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* PROPRIEDADES FUNCIONAIS DAS PROTEÍNAS * PROPRIEDADES FUNCIONAIS DAS PROTEÍNAS 1. Introdução Qualidade de um alimento pode ser definida basicamente por três aspectos: Composição: quantidades ou proporções de seus componentes Propriedades nutricionais: riqueza e biodisponibilidade de nutrientes essenciais; ausência de substâncias tóxicas e antinutricionais * Propriedades funcionais: qualquer propriedade que influencie a aceitação e utilização dos alimentos ou componentes de um alimento Funcionalidade: somatória das propriedades funcionais de um alimento ou ingrediente alimentício Valor funcional: característica de funcionalidade que aumenta a aceitação e utilização de um alimento as propriedades funcionais podem variar com as propriedades físicas e químicas * 2. Classificação das propriedades funcionais das proteínas Existem diferentes maneiras de se classificar os propriedades funcionais de proteínas Classificação proposta por Pour-El (1981) A) Propriedades hidrofílicas: depende da afinidade da proteína pela água “Solubilidade” importante em alimentos líquidos (refrescos, sucos, leite, etc); baixa solubilidade é desfavorável a funcionalidade; * Fatores que influenciam a solubilidade da proteína peso molecular e conformação das moléculas; densidade e distribuição das cargas elétricas; (influenciada pelo pH, natureza e concentração de íons e temperatura) * “ Capacidade de hidratação e de retenção de água” Envolve a interação entre a proteína ou alimento protéico com a água (afinidade depende da textura, viscosidade, geleificação e emulsificação) Esponjamento: habilidade de captar água espontaneamente Capacidade de retenção de água: água que permanece na proteína após exposição ao excesso de água e aplicação de força centrífuga ou pressão esses parâmetros definem a atração hidrofílica * A ÁGUA NOS ALIMENTOS esse parâmetros são muito importantes em produtos cárneos Importâncias A água é o maior componente da maioria dos alimentos e exerce influência acentuada em várias de sua características, como: Estrutura (textura e maciez); Aparência; Sabor; Suculência; Susceptibilidade à deterioração; * Tipos de água nos alimentos 1. Água de massal ou bulk-phase 75 a 90% de toda água de produtos in natura Não apresenta nenhuma ligação com soluto Facilmente removível em processos de secagem Quanto maior sua quantidade, mais perecível se torna o alimento Dividida em dois tipos: - Água livre - Água presa (sequestrada) * Água livre: Mais facilmente removível Predomina ligações de hidrogênio (água x água) Fluxo macroscópico desimpedido Propriedades semelhantes a uma solução salina Ponto de congelamento menor que a água pura Mobilidade translacional um pouco menor que a água pura Entalpia de vaporização é a mesma da água pura Conseqüências deteriorativas - Crescimento microbiano - Velocidade rápida das reações químicas * Água presa ou sequestrada: Características semelhantes à água livre, com as seguintes exceções: Fluxo macroscópico impedido por matriz de gels ou tecidos (estruturas celulares) 2. Água ligada É a água que existe nas vizinhanças dos solutos e outros constituintes não aquosos Dividida em três tipos: - Constitucional - Vicinal - Multicamada * Constitucional: É a mais ligada, faz parte integral da substâncias não aquosas e está situada nas regiões intersticiais das proteínas ou como parte dos hidratos químicos Não é congelável à - 40°C Não apresenta capacidade solvente e mobilidade translacional Maior entalpia de vaporização e baixa porcentagem em alimentos de alta umidade (0,03%) Conseqüências deteriorativas - autoxidação (não está disponível aos M.O) * Vicinal ou monocamada: Menor associação que a constitucional (ponte de hidrogênio e interação de Vander Vals) Em nível máximo ela forma uma cobertura de camada única (monocamada) nos grupos hidrofílicos acessíveis Não congela à - 40°C e sem capacidade solvente Mobilidade translacional reduzida Maior entalpia de vaporização e 0,3 a 0,4% da água total em alimentos de alta umidade Ótima estabilidade à deteriorações * Multicamadas: Ocupa os sítios remanescentes da primeira camada, formando várias camadas adicionais ao redor dos grupos hidrofílicos não aquosos Das águas que interagem com o soluto, essa é a de menor força (pontes de hidrogênio) Maior parte não congela à - 40°C Capacidade solvente é leve ou moderada Mobilidade translacional reduzida Maior entalpia de vaporização que água pura e 2 a 3% da água total em alimentos de alta umidade Boa estabilidade à deteriorações (Esquema) * Fatores que influenciam a capacidade de retenção de água nos alimentos protéicos estado de contração das miofibrilas; Contração irreversível pelo “ Rigor Mortis” (produção irreversível do complexo actomiosina pela redução do pH e concentração de ATP) Obs:. Esse processo promove o encurtamento das miofibrilas com redução de espaço para acomodação da água * pH; pH 5,0 (ponto isoelétrico das proteínas miofibrilares) retenção mínima com pouco espaço entre miofibrilas pH afastado de 5,0 (predominam cargas de mesmo sinal e repulsão com afastamento das miofibrilas e mais espaço para preenchimento com água) estado de desnaturação das proteínas; Seja pelo calor, frio ou efeito do pH, diminui os espaços interfibrilares e a CRA temperatura (inadequada após abate, causa efeito semelhante ao rigor mortis na CRA); * B) Propriedades interfásicas depende da capacidade das proteínas se unirem e formarem uma película entre duas fases imiscíveis “ Emulsificação” Emulsão: mistura de dois líquidos imiscíveis (um é disperso na forma de glóbulos no outro) Dois tipos de emulsão: Óleo em água (água externa em fase contínua) Água em óleo (óleo externo em fase contínua) Presença de um agente emulsificante é que torna uma emulsão estável (proteína é um excelente agente para lipídios em água) * Agente emulsificante: Deve possuir parte hidrofílica e hidrofóbica na mesma molécula (forma uma camada entre as duas fases, separando-as e impedindo a coalescência nos glóbulos da fase interna); Emulsificantes polares formam e estabilizam emulsões óleo em água; emulsificantes não polares formam e estabilizam emulsões água em óleo; emulsões cárneas são consideradas óleo em água (salsichas e outros embutidos) * Esquema pag. 272 * Aspectos observados em uma emulsão capacidade de emulsificação (quantidade de lipídios emulsificados pelas proteínas); estabilidade da emulsão (capacidade das proteínas manterem a mistura em força homogênea quando submetidas a pressão ou calor) Fatores que influenciam na formação e estabilização de uma emulsão temperatura; Muito alta reduz a viscosidade do óleo e aumenta a coalescência (quebra a emulsão) Ideal 20°C * tamanho da partícula de gordura; Varia entre 0,1 e 50 (tamanho não deve exceder as 50) Particulas muito pequenas a emulsificação pode ser menor (menos óleo) pH, quantidade e tipo de proteína; No caso do pH, o poder emulsificante está relacionado com a solubilidade da proteína (pH afeta a solubilidade) Tipo de proteína (relacionado basicamente a conformação - globular ou fibrosa e solubilidade - hidro ou lipossolúveis) Quantidade (ideal para cada tipo de emulsão) * viscosidade Maior viscosidade mais estável a emulsão “ Formação e estabilidade de espumas” A formação de espumas, refere-se a expansão de volume da dispersão protéica, pela a incorporação de ar por batimento, agitação ou aeração A estabilidade é a retenção do volume máximo de espuma em função do tempo de repouso As albuminas são os melhores formadores de espumas em alimentos (leite, ovo e feijão) * Fatores que afetam essa propriedade natureza da proteína; solubilidade; estado de desnaturação; presença de sais e outros aditivos * C) Propriedades intermoleculares depende da habilidade das proteínas formarem ligações cruzadas entre si ou com outros compostos “ Formação de fibras de proteínas” Fibras de proteínas podem ser produzidas natural (bicho da seda) ou mecanicamente; Toda proteína pode formar fibras (algumas mais adequadas que outras); melhores são albumina do ovo, zeína, caseina, colágeno e isoladas da soja as moléculas alongadas e flexíveis, são orientadas por um processo mecânico, se sobrepõe e produzem interações e ligações cruzadas em vários pontos * Principais ligações e associações intermoleculares 1) Interação eletrostática ou salina; 2) Interação não polar ou de Van der Waals; 3) Ligações ou pontes dissulfeto; 4) Ligações de amida (isopeptídicas); 5) Ligações ou ponte de hidrogênio; 6) Ligações de éster; 7) Ligações de éter * Fatores que influenciam na formação de fibras forma da molécula protéica; natureza e distribuição dos grupos reativos; comprimento da cadeia Ideal PM ± 10000 daltons (abaixo não forma e acima aumenta muito a tenacidade) Importância das fibras em alimentos criar novas formas e texturas em alimentos; Ex:. Produtos extrusados melhorar digestibilidade e biodisponibilidade de algumas proteínas * Esquema do processo de formação de fios de proteínas Pag. 281 * “ Geleificação” endurecimento durante a cocção das carnes e farinhas, alteração na consistência do ovo e formação de geléias Ponto de gel: ocorre um aumento da viscosidade até o ponto que a rigidez se manifesta (resfriamento da solução coloidal) Existem várias teorias para explicar o fenômeno de formação de géis, como: 1. Adsorção de solventes; 2. Formação de rede ou estrutura tridimensional; 3. Orientação de partículas * Gelatina: preparada a partir do colágeno da pele, ligamentos ou ossos pela ação de ácidos ou álcali diluídos; é uma mistura de espécies moleculares (depende da origem) Fatores que influenciam a rigidez de um gel de gelatina concentração de gelatina (maior concentração, maior rigidez); temperatura (aumenta com abaixamento da temperatura); peso molecular (maiores pesos géis mais rígidos) reagentes adicionados e pH * Formação de massa visco-elástica (panificável) na formação de massa panificável, participam as proteínas, amido e alguns lipídios; de todas as proteínas vegetais, as que mais se prestam a panificação são as do glúten de trigo (gliadinas e gluteninas); a formação de ligações intra e intermoleculares nas proteínas (pontes dissulfídicas (gluteninas), ligações de H e ligações eletrostáticas (gliadinas)) definem a visco-elasticidade das massas; o bromato de potássio melhora a visco-elasticidade (forma novas pontes dissulfídicas) * Etapas do processo de panificação a) Formulação farinha, gordura, açúcar, fermento e aditivos (garantem o fenômeno da panificação); b) Batedura água entra em contato com todos os componentes polares; estratificação entre lipídios e proteínas do glúten; c) Fermentação açúcares adicionados e produzidos (-amilase do trigo) sofre fermentação pelas enzimas do fermento, com produção de CO2 CO2 exerce pressão na massa e aumenta o volume * d) Cozimento (fornos) desnatura as proteínas (importante para manter estável o volume do pão e paralisar reações bioquímicas) ocorre também a reação de Maillard (responsável pelo aroma de pão fresco e cor característica da crosta da casca) Aroma: aldeídos voláteis produzidos na degradação de Strecker; Cor: formação de melanoidinas Aplicações industriais das prolaminas e gluteninas manufatura de fibras texteis; revestimento resistente a gordura (zeína); aglutinantes * D) Propriedades organolépticas ou sensoriais “ Textura” sensação sentida na boca quando se mastiga um alimento sólido (dura, macia, crocante, arenosa ou borrachenta); além das proteínas, outros componentes como as fibras, amido e substâncias pécticas, contribuem para textura em vegetas; papel das proteínas se destaca nas carnes; textura geralmente é medida por penetrômetros (carnes e vegetais) e libra força para corta o músculo; * Fatores que influenciam a textura de carnes a) proporção em proteínas miofibrilares (actina e miosina) e estromáticas (colágeno e elastina); Carne macia e suculenta (mais proteínas miofibrilares e menos estromáticas) b) estado de contração muscular (rigor mortis) Músculos em repouso são mais macios que contraídos (quanto menor o rigor mortis, melhor) Rigor Mortis: formação irreversível de actomiosina ou contração irreversível das miofibrilas, influenciado por: condições físicas; tratamento do animal antes do abate e tratamento da carne após abate * c) temperatura durante o manejo e estocagem 37 a 38°C (fisiológica) grau de contração elevado; 10 a 20°C (ideal) mínimo encurtamento das fibras; próximas de 0°C grande encurtamento (50%), carne dura d) estado de desnaturação nas carnes cozidas e assadas Maciez em aquecimento prolongado´por solubilizar o colágeno e rompimento de micro-estruturas que provocam o endurecimento (acima de 70°C) * “ Cor” influi de forma decisiva na aceitação do alimento; proteínas simples são incolores; proteínas conjugadas são coloridas; Molécula com parte protéica e parte não protéica (grupo prostético) que lhes conferem coloração característica, como: Hemeproteínas: radical heme confere cor vermelha a carnes Flavoproteínas: riboflavina ou nucleotídeos de flavina conferem cor amarelada hemoglobina e mioglobina na forma oxidada, conferem cor vermelha as carnes * “ Aroma e sabor” são utilizadas várias maneiras de se classificar sabor em alimentos; os principais sabores pode ser considerado sob quatro estímulos básicos: salgado, ácido, doce e amargo; podem ser influenciados pelos aminoácidos, peptídeos e proteínas Aminoácidos: apresentam a mais variada expressão de sobor e aroma Grupo 1: sem gosto e aroma; Grupo 2: gostos complexos e difíceis de avaliar (glutamato e sulfurados) Grupo 3: gostos distintos, amargo ou doce * Peptídios: dependem dos aminoácidos componentes, são bastante empregados como adoçantes Proteínas: em geral são consideradas como não apresentando características de gosto (influencia indiretamente) Recentemente foram extraídas de plantas originárias da Africa Oriental, proteínas doces (Taumatina, Monelina e Miraculina) Essas proteínas tem capacidade de alterar gosto ácido em sabor doce * 5.Modificações de proteínas As modificações poderão ser efetuadas da seguinte forma: A) Modificações químicas Acilação e reações relacionadas; Alquilação; Reduções e oxidações; Substituição do anel aromático. B) Modificações enzimáticas (enz. proteolíticas) Hidrólise total Aplicações: Determinar a composição de aminoácidos) * Hidrólise parcial Aplicações: Sequenciação e estabelecimento da estrutura primária de polipeptídios; Melhorar as propriedades funcionais e ou nutritivas; Identificar e isolar peptídios fisiologicamente ativos Reação de plasteína Aplicações: Melhorar as propriedades funcionais e ou nutritivas * Reação de plasteína Processo catalisado por uma protease envolvendo a formação de um produto plástico semelhante a um gel (transpeptidação e condensação) Esquema Proteina + água Protease Peptídios pH ótimo Concentração Peptídios concentrados Novo pH adequado (protease - mesma ou diferente) Plasteína Proteases: Papaína, -quimiotripsina, etc.
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