressão da garantia dos produtos. A organização deve, então, aperfeiçoar o projeto e área de produção para proporcionar confiança no funcionamento de seus produtos. Inclusive, essa dimensão por ser correlacionada com a abordagem de produto por possuírem atributos mensuráveis. d) Conformidade – Essa dimensão da qualidade tem caráter interno, porém com foco no cliente externo. Explicando, tem-se que a conformidade é a observância às especificações do projeto e, assim, quanto mais próximo das especificações estiver o produto, mais possibilidades de satisfação do consumidor estarão garantidas. Também nessa dimensão há a relação direta com a abordagem do produto, em virtude da possibilidade de medição e acompanhamento das variáveis de fabricação do produto. Nesse caso, a organização deve especificar rigoroso cumprimento das especificações na produção, bem como precisão na montagem dos produtos. e) Durabilidade – Está relacionada com a medida de vida útil de um produto. Aqui, vemos que a durabilidade pode ser entendida como o uso proporcionado por um produto até que ele se deteriore totalmente fisicamente, ou ainda, ouso que se consegue antes que ele se quebre e a substituição considerar- se preferível a reparos. Em ambas as situações, encontram-se atributos mensuráveis do produto e a relação com a abordagem de produto, sendo necessária para a organização o uso de componentes mais duráveis, para que a qualidade do produto possa ser avaliada pelo consumidor. Gestão de Qualidade 43 f) Atendimento – É certo que não basta ter o melhor produto. É preciso criar condições e alternativas para que o consumidor desse produto consiga relacionar-se com a organização quando precisar. Essa dimensão envolve a capacitação da organização para prestar um atendimento eficaz, seguro, rápido e cortês, quando o consumidor assim exigir. Assim, a percepção do cliente acerca do atendimento prestado influencia diretamente na qualidade dos produtos e serviços da organização. Nesta dimensão, algumas variáveis podem ser medidas objetivamente, como o número de reclamações dos consumidores, porém outras variáveis são subjetivas e refletem um padrão pessoal do avaliador quanto, por exemplo, ao serviço prestado. Como o consumidor espera ser atendido na hora certa e ter a informação certa e segura sobre suas dúvidas ou problemas, a organização deve disponibilizar uma sólida área de serviços ao consumidor e ativos representantes de campo. g) Estética – Trata-se de dimensão da qualidade altamente subjetiva, porém de relevada importância para a qualidade de produtos. Refere-se à aparência de um produto, seu som, sabor, relacionamento, e isso evidentemente envolve questões de julgamento pessoal. Novamente, a área de Marketing assume posição destacada para o atingimento dessa dimensão, pois é uma área de Marketing bem estruturada que terá condições de analisar as tendências de mercado e criar elementos para satisfazer as necessidades dos consumidores. h) Qualidade Percebida – Outra dimensão com características subjetivas. A Qualidade Percebida tem relação direta com a reputação que a marca ou produto adquire no mercado. Como o consumidor avalia a qualidade da organização pelos atributos presentes no produto e nos aspectos relacionados com a dimensão atendimento, o desenvolvimento das dimensões provoca nele uma percepção positiva da empresa, atingindo até mesmo a abordagem transcendental, caracterizada pela qualidade superior de seus produtos ou serviços. Gestão de Qualidade 44 Leitura complementar: GARVIN, David A. Gerenciando a Qualidade. A visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998. PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da Qualidade. Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2000. Conhecendo as dimensões da Qualidade e sua importância para a gestão da organização com foco na Qualidade, como você avaliaria os riscos em considerá-las isoladamente? Nesta unidade você pôde conhecer um pouco da história da Qualidade, seus fundamentos, abordagens e dimensões, que serão essenciais para o estudo dos tópicos seguintes, uma vez que esta unidade teve o propósito de estabelecer uma base para as unidades seguintes. Na próxima, estudaremos a Qualidade e a Dinâmica do Mercado. É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino- aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Gestão de Qualidade 45 Gestão de Qualidade 46 Exercícios – Unidade 1 1 – Correlacione as colunas sobre as contribuições dos estudiosos para a Gestão da Qualidade e marque a alternativa correta: COLUNA I COLUNA II (1) Kaoru Ishikawa (2) Joseph Juran (3) Phillipy Crosby (4) W.E. Deming (5) Armand Feigenbaun ( ) Zero defeito. ( ) Ferramentas da qualidade. ( ) Estrutura da qualidade. ( ) Controle da qualidade total. ( ) Ciclo PDCA. a) 1,2,5,3,4. b) 3,1,2,5,4. c) 1,2,3,5,4. d) 3,1,5,2,4. e) 2,1,3,5,4. 2 - Acerca das dimensões da Qualidade Total que afetam a satisfação e as necessidades das pessoas e por consequência a sobrevivência das empresas, escolha a alternativa que apresenta cinco dimensões corretas, segundo Garvani (1992). a) Atendimento, conformidade, durabilidade, estética e desempenho. b) Estética, durabilidade, clientes, qualidade e segurança. c) Atendimento, qualidade, satisfação, segurança e localização. d) Durabilidade, atendimento, preços, segurança e qualidade. e) Atendimento, durabilidade, diversidade, satisfação e clientes. Gestão de Qualidade 47 3 - Um importante trabalho elaborado por JURAN e que colaborou para o entendimento de uma nova visão da Qualidade Total diz respeito ao estudo dos CUSTOS DA QUALIDADE. Sobre o assunto é CORRETO afirmar: a) O estudo mostra que só se justifica aumentar investimentos nos custos inevitáveis se os custos evitáveis forem elevados. b) A qualidade é muito importante; não importa se os custos são evitáveis ou inevitáveis. c) JURAN chegou à conclusão de que custos evitáveis e inevitáveis não guardam relação para se obter qualidade. d) Por custos inevitáveis têm-se aqueles relacionados à insatisfação dos consumidores. e) Por custos evitáveis têm-se aqueles relacionados, por exemplo, ao controle da qualidade. 4 – Pode-se afirmar que a adoção da gestão da qualidade proporciona às organizações reflexos diretos sobre a administração da mesma. Das afirmativas abaixo, aponte a que é falsa. a) A gestão da qualidade proporciona redução da perda de clientes provocada por defeitos e/ou descaso na elaboração dos produtos. b) A gestão da qualidade credencia a organização junto à sociedade. c) Com a implementação da qualidade há a diminuição dos custos associados ao retrabalho. d) Um dos resultados percebidos é o aumento da satisfação dos clientes. e) É constatada uma melhoria imediata dos processos e nos resultados operacionais da empresa. Gestão de Qualidade 48 5 - Promova a correlação entre as colunas e escolha a alternativa correta: Coluna I Coluna II ( 1 ) Era da Garantia da Qualidade ( 2 ) Era do Controle Estatístico da Qualidade ( 3 ) Era da Inspeção (4) Gestão Estratégica da Qualidade ( ) Confiabilidade e controle da qualidade. ( ) Ênfase na uniformidade do produto. ( ) Busca da necessidade de mercado e do consumidor. ( ) Orientação visando a construção da qualidade. ( ) Solução de problemas e aplicação de métodos estatísticos. a) 1, 2, 3, 4, 4. b) 1, 3, 4, 1, 2. c) 2, 3, 4, 1, 2. d) 4, 2, 3, 1, 2. e) 3, 2, 1, 2, 4. 6 - Sobre as eras da qualidade, é INCORRETO afirmar que: a) Na era do controle estatístico a ênfase é dada na localização de defeitos por meio de técnicas estatísticas. b) Na era da garantia da qualidade a ênfase reside na prevenção de defeitos. c) Diz-se que na era da inspeção todos os produtos eram verificados um a um. d) O sistema da qualidade é característica da era da garantia da qualidade. e) A utilização das ferramentas da qualidade é atividade que teve início na era da gestão estratégica da qualidade. Gestão de Qualidade 49 7 – Sobre dimensões da qualidade, correlacione as colunas e marque a alternativa correta: COLUNA I COLUNA II (1) Desempenho (2) Estética (3) Atendimento (4) Confiabilidade (5) Conformidade ( ) Tempo médio de utilização sem falhas. ( ) Características operacionais do produto. ( ) Disponibilidade de assistência técnica. ( ) Relaciona-se com o design do produto. ( ) Redução de falhas e inconformidades. a) 4, 1, 3, 2, 5. b) 1, 2, 3, 4, 5. c) 4, 3, 1, 2, 5. d) 1, 3, 4, 5, 2. e) 2, 4, 3, 1, 5. 8 - Sobre as abordagens da Qualidade,assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) Transcendental, Valor, Produto, Usuário e Produção. b) Produto, Preço, Qualidade, Produção e Transcendental. c) Confiabilidade, Produto, Usuário, Valor e Produção. d) Material, Valor, Produto, Usuário e Produção. e) Valor, Usuário e Produção, Material. Gestão de Qualidade 50 9 – Explique como são caracterizadas as atividades de Gestão da Qualidade, no âmbito de uma empresa. 10 – Dentre os 14 princípios de Edwards Deming, explique o que significa o princípio de eliminar as barreiras entre os departamentos. Gestão de Qualidade 51 Gestão de Qualidade 52 A Qualidade e a Dinâmica do Mercado Programas de Qualidade – TQM. Impactos da Qualidade nas Organizações. 2 Gestão de Qualidade 53 Neta unidade, você vai compreender como a Qualidade pode ser implementada nas organizações por meio de um Programa de Qualidade, e ainda entender quais são os impactos da Qualidade nos negócios da organização. Objetivos da Unidade: Compreender como a Qualidade pode ser implementada nas organizações, por meio de um Programa; Analisar os impactos da Qualidade nos negócios da organização. Plano da Unidade: Programas de Qualidade – TQM. Impactos da Qualidade nas Organizações. Bons estudos! Gestão de Qualidade 54 Você já ouviu falar sobre algum tipo de Programa aplicado em empresas, no mercado ou na Sociedade Brasileira? Sim? Que bom! Você sabe como são implementados? Ainda não? Então vamos estudar. Programas de Qualidade – TQM Após termos conhecido um pouco da história da Qualidade, as contribuições de seus principais estudiosos e ainda as diferentes visões e dimensões da Qualidade, vamos estudar agora como a Qualidade pode ser implementada e quais são os impactos/benefícios esperados com a metodologia. Primeiro, é preciso que tenhamos uma ideia do que é um Programa. Toda vez que usamos essa expressão, estamos entendendo que se trata de uma atividade que é sistematizada, estruturada e visa proporcionar o alcance de um objetivo. Olhando à nossa volta, encontramos exemplos de diversos programas sendo aplicados em diferentes áreas do mercado e da sociedade. Temos, por exemplo, Programas do Governo Federal destinados a famílias de baixa renda, Programa de Habitação Popular, Programa de Erradicação da Mortalidade Infantil, além de Programas relacionados ao entretenimento, como os televisivos, dentre outros. Em todos eles, se faz presente uma característica, a que trata de atividade estruturada, pois possui objetivos, estrutura de funcionamento, regras, procedimentos e realimentação. Gestão de Qualidade 55 Paladini (2000) enfatiza que a estrutura para a operacionalidade da Qualidade passa, necessariamente, pelo entendimento do enfoque sistêmico, pois o emprego de uma estrutura sistêmica para a produção da qualidade proporciona evidentes benefícios. Para ele, a aplicação da abordagem sistêmica à qualidade nasceu de um ajuste notável: observou-se que os conceitos básicos da teoria geral dos sistemas eram perfeitamente aderentes aos princípios da qualidade. A partir dessa adequação surgiu, como decorrência elementar, a utilização da estrutura de sistema à estrutura que deve planejar, gerenciar, desenvolver e avaliar a qualidade. De forma ampla, pode-se definir a abordagem sistêmica da qualidade como a aplicação da abordagem, das características básicas e dos elementos de um sistema ao processo de produção da qualidade. Pode-se entender, de forma mais didática, que um sistema de qualidade pode ser comparado a sistema do corpo humano, em que as partes estão totalmente interligadas e que o mau funcionamento de uma pode provocar sérios prejuízos para as demais partes. Resumindo, o Sistema exige que todas as partes ou etapas funcionem adequadamente e que cada uma cumpra de forma objetiva os objetivos para os quais foi estruturada. Assim, com a implementação da Qualidade, na organização também ocorre o mesmo. Qualquer programa implementado nessa área deve ser suficiente para delinear todas as atividades a serem desenvolvidas, as responsabilidades, competências, regras, procedimentos, processos etc. A seguir, vamos relacionar alguns requisitos essenciais. É bom que se diga que a elaboração de um Programa de Qualidade depende muito dos objetivos da empresa, negócio, tamanho, e por isso deve ser adequado às necessidades da organização. Porém, alguns pontos são pacíficos, ou seja, não podem faltar em qualquer tipo de Programa de Qualidade implantado. Assim, o Programa deve conter essencialmente: A definição de entradas e saídas com estrutura adequada. Gestão de Qualidade 56 As entradas aqui podem ser consideradas como tudo aquilo que estrutura o funcionamento da Qualidade. Começa-se pela definição da política da qualidade da empresa, o estabelecimento de objetivos da qualidade, definição da estrutura necessária para o funcionamento, metodologias para transformação dos requisitos dos consumidores em especificações, procedimentos de funcionamento, enfim. Como saídas, temos os produtos ou serviços disponibilizados pela organização, com a qualidade esperada, e que atendam às expectativas, necessidades e conveniências do consumidor. Vamos refletir! Na prestação de serviços, podemos entender que o resultado de uma consultoria de empresas caracterizaria uma saída de um processo? Os processos bem definidos, encadeados, todos estruturados de acordo com a orientação estratégica da organização. Na estrutura do Programa, é preciso definir claramente os procedimentos e normas que vão ser adotados por todas as áreas da empresa, visando o alcance dos objetivos estratégicos traçados pela alta direção. Deve ser enfatizada a questão dos relacionamentos dos processos, especialmente quanto à condição de um processo ser cliente de outro e vice-versa. Este aspecto, inclusive, acaba se constituindo em uma importante atividade, que será estudada na unidade 3 desta disciplina. Gestão de Qualidade 57 Objetivos comuns a todas as áreas, desde marketing, passando pela produção, até a utilização do produto pelo consumidor. Na elaboração do Programa e definição das atividades a serem desenvolvidas deve ser caracterizado que a Qualidade é a finalidade de toda a organização e, por isso, torna-se tarefa de todas as áreas. Não é satisfatório ter, por exemplo, a área de produção totalmente integrada nos objetivos estratégicos da organização, se a área de compras ou marketing estiver desalinhada com esses objetivos. A qualidade começa na área de marketing, com a identificação das necessidades dos consumidores, e permeia toda a empresa, através das atividades das demais áreas, exigindo de cada uma delas um compromisso declarado com o propósito de fazer certo da primeira vez e possibilitar o atendimento das exigências estipuladas pelo cliente. Parece difícil, afinal estamos lidando com seres humanos, cheios de vaidade e anseios. Mas, como integrar todos em prol de um mesmo objetivo? Processo de feedback visando a melhoria contínua do sistema. O feedback ou realimentação é a atividade que proporciona a melhoria contínua do Sistema. Ele deve ser capaz de coletar, analisar e entender as reações do mercado, alimentando todo o processo com essas informações no intuito, principalmente, de se evitar a repetição de erros/defeitos que afetem a plena utilização do produto. Vimos que, na Era da Garantia da Qualidade, o estudioso Armand Feigenbaun apresentou ao mercado os preceitos do TQC – Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total, um Programa de Qualidade que visava integrar todas as áreas da organização no objetivo de realizar com êxito a função Qualidade. Enquanto Programa de Qualidade,o TQC apresentava uma estrutura definida, de forma que as responsabilidades, atribuições e processos fossem claramente estipulados para que a função Qualidade pudesse ser efetivada. Gestão de Qualidade 58 Na década de 80, o Japão destacava-se como potência no mercado mundial, creditando à Qualidade o sucesso da sua economia e, em especial, o desempenho de suas empresas, principalmente quando comparado com o desempenho de empresas de outras economias, como era o caso do mercado norte-americano. A competição tornou-se muito acirrada, exigindo que as organizações definissem uma nova forma de atuar no mercado, melhorando especialmente a produtividade e fortalecendo a competitividade das empresas. Nesse cenário, nasce nos Estados Unidos a ideia da implementação de um novo Programa de Qualidade, com características sistêmicas, destinado à melhoria da competitividade das empresas, destinando à Qualidade o importante papel de ferramenta de gestão estratégica. A esse Programa foi atribuída a nomenclatura de TQM, que significa Total Quality Mangement ou Gerenciamento da Qualidade Total, mudando o enfoque de controle para gerenciamento da Qualidade. A exemplo do TQC, o Programa TQM enfatiza a necessidade de total envolvimento das pessoas com os objetivos da organização, em qualquer nível, estabelecendo-se uma estratégia de negócios na qual a organização como um todo se empenha na obtenção de melhorias contínuas. Dessa forma, como estrutura básica e como fator de sucesso, o Programa TQM exige que sejam bem definidos os papéis e responsabilidades dos vários elementos da organização na melhoria da qualidade, principalmente com o comprometimento da alta direção, sejam estipulados os recursos diversos e necessários para o gerenciamento da qualidade; e com igual importância a mudança de mentalidade das pessoas sobre a melhoria contínua da qualidade. Gestão de Qualidade 59 Veja o quadro comparativo entre as características de uma visão tradicionalista da Qualidade e uma visão com enfoque na TQM, com embasamento em Paladini (2000): Visão Tradicionalista da Qualidade Visão da TQM A qualidade é responsabilidade dos trabalhadores. A responsabilidade é de todos, gestores e colaboradores. Os problemas de qualidade começam na área de produção. Os problemas começam desde a concepção dos produtos. Os produtos devem ser inspecionados para garantir a qualidade. A qualidade é obtida desde a concepção até a utilização do produto. O foco é a eliminação do defeito, afastando o produto de baixa qualidade. O foco é o monitoramento e a facilitação do processo. Gerentes e engenheiros têm a competência, enquanto os trabalhadores atendem às suas necessidades. Os trabalhadores têm a competência; os gestores atendem as necessidades dos trabalhadores. Compra de matéria prima é feita com múltiplos fornecedores. O estabelecimento de uma relação mutuamente benéfica. Projeto do produto visa o desempenho. Projeto com vistas ao desempenho e facilidade de processamento. A qualidade tem custo elevado. A qualidade é investimento. O referencial de qualidade é interno. O mercado é que estabelece o referencial. A qualidade é execução. A qualidade é ferramenta estratégica. A qualidade melhora os processos e o gerenciamento. A qualidade melhora os processos, insere o ser humano na gestão da qualidade e capacita a organização para competir no mercado. Gestão de Qualidade 60 Agora que foi feita uma introdução ao que é a TQM – Total Quality Management, vamos conhecer características desse importante Programa de Gerenciamento da Qualidade. Abordagem sistêmica da TQM. A TQM, enquanto metodologia, não deve ser vista como uma abordagem pouco objetiva de administrar uma organização. Ela exige a definição de uma estratégia planejada e totalmente integrada, derivada da missão da empresa. O esquema abaixo representa a abordagem sistêmica do TQM. Gestão de Qualidade 61 Assim, é importante perceber que os cinco elementos constantes no esquema acima estão intimamente ligados e são totalmente interdependentes. No centro da figura, destacam-se as interfaces entre cliente e fornecedor, externo e interno, ressaltando-se que nas diversas interfaces existem inúmeros processos, e por isso mesmo os relacionamentos precisam ser identificados. O núcleo dessa abordagem é envolto pelo comprometimento das pessoas com a qualidade por toda a empresa e o atendimento às necessidades dos clientes. Ainda, pela comunicação da mensagem a respeito da qualidade a toda organização, e também pelo reconhecimento da criação ou mudança da cultura pela Qualidade, existente na organização. Naturalmente, esses elementos se complementam com a necessidade de se estruturar sistemas suficientes, necessários e compatíveis com as necessidades do Programa, as Ferramentas que serão utilizadas para análise, avaliação e melhoria dos processos e, principalmente, as pessoas envolvidas no desenvolvimento das atividades. Vamos conhecer um pouco melhor cada um dos elementos da abordagem sistêmica da TQM. Comprometimento da alta direção da empresa. Não se pode pensar em trabalhar a implementação de um Programa abrangente como a TQM, se não for definido de forma clara e objetiva o comprometimento da alta direção com o Programa. Por comprometimento tem-se, inicialmente, que o programa deve começar do topo para baixo, com engajamento da alta direção, dos gestores intermediários e daqueles que desempenham atividades operacionais. Esse encadeamento de responsabilidades e seriedade com o Programa vai assegurar que a TQM efetivamente seja difundida por toda a organização. Gestão de Qualidade 62 Evidentemente, a TQM possui uma base pragmática e de aplicação de ferramentas estatísticas para melhoria dos processos, pois afinal de contas, na Gestão da Qualidade, a tomada de decisão é sempre precedida pela análise de fatos e dados coletados nos processos. Porém uma das tarefas mais difíceis na implementação da atividade de Qualidade está relacionada com a mudança de mentalidade de todos os envolvidos, pois a Qualidade, neste contexto, passa a ser atribuição de todos, e isso só se consegue por meio de exemplos concretos de comprometimento daqueles que estão à frente do Programa. Considere uma empresa de fabricação de roupas que esteja implementando a TQM. Como a alta direção pode influenciar os demais níveis da organização para a função Qualidade? Criação ou mudança de cultura da Qualidade. Oakland (1994) diz que “a cultura em qualquer negócio pode então ser definida como o conjunto de crenças difundidas pela organização sobre como conduzir as atividades, como os empregados devem comportar-se e como devem ser tratados”. Neste aspecto, a abordagem de TQM busca o envolvimento dos colaboradores, criando condições para uma mudança interior, estabelecendo valores e crenças integrados com os valores e crenças da organização. Naturalmente isso fará com os funcionários se comprometam em atingir a qualidade de uma maneira altamente motivada. Assim, a TQM, além de produzir melhorias de produtividade para a organização, cuida, especialmente, de influenciar nas atitudes e comportamentos das pessoas, de tal modo que a cultura da organização passa a ser uma cultura de prevenção de falhas, evitando-se retrabalhos. Você concorda que é possível mudar a cultura e o comportamento dos colaboradores para um objetivo estratégico da organização? Gestão de Qualidade 63 Comunicação interna. Um famoso comunicador dizia que “quem não comunica, se estrumbica”. Dentro da Qualidade, também é assim. As diretrizes do Sistema de Qualidade, bem como a documentação que compõe o sistema, com instruções claras, concisas e precisas sobre o seu funcionamento, devem ser divulgadas para
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