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Ciência e Higiene dos Alimentos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Maria Lucia Perella de Carvalho Revisão Textual: Profa. Ms. Natalia Conti Alimentos, Manipulação e Utilização • Técnicas de Mensuração de Ingredientes • Indicadores no Preparo dos Alimentos • Tipos e Características de Óleos e Gorduras: Ponto de Fusão e Ponto de Fumaça • Dietas Hospitalares, as Modificações Segundo a sua Consistência e Composição · Determinar as técnicas de manipulação dos alimentos que melhor atendam os aspectos de rendimento, preservação do valor nutricional, manutenção das características organolépticas, assim como as restrições dietéticas impostas por doenças. OBJETIVO DE APRENDIZADO Alimentos, Manipulação e Utilização Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização Técnicas de Mensuração de Ingredientes Como abordado na unidade anterior, os alimentos constituem-se em fontes dos macro e micronutrientes, portanto a manipulação adequada reverterá em preparações saudáveis e com elevado valor nutricional. Uma vez que os frequentadores dos restaurantes estão cada vez mais exigentes em relação às características sensoriais, além de apreciarem a manutenção delas todas as vezes que forem consumir a mesma preparação (CANDIDO, 2008). Muitas vezes, ao se reproduzir uma receita culinária, observa-se a dificuldade em avaliar as quantidades adequadas de cada ingrediente; logo se recomenda a utilização de utensílios graduados, balança e técnicas adequadas de mensuração, o que promoverá a adequada reprodução (BENETTI,2013). A utilização de utensílios para a medição dos ingredientes de uma receita culinária pode revelar uma variação em relação às quantidades medidas, ou seja, existe uma variabilidade nas capacidades volumétricas dos utensílios. Isto significa que não existe uma padronização nas capacidades dos utensílios (DOMENE,2011). O peso de um corpo constitui-se na soma da massa desse corpo sofrendo ação da gravidade (BENETTI,2013). Dentre as unidades de medida destacam-se: • Quilograma (kg), que é uma unidade de massa • Litro (l), que é uma unidade utilizada para medida de volume • Um litro de água (1l) corresponde a aproximadamente um quilograma da substância medida (BENETTI,2013). Os cuidados preliminares para uma adequada pesagem são: • Utilizar de preferência balanças digitais • Sempre observar se a balança está zerada • Colocar o recipiente vazio e apertar a tecla “TARA” • Adicionar o ingrediente no recipiente de forma cuidadosa • Colocar o recipiente sobre a balança e anotar o peso final, somente após a estabilização do valor (BENETTI,2013) Pesagem e Medição de Ingredientes Secos Os alimentos sólidos podem ser encontrados em diferentes formatos, como pós, tabletes, pedaços, grãos e outros. Logo, recomendam-se cuidados na pesagem de forma a obter uma medição precisa (DOMENE, 2011). A seguir apresentam-se os cuidados para a realização da pesagem de ingredientes secos: • Não pressionar ou compactar os ingredientes no momento da pesagem/ medição e nem deixar espaços vazios 8 9 • As farinhas e os açúcares devem ser peneirados previamente • O alimento deve estar à temperatura ambiente • Tarar a balança • Pesar o recipiente vazio e anotar o seu peso • Colocar o ingrediente no recipiente com o auxílio de uma colher e nivelar o alimento com uma espátula ou o dorso regular de uma faca (BENETTI, 2013; DOMENE, 2011; CANDIDO, 2008). Pesagem e Medição de Ingredientes Líquidos • O alimento deve estar à temperatura ambiente • Apenas a água pode ser medida com o auxílio de pipetas ou provetas, uma vez que não deixa resíduos de difícil remoção • Colocar o líquido em um recipiente para realizar a pesagem • Após a pesagem transferir o líquido para um recipiente que possibilite a leitura do volume aos poucos • Realizar a leitura em superfície plana com os olhos na altura do menisco, tomando a medida da parte inferior do mesmo (BENETTI, 2013; DOMENE, 2011; CANDIDO, 2008). Pesagem e Medição de Ingredientes Pastosos/Gordurosos • Realizar a pesagem em temperatura ambiente e colocar o óleo em um utensílio padronizado por meio de uma colher • O alimento pastoso/gorduroso pode ser levemente pressionado a fim de acomodá-lo no recipiente de medição e evitar a formação de bolhas de ar • Quando o recipiente estiver cheio, nivelar com espátula ou faca (lado cego) Além de ser necessária a aplicação de técnicas adequadas para mensuração de ingredientes que irão compor uma preparação culinária, também é recomendável atenção durante a pesagem dos alimentos, uma vez que a medição por pesagem ou medida caseira proporciona segurança em relação à quantidade de cada ingrediente que compõe uma receita. Facilitando a adaptação das quantidades de acordo com o número de porções que se quer (BENETTI, 2013). Entretanto, nem todos os ingredientes podem ser multiplicados em uma receita para maiores proporções; por exemplo, o fermento biológico ou ainda a água no preparo do arroz. Portanto a realização de testes e adequações são recomendáveis (BENETTI, 2013). 9 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização Indicadores no Preparo dos Alimentos Os alimentos em sua maioria são adquiridos inteiros, o que demanda aplicação de procedimentos relativos ao pré-preparo, de forma a facilitar a cocção (BE- NETTI, 2013). Em um restaurante são utilizados índices que relacionam os pesos dos alimen- tos, e que informam se houve desperdício, se o alimento está bom para o uso, o quanto de água este alimento absorveu quando deixado de molho, ou quanto per- deu quando passou pela remoção de partes inservíveis decorrentes da retirada de cascas, folhas e talos. Estes índices são constantes obtidas pela relação dos pesos (DOMENE, 2011). Índice de Reidratação (I R) Dependendo do alimento pode ser aplicado durante o pré-preparo, o remolho ou hidratação, o que irá influenciar o tempo de cocção. Sabe-se quecom o aumento do tempo de armazenamento dos grãos secos, ocorre um efeito de endurecimento da casca, o que dificulta o processo de cocção. As leguminosas secas, cujo representante de maior expressão na alimentação do brasileiro é o feijão, devem ser colocadas de remolho antes do processo de cocção. Assim foi lançada recente referência nacional em relação ao feijão, que traz a recomendação de remolho e descarte da água em decorrência da diminuição de oligossacarídeos, substâncias essas que são causadoras de flatulência, juntamente com a utilização de água na proporção 2:1 (água : grão), por 8 a 12 h, e com temperatura de até 20°C (DOMENE, 2011). Tal recomendação reforça a importância do remolho na valorização das características sensoriais do feijão cozido associado à melhora do valor nutricional e redução no tempo de cozimento, com consequente economia de energia que pode ser traduzida pela redução no consumo do gás de cozinha. Vale lembrar que a diminuição dos oligossacarídeos ocorre devido a sua diluição na água de remolho, que por sua vez, ao ser descartada, resulta em diminuição desta substância no feijão, logo melhorando o valor nutricional e as características sensoriais; nota-se que os grãos submetidos ao remolho ficam mais tenros e saborosos após o cozimento (DOMENE, 2011). É recomendável que o feijão, antes de ser submetido ao remolho, passe pelas etapas de seleção, a qual engloba a remoção de resíduos impróprios (sujidades, pedras e palhas) e grãos com defeitos, e em seguida deve ser submetido à higienização, onde os grãos selecionados são lavados com água em abundância (DOMENE, 2011). A avaliação do índice de reidratação indica o quanto de água foi absorvida durante o remolho ou hidratação das leguminosas. O Índice de reidratação é expresso por meio da fórmula abaixo mencionada (BENETTI, 2013): 10 11 Peso reidratado (g) I.R. = ______________________ Peso do alimento seco (g) Peso reidratado-grão que passou por remolho e toda a água foi retirada ou escorrida, permanecendo apenas o grão hidratado (BENETTI, 2013). Peso do alimento seco–grão que passou pelas etapas de seleção e higieniza- ção, mas que ainda não foi colocado de remolho, portanto é considerado seco (BENETTI, 2013). A seguir demonstra-se a realização do cálculo do índice de reidratação: Considerando-se que foi colocado de remolho 1,000g de feijão branco em 2 litros de água em temperatura ambiente por uma hora. Após a retirada da água de remo- lho verificou-se o peso de 1,500g de feijão branco. Calcule o índice de reidratação. 1.500 g IR =________ 1.000 g IR =1,50 Indicador de Parte Comestível (I PC) O indicador de parte comestível (IPC) também pode ser denominado índice de correção (IC) ou ainda fator de correção (FC). Este índice está relacionado à quantificação das perdas durante o processo de pré-preparo dos alimentos quando da retirada de partes não comestíveis, como cascas, folhas queimadas ou murchas, talos, ossos ou aparas (BENETTI, 2013; DOMENE, 2011). É pertinente também se considerar que durante o pré-preparo dos alimentos podem ocorrer perdas variáveis, em razão (1) da separação das partes não comestíveis já citadas anteriormente, ou que (2) na execução de uma determinada preparação são dispensáveis determinadas partes de um alimento. Portanto tais razões sofrem influência do tempo de armazenamento, da má qualidade do gênero, do manipulador do alimento e do equipamento utilizado. Isto significa, por exemplo, que uma hortaliça, cujo tempo de armazenamento excedeu o preconizado, terá mais folhas amareladas a serem retiradas, ou ainda uma hortaliça que foi colhida após uma chuva de granizo, certamente terá sua qualidade prejudicada devido às condições de suas folhas. Também é relevante o papel do manipulador, pois se não passou por treinamento adequado ou ainda está com problemas de relacionamento no trabalho, poderá retirar mais cascas e aparas dos alimentos que o desejável. E finalmente a falta do equipamento ou de um utensílio apropriados à remoção das cascas poderá resultar em retirada de parte considerável da polpa junto com a casca, e por consequência, descarte inadequado com desperdício (BENETTI, 2013). 11 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização Assim estas perdas podem ser avaliadas por intermédio do cálculo do fator de correção (FC), índice de correção (IC) ou do indicador de parte comestível (IPC) (BENETTI, 2013): PB (g) IPC = ______________ o resultado sempre será > 1,0 PL (g) PB = é o peso do alimento provido de cascas, ossos, sementes, e etc (BENET- TI, 2013). PL = é o peso do alimento desprovido de aparas, permanecendo somente a parte comestível (BENETTI, 2013). O peso bruto (PB) é utilizado para o dimensionamento do pedido de compra, como também para o cálculo do custo (BENETTI, 2013). O indicador de parte comestível (IPC) corrige a variação de peso do alimento, a qual é resultante da etapa de pré-preparo. Ele também auxilia no momento de se estimarem as quantidades de alimentos a serem adquiridas, evitando desperdícios ou falta. O ideal é que cada restaurante possua a sua própria lista de IPC, baseada na sua realidade em termos de equipamentos, utensílios e nível de mão de obra. Entretanto, na literatura são encontradas listas com estas informações. Portanto, a lista a seguir proporciona a identificação de alguns alimentos de origem vegetal e o correspondente IPC, contudo, não precisa ser identificada como uma referência que não pode ser modificada (DOMENE, 2011). Tabela 1 Lista do Indicador da Parte Comestível (IPC) Alimentos de Origem vegetal – Hortaliças e Frutas Abacaxi maduro 1,89 Abóbora moranga 1,15-1,64 Alface lisa (francesa) 1,09-1,33 Alho 1,08 Banana da prata 1,51 Batata doce 1,13-1,33 Batata inglesa 1,06 Beterraba vermelha 1,61-1,88 Cebola branca 1,03-2,44 Cenoura 1,17 Chuchu 1,47 Coentro 1,10 Couve flor 2,22-2,46 Couve manteiga (folha) 1,60-2,22 Espinafre 1,78 Jiló 1,09 12 13 Lista do Indicador da Parte Comestível (IPC) Alimentos de Origem vegetal – Hortaliças e Frutas Laranja 1,39-2,13 Lima 2,26 Maçã vermelha 1,14-1,35 Mamão formosa 1,47-1,79 Manga espada 1,55 Maxixe 1,03 Melancia 2,17 Melão 1,04 Pimentão verde 1,26 Quiabo 1,22 Repolho branco 1,72 Tangerina 1,30-1,43 Tomate vermelho maduro comum 1,25 Uva roxa (Rubi) 1,28-1,33 Uva verde (Itália) 1,21 Fonte: Ornellas, 2007 A partir do próximo exemplo, demonstra-se a realização do cálculo do indicador da parte comestível: Considerando-se que foi adquirido 1,200g de batata crua com casca, e que após a realização do pré-preparo, ou seja, a retirada da casca, verificou-se o peso de 1,100g de batata crua sem casca. Calcule o indicador da parte comestível. Resolução Batata crua com casca – peso bruto – 1.200g Batata crua sem casca – peso líquido – 1.100g PB (g) IPC = ______________ PL (g) 1.200g IPC = ______ = 1,09 1.100g Além do cálculo do IPC, também pode ser determinada a proporção de perdas de partes inservíveis dos alimentos por meio do cálculo do percentual de aproveitamento e do percentual de perdas (BENETTI, 2013). Calcule o rendimento de batatas, considerando-se que foram adquiridas 1.000 g com casca e que, após o pré-preparo, isto é, retiradas as cascas, renderam 900g sem casca. 13 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização Resolução Batata crua com casca – peso bruto – 1.000g Batata crua sem casca – peso líquido – 900g 1000g ____ 100% 900g ____ x x = 90% de aproveitamento ou 10% de perdas Segundo a literatura estima-se que a perda no setor de refeições coletivas chegue a 15%,contudo, quando se calcula o percentual de aproveitamento e de perdas acredita-se que este tipo de controle, quando exercido pelo próprio restaurante, colabora com a diminuição do desperdício, uma vez que se estabelecem parâmetros dentro do próprio serviço, que por sua vez ajudarão no controle do descarte das partes inservíveis dos alimentos (DOMENE, 2011). Tipos e Características de Óleos e Gorduras: Ponto de Fusão e Ponto de Fumaça Durante a Unidade I foram apresentados os macronutrientes, e entre eles os lipídeos. Já nesta Unidade serão estudadas as características relativas aos óleos e gorduras, que são tipos de lipídeos, e que por sua vez influenciam no preparo dos alimentos (CANDIDO, 2008). Na alimentação humana os lipídios são encontrados nas formas de óleos e de gorduras. Sendo que a consistência define a diferença entre (BENETTI, 2013): • óleos: líquidos em temperatura até 25ºC • gorduras: sólidos em temperatura até 25ºC Entre as variedades de óleos existem: • Óleo refinado – oriundo de diversas espécies vegetais recebendo a denomi- nação segundo o componente principal. Ex. óleo de milho, óleo de soja, óleo de canola, etc (BENETTI, 2013). • Óleo vegetal modificado – óleo refinado com a adição de algum outro com- ponente, adicionando aroma e sabor na preparação. Ex. óleo com pimenta, óleo com alho, óleo com especiarias (BENETTI, 2013). • Óleo misto – apresenta na sua composição 30% de azeite de oliva e outro tipo de óleo vegetal (BENETTI, 2013). 14 15 O processo de refinação pelo qual o óleo é submetido envolve as seguintes etapas, segundo Mandarino e Roessing (2001): • Degomagem ou Hidratação - Esse processo tem a finalidade de remover do óleo bruto os fosfatídeos. Dentre eles a lecitina, que possui valor comercial; as proteínas e as substâncias coloidais. • Neutralização - A adição de solução aquosa de álcalis, tais como hidróxido de sódio, ou às vezes carbonato de sódio, elimina do óleo de soja degomado os ácidos graxos livres e outros componentes definidos como “impurezas” (proteínas, ácidos graxos oxidados e produtos resultantes da decomposição de glicerídeos). • Branqueamento - O processo de degomagem remove boa quantidade dos pigmentos presentes no óleo de soja e a neutralização com álcalis também apresenta um efeito branqueador, devido à coagulação e ação química, respectivamente. Entretanto, os consumidores exigem óleos quase incolores, o que é atingido pela adsorção dos pigmentos com terras clarificantes, ativadas ou naturais, misturadas, às vezes, com carvão ativado. • Desodorização - A última etapa da refinação do óleo de soja é a desodori- zação, que visa a remoção dos sabores e odores indesejáveis, conferindo ao produto cor, odor e sabor suave e neutro. Os azeites classificam-se em: • O azeite de oliva extra virgem é obtido de uma única prensagem a frio da azeitona madura, por isso ele é o mais puro e sua acidez é de no máximo 0,8% (os melhores estão entre 0,4 e 0,5%). Após a prensagem, ele é filtrado, conservando um sabor acentuado. São produtos de alta qualidade gastronômica e no dia-a-dia são utilizados para finalização de pratos ou saladas (ANVISA, 2005). • O azeite de oliva virgem é extraído na segunda ou terceira prensagem da azeitona. Sua acidez pode ser de até 2% e o seu sabor é menos acentuado em relação ao extra virgem e um pouco mais adocicado. Na sua comercialização pode ser denominado “fino”. Seu principal uso é o culinário (ANVISA, 2005). • Azeites que superam o grau de acidez de 2% ou que por problemas climáticos ou de processo apresentam defeitos sensoriais são destinados ao refino. O refino não modifica a estrutura química do azeite de oliva e elimina os seus defeitos, resultando em um produto com acidez não superior a 0,3%. O azeite refinado não é vendido aos consumidores e destina-se exclusivamente à utilização industrial, ou seja, são misturados com outros azeites de oliva (ANVISA, 2005). • A mistura de azeite refinado com azeites de oliva virgens (extra, fino ou lampante) recebe a denominação genérica azeite de oliva. O grau de acidez final não pode superar 1%. Essa limitação modula a utilização dos azeites virgens na produção do azeite de oliva. Ou seja, para atendê-la, os fabricantes se obrigam a utilizar mais azeites de oliva extravirgem (ou fino) do que o lampante na elaboração do azeite de oliva. A principal utilização do azeite de oliva é culinária (ANVISA, 2005). 15 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização • Azeite de dendê: também conhecido como óleo de palma bruto. Apresenta odor e sabor acentuados. Utilizado na culinária baiana em pratos como acarajé e moqueca. Ele é isento do refino tradicional (ANVISA, 2005). As gorduras vegetais podem ser encontradas nas formas de: • Gordura vegetal hidrogenada – é obtida por meio da hidrogenação de óleos vegetais, tornando-se fonte das gorduras trans. É utilizada em alimentos industrializados como biscoitos, sorvetes, massas e sobremesas, conferindo melhor palatabilidade e crocância a determinados produtos (ANVISA, 2005). • Margarina – é obtida a partir de óleos vegetais, apresentando sabor similar à manteiga. Pode ser encontrada com diferentes teores de gordura (ANVISA, 2005). As gorduras de origem animal podem ser encontradas nas formas de: • Banha/Toucinho/Bacon/Toucinho Defumado – gordura do tecido adiposo dos suínos, sendo bastante utilizada na culinária mineira (GRISWOLD, 1972). • Manteiga – é obtida do contínuo batimento do creme de leite (GRISWOLD, 1972). A decomposição das Gorduras e Óleos ocorre devido o processo de rancifica- ção, o que torna o produto impróprio para o consumo. Quando ocorre a rancifica- ção, há liberação de água e odor desagradável (GRISWOLD, 1972). O Ponto de Fumaça pode ser observado quando o óleo é submetido a altas temperaturas durante um tempo específico. Esta ocorrência origina um composto tóxico (acroleina) ao organismo, irritante aos olhos e à mucosa gástrica. Sua liberação ocorre quando é observada uma fumaça esbranquiçada. Cada óleo tem seu ponto de fumaça, dependendo da temperatura e do tempo de aquecimento (GRISWOLD, 1972). Dietas Hospitalares, as Modificações Segundo a sua Consistência e Composição Gastronomia nas Dietas Hospitalares A gastronomia hospitalar preocupa-se com o bem servir. Prioriza-se o aroma, sabor e apresentação dos pratos, sem esquecer-se de respeitar as preferências, aversões e hábitos alimentares do paciente. É também necessário respeitar a prescrição dietética, evitando-se a monotonia, ou seja, utilizar todos os recursos possíveis de forma que o paciente se sinta um hóspede em relação à alimentação (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 16 17 As dietas modificadas quanto à consistência, também conhecidas como dietas de rotina, têm como objetivo principal facilitar a mastigação, deglutição e digestão, sendo classificadas em 6 consistências diferenciadas. São elas: • Dieta Líquida Restrita (1) • Dieta Líquida Completa (2) • Dieta Leve (3) • Dieta Pastosa (4) • Dieta Branda (5) • Dieta Geral (6) (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). Portanto, o conhecimento acerca das dietas modificadas facilita quando num restaurante de hotel é necessário atender um hóspede em tratamento; e é claro, a atuação em um serviço de nutrição hospitalar configura mais um campo de atuação profissional para um chef de cozinha (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). Dietas Modificadas Quanto à Consistência 1) Dieta Líquida Restrita • Características » Dieta composta por líquidos, livre de resíduos como fibras alimentares, leite e derivados, promovendo o menor trabalho digestivo. • Alimentos e preparações » caldo de carnes e/ou legumes » chá » suco de frutas coado » gelatina e água de coco • Observações » Todas as preparações devem ser peneiradas (SHILS,2003 e CANDIDO, 2008). 2) Dieta Líquida Completa • Características » É permitido o uso de leite e derivados, melhorando a aceitação do paciente e diversificando o cardápio. Ocorre aumento da oferta calórica, em virtude dos suplementos, farináceos e creme de leite. • Alimentos e preparações » leite, mingau, iogurte, flan » suplementos comerciais à base de leite » chá 17 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização » sorvete em massa » sopas liquidificadas e coadas » sucos de frutas e vegetais coados » caldos de maneira geral (por ex., feijão) • Observações » Liquidificar e coar pelo menos 2 vezes » Todas as preparações líquidas podem ser adoçadas » Fracionamento em torno de 6 a 8 refeições/dia (SHILS, 2003 e CANDI- DO, 2008). 3) Dieta Leve • Características » É composta por sopas, cujos alimentos são cortados, picados, desfiados e bem cozidos, para facilitar a mastigação e deglutição. • Alimentos e preparações » leite, chá » leite batido com frutas » suplementos comerciais à base de leite » iogurte » requeijão cremoso, margarina » pão de forma, bisnaga, torrada, biscoito simples » queijos moles em consistência » mingau (aveia, amido de milho, flocos de arroz e de milho, etc.) » sopa de legumes em pedaços » purê de legumes » carnes de aves, peixes, bovina (bem cozidas e picadas) » frutas de consistência macia ou rígidas cozidas » suco de frutas e vegetais » canja » sorvete de massa » gelatina, pudins, flan, arroz-doce, sagu • Observações » Os alimentos não precisam ser liquidificados (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 18 19 4) Dieta Pastosa • Características » Os alimentos estão ou são preparados em forma de creme, purê ou amassados. • Alimentos e preparações » leite » chá » leite batido com frutas » suplementos comerciais à base de leite » iogurte » requeijão cremoso, margarina » pão de forma, bisnaga, torrada, biscoito simples » queijos moles em consistência » mingau (aveia, amido de milho, flocos de arroz e de milho, etc) » sopas » purê de legumes » feijão liquidificado ou coado » arroz papa » carnes de aves, peixes, vaca ( bem cozidas e picadas) » frutas macias ou cozidas (sem casca e caroço), purê ou creme » suco de frutas » sorvete de massa » gelatina, pudins, flan • Observações » Todos os alimentos devem ser cozidos » Mingaus e farináceos aumentam a oferta calórica » Não liquidificar todos os alimentos juntos, modificar a consistência para pastosa separadamente » Os biscoitos, pães de forma e bisnaga podem ser molhados no leite para formar papas e facilitar a mastigação e deglutição (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 5) Dieta Branda • Características » As fibras nesta dieta são abrandadas pela cocção, e alimentos fermentáveis devem ser restritos. 19 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização • Alimentos e preparações » leite » chá de ervas » leite batido com frutas » suplementos comerciais à base de leite » iogurte » requeijão cremoso, margarina » pão de forma, bisnaga, torrada, biscoito simples » queijos moles em consistência » mingau (aveia, amido de milho, farinha láctea, flocos de arroz e de milho, etc.) » arroz normal » feijão liquidificado ou coado » caldos » legumes picados e bem cozidos » carnes de aves, peixes, bovina ( bem cozidas e picadas ou desfiadas) » frutas macias ou cozidas (sem casca e caroço); purê, creme ou de consis- tência mole » suco de frutas natural e coado » sorvete de massa » gelatina, pudins, flan • Observações » Devem ser excluídos temperos picantes, embutidos, enlatados, conservas, hortaliças cruas, leguminosas (somente utilizar o caldo), doces concentrados, café, álcool, mostarda, catchup, refrigerantes e sucos artificiais. » Todos os alimentos devem ser cozidos » Frutas com casca e não cozidas (com exceção daquelas de consistência mole) devem ser proibidas » Os biscoitos, pães de forma e bisnaga podem ser molhados no leite para facilitar a mastigação (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 6) Dieta Geral • Características » São respeitadas a consistência e a aparência de uma dieta normal, ou seja, de acordo com os padrões habituais do dia-a-dia. 20 21 • Alimentos e preparações » Todos os alimentos e preparações são permitidos • Observações » Frituras e condimentos em excesso devem ser evitados (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). Dietas Modificadas Quanto à Composição 1) Dieta Isenta de Glúten • Características » Dieta livre de glúten (fração proteica de alguns cereais, compostos por glutenina e gliadina) presente no trigo, aveia, centeio, cevada e seus derivados. • Alimentos e preparações » Devem-se excluir o trigo, aveia, centeio, cevada e seus derivados, substi- tuindo-os por: » Farinha de mandioca, milho e soja, fubá, fécula de batata, arroz e araruta, amido de milho, polvilho e seus derivados » É importante verificar o rótulo dos alimentos industrializados, com o propósito de identificar ingredientes que possuam glúten » Alimentos processados exigem mais atenção, como carnes empanadas, patês, queijos processados, caldos e molhos, leite maltado, produtos de panificação, catchup, mostarda (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 2) Dieta Hipolipídica • Características » Dieta com restrição de gorduras de adição e presentes nos alimentos. • Alimentos e preparações São restritos os alimentos ricos em gordura, como: » azeite, banha, creme de leite, manteiga, margarina, óleos e gordura vegetal » carnes gordas e aves com pele, substituir por carnes magras, sendo preparadas cozidas, assadas ou grelhadas » leite integral e derivados, substituir por produtos desnatados » tortas e biscoitos preparados à base de gordura, como folhados e amanteigados » molhos e preparações com gordura, como maionese, chantilly, patês e molhos prontos » frutas como abacate, amêndoa, amendoim, castanha de caju, castanha do pará, coco e e nozes (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 21 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização 3) Dieta Reduzida em Colesterol • Características » Dieta pobre em gordura com restrição em alimentos ricos em colesterol. • Alimentos e preparações » restrição de gorduras animais em geral » carnes gordas, ave com pele, bacon, vísceras; substituí-los por carnes magras, aves sem pele, carne de peru e peixe » camarão e lagosta » gema de ovo, preparações à base de ovos (quindim, fio de ovos e etc.) » manteiga e banha, substituir por margarina » leite e derivados integrais, substituir por desnatados » embutidos como linguiça, salsicha, presunto, salame e mortadela » maionese, chocolate, chantilly e sorvete cremoso » utilizar sorvetes à base de frutas » consumir diariamente verduras, legumes, frutas, leguminosas e produtos integrais (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 4) Dieta para Diabetes Mellitus • Características » A dieta deve ser individualizada com o propósito de manter a glicemia. • Alimentos e preparações » restringir os carboidratos e derivados » substituir açúcares por edulcorantes » consumir alimentos dietéticos com moderação » dar preferência aos alimentos ricos em fibras, como cereais integrais e seus derivados, leguminosas, hortaliças e frutas » consumir gordura com moderação, preferindo carnes magras, leite e derivados desnatados (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 5) Dieta Isenta de Lactose • Características » Dieta com exclusão parcial ou total da lactose de acordo com o nível de tolerância do paciente 22 23 • Alimentos e preparações » Retirar parcialmente ou totalmente leite e derivados » alguns derivados do leite como os queijose iogurtes possuem menor concentração de lactose, sendo melhor tolerados » utilizar leite e derivados da soja » utilizar leite de vaca com teor reduzido de lactose ou deslactosado (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 6) Dieta Hipossódica • Características » Dieta reduzida em sódio total, tanto intrínseco, quanto extrínseco, este último classificado como sódio de adição (sal de cozinha). • Alimentos e preparações » o sal de adição deve ser acrescido após o preparo, oferecendo ao paciente um sachê contendo 1g de sal nas principais refeições (almoço e jantar) » as preparações acrescidas de sódio devem ser excluídas do cardápio, como: » biscoito água e sal, substituindo por água » margarina com sal, substituindo por margarina sem sal » enlatados e conservas » embutidos » molhos prontos » carne seca, bacalhau » adoçantes artificiais ou produtos diet ou ligth que contenham em sua composição sacarina de sódio e/ou ciclamato de sódio (SHILS, 2003 e CANDIDO, 2008). 23 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Durante a apresentação dos vídeos, observe as técnicas de remoção de cascas, ramas e em seguida a realização dos diferentes tipos de cortes de vegetais. O primeiro vídeo é vol- tado ao pré-preparo da abobrinha, enquanto que o segundo vídeo se reporta à cenoura. Pré Preparo e Cortes de Abobrinha https://youtu.be/P28Ryg7jBd4 Pré Preparo de Cenoura e Cortes de Vegetais https://youtu.be/xJBH3iEdI-E Para conhecer mais a respeito das dietas hospitalares, assista aos dois vídeos a seguir, observando a composição das dietas, como também a consistência; verifique também a importância da apresentação dos pratos e entenda o papel do Chef de cozinha em um serviço de nutrição hospitalar: Edição Saúde - Alimentação Hospitalar https://youtu.be/u8i7O6epaDo Por Dentro do Einstein: 1º Episódio - a cozinha do Einstein https://youtu.be/5-2mTq65jF4 Assista aos vídeos a seguir para conhecer os aspectos relativos às diferenças entre os tipos de azeite encontrados nos supermercados, como também conheça um pouco a respeito da produção e extração de azeite no Rio Grande do Sul: Conheça os Tipos de Azeite de Oliva https://youtu.be/YRaGbxasuNs Como identificar a qualidade do azeite de oliva - Rio Grande Rural https://youtu.be/709EV23vQFw Leitura Para aprofundar os seus conhecimentos, leia os artigos a seguir, os quais tratam dos temas relativos ao indicador de parte comestível (IPC)/fator de correção (FC) e ao colesterol e gorduras presentes nos alimentos : Determinação e Avaliação do Fator de Correção de Hortaliças em uma Unidade de Alimentação e Nutrição de Guarapuava – PR Vanessa F. Góes; Luiza Valduga & Bruno Moreira Soares. Unopar Cient.Ciênc. Biol. da Saúde Vol 15 (ESP): 339-342, 2013. https://goo.gl/vKvHlv 24 25 Colesterol e Gorduras em Alimentos Brasileiros: Implicações para a Prevenção da Aterosclerose Carlos Scherr e Jorge Pinto Ribeiro. Arq. Brasil. de Cardiologia Vol 92 Nº3: 190- 195, 2009. https://goo.gl/LUJ08j 25 UNIDADE Alimentos, Manipulação e Utilização Referências ANVISA-Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº270, de 22 de setembro de 2005. Regulamento técnico para óleos vegetais, gorduras vegetais e creme vegetal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 set. 2005. BENETTI, G.B. et al. Manual de Técnicas Dietéticas. São Caetano do Sul: Yendis, 2013. CANDIDO, C.C. et al. Nutrição Guia Prático. 2ªed. São Paulo: Iátria, 2008. DOMENE, S.M.A. Técnica Dietética Teoria e Aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. GRISWOLD, R.M. Estudo Experimental dos Alimentos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1972. MANDARINO, J.M.G.; ROESSING, A.C. Tecnologia para produção do óleo de soja: descrição das etapas, equipamentos, produtos e subprodutos. Documentos/ Embrapa Soja. Londrina, n171. 40p, setembro, 2001. Ornellas L.H. Técnica Dietética. 8ªed. São Paulo: Atheneu, 2007. SHILS, M.E. et al. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9ª ed. São Paulo: Manole, 2003. 26
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