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@laismazzini Qualidade no Desenvolvimento do Produto: QFD O QFD (Quality Function Deployment, no português, Desdobramento da Função Qualidade) teve início no Japão, na década de 1960, por meio de cartas e matrizes demonstrando que os pontos críticos da garantia da qualidade deveriam ser transferidos ao longo de todas as etapas do projeto e manufatura. Segundo Toledo et al. (2013, p. 226), o desdobramento da qualidade “é um método utilizado para conceber, configurar e desenvolver um bem ou serviço a partir das necessidades e desejos dos clientes, bem como pode ser utilizado como método de resolução de problemas observados dentro de uma organização”. Um dos modos de utilização ou visualização do QFD é de forma ampla ou estendida (QFD Amplo/ Estendido), que é composto por dois elementos básicos: I. O Desdobramento da Qualidade (Quality Deployment – QD), que possibilita o desdobramento sistêmico da voz do cliente, passando pelo estabelecimento de funções, mecanismos, componentes, processos e matéria-prima, e estabelecendo valores para o controle de processo; II. A Tabela de Atividade para Garantia da Qualidade (Quality Assurance Activity Table – QA), que tem ênfase no trabalho humano, sistematizando os objetivos e recursos (TOLEDO et al., 2013). Outra versão bastante utilizada é o QFD de Quatro Fases, que inicia com as características do mercado, desmembrando até a função da produção. @laismazzini É possível notar na figura que as sequências são organizadas e operacionalizadas por meio de matrizes, também conhecidas como Casa da Qualidade. Na primeira casa, faz-se o desdobramento dos requisitos do consumidor, transformando-os em especificações técnicas do produto. Sucessivamente, esses desdobramentos são gerados até os requisitos dos padrões de controle dos processos e qualidade, com o objetivo de que toda a especificação de produto, componentes, processos e padrões de operação estejam orientadas às necessidades dos clientes. Mas como são compostas essas matrizes? Na Figura, é apresentado um modelo da matriz QFD original, que é a base de todas e quaisquer versões. A primeira etapa desse processo é a de identificar os requisitos dos clientes do produto, que pode acontecer anteriormente à realização da Casa da Qualidade (matriz QFD). Para isso, é recomendado coletar informações sobre as necessidades dos clientes para cada fase do ciclo de vida do produto. A obtenção desses dados pode ser realizada por meio de: cartões de consulta e informações comerciais; serviço de atendimento a clientes e suas respectivas manifestações, observação direta (acompanhar o produto/cliente durante sua utilização), entrevistas e questionários, grupos focais (reunir um grupo de clientes) etc. Neste primeiro momento, deve- se levantar as necessidades “brutas”, denominadas de dados originais ou a voz do cliente. No @laismazzini entanto, os dados originais (a voz do cliente) precisam ser traduzidos, transformando as necessidades dos clientes em requisitos próprios deles. Esses requisitos podem ser relacionados a aspectos, como: desempenho funcional, fatores humanos, propriedades, espaço, confiabilidade, ciclo de vida, recursos e manufatura. Como transformar as necessidades dos cliente em requisitos dos clientes? É apresentada uma sugestão de etapas para realizar essa transformação, que pode ser bem útil no seu dia a dia: • Realizar um questionário aberto (o cliente pode manifestar o que quiser a respeito do produto), transcrevendo todas as respostas em uma planilha, exatamente como foi dito pelo cliente. • Reescrever os itens da qualidade demandada com sujeito, verbo (dever) e predicado. Deve-se eliminar redundância e converter ideias negativas em positivas. Exemplo: o chocolate não deve ser gorduroso = o chocolate deve ser livre de gorduras danosas. • Utilize a mesma lógica ou o próprio diagrama de afinidades e agrupe os requisitos do cliente por semelhanças. É possível utilizar também uma matriz para organizar essa sistemática, conforme a Figura, no qual é descrito o dado original, as possíveis “cenas” ou situações de uso e, como resultado (terceira coluna), os requisitos dos clientes. Após a identificação dos requisitos dos clientes (etapa 2), é preciso priorizá-los em função da visão do cliente (sugere-se uma nova pesquisa, agora com perguntas fechadas), na qual o cliente pontua (quantifica) a importância daquele item. Também, nessa etapa, caso seja um produto que já esteja no mercado, o cliente pontua seu grau de satisfação do produto atual com o requisito. Por exemplo: de 1 a 5, que nota você daria para o requisito “ser fácil de usar”? Ainda nessa análise, pode-se realizar uma pontuação interna para os requisitos, buscando interpretar pontos que são (ou podem) ser diferencias no produto. Na etapa 3, deve-se realizar uma análise perante os concorrentes de produtos do mesmo segmento ou similares. É necessário também quantificar por meio de pontuação, pois, ao final, teremos índices que nortearão as prioridades e ações. Tendo esta visão “cliente e mercado”, é necessário pensar no produto em si, por isso, a quarta etapa é decorrente da transformação dos requisitos do cliente em requisitos do produto (expressões mensuráveis), ou seja, se o cliente deseja um produto resistente, quais pontos do produto devem ser trabalhados para atender essa necessidade? @laismazzini É importante ressaltar que todo requisito do produto tem de ser mensurável na prática. Outro ponto relevante nesta etapa ocorre na parte superior da Casa da Qualidade, que se parece com o telhado, no qual cada um dos requisitos do produto devem ser cruzados entre si, para verificar se existe correlação entre eles e qual é sua influência. Na quinta etapa, também ocorre uma análise de relação, mas agora entre os requisitos do cliente e os do produto. Na última etapa, é preciso fazer uma análise técnica e definir a qualidade projetada. Referência: Gerenciamento e controle de qualidade - Leonardo Ferreira Eliana Belo Silva.