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Módulo Tributo e Segurança Jurídica SEMINÁRIO VI - REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA ALUNA: PATRICIA PEREIRA BARRETO Questões 1. Que é regra-matriz de incidência tributária? Qual sua funcionalidade operacional no direito positivo? Insta primeiramente trazer a colação uma abordagem inicial, trazida pela Prof. Aurora Tomazini, em sua obra Teoria Geral do Direito, em que afirma no rodapé que o Prof. “Paulo de Barros Carvalho, apresentou inicialmente componentes da norma jurídica tributária, na tese de doutoramento, editada no livro intitulado. Teoria da Norma Tributária (p.122-178), numa singela demonstração daquilo que mais tarde denominaria de regra matriz de incidência tributária. Com a edição do livro Curso de direito Tributário, as idéias apareceram mais segmentadas, o nome regra matriz de incidência tributária foi consolidado como sinônimo de norma tributária em sentido estrito e um esquema formal foi desenhado (p. 236-238). Tal construção passou a ser utilizada em mais de centenas de obras especializadas, representando um verdadeiro marco na Teoria Geral do Direito Tributário. “1 O Prof. Paulo de Barros Carvalho2, sob a influência dos Profs. Alfredo Augusto Becker e Geraldo Ataliba, observou as indicações feitas pelo legislador para delimitar hipóteses e consequências das regras instituidoras dos tributos, assim, percebendo a repetição de alguns componentes apresentou a Regra Matriz de Incidência Tributária, onde, estabeleceu um esquema lógico semântico, de conteúdo normativo, podendo ser utilizado na construção de qualquer norma jurídica, em sentido estrito. Assim, a RMIT, estabelece alguns critérios, previstos em lei, que devem ser preenchidos para que haja a incidência normativa do tributo. Dessa forma, um a realização de um 1 CARVALHO, Aurora Tomazini de. Tese de Doutorado: Teoria Geral do Direito: (constructivismo lógico-semântico). 2009. 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2019, Capítulo IX. Módulo Tributo e Segurança Jurídica fato, num determinado tempo e espaço, podemos verificar a subsunção através do antecedente normativo, composto pelos critérios material, espacial e temporal. Onde, o critério material descreve a ação indicada pela lei que incide a norma; o critério temporal, o momento em que ele ocorre; e o critério espacial, o local previsto. Além desses critérios, temos o consequente normativo, estabelecido com a identificação do critério pessoal e do critério quantitativo. Em todo fato que envolve uma relação jurídica, temos que identificar os sujeitos envolvidos, em que um dos sujeitos fica obrigado, proibido ou permitido a fazer ou deixar de fazer algo em relação ao outro sujeito, identificados como sujeito ativo e sujeito passivo. E, o critério quantitativo, em que se identifica o objeto da relação jurídica, qualificado pela alíquota e pela base de cálculo. A conjunção do antecedente normativo e do consequente normativo, forma a regra de aplicação tributária, devendo ser preenchido com os dados colhidos a partir do fato jurídico ocorrido. A Prof. Aurora em nota de rodapé, fls.284, faz importante alusão a afirmação do Prof. Paulo de Barros Carvalho, que afirma que a regra matriz de incidência tributária é aquela que marca o núcleo da incidência fiscal, ou seja, aquela que institui tributo, identificada como norma jurídica em sentido estrito. A funcionalidade da regra matriz no direito positivo dar-se em virtude da verificação de que o legislador sempre escolhe acontecimentos que interessam ao desencadeamento de efeitos jurídicos e das relações pessoais que se estabelecem em virtude de sua ocorrência. Assim, temos primeiramente a escolha do legislador em elaborar uma norma, prevendo nela, uma hipótese e uma consequência para todo fato jurídico envolvendo pessoas, onde deve ser aplicada. Consubstanciada na expressão Se -) Então. 2. Que é hipótese de incidência tributária? Qual sua função na composição RMIT? Há necessidade de um critério pessoal compor a hipótese da RMIT? Por quê? Num entendimento objetivo, temos que a hipótese de incidência tributária é uma previsão abstrata, com status de indeterminação. A hipótese contém um evento, um fato ocorrido, de importância jurídica devidamente legislado. Módulo Tributo e Segurança Jurídica A função da hipótese normativa é colocar a disposição contornos que permitam reconhecer um acontecimento toda vez que ele ocorra, com a descrição produzida pelo legislador contendo diretrizes de ação (fato jurídico tributável), tempo e o lugar. A função da hipótese normativa de incidência tributária, é de conteúdo mínimo necessário, composta pelos critérios material, temporal e espacial, dá-se para a necessária identificação da ocorrência de um fato jurídico de importância para o direito tributário. Entendemos ser obrigatório a existência do critério pessoal para se compor uma RMI TRIBUTÁRIA, especialmente porque o dever de pagar tributo deve estar explícito nesta norma, determinando o sujeito ativo, a quem deve se pagar?, ou melhor, quem possui o direito de exigir o cumprimento da conduta prescrita – o titular do direito subjetivo e o sujeito passivo quem deve pagar? Ou seja, quem tem o dever jurídico de realizar a obrigação prestacional. Referida exigência é inerente ao sistema do direito tributário, decorrentes dos Princípios da Autonomia dos Entes Federativos, da Supremacia do Poder Público, da Indisponibilidade. Dessa forma, por meio do critério pessoal, se permite identificar os sujeitos da relação jurídica a ser verificado quando da ocorrência do fato jurídico tributável. 3. Que é incidência? Descrever, com suas palavras, a fenomenologia da incidência tributária, diferenciando, se possível, incidência de aplicação do direito. A acepção da palavra incidência no contexto da regra matriz, refere-se as normas produzidas que instituem tributos para serem aplicadas, ou seja, incide a norma produzida pelo legislador naquele acontecimento social. A acepção da palavra incidir, significa recair, afetar, atingir, ter efeitos sobre, pressupondo, in casu, a existência de uma norma geral e abstrata que deve incidir num acontecimento social. No tocante a incidência da regra matriz na fenomenologia da aplicação do direito, observa-se que todo fato ocorrido no mundo, acontece em um lugar e num determinado momento. Assim, todas as normas matrizes de incidência, apresentam a mesma Módulo Tributo e Segurança Jurídica composição sintática, possuindo conteúdos mínimos de significação da hipótese e dos consequentes compostos, utilizando dos mesmos critérios onde deve ser preenchido para se verificar com segurança qualquer norma jurídica padrão de incidência. Deve ser observado que a falta de qualquer critério da regra matriz ou melhor dizendo “norma-modelo” composta pela hipótese e consequente composta. Na hipótese normativa pelos critérios material, temporal e espacial e no consequente normativo, critério pessoal(sujeitos envolvidos) e critério prestacional (obrigação a ser prestada) demonstrará uma falha legislativa e um comprometimento na aplicação do direito positivo. 4. Que é evento? E fato? E fato jurídico? Qual a relação entre fato jurídico e teoria das provas? A acepção do termo Evento leva nos ao entendimento de um acontecimento num determinado tempo e espaço. Juridicamente o Prof. Paulo de Barros Carvalho define como “um acontecimento do mundo fenomênico despido de qualquer formação linguística”. Segue o Prof. Paulo de Barros afirmando que o f”ato é o relato do evento. Constitui-se num enunciado denotativo de uma situação delimitada no tempo e e no espaço. E, por fato jurídico entende-se o relato do evento em linguagem jurídica.” Em simples palavras, o evento é o acontecimento no mundo, o fato é a descrição do evento por um determinado sujeito.E o fato jurídico é aquele devidamente descrito numa linguagem jurídica. Assim afirmamos que a diferença entre o evento e o fato é a existencia da descrição linguistica neste. E, o fato jurídico é a descrição da linguagem jurídica pela autoridade competente. Dessa forma, o evento se torna conhecido quando é descrito por meio da linguagem por um sujeito - fato. A Prof. Aurora Tomazini assevera: “ Diz-se que um fato é jurídico quando produz efeitos na ordem jurídica. “Produz efeitos na ordem jurídica” significa realizar alguma alteração no sistema do direito positivo. Se partimos da premisa de que todos os sistemas são proposicionais e o que os diferencia é a linguagem própria de cada um, qualquer fato, Módulo Tributo e Segurança Jurídica enquanto enunciado linguistico, só será capaz de alterar um sistema se dele fizer parte, ou seja, se nele for inserido por meio de sua tradução no código próprio daquele sistema. Para produzir efeitos de ordem jurídica, um fato tem que se configurar como uma realidade do sistema jurídico, o que só ocorre com o relato na forma linguistica própria daquele sistema.”3 A Teoria das Provas está relacionada ao fato jurídico tendo em vista que a prova é um fato, que ocorreu no mundo num determinado lugar e tempo. A função da prova é convencer outro destinatário de suas alegações e serve para afirmar ou enfraquecer o fato. Importante ainda salientar que a prova está relacionada a um fato e não um evento(acontecimento) no mundo fenomênico. Ao ser aplicado o direito, quando uma das partes alega um fato jurídico, onde é reconhecido o efeito de motivar o procedimento de positivação. A parte adversa alega outro fato jurídico, instaurando-se a lide, o conflito de interesses. As partes, a fim de firmar ou infirmar as alegações da parte adversa, traz aos autos fatos juridicos denominados de provas. O sistema jurídico admite os mais variados tipos de prova, que representam aspectos do evento ocorrido , mas não poderá reconstitui-lo integralmente. Assim, a prova é o instrumento do direito para confirmar a verdade no processo, delimitando a norma individual e concreta àquele fato jurídico que se pretende provar. Enfim, um fato jurídico é provado por outro fato jurídico, denominado juridicamente de prova. 5. Por que a expressão “fato gerador” é equívoca? Analisar os arts. 4º; 16, 105, 113, §1º, 114 e 144 do CTN e o AREsp 215273 (vide anexo I), explicando o sentido em que o termo “fato gerador” foi empregado em cada uma de suas aparições. O termo fato gerador, constantemente utilizado no CTN é um expresdsão equivoca porque seu significado alude a duas realidades distintas: a primeira é a legal e num 3 CARVALHO,Aurora Tomazini de. Tese de Doutorado: Teoria Geral do Direito: (constructivismo lógico-semântico). 2009 Módulo Tributo e Segurança Jurídica segundo momento a factual. Como já exposto em linhas anteriores, temos uma linha do tempo de acontecimentos, que assim descrevo: ocorre o EVENTO – segue o FATO – tem-se a HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA prevista pelo legislador, onde esse FATO, torna-se um FATO JURÍDICO – que, deve ser vertido em linguagem competente pela autoridade administrativa. O Prof Paulo de Barros Carvalho, propõe o uso das terminologias, hipótese tributária e fato jurídico tributário, ao invés de utilizarmos a expressão fato gerador. E, em seus estudos, ao mencionar Noberto Bobbio, citou que: “... o rigoroso cuidado na terminologia não é exigência ditada pela gramática para a beleza de estilo, mas é uma exigência fundamental para construir qualquer ciência.”, e aduz que: Acaso acietamos, de maneira positiva e acrítica, os erros que o texto da lei cursivamente exprimem, de nada servirá a investigação do sistema positivo, bem como o trabalho descritivo que o explicita ...Permaneceremos na superficie, desconhecendo a verdadeira e substancial organicidade que se esconde nas profundezas do direito vigente...” O art. 113§1º CTN prevê o FG como um FATO JURÍDICO, o FG é razão para nascer a obrigação tributária, descrito como situação necessária e suficiente à sua ocorrência, a descrição da ação ou de uma situação supostamente ocorrida no antecedente normativo, dando ensejo a obrigação principal. O termo Fato Gerador previsto no art. 114 CTN apresenta tripla significação (i) de descrição hipotética de evento de possível realização (ii) fato jurídico produto da incidência aplicação de hipótese normativa (iii) evento possível do mundo social, eleito como relevante pelo legislador competente. Assim podemos afirma a existencia de três significações: FG COMO EVENTO; FG como FATO JURÍDICO; FG como HI. A expressão fatos gerador da obrigação principal possui grande significado na acepção de suas palavras, uma vez que a obrigação principal tanto pode referir-se o pagamento de tributo ou pagamento de penalidade pecuniária. Dessa forma, o sujeito enquadrado no fato jurídico como hipótese de incidência (descrição conotativa conceitual de possíveis fatos a serem alcançados pela norma que o abriga), deve suportar o dever, pagando tributo ou pagando penalidade pecuniária. No art. 114 do CTN - Importante salientar a busca pelo intérprete da maior precisão e significação das palavras e expressões jurídicas num contexto legal. A acepção das palavras vertidas Módulo Tributo e Segurança Jurídica em linguagem é não raras vezes insuficiente para a aplicação segura dos efeitos jurídicos 6. Diferençar: a data do fato jurídico tributário da data no fato jurídico tributário (vide anexo II) e, os conceitos de erro de fato e erro de direito. Por data do fato jurídico tributário, podemos entender como tempo do fato, e a data no fato jurídico tributário é o tempo no fato, parafraseando a Prof. Aurora Tomazini, “O tempo do fato é o instante em que o enunciado denotativo da hipótese normativa ingressa no ordenamento jurídico. É o momento em que o fato é constituído juridicamente. Geralmente, no processo de positivação, isso se dá com a notificação das partes. O tempo no fato, por sua vez, é o instante a que alude o enunciado factual juridicamente constituído. É o momento descrito como aquele em que o evento se realizou.” O tempo do fato se relaciona a aplicação da hipótese normativa e constituição do fato jurídico e o tempo no fato refere-se ao acontecimento social, ao evento ocorrido. O Prof. Paulo de Barros Carvalho em sua análise em que afirma que o direito é um corpo de linguagem, afirma que o erro de fato seria um problema de utilização inadequada das técnicas linguísticas de certificação do evento, verificado quando o enunciado factual não correspondesse às provas produzidas, enquanto o erro de direito seria um problema de subsunção, causado quando o enunciado protocolar constituído como fato jurídico buscasse fundamento numa norma, quando na verdade deveria buscar em outra. Ou seja, o erro de fato, é o erro na enunciação enunciação do evento, que se utilizou de uma linguagem inadequada, enquanto o erro de direito, é um erro na subsunção, ou seja, na aplicação errônea da hipótese normativa ao fato ocorrido. Importante salientar que o erro de fato e o erro de direito são equívocos de interpretação. No erro de fato, o interprete se confunde na construção do sentido da enunciação factual com as provas constantes do processo. E, no erro de direito, se engana na construção da aplicação da norma geral e abstrata no fato ocorrido, e na interpretação do texto jurídico positivado. Tanto o erro de fato como o erro de direito só Módulo Tributo e Segurança Jurídica poderão ser constatados após a produção da norma individual e concreta por se tratarem de meios de interpretação do aplicador do direito. 7. Identifique nos acórdãos abaixo qual foi o critério da regra matriz de incidência tributária objeto da ação judicial: a) Recurso Extraordinário. Tributário. 2. Não incide Impostode Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) sobre embarcações (Art. 155, III, CF/88 e Art. 23, III e § 13, CF/67 conforme EC 01/69 e EC 27/85). Precedentes. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF - RE: 379572 RJ, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 11/04/2007) A afirmação do STF de que: “Não incide Imposto de Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) sobre embarcações (Art. 155, III, CF/88 e Art. 23, III e § 13, CF/67 conforme EC 01/69 e EC 27/85)” – nos leva a crer que o critério utilizado foi o material – formado pelo verbo de ação mais complemento. Onde se define o critério material do IPVA - ser proprietário de veículo automotor, foi excluída a embarcação como veículo automotor. b) RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Inviável a apuração do ICMS tomando-se cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adota-se o sistema de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês, considerando-se o total de créditos decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise contábil ou escritural do ICMS. 2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da Constituição da República, cumprindo-se o princípio da não cumulatividade a cada operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de Módulo Tributo e Segurança Jurídica faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. (STF – RE 574706 / PR, Relatora: Min. Carmem Lucia) O critério da regra matriz de incidência tributária objeto da ação judicial, foi a discussão do critério quantitativo, composto pela base de cálculo e pela alíquota, e referido critério está no consequente normativo da RMIT, posto que o julgado tratou da análise da composição da base de cálculo do PIS e COFINS afirmando que o faturamento do ICMS está excluído da BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. c) “EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ISS. ARRENDAMENTO MERCANTIL. OPERAÇÃO DE LEASING FINANCEIRO. ARTIGO 156, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O arrendamento mercantil compreende três modalidades, [i] o leasing operacional, [ii] o leasing financeiro e [iii] o chamado leaseback. No primeiro caso há locação, nos outros dois, serviço. A lei complementar não define o que é serviço, apenas o declara, para os fins do inciso III do artigo 156 da Constituição. Não o inventa, simplesmente descobre o que é serviço para os efeitos do inciso III do artigo 156 da Constituição. No arrendamento mercantil (leasing financeiro), contrato autônomo que não é misto, o núcleo é o financiamento, não uma prestação de dar. E financiamento é serviço, sobre o qual o ISS pode incidir, resultando irrelevante a existência de uma compra nas hipóteses do leasing financeiro e do leaseback. Recurso extraordinário a que se nega provimento.”(RE 592905, Relator Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 02/12/2009 O critério da regra matriz de incidência tributária objeto da ação judicial, foi a discussão do critério material – formado pelo verbo de ação mais complemento, localizado no Antecedente – hipótese normativa da RMIT. Toda a discussão do julgado pairou acerca Módulo Tributo e Segurança Jurídica do termo serviço e sua definição, ou seja, no complemento do critério material da hipotese normativa da RMIT. d) IPI – IMPORTAÇÃO – PESSOA NATURAL – AUTOMÓVEL – AUSÊNCIA DE ATIVIDADE EMPRESARIAL DE VENDA – AFASTAMENTO PELO JUÍZO – INCIDÊNCIA DO TRIBUTO RECONHECIDA NA ORIGEM – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca da incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI na importação de veículo automotor, quando o importador for pessoa natural e o fizer para uso próprio, considerados ainda os limites da lei complementar na definição do sujeito passivo. (STF - RE 723651 RG / PR, Relator: Min. Marco Aurélio) O critério da regra matriz de incidência tributária objeto da ação judicial, foi a discussão do critério pessoal, composto pelos sujeitos da relação jurídica envolvida, referido critério está no consequente normativo da RMIT, posto que o julgado tratou da da discussão da possibilidade da incidência de IPI Importação, quando o importador, sujeito passivo, for pessoa física e fizer uso do objeto para uso próprio. E também se observa, neste aspecto a verificação do critério material, quanto ao complemento, ou seja a análise do uso do objeto importado, se para uso comercial ou uso próprio. e) TRIBUTÁRIO. FORNECIMENTO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR (SOFTWARE).CONTRATO DE CESSÃO DE USO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PERSONALIZADOS.ISS. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE QUALQUER UM DOS VÍCIOSELENCADOS NO ART. 535 DO CPC. IMPOSSIBILIDADE DE EFEITOSINFRINGENTES. 1. O entendimento de que a jurisprudência desta Corte de Justiça firmou-se no sentido de que os programas de computador desenvolvidos para clientes, de forma personalizada, geram incidência de tributo do ISS não conflita com o conteúdo da Súmula Vinculante 31 do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual “é inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.”2. A embargante, inconformada, busca, com a oposição destes embargos declaratórios, ver reexaminada e decidida a Módulo Tributo e Segurança Jurídica controvérsia de acordo com sua tese.3. A inteligência do art. 535 do CPC é no sentido de que a contradição, omissão ou obscuridade, porventura existentes, só ocorre entre os termos do próprio acórdão, ou seja, entre a ementa eo voto, entre o voto e o relatório etc, o que não ocorreu no presente caso. Embargos de declaração rejeitados. (STJ - EDcl no AgRg no AREsp: 32547 PR 2011/0101397-7, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, O critério da regra matriz de incidência tributária objeto da ação judicial, foi a discussão do critério material – formado pelo verbo de ação mais complemento, localizado no Antecedente – hipótese normativa da RMIT. Toda a discussão do julgado pairou acerca do termo serviço e sua definição, ou seja, no complemento do critério material da hipotese normativa da RMIT. 7. O “princípio da universalidade da renda”, prescrito para as pessoas jurídicas no art. 25 da Lei nº 9.249/1995 é prescrição que atua sobre qual(is) critério(s) da regra-matriz de incidência tributária? Descreva, ainda, como o comando desse dispositivo se relaciona com o domínio espacial de vigência. O “princípio da universalidade da renda”, prescrito para as pessoas jurídicas no art. 25 da Lei nº 9.249/1995, atua no critério material da regra matriz de incidência tributária– formado pelo verbo de ação mais complemento, localizado no Antecedente – hipótese normativa da RMIT. Bem como, no consequente normativo, no critério quantitativo, relativo a base de cálculo, posto que será levado em conta toda a renda auferida pelo sujeito passivo. A Prof. Aurora Tomazini, ao abordar o tema do critério espacial da RMIT, do IR, aborda que o critério espacialé universal, ou seja, em qualquer do mundo, pois o legislador foi abrangente não restringindo aos limites territoriais de vigência da norma. Assim conclui que o critério espacial alude a qualquer lugar, mesmo que fora do âmbito territorial em que a regra está apta a produzir efeitos juridicos.4 4 CARVALHO,Aurora Tomazini de. Tese de Doutorado: Teoria Geral do Direito: (constructivismo lógico-semântico). 2009 Módulo Tributo e Segurança Jurídica Dessa forma, o critério espacial universal torna possível que a lei brasileira seja aplicada a fatos ocorridos no exterior. 8. A Lei nº 13.296/2008 do Estado de São Paulo prevê, em seu art. 4º, que o IPVA deverá incidir “no local do domicílio ou da residência do proprietário do veículo neste Estado”.5 Construa a regra-matriz de incidência tributária do IPVA e, considerando os comandos dos arts. 109 e 110 do CTN, examine a licitude da legislação paulista. RMIT ANTECEDENTE -HIPÓTESE NORMATIVA Critério Material – ser proprietário de veículo Critério Espacial – imbróglio legislativo, utiliza como regra, o local do domicílio ou da residência do proprietário do veículo no Estado de São Paulo e posteriormente dar nova significação a palavra 5. Artigo 4º - O imposto será devido no local do domicílio ou da residência do proprietário do veículo neste Estado. § 1º - Para os efeitos desta lei, considerar-se-á domicílio: 1 - se o proprietário for pessoa natural: a) a sua residência habitual; b) se a residência habitual for incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade onde o veículo esteja sendo utilizado; 2 - se o proprietário for pessoa jurídica de direito privado: a) o estabelecimento situado no território deste Estado, quanto aos veículos automotores que a ele estejam vinculados na data da ocorrência do fato gerador; b) o estabelecimento onde o veículo estiver disponível para entrega ao locatário na data da ocorrência do fato gerador, na hipótese de contrato de locação avulsa; c) o local do domicílio do locatário ao qual estiver vinculado o veículo na data da ocorrência do fato gerador, na hipótese de locação de veículo para integrar sua frota; 3 - qualquer de suas repartições no território deste Estado, se o proprietário ou locatário for pessoa jurídica de direito público. § 2º - No caso de pessoa natural com múltiplas residências, presume-se como domicílio tributário para fins de pagamento do IPVA: 1 - o local onde, cumulativamente, possua residência e exerça profissão; 2 - caso possua residência e exerça profissão em mais de um local, o endereço constante da Declaração de Imposto de Renda. § 3º - Na impossibilidade de se precisar o domicílio tributário da pessoa natural nos termos dos §§ 1º e 2º deste artigo, a autoridade administrativa poderá fixá-lo tomando por base o endereço que vier a ser apurado em órgãos públicos, nos cadastros de domicílio eleitoral e nos cadastros de empresa seguradora e concessionária de serviço público, dentre outros. § 4º - No caso de pessoas jurídicas de direito privado, não sendo possível determinar a vinculação do veículo na data da ocorrência do fato gerador, nos termos do item 2 do § 1º deste artigo, presume-se como domicílio o local do estabelecimento onde haja indícios de utilização do veículo com predominância sobre os demais estabelecimentos da mesma pessoa jurídica. § 5º - Presume-se domiciliado no Estado de São Paulo o proprietário cujo veículo estiver registrado no órgão competente deste Estado. § 6º - Em se tratando de veículo de propriedade de empresa de arrendamento mercantil (leasing), o imposto será devido no local do domicílio ou residência do arrendatário, nos termos deste artigo. § 7º - Para os efeitos da alínea “b” do item 2 do § 1º deste artigo, equipara-se a estabelecimento da empresa locadora neste Estado, o lugar de situação dos veículos mantidos ou colocados à disposição para locação. Módulo Tributo e Segurança Jurídica domicílio nos parágrafos seguintes, como se verifica o parágrafo 7º § 7º - Para os efeitos da alínea “b” do item 2 do § 1º deste artigo, equipara-se a estabelecimento da empresa locadora neste Estado, o lugar de situação dos veículos mantidos ou colocados à disposição para locação. Critério Temporal – momento da ocorrência do evento a ser promovido a categoria de fato jurídico Consequente Normativo Critério Pessoal – sujeitos da relação jurídica sujeito ativo – Estado de São Paulo; sujeito passivo: imbróglio legislativo, ora utiliza critério espacial, para definir o sujeito passivo – o lugar de situação dos veículos mantidos ou colocados à disposição para locação vide §6°; ora utiliza o critério material para designar o sujeito passivo, definindo o sujeito passivo pelo complemento do critério Critério quantitativo – base de cálculo e alíquota conforme parâmetros legislativos Dessa forma, verificando as prescrições dos arts. 109 e 110 do CTN, temos que: “A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.”, e assim verificamos a ilegalidade dos parágrafos do art. 4° da Lei 13.296/98 do Estado de São Paulo. Assim como deve ser aplicado a regra estatuída no art. 109 do CTN, onde “Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.”
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