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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ 
Autos nº 0000000-00.2019.0.00.0000
JOÃO, brasileiro, estado civil XXX, profissão XXX, inscrito no CPF sob nº 000, residente e domiciliado na Rua XXX, nº, Bairro XXX, na cidade XXX, no Estado XX, devidamente qualificado nos autos do recurso em epígrafe em que litiga com ÔMEGA TRANSPORTES RODOVIÁRIOS LTDA, por seus advogados infra-assinados, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, não se conformando com o v. acórdão proferido pela 00ª Câmara de Direito Privado deste E. Tribunal de Justiça, com fundamento no art. 105, inciso III, alíneas “a” e “c” da Constituição Federal, e art. 541 e seguintes do CPC, interpor RECURSO ESPECIAL, cujas razões seguem anexas para conhecimento, apreciação e julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça.  
O apelante requer a intimação do apelado para que apresente suas contrarrazões, no prazo de 15 dias, e independentemente de juízo de admissibilidade, requer a remessa dos autos para o Egrégio Tribunal de Justiça, para o processamento e julgamento do presente recurso, nos termos do art. 1010, §§ 1º e 3º, do Código de Processo Civil.
Por fim, o recorrente requer a juntada dos inclusos comprovantes de recolhimento do devido preparo recursal e das custas relacionadas ao porte de remessa e retorno, nos termos do art. 1007, CPC. (Se os autos forem eletrônicos o recorrente deixa de recolher as custas referentes ao porte de remessa e retorno, nos termos do § 3º do art. 1007, CPC, visto a transmissão integralmente eletrônica dos autos entre a 1ª e 2ª instância, recolhido na íntegra, contudo, o preparo recursal, conforme comprovante anexo). 
Termos em que,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 21 de Maio de 2019.
ADVOGADA
OAB 0000000
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
Exmo. Sr. Dr. Ministro Relator 
Celebrados Ministros 
 
RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL 
Recorrente : JOÃO
Recorrida: ÔMEGA TRANSPORTES RODOVIÁRIOS LTDA 
Origem: Autos nº 0000000-00.2019.0.00.0000
I. 
PRELIMINAR: DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO 
 
1. Dispõe o artigo 1.010 § 3º do Código de Processo Civil, que “após formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade”. 
2. Dispõe o artigo 932, III, do Código de Processo Civil que, “Incumbe ao relator: III: não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida”. 
3. Deste modo, respeitando o art. 1003, § 5º do Cód. De Processo Civil, considerando que o acórdão foi publicado em 06/05/2019, o Recorrente interpõe seu recurso dentro do prazo e, requer se digne Vossa Excelência a reconhecer sua tempestividade, por ser medida de direito.
4. Observa-se que nos termos do § 1º do art. 1009, CPC, as decisões interlocutórias não agraváveis devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
5. Compete ao Colendo Superior Tribunal de Justiça, nos termos das alíneas “a” e “c” do inciso III do art. 105 da CF/88, in verbis:
Art. 105 – Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
(...) 
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instancia, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 
(...) 
c) dar a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 
6. A recorrente utilizará do permissivo constitucional da alínea “a” para fundamentar a invalidade do v. acórdão recorrido uma vez que foram contrariados frontalmente os artigos 2º e 28º do Código de Defesa do Consumidor.
7. A expressão contrariar supõe toda e qualquer forma de ofensa ao texto legal, quer deixando de aplicá-lo às hipóteses que a ele devem submir-se, quer aplicando-o de forma errônea ou ainda interpretando-o de modo não adequado e diferente da interpretação correta, no sentir do órgão responsável pelo controle ao respeito e pela uniformização do direito federal, que é o Superior Tribunal de Justiça.
8. Registra-se que houve prequestionamento de todos os artigos citados como contrariados, tendo em vista que discutidos desde as razões de agravo, sendo certo que para o atendimento do requisito do prequestionamento, é desnecessário que o acórdão recorrido mencione expressamente os preceitos legais tidos como contrariados nas razões do recurso especial, sendo suficiente que a questão federal tenha sido apreciada pelo Tribunal local.  
9. O v. acórdão recorrido dispõe de todos os elementos necessários para se constatar que o Tribunal a quo deu interpretação divergente daquela reiteradamente adotada no Superior Tribunal de Justiça, o que não é vedado pelo ordenamento jurídico.
10. Por fim e não menos importante, ressalta-se que não há qualquer óbice da Súmula 7 do Superior Tribunal de Justiça no caso em exame, pois não se busca o reexame de provas.
II.
EXPOSIÇÕES DOS FATOS E DO DIREITO
11. Preliminarmente, se faz necessário ressaltar que o Recorrente era passageiro de ônibus que colidiu frontalmente com uma árvore.
12. Diante disso o Recorrente propôs ação de indenização por danos materiais e morais em face da Recorrida, da qual foi julgada procedente pelo juiz de primeiro grau, com condenação à recorrida de R$ 5.000,00 de danos materiais e R$ 2.500,00 de danos morais, transitado em julgado!
13. Já em fase de cumprimento da sentença, constatada insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, o Juiz deferiu pedido de desconsideração da personalidade jurídica, procedendo à penhora, que recaiu sobre o patrimônio dos sócios Y e Z.
14. Diante disso os sócios interpuseram agravo de instrumento, ao qual o Tribunal de Justiça, por unanimidade deu provimento para reformar a decisão interlocutória e indeferir o requerimento, com fundamento nos arts. 2º e 28º do CDC, por não haver prova da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
15. O recorrente se insurge indignado com o pedido de desconsideração da personalidade jurídica, da qual a Colenda Turma do Tribunal de Justiça deu por unanimidade provimento para reformar a decisão interlocutória e indeferiu o requerimento com fundamento nos artigos 2º e 28º do CDC.
16. Com efeito, sendo o Colendo STJ incumbido constitucionalmente da missão de zelar pela correta e uniforme aplicação do direito federal, não pode contentar-se com interpretações simplesmente razoáveis de outros Tribunais.
17. Outrossim, a omissão e interpretação perpetrada é questão de mérito do recurso especial.
II.
DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA
18. Com o devido respeito ao entendimento exarado pelo TJRJ, a r. sentença merece ser reformada, pois está em descompasso com a jurisprudência do Egrégio Superior Tribunal de Justiça e com o entendimento da doutrina especializada. Senão vejamos: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DE PERSONALIDADE JURÍDICA. APLICAÇÃO DA TEORIA MENOR. RELAÇÃO ENTRE AS PARTES DA DEMANDA ENQUADRADA NO CONCEITO DE RELAÇÃO DE CONSUMO. RECONHECIMENTO NA DECISÃO CONDENATÓRIA. APLICAÇÃO DO ART. 28, § 5º DO CDC. PRECEDENTES DO STJ. ESTADO DE INSOLVÊNCIA E MÁ ADMINISTRAÇÃO CARACTERIZADA. TENTATIVA FRUSTADA DE LOCALIZAÇÃO DE BENS (RENAJUD) E NUMERÁRIO (BACENJUD) PASSÍVEIS DE PENHORA. EMPRESA DEVEDORA QUE SE ENCONTRA INAPTA PERANTE A RECEITA FEDERAL, REVELANDO, PER SI, MÁ ADMINISTRAÇÃO. PERSONALIDADE JURÍDICA QUE CONSTITUI OBSTÁCULO AO RECEBIMENTO DO CRÉDITO PELO VENCEDOR DA DEMANDA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 10ª C. Cível - 0046303-90.2019.8.16.0000 - Terra Boa - Rel.: Juiz Carlos Henrique Licheski Klein - J. 29.06.2020)
(TJ-PR - AI: 00463039020198160000 PR 0046303-90.2019.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Juiz Carlos Henrique Licheski Klein, Data de Julgamento: 29/06/2020,10ª Câmara Cível, Data de Publicação: 06/07/2020)
[...] INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. [...] Admitida a incursão no patrimônio das pessoas físicas, não há limitar o pedido ao bens do sócio-administrador, uma vez que a Corte da Cidadania possui entendimento assente de que "não há distinção entre os sócios da sociedade empresária no que diz respeito à disregard doctrine, de forma que todos eles serão alcançados." (STJ, AgInt no AREsp 1347243/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/03/2019, DJe 22/03/2019).
19. Nobres Julgadores, no caso em exame, amparado pelo artigo 1029 do Cód. De Processo Civil, o recurso gira exclusivamente em torno de contradição do Tribunal a quo, quando decidiu de forma contrária ao que preconiza o Art.2º e 28º eis que, tratando-se de relação de consumo art 2º CDC e, a desconsideração da personalidade jurídica é regida pela teoria menor e, conforme art 28 do Cód. de Defesa do Consumidor que dispensa a prova da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, bastando a constatação da insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações. 
20. Ademais, conforme previsto no art 28 §5º, do Cód. De Defesa do Consumidor:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
21. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça a teoria menor da desconsideração, por sua vez, parte de premissas distintas da teoria maior; para a incidência da desconsideração com base na teoria menor, basta a prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
22. Neste passo, fundamentado nos artigos 105, III, a, da CF/88 e do artigo 541 e seguintes do CPC, considerando a questão de direito infraconstitucional, considerando que os fundamentos do Recurso são a violação dos artigos 2º e 28º do CDC, logo, resta cristalino o cabimento do presente Recurso Especial, para fins de que o Colendo STJ o receba e o julgue procedente, reconhecendo-se a violação do aludido dispositivo.
23. Ademais, tratando-se sobre a natureza da decisão, pugna o recorrente pela inclusão dos sócios Y e Z no polo passivo com a devida citação dos mesmos. 
24. Neste sentido, o recorrente pugna pela reforma do acórdão, de forma a sanar a violação aos dispositivos de Lei Federal e, mantendo, na íntegra, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau, autorizando, assim, a desconsideração da personalidade jurídica. 
IV.
DO PEDIDO 
25. Diante do exposto, o apelante requer seja recebido e processado o presente recurso de Apelação, para que, no mérito, seja integralmente provido, a fim de reformar a r. sentença recorrida para autorização da desconsideração da personalidade jurídica, como medida de Justiça!
Finalmente, requer-se a majoração dos honorários fixados pela r. sentença recorrida, nos termos dos §§ 2º ao 6º, do artigo 85, do Código de Processo Civil.
Termos em que,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 21 de Maio de 2019. 
ADVOGADA
OAB 0000000