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Inter-relação entre os processos farmacocinéticos ________________________________________ O processo se inicia com a fase biofarmacêutica, fase essa caracterizada pela liberação do fármaco da sua forma farmacêutica (Ex.: a ingestão de um comprimido, ao qual precisa ser dissolvido, liberando assim o princípio ativo do fármaco, que só então será absorvido). Após essa liberação, o fármaco será absorvido, caindo na corrente sanguínea (compartimento central). Ao entrar na corrente sanguínea, o fármaco apresenta-se na sua forma livre. Contudo, rapidamente esse fármaco liga-se às proteínas plasmáticas. O objetivo dessa ligação é que a maioria dos fármacos são insolúveis nos fluidos biológicos, principalmente no plasma, e justamente por serem insolúveis no plasma que esses fármacos se ligam às proteínas e consequentemente se tornam solúveis por estar ligado a uma molécula solúvel. Entretanto, o fármaco que está ligado às proteínas não possui atividade biológica, ou seja, não conseguem chegar ao seu local de ação. Logo, existe uma dinâmica entre o fármaco livre e o fármaco ligado às proteínas. Dessa forma, o fármaco livre é levado pelas proteínas ao seu local de ação e desliga-se da proteína para se ligar aos receptores, canais iônicos e/ou enzimas resultando no efeito terapêutico. O fármaco livre também pode ser distribuído nos reservatórios teciduais, ou seja, nos tecidos onde o fármaco tem uma grande afinidade de armazenamento. E parte desse fármaco é liberado à medida que ele é eliminado. Além disso, o fármaco também pode se ligar em locais inesperados, locais esses que produzem as reações adversas. O fígado também pode ir ao fígado, sendo metabolizado e transformando-se em uma molécula normalmente inativa (alguns fármacos são ativados apenas depois de serem administrados e passar pelo fígado). Essa metabolização tem por afinidade produzir substâncias mais hidrossolúveis, para que assim sejam excretados. Distribuição Na fase de absorção, o fármaco atravessa a barreira do epitélio intestinal ou gástrico, caindo na corrente sanguínea e com isso precisa ser distribuído. O fármaco ao cair na corrente sanguínea apresenta-se de duas formas: como fármaco livre e como fármaco ligado às proteínas. E assim serão distribuídos para os locais de ação terapêutica, para os reservatórios teciduais, para os locais de ação inesperada, para locais onde serão metabolizados e para locais onde serão excretados. Outro aspecto importante do processo de distribuição de fármacos é a perfusão sanguínea Perfusão sanguínea e distribuição de fármacos Perfusão sanguínea: É o volume/fluxo de sangue que determinado tecido ou órgão recebe do coração. Logo, quando se aumenta a perfusão sanguínea consequentemente aumenta a distribuição dos fármacos (o aumento da perfusão está diretamente relacionado com o aumento da distribuição) Ligação do fármaco às proteínas O fármaco chegou na corrente sanguínea como fármaco livre ou como fármaco ligado à proteína. Ao se ligarem às proteínas, os fármacos não conseguem atravessar a barreira endotelial (barreira do vaso sanguíneo) para chegar no tecido de ação. Apenas os fármacos livres conseguem atravessar a barreira endotelial A alta afinidade do fármaco com as proteínas plasmáticas diminuem a distribuição do fármaco, como consequência, ocorre um aumento do tempo de ação do fármaco, ou seja, fármacos que se ligam às proteínas possuem uma menor distribuição, porém possuem maior tempo de ação, uma vez que irão demorar mais para chegar ao seu local de ação e consequentemente também demoram a ser eliminados A ligação de um fármaco que se liga às proteínas vai depender de três fatores: 1. Concentração do fármaco livre (se existe muito fármaco livre, também muito fármaco vai se apresentar ligado a proteínas) 2. Afinidade do fármaco pelos locais de ligação 3. Concentração das proteínas Tipos de fármacos e ligação às proteínas plasmáticas Fármacos de classe I: A dose é menor do que o número de locais de ligação das proteínas (+ proteínas do que fármacos) Fármacos de classe II: A dose é maior do que o número de locais de ligação das proteínas (+ fármaco do que proteínas para ligar) Administração de fármacos da classe I e II: Os fármacos de classe I por apresentarem maior níveis de ligação (justamente por ter mais proteínas de ligação do que fármaco), quando administrados juntamente com fármacos da classe II, podem ser deslocados, ou seja, os fármacos da classe I são deslocados, apresentando maior quantidade livre e consequentemente pode apresentar maior níveis de reações adversas. *Os fármacos da classe II deslocam os fármacos da classe I, fazendo com que os fármacos de classe I possam produzir reações adversas* Ligação a proteínas Drogas ácidas possuem maior afinidade pela albumina Drogas básicas possuem maior capacidade de aptidão pela alfa I-glicoproteína ácida Logo, se um fármaco ácido for administrado com um fármaco básico, dificilmente esses fármacos irão competir pelo mesmo local de ação e dificilmente irão interagir de forma a deslocar um ao outro. Contudo, se dois fármacos ácidos ou básicos forem administrados e se ligarem ao mesmo lócus da proteína, eles sim possuem chance de deslocar um ao outro e produzirem efeitos adversos por mecanismo de competição por ligação a proteínas Distribuição do fármaco Com relação ao tecido, têm-se pelo menos quatro tipos de tecidos que podem sofrer ação farmacológica 1) Tecidos suscetíveis: tecidos que de fato possuem um ligante para determinado fármaco e de fato sofrem ação do fármaco 2) Tecidos ativos: tecidos que metabolizam o fármaco. Por exemplo, o fígado 3) Tecidos indiferentes: São reservatórios temporários. Recebem o fármaco, não sofrendo ação desse fármaco e não metabolizam esse fármaco, apenas servem como armazenadores do fármaco 4) Tecidos emunctórios: Tecidos que irão excretar o fármaco, eliminando completamente da corrente sanguínea. Ex.: Rim Volume de distribuição Um dos fatores importantes para distribuição do fármaco, além da perfusão sanguínea, é a lipossolubilidade da droga São 3 os fatores que influenciam na distribuição ● Perfusão sanguínea ● Capacidade de ligação as proteínas ● Lipossolubilidade do fármaco Para entender a lipossolubilidade precisa-se entender o volume de distribuição O volume real é o volume real que o tecido recebe de fármaco *Volume aparente*: é a relação entre a concentração do fármaco nos tecidos e a concentração do fármaco no sangue Se a droga é muito lipossolúvel ela irá conseguir atravessar facilmente as membranas plasmáticas, consequentemente vai se concentrar muito nos tecidos, ou seja, drogas lipossolúveis por apresentarem elevadas concentrações teciduais em relação a sanguínea, apresentam elevado volume aparente de distribuição Já as drogas ligadas (drogas hidrossolúveis) por terem mais dificuldade de atravessar as membranas plasmáticas, apresentam um baixo volume aparente de distribuição *Variação do volume aparente* Dependentes da droga ● Lipossolubilidade (droga lipossolúvel consegue atravessar a membrana plasmática facilmente do que uma droga hidrossolúvel, além disso, as drogas lipossolúveis têm maior dificuldade de ligação às proteínas do que as hidrossolúveis) ● Polaridade e ionização (não consegue atravessar as membranas. Na forma molecular atravessar mais facilmente) ● Ligação a proteínas (se o fármaco estiver muito ligado às proteínas não consegue ir para os tecidos, pois só consegue ir se estiver na forma livre) Dependentes do paciente ● Idade ● Peso, tamanho ● Hemodinâmica ● Concentração de proteínas plasmáticas ● Estados patológicos ● Genética Distribuição pediátrica Composição corporal: a criança apresenta níveis de água no corpo maior que o do adulto e uma proporção de tecido adiposo menor. A criança apresenta níveis de proteínas diferentes Há também variações da composição tecidual Barreira hematoencefálica O cérebro e a medula espinhal são protegidos da exposição a uma diversidade de substâncias Apresenta junções muito apertadas entre as células capilaresendoteliais e devido aos processos gliais altamente resistentes que cercam os capilares Fármacos hidrossolúveis só vão conseguir atravessar se existir um transportador de membrana Substâncias que penetram a barreira hematoencefálica ● Drogas apolares (fármaco em forma molecular) ● Lipossolúveis (moléculas fáceis de se dissolver em lipídeos) ● Tamanho molecular reduzido (álcool) ● Elevado coeficiente de partição óleo/água Alterações farmacocinéticas na falência hepática Durante a falência hepática, tem-se a diminuição da produção de albumina, consequentemente tem menos proteínas para a mesma quantidade de fármacos. Se ocorre diminuição de albumina por falência hepática ocorre um aumento da fração livre do fármaco, ou seja, maior concentração de fármaco no tecido e consequentemente maior chance de reações adversas Diminuição da albumina plasmática pode diminuir a pressão osmótica, aumentando o fluido tecidual e assim aumenta a distribuição de fármacos hidrossolúveis Armazenamento de drogas Associação das drogas a elementos teciduais Tecidos mais comumente envolvidos (ósseo e adiposo) *Formação de depósitos* Prolongamento do efeito ● Flúor, chumbo e tetraciclinas - armazenamento no tecido ósseo durante a fase de mineralização ● Anestésicos gerais e inseticidas - armazenamento no tecido adiposo *Consequências da formação de depósitos* Manutenção das concentrações plasmáticas Reduzem as concentrações plasmáticas iniciais Prolonga o tempo de ação dos fármacos ____________________________________________________________ BIOTRANSFORMAÇÃO (METABOLISMO) São mecanismos enzimáticos complexos que tem como objetivo inativar compostos endógenos ativos (hormônios, enzimas, neurotransmissores, etc) e eliminar substâncias estranhas ao organismo (xenobióticos) Várias enzimas, principalmente localizadas no fígado, que transformam fármacos, carcinógenos, venenos e/ou pesticidas em metabolitos inativos ou em metabolitos ativos O principal local de biotransformação é o fígado, mas também pode ocorrer biotransformação no pulmão, no rim, nas adrenais, etc O objetivo principal da biotransformação é transformar fármacos lipossolúveis em fármacos hidrossolúveis, facilitando a excreção dos fármacos O metabolismo possui 3 objetivos principais, além da biotransformação de fármacos (lipossolúvel e hidrossolúvel), ele também pode ativar fármacos que são inativos ou potencializar os fármacos que já estão ativos Logo, as reações químicas da biotransformação podem ser divididas em 4 tipos: 1) Oxidação 2) Redução 3) Hidrólise 4) Conjugação Desfecho do processo de biotransformação I. Término da ação de uma substância (a droga vai finalizar sua ação) ● Objetivo de detoxificar ou inativar compostos II. Facilitar a excreção (transformação de drogas lipossolúveis e hidrossolúveis) ● Formação de compostos mais polares e menos lipossolúveis III. Ativação ● Ativação de drogas originalmente inativas, alteração de perfil farmacocinético (facilidade da droga em conseguir ser distribuída ou de se ligar em determinadas proteínas), formação de metabólitos ativos Exemplos de ativação metabólica Metabólitos ativos (ativo em ativo) ● Ac. Acetilsalicílico - Ac. Salicílico ● Diazepam - nordiazepam + oxazepam Metabólitos tóxicos (ativo em tóxico) ● Isoniazida - Acetominofen Pró-drogas (originalmente inativas) (inativa em ativa) ● Cortisona - hidrocortisona ● Prednisona - prednisolona ● Paration – paraoxon A biotransformação envolve duas fases Fase I Se o fármaco passa apenas pela fase I que são as reações de oxidação, redução e hidrólise, ele pode ganhar hidrossolubilidade suficiente para ser eliminado Normalmente, a fase I pode ativar o fármaco, pode tornar o fármaco mais hidrossolúvel sem alterar a ativação e pode tornar o fármaco inativo. Ou seja, as reações de oxidação, redução e hidrólise pode tornar o fármaco ativo, inalterado ou inativado São reações catabólicas Produzem grupos reativos (OH, COOH e NH2) que às vezes podem ser mais tóxicos Os grupos reativos servem de ponto de ataque para as reações de conjugação (fase II) Fase II Alguns fármacos precisam passar por uma segunda fase (os fármacos que passam pela segunda fase precisam passar pela primeira, mas os que passam pela primeira não necessariamente passam pela segunda) As reações de segunda fase são as reações de conjugação, logo, essas reações inativam o fármaco, fazendo com que o fármaco se torne hidrossolúvel São anabólicas (também conhecidas como reação de síntese) Resultam em compostos inativos (exceção: Sulfato de Minoxidil) *Lembrando que o fármaco pode ser suficientemente hidrossolúvel para ser eliminado diretamente sem passar por biotransformação (não é muito comum, mas pode acontecer) * As reações oxidativas são de dois tipos Não microssomiais: Reações que acontecem no citosol ou na mitocôndria ● Ex.: Álcool desidrogenase (transforma o etanol em acetaldeído) e aldeído desidrogenase (transforma o acetaldeído em acetato), Xantina oxidase (transforma hipoxantina em xantina e a xantina em ácido úrico), Monoamino oxidase (metabolismo das catecolaminas e serotonina) Microssomiais: Acontecem no retículo endoplasmático liso ● Na biotransformação de fármacos, as principais reações que transformam os fármacos eliminação acontecem no microssomo do retículo endoplasmático liso ● Envolvem a participação de um complexo de enzimas chamado Citocromo P450, do ferro, de coenzimas como NAD e FAD e oxigênio Citocromo P450 (CYP450) Principal mecanismo de metabolização de produtos endógenos e xenobióticos Importante fonte de variabilidade interindividual no metabolismo de drogas Relacionado a efeitos tóxicos de determinados fármacos Envolvido no mecanismo de interação entre as drogas Metabolismo de xenobióticos Indutores São compostos que induzem a atividade de enzimas do CYP450, portanto aumentam a velocidade de excreção de xenobióticos. Dessa maneira, a biodisponibilidade é menor Na presença de um indutor ocorre um aumento da atividade da enzima CYP, aumento da velocidade do metabolismo do substrato, aumento da velocidade de excreção e diminuição da concentração do substrato no sangue *Se administrar dois fármacos onde um é substrato e o outro é indutor enzimático, observa-se uma redução dos efeitos do fármaco que é substrato* Inibidores São compostos que inibem a atividade de enzimas do CYP450, portanto diminuem a excreção de xenobióticos. Dessa maneira, a biodisponibilidade é maior Na presença de um inibidor ocorre a diminuição da atividade da enzima, diminuição da velocidade do metabolismo do substrato, diminuição da velocidade de excreção e aumento da concentração do substrato no sangue (pode gerar toxicidade) __________________________________________________ EXCREÇÃO DE FÁRMACOS Inicialmente os fármacos são absorvidos e são dependentes de algumas características do paciente ou da droga. Após a absorção, o fármaco entra no compartimento central (corrente sanguínea), apresentando-se na forma livre ou na forma ligada a proteínas. Dessa forma, o fármaco é distribuído para vários tecidos, agindo de forma terapêutica e em alguns casos podendo agir de forma tóxica, tecidos onde o fármaco será armazenado (não agindo) e será distribuído para locais onde será metabolizado. Muitas dessas reações metabólicas irão transformar o fármaco em metabolitos mais hidrossolúveis, que serão excretados (depurados) Cinética de eliminação de drogas Se a droga é hidrofílica, ela será absorvida geralmente no duodeno (intestino), em seguida irá para o fígado. No fígado, esse fármaco não sofrerá nenhum processo, já que a droga já é hidrofílica. Ao passar pelo fígado, cairá na corrente sistêmica sendo distribuída por todo o corpo, e ao chegar nos néfrons renais a droga será eliminada sem sofrer o processo de biotransformação. Já uma droga que é lipofílica e que não sofre metabolismo, também será absorvida no duodeno não sofrendo nenhum tipo de reação metabólica no fígado, ou seja, continuará sendo lipofílica. Essa droga também irá para a corrente sistêmica, realizando sua ação terapêutica,contudo, essa droga não vai ter condições de ser eliminada pelos rins, pois os rins só conseguem eliminar, na grande maioria das vezes, drogas hidrofílicas. Logo, essa droga passará pelos rins naturalmente (sem sofrer o processo de eliminação) e vai retornar ao fígado e vai sofrer um processo chamado "recirculação entero hepática", onde uma parte do fármaco sairá junto com os sais biliares e outra parte é reabsorvida Droga lipofílica que sofre conversão em metabólitos hidrofílicos lentamente. Nesse caso, a droga é absorvida e uma parte dela sofre metabolismo para transformação em droga hidrofílica, logo, vai circular pelo sangue drogas hidrofílicas e lipofílicas, onde os hidrofílicos serão eliminados e os lipofílicos precisam recircular até o fígado, para que assim possam sofrer metabolismo "novamente" e, portanto, se tornar uma droga totalmente hidrofílica Existe também a possibilidade de drogas lipofílicas que rapidamente completam a conversão em metabolito hidrofílico. Então a droga é absorvida e no processo de primeira passagem hepática (fígado) essa droga se transforma totalmente em uma droga hidrofílica, circulando assim pela corrente sanguínea agindo nos seus locais específicos de ação, mas ao chegar no rim essa droga é completamente eliminada. Excreção Rim (principal forma de eliminação) ● Filtração glomerular ● Secreção tubular ativa ● Reabsorção tubular passiva Também podem ser excretados pelo trato biliar e as fezes (algumas drogas que são lipofílicas e que não são convertidas em drogas hidrofílicas, precisam ser eliminadas de outras formas, sendo eliminadas normalmente através do trato biliar e das fezes) Outras vias: ar expirado (drogas muito voláteis), saliva, leite, suor Excreção renal Filtração glomerular: 20% da eliminação de drogas Filtram moléculas com peso menor de 20.000 Da Albumina (proteína) não é filtrada (se a albumina estiver ligada ao fármaco, o fármaco também não será eliminado por filtração glomerular) A droga circulante chega no glomérulo, atravessa a cápsula de bowman e essa droga precisa ter um tamanho suficiente para atravessar os poros da cápsula. Logo, a filtração glomerular possui uma limitação, ela filtra moléculas que possuem peso molecular inferior a 20.000 Da. Desse modo, moléculas que possuem grande tamanho molecular não conseguem atravessar o glomérulo, portanto, não conseguem ser eliminadas por filtração glomerular. Secreção tubular Eliminação dos fármacos que não conseguiram sofrer filtração glomerular (moléculas grandes e fármacos ligados a albumina) Mecanismos de transporte ativo (diferente para substâncias ácidas e básicas) - interação medicamentosa Excreta fármaco ligado a proteínas A filtração glomerular ocorre no glomérulo, onde as substâncias chegam até o glomérulo pela corrente sanguínea e se tiverem peso molecular compatível e não estiverem ligadas a albumina, essas substâncias conseguem atravessar a membrana glomerular e caem na luz do túbulo renal e são eliminadas através da formação da urina juntamente com outras substâncias. Já a secreção tubular acontece em dois locais diferentes: túbulo contorcido proximal e no túbulo contorcido distal. No túbulo contorcido proximal acontece a secreção ativa de algumas drogas eletrolíticas fracas, especialmente ácidos, acontecendo também a reabsorção de água. No túbulo distal acontece a excreção passiva e a reabsorção de drogas lipossolúveis e reabsorção de água Fármacos que inibem a secreção tubular Influência do pH na eliminação de fármacos A influência acontece, pois, a maioria dos fármacos são bases fracas ou ácidos fracos, ou seja, eles possuem a capacidade de se ionizarem, onde a forma ionizada é a forma hidrofílica e a forma molecular é a forma lipofílica do fármaco. Então, se o fármaco está na sua forma ionizada ele é mais facilmente eliminado e se o fármaco está na sua forma molecular é mais dificilmente eliminado, pois o sistema renal precisa que a molécula seja hidrofílica para que seja completamente eliminado. Fármacos ácidos são mais facilmente eliminados em urina alcalina, logo, o fármaco sendo ácido, em urina alcalina ele irá se transformar em sua forma iônica, e estando na forma ionizada, o fármaco será mais hidrofílico, consequentemente será mais facilmente eliminado *Fármacos ácidos serão eliminados mais rapidamente em urina alcalina. Fármacos básicos são eliminados mais facilmente em urina ácida* Excreção biliar Acontece principalmente com os fármacos que são lipofílicos que não sofrem biotransformação para hidrofílicos. Então, esses fármacos são eliminados juntamente com a bile e durante a digestão os sais biliares são eliminados juntamente com os fármacos que estão armazenados com a bili. Logo, eles irão até o intestino para que ocorra a digestão principalmente de lipídios, contudo, os sais biliares juntamente com os fármacos lipofílicos são reabsorvidos até o fígado novamente, onde acontece mais uma vez uma desconjugação e uma conjugação sendo eliminados novamente com os sais biliares. Nesse processo de entrada dos sais biliares na corrente sanguínea e volta para o fígado, cerca de 5% dos fármacos são eliminados com as fezes, sendo a ação desses fármacos maior que a maioria dos outros fármacos. Aplicação da farmacocinética Latência Intervalo de tempo desde o momento da administração até o início de efeito Depende da velocidade de absorção, velocidade de distribuição e localização do sítio alvo (alguns sítios possuem barreiras) Pico de ação Concentração máxima atingida Balanço dos processos ● Que levam o fármaco ao sítio (absorção e distribuição) ● Que retiram o fármaco do sítio (metabolismo e excreção) Duração de ação Intervalo de tempo entre o momento que se inicia e termina a ação Dependente da velocidade dos processos de eliminação e distribuição Após esse tempo o efeito desaparece (o fármaco foi eliminado) Fatores que alteram os parâmetros farmacocinéticos Farmacoterapia (muitas drogas sofrem interações, onde algumas interferem na absorção, no metabolismo, algumas deslocam as drogas das proteínas aumentando ou diminuindo a ação, outras impedem que o fármaco seja completamente eliminado, etc) Álcool (altera metabolismo) Tabagismo (altera metabolismo) Nutrição (faz com que os níveis de proteínas estejam mais altos ou mais baixos, interferindo no transporte de fármacos através das proteínas) Idade (idosos geralmente apresentam falha na disfunção hepática e renal e as crianças na maioria das vezes apresentam sistemas enzimáticos imaturos, incapazes de metabolizar algumas drogas de forma eficiente) Fatores genéticos __________________________________________________ Resumo da farmacocinética Inicialmente a droga será administrada através das vias de administração. Se a droga for administrada por via oral, ela vai passar por uma etapa biofarmacêutica, onde ocorre a desintegração do conteúdo farmacêutico, eliminação ou exposição do fármaco e assim o fármaco será absorvido, onde ele irá atravessar membranas e para que isso acontece, o fármaco precisa estar em sua forma lipossolúvel (forma molecular). Após atravessar a/as membrana(s), o fármaco vai para a corrente sanguínea, onde irá se ligar às proteínas e essas proteínas veiculam o fármaco até os tecidos alvos, só que ao chegar no tecido alvo, a droga precisa se desligar da proteína e ao se desligar, a forma livre do fármaco é que irá atravessar a membrana do tecido alvo. Tecidos esses onde o fármaco irá produzir uma ação terapêutica, tecidos onde pode agir de forma inesperada (reações adversas) e tecidos onde será armazenado. Esse processo de armazenamento vai fazer com que a droga tenha uma ação mais duradoura. Após sua ação, o fármaco volta para a corrente sanguínea, se ligando às proteínas, onde essas proteínas levam o fármaco até o fígado principalmente e no fígado o fármaco sofre biotransformação, ou seja, no fígado o fármaco vai ser transformado em uma molécula mais hidrossolúvel geralmente inativa. Essa molécula irá passar por duas fases de reações: fase I onde acontece a inclusão de alguns grupamentosquímicos e uma fase II onde acontece uma conjugação principalmente com ácido glicurônico. A molécula então hidrossolúvel vai ser eliminada principalmente por excreção renal.