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Clínica de Pequenos Animais 2 Camilla Teotonio Pereira CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA FELINA (CMH) Doença miocárdica primária caracterizada por VE hipertrófico sem dilatação ventricular. Cardiomiopatias principais em felino Caracterizada por Diagnóstico de exclusão pelo aumento de pressão - pós-carga) PREDISPOSIÇÃO Componente genético: Maine Conn, Ragdoll. Sphyx, Persa, Noruegues da floresta e outras raças. Mais frequente em machos com idade geralmente de 5 a 7 anos. Pode acometer Yorkshire Terrier. PATOLOGIA No exame histológico a principal característica é o desarranjo das fibras miocárdicas. FISIOPATOLOGIA Principalmente a disfunção diastólica, resultante de relaxamento anormal e redução da distensibilidade do VE. O relaxamento ventricular é uma fase ativa da diástole, dependente de trifosfato de adenosina (ATP), e que envolve os mecanismos de recaptação de cálcio. Já a distensibilidade depende de propriedades físicas elásticas do miocárdio e encontra-se comprometida nos casos de maior rigidez deste músculo, o que acontece quando há hipertrofia concêntrica e substituição, em grande escala, de tecido muscular por tecido fibroso. Durante a disfunção diastólica, a pressão intraventricular aumenta, o que se reflete no átrio e, consequentemente, nas veias pulmonares. O aumento da pressão nas veias pulmonares aumenta a propensão ao desenvolvimento de edema pulmonar. Além disso, o enchimento ventricular durante a diástole fica comprometido, reduzindo assim o DC. A obstrução da via de saída do VE ocorre durante o meio da sístole, determinando a formação de um fluxo sanguíneo rápido na região da via de saída. Esse fluxo turbulento gera forças, denominado de efeito Venturi, o que puxa o folheto septal da valva mitral em direção ao septo interventricular, piorando o processo obstrutivo e a hipertrofia dos músculos papilares, com alteração na geometria do aparelho valvar, também ajuda na geração desse efeito. Outra consequência do movimento do folheto septal da valva mitral é a regurgitação valvar, o que contribui adicionalmente para o aumento de pressão intra-atrial. A hipertrofia miocárdica provoca aumento na demanda por oxigênio, que não é atendida, pois a vascularização miocárdica não supre o tecido muscular em excesso. A consequência é a isquemia miocárdica, que pode provocar arritmias. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - ICCE Maioria são assintomáticos. Felino não tosse por cardiopatia. Síndromes clínicas / consequências da hipertrofia concêntrica: ICCE e tromboembolismo aórtico (TEA) TEA: desenvolvimento do trombo na aurícula esquerda que libera êmbolos (fragmentos) e para na trifurcação da aorta abdominal. Tríade de Virchow: predispõe a formação de trombos. A principal formação de trombos em felinos são cardiopatias. Outros fatores para formação de trombo: neoplasias, HAC, doença que aumentam a coagulabilidade. EXAME FÍSICO A auscultação cardiopulmonar pode revelar um sopro sistólico, de grau leve a moderado (I a III/VI), nos casos em que há obstrução da via de saída do VE insuficiência mitral secundária. Arritmia no ritmo de galope que se origina quando B3 e/ou B4 se tornam audíveis, o que ocorre nos casos de disfunção diastólica. Edema pulmonar: estertores crepitantes. Efusão pleural: sons pulmonares e cardíaco abafados. DIAGNÓSTICO RADIOGRAFIA ECG Inespecíficas. Onda P alargadas ou altas (>0,04s) indicativo de sobrecarga do AE. Onda R (>0,08mV) e completo QRS (>0,04s) alargadas ou altas indicativo de sobrecarga do VE. Arritmias ventriculares. ECO Espessura do septo interventricular ou parede livre do VE >/ 6mm, ao final da diástole, disfunção diastólica e obstrução dinâmica do trato de saída do VE (movimento sistólico anterior) e possível formação de trombos atriais. Imagem 2: smoking ou ecocontraste é o sangue estagnado no AE e grande predisposição para formação de trombos. TRATAMENTO DE ICC AGUDA Estabilização com oxigenioterapia e minimizar o estresse. Furosemida: avaliar desidratação e perda de eletrólitos (comum hipocalemia). Toracocentese: efusão pleural e não realizar no animal estressado, permitido uso de sedação. Aspecto de quilotórax. Sedação ou anestesia Em caso de choque com hipotermia ou PAS menor 70mmHg. PAS muito baixa ocorre comprometimento renal. Nitroglicerina: aumenta o retorno venoso, ou seja, facilita a resolução do edema pulmonar. Pode ser utilizada na forma de pomada com aplicação na fase interna do pavilhão auricular. TRATAMENTO DE ICCE CRÔNICA Furosemida: 6,25mg, SID a 12,5 mg, TID. Inibidor de canais de cálcio que melhora a diástole. Beta-bloqueadores: útil quando há obstrução da via de saída do VE. Contraindicado em casos de disfunção sistólica. Inibidores da ECA: ICC para diminuir a reabsorção de sódio e água. Pimobendan: sem obstrução da via de saída do VE na dose de 0,625 a 1,25mg/gato, BID. TRATAMENTO ASSINTOMÁTICO Tratamento controverso. Beta-bloqueadores em casos de obstrução da via de saída do VE. Antiplaquetário: quando tem ecocontraste. TRATAMENTO DA TEA Evolução em curto prazo com sobrevida de 33 a 39%, eutanásia de 24 a 35%, T°C e FC e membro afetado e função motora. HEPARINA NÃO FRACIONADA - ANTICOAGULANTES Via de administração SC ou IV, nunca IM, pois tem o risco de hemorragia. Doses: 250 a 300 UI/Kg, TID, SC. Indicações: evitar novos trombos ou aumento da extensão do trombo existente. ANTI AGREGANTE PLAQUETÁRIO 1. Aspirina Inibe a produção de tromboxanos A2 nas plaquetas. Diminui a agregabilidade das plaquetas e vasoconstrição. Dose: 5mg/Kg, a cada 48 horas ou 25mg/gato a cada 72 horas. Efeito adverso: gastrite. 2. Clopidogrel (Plavix®) Redução da ativação plaquetária. Comprimidos de 75mg – ¼ ao dia. Genérico: bissulfito de Clopidogrel. Mais utilizado e menor incidência de gastrite. ANALGESIA