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Resenha Crítica- Práticas de compras no Japão e nos EUA

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUÇÃO E SERVIÇOS
Resenha Crítica de Caso 
Iara Botelho Leal
Trabalho da disciplina Gestão Estratégica de Compras e Fornecedores
 	 Tutor: Prof. Marilia de Sant Anna Faria
Itaboraí - RJ
2019�
ALGUMAS DESCOBERTAS PRELIMINARES DAS PRÁTICAS DE COMPRAS NO JAPÃO E NOS ESTADOS UNIDOS
Referência: 
FREELAND, James R.; ASHBY, Harold Lee. – Algumas descobertas preliminares das práticas de compras no Japão e nos Estados Unidos – University of Virginia Darden School Foundation, Charlottesville, VA – 1989. Acesso em: 14/10/2019
O seguinte estudo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada com dez empresas, cinco japonesas e cinco empresas americanas, sobre as práticas de compras e o relacionamento fornecedor/comprador. A relevância neste estudo foi dada às práticas JIT (Just-in-Time) dentro da área de compras. Foram entrevistados os gerentes de compras de cada empresa, onde foi permitido que cada uma definisse para elas mesmas se em sua rotina usavam a compra JIT.
Quando se imagina uma fábrica com JIT perfeito, pode-se prever que as peças compradas em diversos tamanhos, são entregues exatamente no momento que seriam usadas no processo produtivo. Com isso o fornecedor se torna outra estação de trabalho, igualando a frequência de entrega, com a taxa de consumo, o que impulsiona o processo de fabricação e conseguiria atingir a meta de zero inventário. Entretanto, os custos de transporte e manuseio em uma fábrica poderiam não ser vantajosos, tendo em vista que as entregas são feitas uma unidade por vez, o que iria superar os benefícios do inventário zero, logo o JIT não é perfeito.
Embora exista diversos estudos sobre as experiências das empresas que implementaram o just-in-time, ainda não existe um critério padrão que determina se a empresa opera em JIT ou não. A maneira mais adequada de descobrir se a empresa está no padrão JIT é comparando as práticas de compras convencionais, com as práticas de compras em JIT. Porém a comparação tende a ser simplista demais, uma vez que, a abordagem de compra em JIT depende de como são os diferentes ambientes de negócio, e as operações de fabricação.
Das empresas japonesas do grupo de estudo, somente três declararam que operavam em JIT, são elas: Toyota, Roland e Hino Motors. Na literatura as empresas japonesas utilizam o JIT para todas as compras de peças, o que gerou uma surpresa tal resultado. As empresas que operavam em JIT, a frequência de entrega variou de acordo com os custos de armazenamento, relativo do item comprado.
Dentre as empresas americanas deste estudo, quatro operavam em JIT: IBM, Apple Computer, General Eletric e Hewlett-Packard, entretanto não se diferenciavam em vários aspectos das empresas japonesas, tendo em vista que o JIT não é totalmente aplicado no processo de compras de peças. 
Existem alguns critérios para as entregas de peças em JIT, tanto para os fabricantes japoneses quanto para os americanos, são eles:
Tamanho Físico: Quanto maior o item, mais espaço de armazenamento irá consumir, logo, os custos relacionados ao manuseio será maior.
Custo do item comprado: Quanto maior o custo do item, maior são as despesas com impostos, armazenamento, seguro, etc..
Proximidade geográfica do fornecedor: Critério aplicado para as empresas americanas, pois o Japão é mais compacto em tamanho, e os fornecedores tinham fácil acesso.
O sistema de cartão Kanban é uma ferramenta usada para programar e iniciar ordens de compra, ele é considerado uma parte integrante de fabricação just-in-time, porém, não é utilizado por quase nenhuma das empresas entrevistadas, com exceção da indústria automotiva.
Ao longo da pesquisa, foi notada uma diferença entre as empresas americanas e japonesas, os gerentes americanos apoiavam o menor número possível de fornecedores, ou seja, uma fonte única de fornecimento. Eles afirmavam, que a parceria com um único fornecedor facilita a implementação do JIT na empresa, além de ter o maior poder de negociação do preços, devido ao alto volume de compras. Todos ficavam satisfeitos com os resultados de fonte única.
Os gerentes das empresas japonesas preferem um número maior de fornecedores, fontes múltiplas de fornecimento de materiais. Eles afirmaram que tem mais facilidade para garantir os preços competitivos, e manter os níveis de qualidade. Usando mais de uma fonte de fornecimento, o fabricante pode comparar o preço e qualidade dos produtos de cada fornecedor. O uso das fontes múltiplas é a garantia de um fornecimento reserva, em casa de entrega com materiais ou equipamentos defeituosos.
As diferenças destacadas entre as empresas, ocorrem porque os fabricantes americanos projetam seus produtos com componentes de design personalizado, com isso o fornecedor precisa fazer investimentos para projetar a peça solicitada. Os fabricantes japoneses utilizam peças prontas para produzir produtos já existentes, são peças padronizadas, podendo depender de diversas fontes de fornecimento. Os americanos também utilizam novas tecnologias para produzir novos produtos, enquanto os japoneses são conhecidos por produzir produtos baseados em tecnologias já existentes, mas com níveis superiores de eficiência.
Para ambos os fabricantes americanos e japoneses, o processo de escolha dos fornecedores apresenta semelhanças, para aqueles que utilizavam JIT e os que não utilizavam. A escolha é baseada em quatro procedimentos: 
Avaliar os procedimentos de controle de qualidade do fornecedor: A análise de qualidade é o principal fator com fabricantes JIT, onde o objetivo seria receber 100 por cento de entregas livres de defeitos.
Avaliar a capacidade do fornecedor de cumprir o cronograma de entrega da empresa: Para um fabricante JIT as entregas não podem sofrer atrasos, pois pode fechar a linha de produção.
Avaliação de comprometimento do fornecedor para cortar os custos: Além de preços competitivos, os gerentes de compra buscam redução de custos na compra de produtos.
Revisão da situação financeira do fornecedor: Busca garantir que o fornecedor continue servindo o fabricante com excelência. 
Outra semelhança entre as empresas japonesas e americanas era o acordo de compras, o mesmo era feito tipicamente em curto prazo (três a 18 meses) e informal (uma a três páginas), entretanto, não excluía a possibilidade de se ter relacionamentos com o fornecedor em longo prazo. Uma das principais motivações para que os contratos sejam de curto prazo, se deve a ter mais flexibilidade de negociação dos preços, o curto prazo de tempo dos contratos com o fornecedor, torna o relacionamento mais flexível e não menos sólido.
Para os japoneses a formulação de contratos bem detalhados poderia prejudicar a flexibilidade de relacionamento com os fornecedores, de fato algumas vezes não existia nenhum contrato escrito. Já os americanos diziam que nenhum contrato é tão importante quanto o bom relacionamento com o fornecedor. A maioria dos contratos eram selados com apertos de mão ou reverências. Os contratos inscritos existiam alguns termos extremamente importantes, como redução de custos, procedimentos de controle de qualidade e frequência de entrega.
Segundo os gerentes de compras entrevistados, as trocas de informações são de grande importância para se ter um bom relacionamento entre comprador/fornecedor, os mesmos ressaltaram ainda que, a prática de compra em JIT requer um bom controle de qualidade e cronograma de entrega. A satisfação com os resultados dos programas JIT era de todos os gerentes de compras, pois com o just-in-time houve reduções substanciais no inventário de peças compradas, além de maior produtividade e melhor relacionamento entre o cliente e fornecedor.
Apesar de uma grande variedade de estudos sobre a implementação de práticas do JIT e outros diversos benefícios que ele oferece o modelo just-in-time não se aplica em todas as empresas, pois emalgumas situações o JIT pode ser inapropriado, ou difícil de ser implementado o uso desse modelo em algumas empresas.
Algumas características dos grupos não-JIT destacados neste estudo são: baixa produção e volume, demanda imprevisível de produtos, inúmeras opções da mesma linha de produto, e longos tempos de espera (três a seis meses) para produtos sob encomenda.
O JIT necessita de um fluxo de produção tranquilo, e uma linha de produtos padronizada. Para a empresa trabalhar com JIT é necessário se adequar a diversas características exigidas, para que venha colher bons resultados.
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