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Prevenção e Tratamento de Acidentes em Cirurgias

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Acidentes – é uma intercorrência, inesperada que 
ocorre de forma imprevisível durante o ato 
cirúrgico. 
Complicações – é uma ocorrência pós-operatória 
imprevisível ou mesmo presumível conforme 
enfermidade ou o ato operatório realizado. 
Planejamento: 
• Anamnese. 
• Exames complementares. 
• Planejamento pré-operatório. 
• Princípios cirúrgicos básicos. 
Pós-operatório X complicação pós-operatória: 
orientar o paciente, de forma verbal, clara e 
escrita. 
Pós-operatório esperado: 
• Dor leve/moderada bem controlada com 
analgésicos; 
• Edema leve/moderado e limitação de 
abertura bucal nas primeiras 24-72h; 
• Sangramento discreto nas primeiras 24-
72h; 
• Equimose (menos comum) em pacientes 
com pele clara e/ou idosos. 
Prevenção e tratamento dos 
acidentes/complicações: 
1. Lesão de tecidos moles: laceração do 
retalho mucoso, esgarçamento e abrasão, 
lesões perfurantes. Apoio correto dos 
afastadores, proteção dos tecidos ao usar 
a alta rotação, acessos e retalhos de 
dimensões adequadas. Reposicionar e 
suturar corretamente, abrasão da mucosa 
→ higiene/clorexidine 0,12%. 
2. Acidentes e complicações durante 
exodontia: fratura de 
dentes/restaurações/próteses. Luxação do 
dente adjacente. Exodontia do dente 
errado. Fratura radicular – um dos 
acidentes mais comuns durante exodontia, 
dependendo do tamanho (até 2mm), do 
risco de lesões maiores, sem lesão 
periapicais, poderá ser mantida e o 
acompanhamento radiográfico será 
necessário. 
Região posterior da mandíbula 
 
 
Acidentes em exodontia: 
1. lesões aos nervos periféricos: 
✓ neuropraxia: lesão não rompe 
continuidade do axônio ou do endoneuro. 
✓ Axonotmese: perda de continuidade, 
porém o endoneuro é preservado. 
✓ Neurotmese: rompimento de 
continuidade do axônio e 
endoneuro. 
2. Lesão de nervo lingual – perda de 
sensibilidade geral nos 2/3 anteriores da 
língua. Diminui secreção das glândulas 
submandibulares e sublinguais. Perda do 
paladar nos 2/3 anteriores da língua. 
 
3. Resumo da inervação da língua 
 
4. Hemorragia: 
Trans e pós-operatório: 
• Boa técnica cirúrgica, evitar lacerações 
nos retalhos, compressão com gaze – 
meio mais efetivo de hemostasia no 
pós-operatório, pacientes que possuam 
coagulopatias congênitas ou adquiridas 
– extensa preparação e identificar no 
trans-operatório a fonte do 
sangramento. 
• Planejamento (coagulograma/INR, 
reposição de fatores, consulta 
hematológica). 
• Arterial, venoso, tecido ósseo/mole. 
• Compressão com gaze. 
• Hemostáticos → esponja de colágeno, 
gelfoan, cera para osso. 
• Em hipótese alguma finalizar cirurgia 
antes de atingida hemostasia, reavaliar 
o paciente antes de liberá-lo. 
5. Fratura de mandíbula: 
• Pacientes com mais de 40 anos, com 
dentição completa. 
• Mandíbula atróficas, manobras 
intempestivas, força excessiva. 
• Fraturas imediatas (trans-pératória) 1/3 
dos casos. 
• Fraturas tardias são mais comuns. 
• Tratamento: redução e contenção de 
fratura (imediata se possível). 
• Bloqueio maxilomandibular por 45 a 60 
dias (fraturas sem grande deslocamento). 
• Redução aberta e fixação interna rígida. 
6. Deslocamento para espaços anatômicos 
adjacentes: 
• espaço submandibular. 
• Espaço pterigomandibular 
Região anterior de mandíbula e assoalho de boca 
e língua 
 
 
 
 
Região posterior da maxila 
 
Acidentes: 
1. Comunicação buco-sinusal: é resultante de 
um acidente cirúrgica, ocorre durante uma 
exodontia. Relação entre os ápices dos 
dentes posteriores com o seio, lesões 
periapicais. 
 
a. Prevenção: observação 
cuidadosa e planejamento 
adequado da cirurgia – 
avaliação de radiografias de boa 
qualidade, odontosecção nos 
dentes superiores. 
b. Manejo imediato: pequenas 
exposições/rompimento da 
membrana sinusal (sem doença 
sinusal ativa /aguda) – alvéolo 
preservado. Curetar paredes 
laterais do alvéolo para 
estimular formação de coagulo 
e sutura oclusiva. 
Antibioticoterapia + 
descongestionante nasal + 
orientações. 
Exposições/rompimentos 
maiores da membrana sinusal 
não preservado. Evitar que o 
quadro evolua para formação de 
fistula oroantral e possíveis 
quadros de infecção sinusal. 
Técnicas mais simples: retalho 
vestibular ou palatina. 
2. Fistula buco-sinusal: manobra de 
valsalva. 
3. Deslocamento para o seio maxilar: 
causas – anomalias radiculares, uso 
inadequado do instrumental, uso do 
instrumental inadequado, planejamento 
incorreto e força excessiva. Acesso de 
caldwell-luo. 
4. Deslocamento para espaços adjacentes 
– espaço infratemporal. 
5. Luxação de ATM 
a. Fisiopatologia: excursão 
exagerada do côndilo 
ultrapassando a eminência 
articular. 
b. Causas: degeneração da ATM, 
abertura excessiva, distensão 
dos ligamentos, patologias. 
c. Conduta: redução, terapia 
medicamentosa, restrição de 
dieta, fisioterapia. 
Complicação 
1. Osteíte alveolar/alveolite seca: incidência 3 
a 25%. Lise/degradação do coagulo antes 
que ele seja substituído por tecido de 
granulação. Fibrinólise ocorre entre 3 e 4 
dias de pós-operatório. Dor intensa, mau 
odor e exposição óssea alveolar. Fonte dos 
agentes fibrinolíticos (sangue, saliva ou 
bactéria). ATB após exodontia de 3 molares 
impactados – reduz índice em 50-70%. 
Tratamento: irrigação com soro fisiológico 
0,9%. ATB terapia. Curetagem não é 
consenso na literatura. Aplicação de ATB 
local/curativos a base de eugenol. 
2. Trismo: ocorre pela resposta inflamatória 
ao procedimento. Ligamentos 
pterigomandibular. Músculos masseter e 
bucinador. Cirurgia traumática, início 2 dia 
– regressão espontânea na 1 semana. Saber 
diferenciar o trismo (trauma operatório) e 
associação a infecções pós-operatórias. 
3. Infecção pós operatória: outros 50% 
podem ser mais significantes. Infecção 
pode se disseminar para espaços faciais 
primários, secundários e cervicais. 
Tratamento: hospitalização – exames de 
imagem mais acurados (TC de face) – 
cirurgia/drenagem agressiva, 
antibioticoterapia EV. Associação: pacientes 
imunocomprometidos, quadros pré-
existentes de pericoronarites aguda, 
instrumentos contaminados. 
Considerações finais: realizar cirurgias que 
estejam dentro das limitações de suas habilidades. 
Ter em mente que recomendar um especialista é 
uma opção que deve ser sempre exercida se o 
plano cirúrgico estiver além de sua própria 
habilidade. Em algumas situações não apenas uma 
obrigação moral, mas também uma prudente 
administração do risco legal.

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