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Materiais_I_Argamassas

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Materiais de Construção I – Notas de aula 1 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM 
Departamento de Engenharia Civil – DEC 
Disciplina: 2546 – Materiais de Construção I 
Docente: Prof. Dr. José Luiz Miotto 
 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I 
 
As anotações constantes nestas notas de aula são compilações de parte das obras indicadas nas 
referências bibliográficas da disciplina. Por se tratarem se compilações, os textos originais devem 
ser sempre consultados e estudados. Apresentam-se, na Introdução, transcrições do livro 
“Revestimentos de argamassas: boas práticas em projeto, execução e avaliação”, de autoria de 
Luiz Henrique Ceotto, Ragueb C. Banduk e Elza Hissae Nakakura, publicado em 2005 pela 
Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído – ANTAC. 
 
 
2. ARGAMASSAS 
 
 
2.1 Introdução 
As alvenarias e os revestimentos argamassados são tecnologias construtivas que, na sua 
essência, remontam seu uso desde a Idade Média. Inicialmente, as alvenarias eram utilizadas 
simultaneamente como vedações e como estrutura, e eram constituídas, na sua grande maioria, 
por tijolos de origem cerâmica assentados e revestidos com argamassa proveniente da mistura de 
cal e areia. Com a invenção do cimento Portland, as argamassas sofreram uma evolução. Com a 
adição desse produto, conseguiram ter sua resistência aumentada e a aderência às bases onde 
eram aplicadas muito melhorada, já nas primeiras idades. Com a invenção do concreto armado, o 
sistema de construção mudou profundamente e as alvenarias deixaram de exercer sua função 
estrutural, sendo utilizadas somente como elementos de vedação. Os problemas de fissuração e 
destacamento das argamassas tiveram início nessa mesma época, embora não tenham sido 
percebidos na ocasião. Quando as alvenarias eram estruturais, as tensões eram uniformemente 
distribuídas em todo o conjunto alvenaria/revestimento, preponderantemente na direção vertical 
da edificação, provocadas pelo peso próprio do edifício e suas cargas de utilização. Os pisos de 
madeira e/ou aço de cada pavimento distribuíam com certa uniformidade as cargas nas paredes, 
as quais distribuíam, também de forma uniforme, seu próprio peso e as cargas das lajes sobre 
sapatas corridas. Dessa maneira, as eventuais concentrações de tensões ocorriam em áreas 
muito reduzidas e eram de intensidade muito pequena. Os movimentos higrotérmicos eram 
facilmente dissipados nas grandes espessuras de argamassas usadas até então. 
O uso de estruturas reticuladas de concreto armado, tal qual conhecemos hoje, introduziu novos 
problemas e suas respectivas consequências. Primeiro, as cargas que inicialmente eram 
uniformemente distribuídas nas paredes eram agora transferidas para vigas, que, por sua vez, as 
conduziam aos pilares, ou seja, as cargas eram desviadas horizontalmente por peças fletidas 
(vigas) para locais onde eram concentradas, que passavam a ser chamados de pilares. As vigas 
transferem essas cargas provocando deslocamentos verticais que chamamos de flechas. As 
paredes, que, quando usadas como estruturas, eram uniformemente comprimidas, passavam 
agora a sofrer outros tipos de tensões provocadas pelas vigas. As tensões de compressão 
deixaram de ser preponderantes, e as de tração e cisalhamento passaram a predominar. Como as 
alvenarias têm grande capacidade de resistência à compressão e pouca capacidade à tração e ao 
cisalhamento, instalou-se potencial para patologias. 
Até algumas poucas décadas atrás, as estruturas de concreto possuíam vãos relativamente 
pequenos (de 3,5 m a 5 m) com muitos pilares, com edifícios raramente ultrapassando 16 
pavimentos e construídos num prazo relativamente longo (24 a 30 meses). Essas condições 
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faziam com que as tensões de tração e cisalhamento, embora maiores do que na alvenaria 
estrutural, não fossem grandes, o que não provocava patologias significativas. 
Nas últimas décadas, a exigência por mais vagas de garagem cresceu muito, bem como a 
necessidade de aumento da produtividade para se reduzirem custos de produção. Além disso, o 
solo urbano teve seu preço demasiadamente majorado, fazendo com que os edifícios, que antes 
possuíam 16 pavimentos, agora fossem construídos com 30 pavimentos ou mais. Tudo isso 
somado tornou as estruturas de concreto armado bem mais solicitadas do que na sua origem, 
aumentando significativamente as deformações impostas à alvenaria. A consequência foi 
inevitável, com um aumento muito grande nas patologias nesses últimos anos. Para agravar a 
situação, para se conseguirem estruturas altas e com grandes vãos, foi necessário o aumento da 
resistência à compressão do concreto, dos valores comumente usados no passado, da ordem de 
15 MPa a 18 MPa para os atuais 30 MPa a 35 MPa. Sabemos que, quanto mais resistente é o 
concreto, menor é a sua porosidade, o que dificulta ainda mais a aderência dos revestimentos e 
das argamassas de fixação da alvenaria, piorando a situação. 
 
 
2.2 Definição 
Segundo a ABNT NBR 13.281:2001, argamassa é a mistura homogênea de agregado(s) 
miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos e adições, com 
propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou em instalações 
próprias (argamassas industrializadas). 
Os aglomerantes utilizados na produção das argamassas podem ser a cal hidratada, o cimento 
Portland ou o gesso. O agregado mais comum é a areia, embora possa ser utilizado o pó de 
pedra. As argamassas mais comuns são constituídas por cimento, areia e água. Em alguns casos, 
costuma-se adicionar outro material como saibro, barro, caulim e outros para a obtenção de 
propriedades especiais. Chama-se traço a proporção em volume ou em massa entre os 
componentes das argamassas, que varia de acordo com a finalidade da argamassa. 
Aditivos para argamassas: 
• Plastificantes – aumentam a resistência com menos água no preparo; 
• Fluidificantes – mesmo efeito do plastificante, porém mais efetivo; 
• Incorporadores de ar – incorporam bolhas de ar, aumentando a permeabilidade; 
• Impermeablizantes – repelem a água; 
• Retardadores – retardam a pega; 
• Aceleradores – aceleram a pega. 
 
 
2.3 Características e usos para as argamassas 
Assim como o concreto, as argamassas também se apresentam em estado plástico nas primeiras 
horas de confecção, e endurecem com o tempo, ganhando resistência mecânica, resiliência e 
durabilidade. São empregadas com as seguintes finalidades: 
• Assentar tijolos e blocos, azulejos, cerâmicas e tacos de madeira; 
• Melhorar a aderência da base de revestimentos; 
• Impermeabilizar superfícies; 
• Regularizar (tapar buracos, eliminar ondulações, nivelar e aprumar) paredes, pisos e tetos; 
• Dar acabamento às superfícies (liso, áspero, rugoso, texturizado, etc.). 
 
 
2.4 Classificação 
Quanto à natureza do aglomerante, as argamassas podem ser classificadas em: 
• Argamassa aérea: preparada com aglomerante aéreo, que endurece por reação com o 
dióxido de carbono contido no ar; 
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• Argamassa hidráulica: preparada com aglomerante hidráulico, que endurece por meio de 
reação com a água. 
 
Quanto ao tipo de aglomerante podem ser: 
• Argamassa de cal: preparada com cal como único aglomerante; 
• Argamassa de cimento: preparada com cimento Portland como único aglomerante; 
• Argamassa de cimento e cal: preparada com cal e cimento Portland como aglomerantes. 
 
Quanto ao número de aglomerantes empregados podem ser: 
• Argamassa simples: argamassa constituída de um único aglomerante; 
• Argamassa mista: argamassa constituída de mais de um aglomerante. 
 
Quanto à consistência podem ser: 
• Secas: argamassas cujo índice de consistência (flow table) é inferior a 250 mm; 
• Plásticas: argamassas cujo índice de consistência está entre 260 e 350 mm;• Fluidas: argamassas cujo índice de consistência é superior a 360 mm. 
 
Segundo a sua finalidade, as argamassas são classificadas em: argamassas para assentamento e 
argamassas para revestimento de paredes e tetos. 
 
a) Argamassas para assentamento 
As argamassas para assentamento são usadas para unir blocos ou tijolos das alvenarias. 
Servem também para a colocação de azulejos, tacos e cerâmica, devendo possuir as 
seguintes propriedades: 
 
• Trabalhabilidade: uma argamassa tem boa trabalhabilidade quando pode ser distribuída 
com facilidade ao ser assentada, preenchendo todos os vazios. Não se separa ao ser 
transportada, não adere à colher do pedreiro e permanece plástica por um bom tempo. 
• Retenção de água: está relacionada com a manutenção da consistência da argamassa. É 
a propriedade da argamassa de não perder a água que possui para o elemento onde foi 
assentada. 
• Aderência: não é uma característica própria da argamassa. Depende das condições da 
mesma e da unidade da alvenaria. A aderência é um processo mecânico; a argamassa se 
ancora na alvenaria pela penetração nas suas reentrâncias. 
• Resistência mecânica: o principal esforço que a argamassa de assentamento sofre é o de 
compressão. Também sofre flexão e cisalhamento por esforços laterais nas paredes, 
porém em menor quantidade. 
 Em relação aos seus aglomerantes, as argamassas de assentamento podem ser: 
 
• Argamassa de cal: é uma mistura de areia e cal utilizada para a ligação dos blocos ou 
tijolos que constituem uma alvenaria. A cal pode ser de dois tipos: a cal virgem e a cal 
hidratada. A primeira, para ser usada, deve passar por um processo de hidratação; 
enquanto que a segunda pode ser comprada pronta. A cal confere à argamassa uma boa 
trabalhabilidade e capacidade de reter água, entretanto, quando está endurecida, 
apresenta baixa resistência. 
• Argamassa de cimento: as argamassas de cimento e areia são indicadas para suportar 
maiores solicitações, pois possuem alta resistência. Argamassas ricas em cimento têm boa 
trabalhabilidade, porém são pouco econômicas. Devem ser observados os cuidados com o 
armazenamento dos materiais (cimento e areia) para obtenção de uma argamassa de boa 
qualidade. 
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• Argamassa mista de cimento e cal: tem proporções adequadas de cada componente, cada 
qual contribuindo com suas características, formando uma mistura mais completa. A 
função da cal é plastificante, por sua capacidade de reter água e melhorar a 
trabalhabilidade. A função do cimento é dar resistência mecânica e aumentar a velocidade 
de endurecimento. Esse tipo de argamassa se adapta e é indicada para vários usos em 
alvenaria (seja ela estrutural ou não). 
• Argamassa mista de cimento e saibro (muito utilizada em Santa Catarina): é uma 
argamassa de cimento em que o saibro atua como plastificante, aumentando o volume da 
mistura e melhorando sua trabalhabilidade. Não se sabe muito sobre o emprego do saibro 
nas argamassas, mas seu uso vem de uma tradição herdada dos colonizadores da região. 
 
 
b) Argamassas para revestimento 
Revestimento é o recobrimento de uma superfície, lisa ou áspera, com uma ou mais camadas 
superpostas de argamassa, em espessura geralmente uniforme, apto a receber, sem danos, 
uma decoração final. Usualmente são aplicadas três camadas de argamassa em uma parede 
a ser revestida: 
• Chapisco: primeira camada fina e rugosa de argamassa aplicada sobre os blocos das 
paredes e nos tetos. Sem o chapisco, que é a base do revestimento, as outras camadas 
podem descolar e até cair. Em alguns casos, como em muros, esse pode ser o único 
revestimento. 
• Emboço: sobre o chapisco é aplicada uma camada de massa grossa ou emboço, para 
regularizar a superfície. Revestimentos como azulejos, pastilhas, pedras e outros são 
aplicados sobre o emboço. 
• Reboco: é a massa fina ou a camada que dá o acabamento final. Em alguns casos não é 
usado o reboco, por motivo de economia. Geralmente tem em seu traço areias mais finas, 
pois servem para dar o acabamento ao revestimento. 
 
Aderência é a propriedade do revestimento de resistir a tensões normais ou tangenciais nas 
superfícies de interface com o substrato. Nas edificações, uma das maiores razões de falha 
das argamassas de revestimento está relacionada com a perda ou falta de aderência ao 
substrato. Assim, a capacidade da argamassa de atingir uma completa, resistente e durável 
aderência com a base talvez seja a mais importante propriedade concernente ao 
comportamento de um revestimento. 
Por sobre as argamassas de revestimentos podem ser aplicados outros acabamentos como 
texturas, massas corridas, pintura, etc. 
As três primeiras fiadas de uma parede de blocos ou tijolos devem ser assentadas e 
revestidas com uma camada de argamassa de impermeabilização, que protege a parede 
contra a penetração da umidade. 
No piso, quando em contato com o solo, aplica-se inicialmente uma camada de brita e, em 
seguida, executa-se uma camada de concreto impermeabilizado denominado contrapiso. 
Pode-se realizar acabamento sobre o contrapiso por meio de uma camada de argamassa de 
cimento e areia, regularizada com desempenadeira de madeira ou de aço, dependendo do tipo 
de acabamento que se pretende. Este acabamento é conhecido como cimentado. 
 
Propriedades da argamassa de revestimento 
Quando fresca: 
• Adesão inicial: é a propriedade que a argamassa fresca de revestimento possui de 
permanecer adequadamente unida à base de aplicação, após o seu lançamento manual 
ou mecânico, auxiliada pela sua plasticidade – traduzida pela coesão entre as partículas 
sólidas – e dificultada pela influência da força da gravidade. Adesão inicial é uma das 
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principais propriedades tecnológicas para a determinação de trabalhabilidade requerida às 
argamassas. 
• Consistência e plasticidade: são os principais fatores condicionantes da trabalhabilidade 
das argamassas, a qual pode garantir que o revestimento fique adequadamente aderido ao 
substrato e dar o acabamento superficial conforme prescrito, caso essa propriedade não 
seja muito alterada pelas características do substrato. A consistência e a plasticidade 
podem alterar-se completamente em função da relação água/aglomerante, da relação 
aglomerante/areia, e da natureza e qualidade do aglomerante. São vários os métodos 
empregados para a medida da consistência. Os métodos que impõem à argamassa uma 
deformação através de vibração ou choque medem ao mesmo tempo a consistência e a 
plasticidade. 
• Retenção de água: define-se retenção de água de uma argamassa como a propriedade 
que a mesma possui de reter mais ou menos água de amassamento ao entrar em contato 
com uma superfície de maior nível de absorção. Nas argamassas mistas de cimento e cal, 
os aglomerantes são os principais responsáveis pela capacidade de retenção de água. No 
entanto as partículas de agregado também são responsáveis por essa propriedade. 
Quando endurecida: 
• Resistência mecânica: é a propriedade das argamassas endurecidas de acompanhar a 
deformação gerada por esforços internos ou externos de diversas origens e de retornar à 
dimensão original quando cessam esses esforços, sem se romperem, ou através do 
surgimento de fissuras microscópicas que não comprometam o desempenho do 
revestimento no que diz respeito à aderência, estanqueidade e durabilidade. A resistência 
mecânica é uma das principais propriedades responsáveis pelo êxito das argamassas nas 
diversas funções do revestimento, para tanto devem apresentar módulo de deformação 
compatível com cada função. As solicitações às quais se encontram submetidas as 
argamassas de revestimento são: 
a. Movimentação volumétrica da base – a variação dimensional por umedecimento e 
secagem é a mais comum, que ocorre por ação dos agentes externos, como 
temperatura e umidade; 
b. Deformação da base – devido à deformação lenta do concreto da estrutura e recalques 
dasfundações; 
c. Movimentação do revestimento – ligadas às condições climáticas, as variações de 
temperatura provocam o fenômeno de dilatação e contração do revestimento; 
d. Retração do revestimento – tensões internas são provocadas pelo movimento de 
retração, em consequência de uma diminuição de volume devido à perda de água para 
a base, por evaporação, e ainda devido às reações de hidratação do cimento. Quando 
as tensões internas atuantes no revestimento superam a sua resistência à tração, surge 
a fissura. A retração pode ocorrer após a secagem do revestimento, por variações no 
ambiente. 
 
 
2.5 Argamassas industrializadas 
Atualmente está sendo cada vez mais comum o uso de argamassas industrializadas, ou seja, a 
mistrura dos componetes secos é realizada em uma planta industrial. Assim, na obra, apenas 
deve ser acrescentada água à mistura prévia. As argamassas industrializadas para aplicação de 
revestimentos cerâmicos são conhecidas como argamassas colantes. Elas se apresentam sob os 
tipos: AC-I, AC-II, AC-III e AC-IIIE, segundo a norma ABNT NBR 14081:2012. 
A AC-I é recomendada para o revestimento interno com exceção de saunas, churraqueiras e 
estufas (áreas não sujeitas à umidade). A AC-II é recomendada para pisos com dimensões até 50 
cm, em áreas internas ou externas, assentamento de piso sobre lajes (sujeito a tensões de 
cisalhamento), piscinas e saunas; também é recomendada para revestimento de fachadas com 
dimensões de até 20 cm. A AC-III é recomendada para assentar peças com grandes dimensões 
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(acima de 50 cm), pisos internos ou externos, saunas e piscinas, pisos e paredes externos com 
elevadas tensões de cisalhamento; pode ser utilizada no assentamento de piso cerâmico sobre 
piso cerâmico. A AC-IIIE é recomendada para ambientes externos, muito ventilados e com 
insolação intensa. 
Existem também argamassas prontas para revestimento e rejuntamento, à venda no mercado. 
Essas argamassas vêm embaladas em sacos e devem ser misturadas com água na quantidade 
recomendada na embalagem. 
 
 
2.6 Propriedades das argamassas 
Para a obtenção de uma argamassa de boa qualidade, deve-se levar em conta: 
• A qualidade do cimento e da cal, principalmente verificando se é de um fabricante 
certificado; 
• A qualidade da areia, que deve apresentar grãos duros e limpeza, livre de torrões de barro, 
galhos, folhas e raízes antes de ser usada (areia lavada). 
• A água, que também deve ser limpa, livre de barro, óleo, galhos, folhas e raízes. 
 
Uma característica importante da argamassa ainda fresca é a trabalhabilidade. Em alguns usos, 
como no revestimento, é adicionado um quarto componente à mistura, que pode ser cal, saibro, 
barro, caulim ou outros, dependendo da disponibilidade e uso na região. De todos esses 
materiais, chamados de plastificantes, o mais recomendado é a cal hidratada. 
Quando endurecida, a argamassa dever apresentar resistência e resiliência, de forma a suportar 
adequadamente os esfoços sem se romper. 
Uma boa argamassa deve ter boa resistência mecânica, impermeabilidade, aderência, 
durabilidade e volume constante. Na escolha da argamassa, essas qualidades são valorizadas de 
acordo com as exigências da obra. 
 
 
2.7 Modo de preparo 
As argamassas devem ser preparadas em quantidade suficiente para aproximadamente uma hora 
de trabalho. Esse cuidado evita que a argamassa endureça ou fique difícil de ser trabalhada. 
 
 
Argamassa misturada à mão : 
 
 
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Argamassa misturada em betoneira : 
 
 
2.8 Fatores que afetam o desempenho das argamassas na fase de uso 
A durabilidade é o principal requisito de desempenho exigido das argamassas de revestimento, 
que depende dos seguintes fatores: 
• Exposição a intempéries; 
• Efeitos da poluição atmosférica; 
• Especificações de acabamentos; 
• Detalhes arquitetônicos; 
• Características da base; 
• Propriedades da argamassa fresca e endurecida; 
• Características e proporção dos materiais constituintes; 
• Danos causados por abrasão ou impacto; 
• Manutenção periódica. 
 
As manifestações patológicas dos edifícios têm mostrado que a aderência, em particular, tem 
efeito marcante na durabilidade dos revestimentos argamassados. Os fatores que afetam a 
aderência podem ser divididos em três grupos: 
• Fatores ligados ao projeto; 
• Fatores inerentes aos materiais; 
• Fatores que dependem da mão de obra. 
 
2.9 Exemplos de proporções de argamassas 
 
Proporções adequadas às argamassas e seus usos 
Tipo/uso cimento cal areia 
Alvenaria de tijolos furados 1 2 8 
Chapisco 1 - 3 
Emboço 1 2 9 
Assentamento de Cerâmica ou Pastilhas 1 2 8 
Emboço de Forros 1 2 9 
Reboco para pintura - 1 3 
Piso cimentado 1 - 3 
Fonte: A&C – Ed. Abril, n.6, 1991.

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