Prévia do material em texto
Conceito e características Carne é todo músculo estriado que recobre o esqueleto, assim como o diafragma, língua, esôfago e vísceras de diferentes animais. Além dos músculos, compreendem todos os tecidos moles que circulam o esqueleto, como gordura, tendões, vasos e nervos. Estruturalmente, as carnes são compostas por tecido muscular, adiposo e conjuntivo, ossos e cartilagem. O exercício muscular torna as carnes mais rijas. Animais mais jovens e fêmeas apresentam carnes mais macias. Tecido conjuntivo: forma a parede das fibras musculares. - É composto de 30% de colágeno e 1% de elastina. - Tem a capacidade de endurecer as carnes, contudo, quando submetido à cocção por calor úmido se transforma em gelatina rica em colágeno. - O tecido conjuntivo amarelo é composto principalmente de elastina (30%) e menos colágeno (7 a 8%), muito flexível e de aspecto brilhante. Não são amaciados pela cocção. Colágeno e a elastina: • São insolúveis em água fria. Quando submetidos ao calor seco ficam ressecados e duros. • O colágeno se torna solúvel em água quente. Dessa forma, a cocção por calor úmido em tempo prolongado irá aumentar e amolecer o tecido tendinoso, que em seguida irá hidrolisar o colágeno, e se transformar em gelatina. A maciez das carnes vai depender do tempo, temperatura e tipo de cocção. Para carnes ricas em tecido conjuntivo é recomendado cocção lenta, à temperatura baixa ou utilizar panela de pressão. Tecido adiposo: melhora o sabor, a suculência e a maciez das carnes submetidas à cocção. Reduz o tempo de cozimento e diminui perdas de sucos. Valor nutritivo As carnes são ricas em proteínas, consideradas de alto valor biológico. A depender do animal pode ou não conter alto teor de lipídeos (5- 30%) e lipídeos diferenciados, alguns benéficos à saúde. Os peixes, em especial de águas frias e profundas, apresentam elevadas quantidades de ácidos graxos poliinsaturados, principalmente os essenciais ω-3 (linolênico) e ω-6 (linoleico). As vitaminas presentes nas carnes são principalmente as do complexo B, tiamina, riboflavina, niacina e cobalamina. Entre os minerais, apresentam ferro, cálcio, fósforo, zinco e magnésio. As aves apresentam quantidades de proteínas semelhantes à de outras carnes, porém a quantidade de tecido conjuntivo e gordura é menor. Digestibilidade Os extratos de carnes estimulam a secreção de sucos digestivos, que contribuem para a digestão de outros alimentos. Carnes de peixes apresentam melhor digestão por conterem quantidade reduzida de tecido conjuntivo. Classificação Carne bovina: os cortes de carne bovina são regularizados pela portaria n°5, de 8 de novembro de 1988. São divididas em Quarto traseiro e Quarto dianteiro. Comercialmente, é classificada como de primeira, segunda e terceira qualidade. Genericamente, pode-se dizer que ao colocar uma manta no animal, tudo que fica encoberto é carne de 1° ou 2° e o que fica fora da manta é carne de 3°. Para separar as carnes de 1° e 2° traça-se uma linha imaginária entre a extremidade superior do pescoço do animal até a parte inferior do quarto traseiro. O que fica acima dessa linha é carne de 1°, e abaixo, de 2°. • Carnes de 1°: coxão mole (chã de dentro), coxão duro (chã de fora), patinho, lagarto, alcatra, contrafilé, filé e filé-mignon. • Carnes de 2°: paleta, acém, aba, capa de filé, fraldinha e peito. • Carne de 3°: ponta de agulha (costelas), pescoço, músculos, ossobuco. Outros tipos de carnes bovinas são: carne de sol, carne seca, mocotó, tutano, vitela, miúdos. Em relação ao conteúdo lipídico, pode ser classificada: • Carnes gordas: quantidade de gordura excedendo 50% do valor calórico total proveniente dos lipídios; • Carnes magras: quantidade de gordura menor do que 50% do valor calórico total proveniente dos lipídios. Carne suína: os cortes e designações mais utilizados são: acém, papada, paletas, lombo, costela, pernil, toucinho, cabeça. Carne ovina (cordeiro, carneiro, ovelha e caprino): deve ser bem lavada para retirar a mucosidade que a envolve, devendo-se extrair glândulas, manchas e coágulos. Principais cortes: pernil, paleta, lombo, carré, Selle, medalhões, costelinha, T-bone, peito, bisteca. Carne de aves: carnes de grande aceitação devido sabor suave e tolerância a diversos tipos de condimentação e formas de preparo. • Frango de leite ou galeto: aproximadamente 400 a 800g. Carne macia, pouca gordura e sabor suave. Geralmente é grelhado, assado ou frito. • Frango comum: geralmente são machos entre 1 a 1,5 kg. Sabor um pouco mais acentuado, maior teor de gordura e bom para todos os tipos de cocção. • Galo ou galinha: entre 1,5 e 4 kg. O galo tem carne mais firme, menos gordurosa e precisa de mais tempo de cocção que a galinha. Ideal para guisados e sopas. • Frango caipira: criado solto, com alimentação natural ou mista, muito saboroso. Usado em ensopados, guisados, assados no forno. Tipos de corte: peito, coxas e sobrecoxas, asa e coxinha da asa, pés, pescoço, miúdos. Pescados: são todos os animais aquáticos que servem para a alimentação do homem, marinhos ou de água doce. Classificação: peixes, mariscos, cetáceos, quelônios. • Peixes: carne magra de alta digestibilidade pela falta de tecido conjuntivo. Os peites finos são retirados de água fria, clara e obtidos por pesca de linha. Já os populares são de água morna, rasa e lamacenta. • Crustáceos: carapaça dura e pigmento verde astaxantina (vermelho sob calor). • Moluscos: podem apresentar nenhuma, uma ou duas conchas. Aquisição e armazenamento Carnes arroxeadas, acinzentadas e esverdeadas, descongeladas ou não, apresentando odor forte e desagradável não devem ser usadas na alimentação. O estado de maturação influencia sobre a consistência da carne. O processo de maturação ocorre após o rigor mortis do animal, pois há aumento da atividade enzimática, degradando proteínas e promovendo assim o amaciamento. Essa maturação ocorre durante o armazenamento, em temperatura de refrigeração, promovendo a diminuição da rigidez cadavérica por meio da ação de enzimas proteolíticas, como as proteínas endógenas, catepsinas e calpaínas. Pré-preparo Carnes congeladas devem ser descongeladas em refrigeração. Esse descongelamento lento promove carnes mais macias e suculentas. Jamais deverá ser congelada novamente! Carnes bovina, ovinas e suínas não devem ser lavadas, pois perdem substâncias extrativas de sabor e nutrientes presentes no suco. Algumas carnes precisam passar por processos de amaciamento. Esses procedimentos podem ser por ação mecânica, enzimática, química ou por maturação a vácuo: • Mecânicos: cortar, bater ou moer. Carnes de aves e peixes não necessitam de batedores para amaciamento devido terem menor teor de tecido conjuntivo. • Ação enzimática: pode ser com enzimas naturais (papaína, bromelina e ficina) ou artificiais que rompem a estrutura das proteínas tornando a carne mais macia • Químico: um dos métodos mais utilizados é deixar a carne marinar em vinha d’alhos (temperos e vinagre ou vinho) de véspera. Além de marinar melhora o sabor. O pH dessa mistura hidrolisa as proteínas continuando a maturação natural conferida pelo ácido lático. • A vácuo: carnes são embaladas em sacos plásticos e mantidos em câmaras frigoríficas de baixa temperatura.