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1. Alimentos Frescos ......................................................................................................................................... 3 1.1 Introdução................................................................................................................................................. 3 1.2. Estratégias de conservação dos alimentos ............................................................................................... 5 1.3. Estratégias de transformação dos alimentos ............................................................................................ 8 2. Biodisponibilidade de Carboidratos ......................................................................................................... 11 2.1 Introdução............................................................................................................................................... 11 2.2 Classificação dos Carboidratos............................................................................................................... 11 2.2.1. Monossacarídeos ............................................................................................................................ 12 2.2.2. Dissacarídeos.................................................................................................................................. 12 2.2.3. Polissacarídeos ............................................................................................................................... 13 2.2.4. Oligossacarídeos............................................................................................................................. 14 2.2.5. Fibra Dietética ................................................................................................................................ 14 2.3. Efeitos Fisiológicos ............................................................................................................................... 15 2.4. Funções Dos Carboidratos..................................................................................................................... 15 2.5. Resumo Da Digestão – Absorção – Metabolismo ................................................................................. 17 2.6. Propriedades Físico- químicas e sensoriais dos monossacarídeos......................................................... 19 2.6.1 Higroscopicidade............................................................................................................................. 19 2.6.2. Estado Vítreo .................................................................................................................................. 20 2.6.3. Cristalização ................................................................................................................................... 20 2.6.4. Poder Edulcorante .......................................................................................................................... 21 2.6.4. Inversão de açúcares...................................................................................................................... 21 2.7. Propriedades Funcionais dos polissacarídeos ........................................................................................ 22 2.7.1. Solubilidade.................................................................................................................................... 22 2.7.2. Hidrólise dos Polissacarídeos ......................................................................................................... 23 2.7.3. Viscosidade..................................................................................................................................... 24 2.8. Efeito Do Processamento na Biodisponibilidade de Carboidratos ........................................................ 26 2.8.1 . Transformações dos carboidratos por ação do calor...................................................................... 26 3. Biodisponibilidade de Proteínas ................................................................................................................ 27 3.1 Introdução............................................................................................................................................... 27 3.1 Metabolismo Celular e Importância Nutricional das Proteínas .............................................................. 27 3.2 Estrutura e Classificação ........................................................................................................................ 28 3.3 Funções das Proteínas............................................................................................................................. 30 3.4 Resumo Digestão – Absorção – Metabolismo....................................................................................... 32 3.5 Qualidade Da Proteína............................................................................................................................ 34 3.6 Propriedades funcionais das proteínas.................................................................................................... 35 3.6.1.Propriedades de Hidratação ............................................................................................................. 36 3.6.2 Propriedades Surfactantes Das Proteínas......................................................................................... 38 3.6.3.Propriedades Emulsificantes............................................................................................................ 39 3.6.4.Propriedades Espumantes ................................................................................................................ 39 3.6.5.Fixação De Aromas ......................................................................................................................... 39 3.7 Modificações Nas Propriedades Funcionais das Proteínas Submetidas A Processos Tecnológicos....... 40 3.7. Principais agentes físicos e químicos responsáveis pelo deterioração de proteínas .............................. 42 3.7.1.Tratamentos Térmicos e deterioração de proteínas ......................................................................... 42 3.7.2. Efeitos da acidez e/ou alcalinidade (extremos de pH) sobre proteínas........................................... 43 3.7.3. Degradação de proteínas pelo oxigênio e outros agentes oxidantes ............................................... 44 3.7.4. Ação da luz ..................................................................................................................................... 44 3.7.5.Atividade de água e degradação de proteínas.................................................................................. 44 4. Biodisponibilidade de Lipídeos.............................................................................................................. 45 4.1.Introdução............................................................................................................................................... 45 4.2. A Natureza Física e Química dos Lipídios ....................................................................................... 47 4.3. Lipídios Básicos: Ácidos Graxos Triglicerídeos .............................................................................. 48 4.4 Resumo Da Digestão – Absorção – Metabolismo ............................................................................ 50 4.5. Tratamento de Modificação Das Gorduras............................................................................................ 51 4.5.1.Hidrogenação................................................................................................................................... 51 4.5.2.Transesterificação............................................................................................................................ 53 4.5.3.Fracionamento................................................................................................................................. 57 1 4.5.4.Rancificação Auto-Oxidativa .......................................................................................................... 57 4.4.5.Reversão Do Sabor .......................................................................................................................... 62 5. Biodisponibilidade de minerais ................................................................................................................. 63 Minerais Principais....................................................................................................................................... 64 Elementos traços........................................................................................................................................... 64 6.Biodisponibilidade das Vitaminas ............................................................................................................. 76 6.1. Introdução.............................................................................................................................................. 77 6.2. Classificação.......................................................................................................................................... 77 7. Métodos De Avaliação Da Qualidade Nutricional Dos Alimentos ......................................................... 90 7.1 Métodos Químicos.................................................................................................................................. 90 7.2 Métodos Microbiológicos....................................................................................................................... 93 7.3. Métodos Biológicos............................................................................................................................... 94 7. DEGRADAÇÃO DE NUTRIENTES...................................................................................................... 101 7.1 Influência de Fatores ambientais .......................................................................................................... 101 B) Plano de Nutrição das plantas e animais............................................................................................ 102 7.2.Agentes Físicos E Químicos Que Atuam Na Degradação De Nutrientes............................................. 106 7.2.2.Importância do Controle de Temperatura e do Tratamento Térmico na Preservação de Nutrientes e do Valor Nutritivo dos Alimentos.................................................................................. 107 7.3 Minimização Das Perdas De Nutrientes – Otimização Do Processo.................................................... 109 7.3.1.Instabilidade De Vários Nutrientes À Ação Do Oxigênio............................................................. 111 7.3.2.Instabilidade De Nutrientes À Ação Da Luz ................................................................................. 112 8. Biodisponibilidade Dos Nutrientes Indispensáveis ................................................................................ 112 8.1 Fatores Que Modificam Biodisponibilidade Dos Aminoácidos ........................................................... 113 8.2.Substâncias Tóxicas De Ocorrência Natural Nos Alimentos ............................................................... 117 9. Referências Bibliográficas: ........................................................................................................................ 119 2 1. Alimentos Frescos 1.1 Introdução Os alimentos que o homem consome precedem dos reinos vegetal, animal e mineral. Do vegetal, ele consome sementes, talos, folhas, raízes, frutos, bulbos e tubérculos. Do reino animal, utiliza como alimentos certas secreções (leite), o tecido muscular, vísceras e outros subprodutos, ovos e mel. A contribuição do reino mineral limita-se para efeitos práticos, ao aporte de água e de certas substâncias minerais. Com exceção do mel, que deve sua estabilidade a baixa atividade de água (aw), os alimentos de origem animal são produtos altamente perecíveis. A baixa estabilidade deve-se às atividades de diversos agentes, destacando-se, em primeiro lugar, os microrganismos. Entre eles e o homem, trava-se uma luta pelos alimentos que constitui uma verdadeira corrida de velocidade: quem chega antes à presa é o primeiro a consumi-la. O desenvolvimento dos microrganismos nos alimentos torna-se inaproveitáveis para o consumo humano, porque eles o utilizam como fonte de energia para realizar suas funções vitais; parte dos produtos de degradação é utilizada para a edificação de suas próprias estruturas. A riqueza em nutrientes, a elevada aw e o pH fazem dos alimentos um meio muito adequado para o crescimento de grande variedade de microrganismos que chegam ao produto aleatoriamente. Quando a taxa de microrganismos atinge certos níveis, eles provocam profundas modificações sensoriais (liberação de aromas anômalos, aparecimento de limosidade, acúmulo de ácidos, etc) ou físico-químicos (precipitação de proteínas, etc) que tornam o alimento inadequado para o consumidor. Diz-se, então, que o alimento está alterado. Além disso, os metabolitos produzidos acumulam-se nos alimentos, convertendo-os, freqüentemente, em produtos de natureza tóxica para o homem. Outrossim, certos microrganismos (ou suas toxinas), ao serem ingeridos com os alimentos, podem causar doenças. Entretanto, mesmo que os animais mortos ou os tecidos desprendidos dos vegetais se encontrassem em ambiente totalmente estéril, sua 3 vida útil não seria indefinida, porque são intrinsecamente portadores de outros agentes de alteração não menos poderosos: as enzimas autolíticas. Ainda que fosse possível evitar a ação de microrganismos e das enzimas autolíticas, os alimentos não se manteriam em condições adequadas para o consumo de forma indefinida. Há outros agentes que também provocam sua alteração: as reações químicas. O organismo vivo é capaz de neutralizar este processo, mas estando morto, é impossível evitar que, no material abandonado à própria sorte, desencadeiam-se reações dos constituintes dos alimentos entre si ou com substâncias de origem extrínsecas, como o oxigênio atmosférico, dando lugar ao acúmulo de substâncias (às vezes prejudiciais) que levam a recusa do alimentos pelo consumidor. Essas reações constituem uma série de fenômenos muito complexos dos quais não participa apenas um agente; elas são favorecidas por diversos fatores de origem física ou química. Entre os de natureza física, vale destacar a luz solar, que facilita a auto-oxidação das gorduras e provoca o aparecimento de certos aromas anômalos e de descolorações da superfície dos alimentos. As temperaturas excessivamente elevadas favorecem reações prejudiciais para a qualidade dos alimentos, como as de escurescimento não- enzimático ou a desnaturação de proteínas. Os agentes químicos capazes de causar alteração nos alimentos são muito diversos, mas podem-se citar, entre eles, os ácidos e álcalis, poderosos agentes desnaturantes das proteínas; os metais pesados, que facilitam as reações de auto-oxidação, além de serem tóxicos em concentrações elevadas; e o oxigênioatmosférico, que participa de todas as reações oxidativas que ocorrem entre os componentes dos alimentos. Há, finalmente, outros agentes que também podem causar alteração nos alimentos e que resultam em descuidos dos manipuladores ou de acidentes: os agentes mecânicos (golpes, amassamentos, etc), que também favorecem a atuação de outros agentes. Talvez o exemplo mais ilustrativo desse grupo seja a rachadura de ovos. 4 1.2. Estratégias de conservação dos alimentos Para poder ampliar a vida útil dos alimentos, é necessário lutar contra os agentes de alteração. Este é, portanto, o primeiro objetivo da Tecnologia de Alimentos: a conservação de alimentos. Contra os agentes físicos e químicos, em geral, é fácil lutar. Contra a luz, recomenda-se o uso de embalagens opacas ou que protejam os alimentos da exposição a ela. Contra os ácidos e álcalis que podem ser derramados acidentalmente sobre os alimentos, utilizam-se embalagens com materiais adequados ou, se isso já ocorreu, faz-se a neutralização ou empregam-se substâncias tampão. Contra os metais, empregam-se material apropriado, quelantes ou sequestrantes de íons. Contra o oxigênio, talvez o mais difícil de controlar, pode-se utilizar o acondicionamento a vácuo ou sob atmosferas de gases inertes, inclusive fazendo uso de reativos que o consumam. Contra os agentes mecânicos, emprega-se manipulação cuidadosa ou utilizam-se materiais resistentes para o acondicionamento e o empacotamento. A luta contra os agentes biológicos, em particular os microrganismos, é muito mais difícil, e é com eles que se preocupam fundamentalmente o tecnólogo de alimentos. De fato, a maioria dos métodos de conservação existentes foi projetada ou aperfeiçoada para destruir microrganismos ou para inibir seu crescimento. A tecnologia de alimentos preocupa-se, muito menos, com as enzimas autolíticas presentes nos alimentos de origem animal, visto que, de maneira geral, são muito mais sensíveis do que os microrganismos, de modo que qualquer tratamento eficaz para conter o desenvolvimento microbiano é eficaz, também com raras exceções (as radiações ionizantes, por exemplo), para impedir as atividades enzimáticas. Para que os microrganismos possam alterar determinados alimentos, é preciso, por um lado, que entrem em contato com ele, por outro, que se multipliquem nele. Assim cabem três estratégias de luta: impedir que cheguem ao produto, destruí-los caso tenham conseguido ou impedir sua multiplicação, estabelecendo condições desfavoráveis mediante modificações ambientais. 5 Com relação a primeira estratégia, é preciso dizer que, na prática, é impossível evitar que os microrganismos cheguem ao alimento. Com a aplicação de normas higênicas estrito e o emprego de boas práticas de fabricação, pode-se minimizar a contaminação, mas jamais evitá-la. Por exemplo, o leite ordenhado em condições extremamente cuidadosas contém taxa microbiana da ordem de 103 a 104 microrganismos/mL; quanto a carne de animais sadios, mesmo considerando que seu interior é estéril, não há como impedir que certos microrganismos atinjam-na durante as operações de matança e carnificação. Porém a observação de medidas higênicas, associada a modificação de condições ambientais, em particular a temperatura (refrigeração), acarreta no aumento de vida útil do produto fresco, o que é muito importante nos alimentos vendidos nesse estado, como carne ou peixe. O segundo grupo de métodos para lutar contra os microrganismos é o de destruição, conseguida fundamentalmente com tratamentos térmicos, embora exista outro método igualmente eficaz, mas de muito menos aplicação prática: o tratamento com radiações ionizantes. Atualmente, estão se desenvolvendo novos métodos, como altas pressões, aquecimento ôhmico ou, ainda, combinações de métodos existentes, que aumentam a eficácia bactericida, como a termoultrasonicação (aplicação simultânea de calor e ultra-sons à sobrepressão). O terceiro tipo de medidas que podem ser adotadas na luta contra microrganismos dos alimentos é a modificação das condições ambientais, criando outras que impeçam o crescimento microbiano ou que, pelo menos, o inibam eficazmente. Entre essas medidas, podem-se mencionar o decréscimo da atividade de água (aw) mediante a desidratação do alimento (p.ex., leite em pó) ou a adição de solutos (ex, leite condensado); o decréscimo da temperatura ao nível de refrigeração ou do congelamento; o decréscimo do pH, como nos escabeches; a adição de substâncias químicas (conservantes); a modificação da atmosfera, por exemplo, enriquecendo em dióxido de carbono ou o acondicionamento do alimento à vácuo, etc. A maioria desses métodos é seletiva; eles não afetam igualmente todos os microrganismos presentes e, portanto, a única coisa que fazem é aumentar a vida útil, na maioria dos casos, como ocorre com a 6 refrigeração ou o acondicionamento a vácuo. Desses métodos, apenas o congelamento ou a redução da aw abaixo de valores aproximadamente 0,6 detém totalmente o crescimento microbiano. Portanto, na maioria dos casos, não se utilizam esses métodos de forma isolada, mas sim associados ou outros. Por exemplo, no caso do leite condensado, a adição de sacarose é associada à pasteurização; no iogurte, conjugam-se a acidificação e a refrigeração; e o acondicionamento a vácuo às vezes é acompanhado de sais de cura e do armazenamento sob refrigeração. Na Tabela 1, apresentam-se, de forma resumida, as diversas estratégias que podem ser utilizadas para controlar os diversos agentes de alteração dos alimentos. Objetivo Método Fundamento Inibição de crescimento microbiano (1), enzimas (2) e reações químicas (3) Refrigeração (1,2,3) Congelamento (1,2,3) Desidratação (1,2) Liofilização (1,2) Evaporação (1,2) Adição de solutos (1,2) Vácuo (1,3) Atmosferas inertes (1,3) Atmosferas modificadas (1,2) Adição de ácidos (1,2) Fermentação ácida (1,2) Adição de álcool (1) Fermentação etanólica (1) Substâncias químicas (1,3) Decréscimo da temperatura Decréscimo de aw Decréscimo da concentração de O2 Aumento da conc. De CO2 (1,2) decréscimo de O2 (2) Acidificação Aumento da concentração de etanol Conservantes(1), antioxidantes (3) 7 Destruição de microrganismo (1), enzimas (2) e insetos (4) inibição da germinação e maturação (5) Terminação (1) Pasteurização (1,2) Esterilização (1,2) Irradiação (1,4,5) Bacteriocinas (1) Peróxido de hidrogênio (1) Òxido de etileno (1) Aplicação de calor Aplicação de radiações ionizantes Agentes antimicrobianos Evitar contato com agentes alterantes acondicionamento 1.3. Estratégias de transformação dos alimentos Outro objetivo da Tecnologia de Alimentos é a sua diversificação; com isso, pretende-se elaborar produtos saudáveis e apetecíveis com forma e/ou propriedades sensoriais diferentes das da matéria-prima. Boa parte da indústria alimentícia moderna está mobilizada atualmente para alcançar este objetivo. De fato, muitos processos aplicados aos alimentos só tem esta justificativa; até a algum tempo, sua finalidade era também a conservação,mas hoje estes métodos estão totalmente superados por outros processos mais eficazes. Um exemplo muito claro é a do queijo: se antes era uma forma de aumentar a vida útil de um produto muito perecível, o leite, elaborando um novo produto, atualmente é possível conservar esse alimento mediante a esterilização ou a desidratação. Na prática, a elaboração de queijo é o meio de oferecer ao consumidor um alimento com características muito diferentes das do leite, da qual procede. O procedimento de transformação mais antigo talvez seja a defumação, já utilizada pelo homem pré-histórico. Neste procedimento, deposita-se no produto uma série de substâncias químicas (ésteres, aldeídos, fenóis, etc) geradas 8 durante a combustão da madeira. Conseqüentemente, o produto adquire sabor, cor e aroma diferentes dos da matéria-prima de origem; ao mesmo tempo, aumenta sua estabilidade como decorrência, por outro lado, de substâncias antimicrobianas proporcionadas pela fumaça, como o formaldeído, e, por outro, do decréscimo de aw devido a desidratação parcial que se produz. Contudo, hoje não tem muito sentido como método de conservação, como demonstra a tendência crescente a aplicar defumações leves, menos eficazes como método de luta contra microrganismos, porém mais apetecíveis por seu sabor e aroma menos acentuados. Outro procedimento para modificar as propriedades sensoriais dos alimentos é a utilização de microrganismos. Nem todas as ações produzidas por microrganismos são deletérias; o homem aproveita as atividades de alguns para a elaboração de alimentos que, muitas vezes, não lembram em nada a matéria prima original. As formas de conseguir estes novos compostos são as fermentações e os processos maturativos. Em princípio, eles são espontâneos e consistem, essencialmente, de degradações dos componentes majoritários dos alimentos originais. Assim, o homem vem elaborando, desde tempos remotos e de forma empírica, diversos alimentos, como vinho, cerveja, pão, queijos, leies fermentados, embutidos. Outra forma de transformar os alimentos é pelo uso de enzimas. Utilizam-se enzimas produzidas por microrganismos ou outras fontes biológicas, como é caso da quimosina na fabricação de queijos ou modernamente o uso de proteases para acelerar o processo de maturação de queijos e embutidos. Recorre-se com freqüência ao uso de aditivos naturais ou artificiais para diversificar os alimentos. Utilizam-se para este fim, aromatizantes e saborizantes, como sacarina, aspartame, etc, modificadores das propriedades funcionais. Entre eles, lecitina, di e monoglicerídeos como emulsificantes, gelatinas e gomas vegetais como estabilizante, amido e pectina como espessantes; vitaminas e minerais como fortificantes, e um amplo grupo de modificadores de cor como amaranto, carotenóides, clorofila e urucum. 9 Na transformação de alimentos, muitas vezes é preciso aplicar uma série de operações para a preparação de matérias-primas e a elaboração de novos alimentos. Entre elas, vale citar as de redução de tamanho (picagem, moagem, etc), as de separação (filtração, centrifugação, destilação, etc) e as de mistura (por exemplo, amassadura) Muitas indústrias alimentícias atuais, a fim de responder às necessidades sociais do momento, caracterizadas por carências cada vez maior de tempo livre para para destinar às atividades domésticas, tratam de oferecer pratos cozidos ou pré-cozidos de fácil consumo. Do mesmo modo, a necessidade de preparar comidas para coletividades locais levou ao enorme desenvolvimento da preparação de porções individualizadas para o uso em refeitórios coletivos próximos as cozinhas (restaurantes) ou em lugares distantes, como aviões, trens, festas, etc. Todas as operações de transformação de alimentos citadas pretendem, por um lado, evitar que se caia em uma alimentação rotineira, já que o homem exige uma grande diversidade de alimentos. Na tabela 2 abaixo apresentam-se resumidamente as estratégias que podem ser utilizadas para transformação dos alimentos. Tabela 2 – Estratégias de transformação de alimentos Objetivos 1- Incrementar a qualidade nutritiva 2- Modificar a qualidade sensorial 3- Facilitar o consumo 4- Elaborar novos alimentos 5- Elaborar pratos prontos Métodos Redução do tamanho Picagem, moagem e trituração Operações de separação Filtração, centrifugação, destilação, osmose inversa, etc 10 Outras operações Mistura, extrusão, modelagem, operações culinárias, etc Adição de aditivos: Corantes, emulsificantes, geleificantes, espessantes, etc Adição de nutrientes (vitaminas e minerais) Fortificação, enriquecimento, restituição Adição de enzimas Adição de microrganismos (cultivos iniciadores) 2. Biodisponibilidade de Carboidratos 2.1 Introdução Há razões práticas para as grandes quantidades de carboidratos nas dietas em todo o mundo. Primeiro, os carboidratos estão amplamente disponíveis, porque eles são facilmente encontrados nas plantas, como grãos, vegetais e frutas. Em alguns países, os alimentos com carboidratos compõem quase toda a dieta das pessoas. Segundo, os carboidratos são de relativo baixo custo. E terceiro podem ser facilmente armazenados. Comparados com outros tipos de alimentos, os alimentos com carboidratos podem ser estocados secos por períodos relativamente longos sem deterioração. 2.2 Classificação dos Carboidratos O termo CARBOIDRATO vem da sua natureza química. É composto de carbono, hidrogênio e oxigênio, com uma relação de hidrogênio/oxigênio semelhante à da água - CH2O. Os carboidratos são classificados de acordo com o número de açúcar básico, ou sacarídeo, unidades que formam suas estruturas. 11 2.2.1. Monossacarídeos A forma mais simples do carboidrato é o MONOSSACARÍDEO, comumente chamado de simples açúcar (isolado). Os três principais monossacarídeos importantes na nutrição humana são a glicose, a frutose e a galactose. Glicose: é encontrada naturalmente em poucos alimentos, como no xarope de milho. É principalmente criada no organismo através da digestão do amido. No metabolismo humano, todos os outros tipos de açúcares são convertidos em glicose. Frutose: o mais doce dos açúcares simples, a frutose é encontrada nas frutas e em outras substâncias, como no mel. No metabolismo humano, a frutose é convertida em glicose para ser queimada para energia. Galactose: o açúcar simples galactose não é encontrado livre nos alimentos, mas é produzido na digestão humana da lactose (açúcar do leite) e é então transformado em glicose para energia. Esta reaçao é reversível e durante a lactação a glicose pode ser convertida em galactose para ser usada na produção de leite. 2.2.2. Dissacarídeos Os DISSACARÍDEOS são simples (duplo) açúcares compostos de dois monossacarídeos ligaos um ao outro. Os três principais dissacarídeos de importância fisiológica são SACAROSE, LACTOSE e MALTOSE. Seus respectivos componentes monossacarídeos seguem: SACAROSE = glicose + frutose LACTOSE = glicose + galactose MALTOSE = glicose + glicose Sacarose: a sacarose é o “açúcar comum” de mesa feito comercialmente do açúcar de cana e de beterraba. É o dissacarídeo mais conhecido.A sacarose pode ser encontrada em todas as formas de açúcar comum, melados e algumas frutas vegetais, como abacaxi e cenoura. 12 Lactose: o açúcar no leite é chamado de lactose por causa de sua origem. É formado no organismo oriundo da glicose para suprir a necessidade do açúcar componente do leite durante lactação. Maltose: a maltose ocorre nos produtos comerciais à base de malte oriundos da degradação do amido ou da germinação de grãos de cereais. Assim, é um carboidrato desprezível na dieta. Mas é um carboidrato altamente metabólico como um produto intermediário da digestão do amido. 2.2.3. Polissacarídeos Os carboidratos mais complexos são chamados de polissacarídeos porque são compostos de muitas unidades do açúcar simples (sacarídeo). O polissacarídeo mais importante na nutrição humana é o amido. As outras formas são o glicogênio e as dextrinas. As formas não-digestíveis das fibras dietéticas, celulose e outros polissacarídeos não-celulose, proporcionam importante volume na dieta. Amido: é um composto complexo relativamente grande feito de muitas espirais ou ramos de cadeias do açúcar simples (glicose). Produz somente glicose na digestão. O cozimento do amido não somente melhora o seu sabor, mas também suaviza e rompe suas células, o que torna a digestão mais fácil. As misturas de amido engrossam quando cozidas, porque a porção que envolvem os grânulos de amido tem uma qualidade de tipo gel que engrossa a mistura do mesmo jeito que a pectina age na geléia. O amido é, sem dúvida, a mais importante fonte de carboidrato na dieta de todo o mundo. Glicogêneo: o composto armazenado animal comparável ao amido nas plantas é o glicogêneo. É formado durante o metabolismo celular e armazenado em pequenas quantidades no fígado e nos tecidos musculares. Esses estoques ajudam a manter os níveis normais de glicose no sangue durante períodos de jejum, como nas horas de sono, e fornece combustível imediato para a ação muscular, especialmente durante as atividades atléticas. Dextrinas: as dextrinas são compostos polissacarídeos formados como produtos intermediários da degradação do amido. Essa degradação ocorre constantemente no processo da digestão. 13 Amido + água => amido solúvel + maltose Amido solúvel + água => dextrinas + maltose dextrinas + água => maltose maltose + água => glicose + glicose 2.2.4. Oligossacarídeos Esses carboidratos são pequenas porções do amido parcialmente digerido, tendo um tamanho médio de três a dez monossacarídeos. Eles se formam naturalmente através do processo da digestão ou comercialmente através da hidrólise ácida. Oligossacarídeos são irregulares na forma e quando digeridos, fornecem seus poucos constituintes monossacarídeos. Esses pequenos açúcares são largamente usados nas fórmulas especiais para crianças ou pessoas com problemas gastrointestinais, porque facilitam a digestão. Esses açúcares pequenos também são usados em bebidas esportivas. Alguns oligossacarídeos naturais são construídos com ligações que não podem ser quebradas pelas enzimas humanas, então eles não são digeríveis. Por exemplo, dois deles – estaquiose e rafinose – são encontrados em legumes como feijão, ervilhas e soja. 2.2.5. Fibra Dietética A fibra dietética pode ser classificada em três principais grupos de acordo com a estrutura e as propriedades, cada um desses grupos tem 5 elementos diferentes. Celulose: esta fibra dietética é o constituinte principal da formação das plantas. Os humanos não conseguem digerir a celulose porque eles não tem as enzimas digestivas necessárias. No entanto, ela permanece no trato digestivo e contribui significativamente para o volume da dieta. Esse volume ajuda a movimentar a massa alimentar e estimula o peristaltismo. Celulose constitui o material estrutural principal das paredes celulares da planta e fornece a maioria da substância chamada “fibra crua”. As principais fontes alimentares são caules e folhas vegetais, sementes e grãos íntegros e cascas. 14 Polissacarídeos não celulose: os carboidratos fibrosos não-celulose incluem a hemicelulose, as pectinas, as resinas, as mucilagens e as substâncias derivadas das algas. Elas absorvem água e desaceleram o tempo de esvaziamento gástrico. Com exceção da hemicelulose, são substâncias hidrossolúveis, tipo uma resina, que auxiliam na aglutinação do colesterol e no controle de sua absorção. 2.3. Efeitos Fisiológicos Geralmente a fibra alimentar produz vários efeitos sobre o misto de alimentos consumidos e este o é o seu papel no organismo. A maior parte desses efeitos é causada por suas propriedades fisiológicas Absorção de água: a capacidade que possui a fibra alimentar de absorve água contribui para seu efeito laxante formador de resíduo alimentar no intestino, dessa maneira influenciando o tempo de trânsito do bolo alimentar através do trato digestivo e a consequente absorção dos vários nutrientes. Efeito aglutinante: fibras, como as das substâncias que não possuem celulose, influenciam os níveis de lipídeo do sangue através de um efeito aglutinante, uma capacidade de combinar colesterol e said biliares e evitar sua absorção. Um excesso de fibra alimentar, no entanto, é capaz de causar um efeito indesejável de combinação de minerais como o zinco ou o cálcio, dessa maneira evitando a absorção necessária. Efeito das bactérias do cólon: o efeito das bactérias do cólon sobre os substratos da fermentação para a ação bacteriana produz ácidos graxos voláteis e gás. 2.4. Funções Dos Carboidratos Energia A principal função dos carboidratos na nutrição é a de fornecer combustível para a produção de energia. Para que funcionem adequadamente, os tecidos do organismo exigem um suprimento alimentar diário de carboidratos suficiente para oferecer de 50% a 55% das quilocalorias totais. 15 Funções Especiais dos Carboidratos nos Tecidos do Organismo: Uma vez que são a principal fonte energética do organismo, os carboidratos atendem as funções especiais em vários tecidos corporais. Reservas de Glicogêneo: As reservas de glicogêneo no fígado e músculos oferecem uma troca constante com o sistema de equilíbrio total de energia do organismo. Dessa forma essas reservas protegem as células, evitando a função metabólica diminuída e injúrias. Ação de Poupança de Proteínas: Os carboidratos auxiliam na regulação do metabolismo das proteínas. A presença de carboidratos suficientes para as demandas energéticas do organismo evita a canalização de proteínas em demasia para este fim. Essa ação de poupança protéica dos carboidratos permite que a maior porção das proteínas seja utilizada para seu propósito estrutural básico de construção dos tecidos. Efeito anticetogênico: os carboidratos estão também associados ao metabolismo das gorduras. A quantidade de carboidratos presente na dieta determina o quanto de gordura será fragmentada, dessa forma, afetando as taxas de formação e de disponibilidade das cetonas, que são metabolismo das gorduras, normalmente produzidos em baixo nível durante a oxidação das gorduras. Ação cardíaca: é um exercício que mantém a vida. Embora os ácidos graxos sejam o combustível regular preferido do músculo cardíaco,a reserva de glicogêneo nesse mesmo múscolo cardíaco, constitui uma importante fonte emergencial de energia contrátil. Em um coração prejudicado, insuficientes reservas de glicogêneo ou uma baixa ingestão de carboidratos pode ocasionar sintomas cardíacos e angina. Função do Sistema Nervoso Central: Há necessidade de um fornecimento constante de carboidratos para o correto funcionamento do sistema nervoso central (SNC). O centro regulador do SNC, o cérebro, não contém suprimento armazenado de glicose, sendo consequentemente, dependente do suprimento a cada minuto de glicose do sangue. Um choque hipoglicêmico 16 prolongado e profundo pode ocasionar danos cerebrais graves e irreversíveis. Em todo o tecido nervoso, os carboidratos são indispensáveis para a integridade funcional. 2.5. Resumo Da Digestão – Absorção – Metabolismo Digestão: a maior parte dos alimentos que contém carboidratos, amidos e açúcares não pode de imediato ser utilizada pelas células para tornar a energia disponível. Inicialmente, esses alimentos precisam ser modificados em combustível refinado – glicose. É a digestão o processo pelo qual essas mudanças vitais são realizadas. A digestão de alimentos di grupo dos carboidratos dá-se através das sucessivas partes do trato gastrointestinal, sendo realizada por dois tipos de ações: (1) funções mecânicas ou musculares, que transformam a massa muscular em pequenas partículas e (2) processos químicos em que enzimas específicas fragmentam nutrientes alimentares em produtos metabólicos menores e utilizáveis. BOCA: a mastigação transforma alimento em partículas menores misturando-as com secreções salivares. Durante tal processo, uma amilase salivar (ptialena) é secretada pela glândula parótida. Ela age sobre os amidos de modo a iniciar sua fragmentação em dextrinas e maltose. ESTÔMAGO: sucessivas contrações ondulatórias das fibras musculares da parede do estômago continuam o processo digestivo mecânico. A essa ação dá- se o nome de peristalse. Ela mistura ainda mais as partículas alimentares com as secreções gástricas de modo a permitir a ocorrência da digestão química mais prontamente. A secreção gástrica não contém enzimas específicas para a fragmentação dos carboidratos. O ácido hidroclorídrico no estômago cessa a ação da amilase salivar. No entanto, antes que o alimento se misture completamente com a secreção de ácido gástrico, de 20% a 30% do amido pode ter sido degradado a maltose. As ações musculares continuam a trazer o bolo alimentar até a parte inferior do estômago, onde esse bolo mostra-se agora como um quimo espesso e cremoso, pronto para seu esvaziamento, controlado através da válvula pilórica para o duodeno a primeira porção do intestino delgado. 17 INTESTINO DELGADO: a peristalse continua para auxiliar a digestão no intestino delgado, misturando o movimentando o quimo através do lúmen no comprimento do tubo. A digestão química dos carboidratos conclui-se no intestino delgano através de enzimas específicas oriundas de duas fontes: o pâncreas e o intestino. Secreções Pancreáticas: as secreções originárias do pâncreas entram no duodeno através do ducto biliar comum. Elas contêm amilase panceática, que continua a fragmentação do amido em maltose. Secreções Intestinais: as secreções intestinais contém três dissacaridases: - sacarose, lactase e maltase. Essas enzimas agem sobre seus respectivos dissacarídeos para originar os monossacarídeos – glicose, galactose, e frutose – prontos para a absorção. Esses dissacarídeos específicos são proteínas integrais da borda em escova do intestino delgado que fragmenta os dissacarídeos à medida que ocorre a absorção. Os produtos digestivos monossacarídeos são então, imediatamente absorvidos para a circulação sanguínea portal. ABSORÇÃO: a glicose combustível refinada está agora pronta para ser transformada para as células individuais de modo a ser “queimada” ou armazenada para produzir energia. O processo pelo qual o corpo transporta esse produto final básico da digestão dos carboidratos às células, através do corpo, é chamado de absorção ou transporte. O principal mecanismo de absorção da glicose é um sistema ativo de transporte por “bombeamento” que requer sódio como substância transportadora. Estruturas absorventes: a área superficial absorvente do intestino delgado é apenas estimulada por suas três estruturas básicas – pregas musculares, vilos e microvilos. Juntas estas estruturas proporcionam uma superfície absorvente bastante aumentada que permite que 90% do material alimentar digerido seja absorvido no intestino delgado. Somente a absorção da água é que se dá no intestino grosso. Via da Absorção: por meio dos capilares dos vilos, os açúcares simples penetram na circulação “portal” e são transportados ao fígado, onde a frutose e 18 galactose são convertidas em glicose, que é utilizada tanto de imediato como combustível ou é convertida em glicogêneo para armazenamento. Constantemente, depois, o glicogêneo converte-se novamente em glicose, conforme a necessidade do organismo. METABOLISMO: o termo genérico METABOLISMO refere-se a soma dos vários processos químicos em um organismo vivo, através dos quais a energia fica disponível para o funcionamento de todo o organismo. Isso inclui os processos pelos quais estruturas básicas são construídas e mantidas, funcionam e, posteriormente, fragmentam-se para reconstrução. Os derivados dos processos metabólicos específicos são chamados metabólitos. Metabolismo de células dos derivados dos carboidratos As células são as unidades funcionais da vida no corpo humano. Na nutrição celular, o mais importante produto final da digestão dos carboidratos é a glicose, porque os outros dois monossacarídeos – frutose e galactose – são, finalmente convertidos em glicose. O fígado é o principal local em que esse mecanismo complicado maneja a glicose. No entanto, o metabolismo energético dá-se em todas as células. Nessas células consideradas individualmente, a glicose é queimada de modo a produzir energia através de uma série de reações químicas que envolvem enzimas celulares específicas. A energia final produzida está disponível à célula para realizar sua tarefa. Glicose extra que não seja imediatamente necessária como energia pode também ser transformada em gordura e armazenada como combustível de reserva. 2.6. Propriedades Físico- químicas e sensoriais dos monossacarídeos 2.6.1 Higroscopicidade A capacidade de adsorção de água é uma das propriedades físico-químicas mais importantes dos carboidratos e depende, entre outros fatores, de sua estrutura, da mistura de isômeros e de sua pureza. A higroscopicidade está relacionada diretamente com a presença de grupos hidroxila, que são capazes de ligar água mediante o estabelecimento de reações entre os açúcares e deixam 19 livres os grupos hidroxila que podem unir-se com facilidade às moléculas de água. Essa propriedade dos carboidratos pode ser favorável em alguns casos e desfavorável em outros. É favorável quando contribui para a manutenção da umidade de alguns alimentos, como nos casos de produtos de confeitaria e padaria, visto que podem formar uma camada superficialque limita a perda de água do alimento. É desfavorável, por exemplo, no caso de produtos granulados ou em pó, nos quais a entrada de água leva a formação de aglomerados que limitam a posterior solubilidade dos açúcares. 2.6.2. Estado Vítreo O estado vítreo é o estado amorfo no qual a viscosidade é tão elevada que impede a cristalização do açúcar. Trata-se de estado pouco estável que pode ser alcançado por congelamento, concentração rápida ou desidratação de determinada solução, como também por fusão térmica de certos açúcares cristalinos seguida de resfriamento brusco, impedindo que as moléculas se reorganizam e formem cristal. Os açúcares em estado vítreo são higroscópicos, o que contribui par sua instabilidade, já que ao reter água aumentam sua mobilidade e, conseqüentemente, a velocidade de cristalização. O exemplo mais característico da presença de açúcares em estado vítreo em um alimento é o dos caramelos duros, que nada mais são do que soluções sobressaturadas de sacarose, cuja cristalização é impedida pela elevada viscosidade e rigidez na massa e epla presença de outros açúcares, como glicose e xarope de glicose. 2.6.3. Cristalização Uma das principais características dos açúcares é sua capacidade de formar cristais. Em geral, obtém-se a cristalização resfriando soluções saturadas de açúcares, com que se provoca a imobilização e a reorganização das moléculas, formando-se um cristal. Os fatores que mais influem no crescimento de 20 cristais são os seguintes: grau de saturação da solução original, temperatura, natureza da superfície do cristal e natureza e concentração das impurezas presentes na solução, que podem ser adsorvidas à superfície do cristal, reduzindo assim sua velocidade de crescimento. O tempo de cristalização também influi bastante no tamanho dos cristais pois, quanto mais lento é o resfriamento, maior é o tamanho destes.Isso tem atenção particular, já que, em certos alimentos, não é desejável a presença de cristais que possam ser detectados ao paladar; é o caso, por exemplo, dos grandes cristais de lactose que podem aparecer no leite condensado e que conferem ao produto textura arenosa, tornando-o praticamente inutilizável. 2.6.4. Poder Edulcorante Uma das propriedades mais reconhecidas dos carboidratos é seu poder edulcorante. Salvo raríssimas exceções, os mono e oligossacarídeos possuem sabro doce e diferemcima-se, entre outras coisas, por seu poder edulcorante. Os mais importantes são a sacarose, a frutose e os xaropes de amido. 2.6.4. Inversão de açúcares A inversão dos açúcares, fundamentalmente a da sacarose, consite na hidrólise de sua molécula, seja por via enzimática (invertase), seja por procedimentos físico-químicos, como a hidrólise com ácido clorídrico e temperatura elevada ou a utilização de resinas sulfônicas. O produto obtido é conhecido como açúcar invertido em encontra-se de forma natural no mel. O termo inversão refere-se à mudança que se observa no poder rotatório quando ocorre hidrólise; por exemplo, a rotação específica de uma solução de sacarose é de +66,5°, enquanto a do açúcar, visto que a frutose livre é mais solúvel que a sacarose. Esse fator é interessante porque aumenta a possibilidade de incrementar a concentração de açúcares em uma solução. Normalmente, o poder edulcorante do açúcar não se deve à sua concetração, e, por isso, é muito difícil assegurar que um açúcar é n vezes mais doce que outro. Mensura-se a intensidade do sabor doce mediante a 21 determinação do patamar de percepção do sabor ou por comparação com uma substância de referência, geralmente a sacarose, já que esta se destaca sobre as demais por seu sabor particularmente agradável inclusive em altas concentrações. A intensidade e qualidade do sabor dependem não apenas da estrutura do açúcar (a intensidade do sabor diminui nos oligossacarídeos com o aumento da extensão da cadeia), mas também da temperatura, do pH e da presença de outras substâncias que possam interferir nos receptores do sabor. Além disso, há uma relação muito estreita entre a quantidade de açúcar e a apreciação de substâncias aromáticas presentes de forma simultânea; também a cor do alimento pode influir na apreciação do sabor. 2.7. Propriedades Funcionais dos polissacarídeos 2.7.1. Solubilidade A maioria dos polissacarídeos ingeridos em uma dieta normal é insolúvel (celulose e hemicelulose), e são estes que proporcionam ao alimento propriedades como coesão, textura e palatabilidade; além disso, como constituintes da chamada fibra dietética, são benefícios para a saúde, contribuindo para a motilidade intestinal correta. Os demais polissacarídeos são solúveis ou dispersáveis em água e responsáveis pela viscosidade e pela capacidade espessante e geleificante; por isso, sua presença permite preparar alimentos com formas e texturas específicas. Os polissacarídeos são poliálcoois constituídos por unidades glicosídeos contendo, em média, três grupos hidroxila que podem estabelecer uniões (pontes de hidrogênio) com as moléculas de água, de tal maneira que cada molécula de polissacarídeo pode estar totalmente solvatada e, portanto, permanecer totalmente dissolvida na água. Essa união faz com que os polissacarídeos modifiquem e controlem a mobilidade da água nos alimentos e que a água tenha grande influência sobre as propriedades físicas e funcionais desses compostos. Juntos, os polissacarídeos e a água controlam muitas propriedades funcionais dos alimentos, incluindo a textura. 22 A água de hidratação está unida por pontes de hidrogênio, mas não em sentido estrito, já que apresentam mobilidade que, embora pequena, faz com que as moléculas possam ser substituídas de forma livre e rápida por outras moléculas de água. De fato, a água de hidratação constitui apenas pequena parte da água total presente nos géis e tecidos, sendo que a água não ligada aos polissacarídeos situa-se em capilares e cavidades de diferentes tamanhos. Os polissacarídeos em solução podem agir como crioprotetores, evitando ou controlando a formação de cristais, visto que, ao aumentar a viscosidade de uma solução, provocam queda do ponto de congelamento e limitam ao máximo a mobilidade das moléculas de água, evitando assim sua cristalização. Além disso, eles podem adsorver-se nos núcleos ou pontos ativos de um cristal, impedindo seu crescimento. Por isso, nos alimentos armazenados congelados, os polissacarídeos são muito eficazes como agentes protetores ante mudanças estruturais e de textura. 2.7.2. Hidrólise dos Polissacarídeos Os polissacarídeos são relativamente pouco estáveis e podem sofrer mudanças durante o processamento e armazenamento dos alimentos que os contêm. A hidrólise das ligações glicosídicas pode ser feita de forma enzimática ou em meios ácidos; em geral, a hidrólise ocorre mais rapidamente durante o tratamento térmico. A despolimerização acarreta redução da viscosidade e, por isso, quando se prevê a hidrólise, convém incorporar quantidade maior de polissacarídeos, a fim de evitar a mudança d viscosidade , preservando a textura do alimento nas mesmas condições. No caso da hidrólise enzimática, a eficácia do processo depende da especificidade da enzima, do pH, do tempo e da temperatura. É preciso levar em conta ainda o importante papel qua as enzimas microbianas desempenahm nahidrólise dos polissacarídeos. 23 2.7.3. Viscosidade Todos os polissacarídeos formam soluções viscosas por serem grandes moléculas. A viscosidade de uma solução de polissacarídeos depende da forma e do tamanho de sua molécula e da conformação que adota na solução; já a forma dos polissacarídeos está relacionada com a força de estabelecimento das ligações glicosídicas que unem suas unidades, de tal modo que, se as uniões são pouco rígidas , a flexibilidade da molécula é maior e, conseqüentemente, as moléculas podem adotar conformações diversas. 2.7.4. Capacidade de formar géis O gel é uma rede tridimensional que mantém retida em seu interior grande quantidade de fase líquida contínua. Na maioria dos alimentos, a rede de gel é formada por fibras de polímeros unidos uns aos outros por pontes de hidrogênio, associações hidrofóbicas, forças de Van der Waals, ligações iônicas ou covalentes; já a fse líquida é uma solução aquosa de solutos com baixo peso molecular e fragmentos de cadeias poliméricas. A formação do gel a partir de um polissacarídeo é realizada em várias fases: Em primeiro lugar, é preciso considerar, como se expôs anteriormente, que a molécula de polissacarídeo em solução aparece coberta com uma camada monomolecular de água a ela unida por pontes de hidrogênio. As moléculas de água, por sua vez podem estabelecer pontes de hidrogênio com grupos hidroxila procedentes de outros monossacarídeos, fazendo com que a molécula adote configuração helicoidal (A) ou ainda as duplas hélices, quando as pontes de hidrogêniose estabelecem com caráter intermolecular. As partes da molécula permanecem estiradas ou que se desdobram por efeito do calor unem-se umas às utras de forma paralela, dando lugar a estruturas cristalinas nas quais a água (B) é excluída. Essas estruturas, chamadas classicamente de micelas, podem tornar-se cada vez maiores, provocando o estiramento das moléculas em forma de trilhos, chegando inclusive à insolubilidade e à precipitação por efeito das forças gravitacionais com liberação de água, ou seja, com a separação de duas fases. O 24 processo de exclusão de água é chamado de sinérese. No caso do amido, esse fenômeno é chamado de retrogradação. Em outros casos, a zona cristalina não cresce, mas o mesmo polissacarídeo pode estabelecer uniões com mais de um polissacarídeo, aumentando assim o número de zonas micélicas. Essas reações dão lugar à estrutura de malha ou rede tridimensional, que mantém retidas em seu interior as moléculas de água, soltas em zonas cristalinas, resultando o aparecimento do gel (C). 25 2.8. Efeito Do Processamento na Biodisponibilidade de Carboidratos 2.8.1 . Transformações dos carboidratos por ação do calor As duas principais transformações que ocorrem são: caramelização e escurescimento não-enzimático. Caramelização O aquecimento dos carboidratos, em particular da sacarose e de outros açúcares redutores, na ausência de compostos nitrogenados, produz um conjunto de rações complexas conhecidas como caramelização. Essas reações são favorecidas pela presença de ácidos e sais. Em termos gerais, a termólise provoca reações de desidratação dos açúcares com a introdução de ligações duplas e a formação d anéis insaturados (p. ex., levoglicosano). Essas ligações duplas absorvem luz e provocam o aparecimento da cor, enquanto os anéis se condensam uns com os outros para produzir polímeros com cor e aroma. Os pigmentos reponsáveis pela cor de caramelo são polímeros de esrutura variável, complexa e, em alguns casos, desconhecida. O sabor típico do caramelo é resultado de vários compostos derivados da fragmentação e da desidratação dos açúcares e, particularmente, da sacarose, incluindo diacetil, ácidos acético e fórmico e produtos típicos do sabor de caramelo, como acetilformoína. Escurescimento não enzimático Sob a denominação de escurescimento não-enzimáico ou reação de Maillard, engloba-se uma série de reações muito complexas mediante as quais, e sob determinadas condições, os açúcares redutores podem ragir com as porteínas e produzir pigmentos de cor pardo escura e modificações bo odor e no sabor dos alimentos, que são desejáveis em alguns casos (assados, tostados e frituras) e indesejáveis em outros (cores escuras que se desenvolvem durante o armazenamento dos alimentos) O escurescimento não enzimático serve para diferenciar essas reações do escurescimento rápido que se observa nas frutas e nos vegetais como resultado 26 das reações catalisadas por polifenol oxidase e que ocorrem entre o oxigênio e o substrato fenólico sem intervenção do carboidrato. O escurescimento não enzimático apresenta-se durante os processos tecnológicos ou o armazenamento de diversos alimentos. Acelera-se pelo calor e, portanto, está presente nas operações de cocção, pasteurização, esterilização e desidratação. 3. Biodisponibilidade de Proteínas 3.1 Introdução De muitos modos, as proteínas agem para modelar nossas vidas. Elas atuam como unidades estruturais para construir nossos corpos. Como enzimas, transformam nosso alimento em nutrientes para nossas células utilizarem. Com anticorpos, nos protegem das doenças. Como hormônios peptídeos, enviam mensagens que coordenam a atividade contínua do organismo e muito mais. Elas guiam nosso crescimento durante a infância e mantêm nosso organismo através da fase adulta. Asseguram nosso bom estado nutricional. Elas nos tornam os indivíduos singulares que somos. 3.1 Metabolismo Celular e Importância Nutricional das Proteínas As proteínas são consideradas como nutriente predominantemente plástico, isto é, sua principal função é atuar na formação dos tecidos no processo de renovação dos mesmos, e, principalmente no crescimento. As proteínas dos alimentos são hidrolisadas a aminoácidos pelas enzimas pancreáticas e do trato intestinal que, após absorção, são transportadas ao fígado pela circulação sanguínea. Este orgão aproveita parte dos aminoácidos absorvidos para uma série de processos biossintéticos especiais, enquanto a outra parte vai para os tecidos extra-hepáticos, onde entram na síntese das novas proteínas. Várias proteínas do plasma são sintetizadas pelo próprio fígado para fins energéticos. 27 Além da função estrutural das proteínas (esqueleto, musculatura, tecidos conjuntivos e epiteliais, tecido nervoso, etc) as proteínas desempenham várias funções imprescindíveis ao bom funcionamento do organismo a saber: a) Catalisadores Biológicos b) Hormônios c) Anticorpos d) Ativação de ácidos graxos e) Transporte de nutrientes e metabólitos (através das membranas biológicas e nos diversos fluidos biológicos COMPOSIÇÃO As proteínas contém carbono, hidrogênio e oxigênio. São únicas porque contém também 16% de nitrogênio, juntamente com enxofre e algumas vezes outros elementos, tais como fósforo, ferro e cobalto. 3.2 Estrutura e Classificação A base da estrutura das proteínas é o aminoácido. São ácidos carboxílicos alfa-aminícos,nos quais um grupo amino básico e um grupo carboxílico são ligados ao mesmo átomo de carbono. São diferenciados pela permanência de uma molécula ( R ) conforme mostra a figura: H R - C - COOH NH2 Estrutura básica de um aminoácido 28 Os aminoácidos se combinam para formar proteínas através de ligações peptídicas que une os carbonos carboxílicos de um aminoácido ao nitrogênio de outro. O composto resultante tem um grupo carboxila livre em uma das pontas e um grupo amino livre na outra, possibilitando a cadeia a continuar ligando a outros aminoácidos em qualquer uma das pontas Formação de um dipeptídeo Os polipetídeos que constituem a estrutura primária das proteínas, podem conter cerca de poucas até 300 unidades de aminoácidos. Muitas cadeias de polipeptídeos podem ser ligados entre si, normalmente através de ligações enxofre-enxofre da cistina em uma forma helicoidal, pregueada ou espiral randômica chamada de estrutura secundária. As proteínas mais complexas se caracterizam por uma estrutura terciária no qual a cadeia polipetídica está enrolada sobre si mesma em uma forma globular, com toda a estrutura sendo presa rigidamente por forças interatômicas, tais como pontes de hidrogênio. As proteínas existem na forma fibrosa e globular. Fibrosas: Se caracterizam por várias cadeias polipeptídicas helicoidais torcidas juntas para formar uma haste rija. Caracterizadas por baixa solubilidade e alta força mecânica aparecem em elementos estruturais, tais como colágeno do tecido conjuntivo, queratina do cabelo e unhas e miosina do tecido muscular. Globulares: São encontradas em líquidos teciduais. São muito solúveis e facilmente desnaturadas. As proteínas globulares de interesse em nutrição são a 29 caseína do leite, albumina do ovo e albuminas e globulinas do sangue, plasma e hemoglobina. Na forma conjugada constituem a maioria das enzimas intracelulares. As proteínas simples produzem apenas aminoácidos a partir da hidrólise. Incluem albuminas, globulinas, glutelinas, prolaminas e albuminóides. As proteínas conjugadas são combinações nas quais uma substância não protéica está ligada a uma molécula de proteína simples como um grupo prostético, assim facilitando as funções que nem os próprios constituintes poderiam provavelmente realizar. Estas incluem as nucleoproteínas encontradas em ácidos ribonucléicos (RNA) e ácido desoxirribonucléico (DNA) que combinam proteínas simples e ácido nucléico; as mucoproteínas e as glicoproteínas que combinam proteínas com quantidades variáveis de polissacarídeos complexos (mucina); as lipoproteínas (plasma sanguíneo) combinam proteínas e lipídeos (triglicerídeos, colesterol e fosfolipídeos); fosfoproteínas nos quais o ácido fosfórico está unido por ligações ester à proteína, tal como a caseína do leite e as metaloproteínas (ferritina, hemossiderina) nas quais metais como ferro, cobre e zinco estão ligadas as proteínas. 3.3 Funções das Proteínas As proteínas da dieta estão envolvidas na síntese das proteínas teciduais e outras funções metabólicas especiais. Nos processos anabólicos, fornecem os aminoácidos necessários para a construção e manutenção dos tecidos orgânicos. Como fonte de energia, as proteínas são equivalentes aos carboidratos no fornecimento de 4 Kcal/g. As proteínas desempenham um papel estrutural maior não apenas em todos os tecidos do corpo, mas também na formação de enzimas, hormônios e vários líquidos e secreções corpóreas. Como anticorpos, estão envolvidas na função do sistema imunológico. 30 Na forma de lipoproteínas, as proteínas participam no transporte de triglicerídeos, colesterol, fosfolipídeo e vitaminas lipossolúveis. As proteínas também contribuem para a homeostase através da manutenção de relações osmóticas normais entre lípideos corpóreos. AMINOÁCIDOS Alguns aminoácidos são classificados como aminoácidos essenciais porque a síntese do organismo não é suficiente para suprir as necessidades metabólicas e sendo assim precisam ser fornecidos como parte da dieta. Esses aminoácidos são: histidina, lisina, leucina, isoleucina, metionina, valina, treonina, triptofano, fenilalanina, e possivelmente arginina. A ausência ou a ingestão inadequada de qualquer um destes aminoácidos essenciais leva a um balanço de nitrogênio negativo, perda de peso, crescimento prejudicado em bebês e crianças e sintomas clínicos. Os aminoácidos não essenciais remanescentes: alanina, ácido aspártico, asparagina, ácido glutâmico, glutamina, glicina, prolina e serina são igualmente importantes para a estrutura da proteína; entretanto se quantidades adequadas de certos aminoácidos não essenciais não estiverem presente na hora da síntese da proteína, podem ser sintetizados a partir de aminoácidos essenciais ou de precursores de carbono e nitrogênio apropriados prontamente sintetizados na célula. Os aminoácidos condicionalmente essenciais são aqueles que se tornam essenciais sob certas circunstâncias clínicas. A taurina, cisteína, e possivelmente tirosina são tidos como condicionalmente essenciais nos bebes prematuros. LIGAÇÃO PEPTÍDICA A natureza química dupla dos aminoácidos – a presença de uma base (amino – NH2) contendo nitrogênio de um lado e um grupo ácido (carboxil – COOH) do outro, capacita-os a ligá-los numa estrutura característica de cadeia das proteínas. 31 O final do grupo amino de um aminoácido junta-se ao final do grupo carboxil de outro aminoácido ao lado dele. Essa característica ligação de aminoácidos específicos numa sequência específica para fazer uma proteína específica é chamada de ligação peptídica. 3.4 Resumo Digestão – Absorção – Metabolismo Depois que a fonte de materiais básicos para a construção do organismo – a proteína alimentar – é assegurada, ela deve ser transformada em unidades construtoras necessárias prontas para o uso – os AMINOÁCIDOS. Esse trabalho é feito em sucessivas partes do trato gastrintestinal pelos processos mecânico e químico da digestão. BOCA Somente ocorre o processo mecânico de degradação das proteínas alimentares pela mastigação que ali ocorre. Aqui as partículas alimentares são misturadas com saliva e passadas como uma massa semi-sólida para o estômago. ESTÔMAGO Já que as proteínas são estruturas amplamente complexas, uma série de enzimas é necessária para degradá-las e produzir os aminoácidos. Essas mudanças químicas através do sistema enzimático começam no estômago. Na verdade, a principal função digestiva do estômago em relação a todos os alimentos é o início da degradação enzimática parcial das proteínas. Três agentes nas secreções gástricas ajudam nesta tarefa: pepsina, ácido hidroclorídrico e renina. INTESTINO DELGADO 32 A digestão protéica começa no meio ácido do estômago e é completada no meio alcalino do intestino delgado. Um número de enzimas, oriundas das secreções do pâncreas e do intestino participamda digestão protéica. Secreções pancreáticas: tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidase Secreções intestinais: aminopeptidase e dipeptidase ABSORÇÃO Os locais de construção do organismo para fabricar as proteínas necessárias específicas teciduais estão nas células. Cada célula, dependendo da sua natureza particular e função, tem um específico trabalho a fazer. Então suas proteínas devem ser especificamente estruturadas. Absorção dos aminoácidos Os produtos finais da digestão das proteínas são os aminoácidos. Eles são solúveis em água, então sua absorção diretamente dentro da porção aquosa da corrente sanguínea não impõe problema algum. Essas unidades de construção são rapidamente absorvidas do intestino delgado para o sistema sanguíneo portal através de uma fina rede dos vilos capilares, por meio do transporte ativo competitivo. METABOLISMO Catabolismo dos Aminoácidos Antes que a oxidação do esqueleto de carbono das moléculas de aminoácidos possa ocorrer, o grupo amino deve ser desligado. Isto é acompanhado por desaminação oxidativa com formação de cetoácido. Esse processo ocorre principalmente no fígado. Os esqueletos de carbono são convertidos em alguns dos mesmos intermediários formados durante o catabolismo de glicose e ácidos graxos. Podem ser levados para os tecidos periféricos, onde entram no ciclo de ácido cítrico para produzir adenosina trifosfato (ATP). Esses fragmentos podem ser usados nos processos sintéticos para fabricar glicose ou gorduras. 33 O grupo amino é liberado na desaminação principalmente como amônia, a qual é usada em processos sintéticos ou carregada para o fígado para conversão em uréia, a forma na qual a maioria dela é excretada. A MEDIDA DAS NECESSIDADES PROTÉICAS É evidente que duas medidas básicas nas necessidades protéicas devem ser consideradas: quantidade e qualidade QUANTIDADE PROTÉICA A quantidade de proteína necessária é a base para o estabelecimento das necessidades protéicas totais. Na verdade, o organismo humano requer um pouco menos do que os dados padrões recomendados de nutrientes; porque o aconselhado tem uma margem de segurança para cobrir as necessidades variadas numa dada população. Adultos – 0,8 g/ Kg de peso corporal. Grávidas, lactentes e crianças em crescimento tem necessidades maiores. 3.5 Qualidade Da Proteína O valor de uma proteína depende de seu conteúdo de aminoácidos essenciais, em última análise a medida de necessidade protéica deve ser baseada na qualidade de seus aminoácidos. QUALIDADE COMPARATIVA DOS ALIMENTOS PROTÉICOS O valor nutritivo de uma proteína é quase sempre expresso em termos de seu escore químico, um valor derivado de sua composição química. Usando um aminoácido padrão de uma proteína alimentar de alta qualidade, como o ovo, e dando a ela o valor de 100, outros alimentos são comparados de acordo com suas taxas de aminoácidos essenciais. Desses aminoácidos necessários, um que mostra maior déficit dietético é chamado d aminoácido limitante, porque quando é usado para produzir uma proteína específica, limita a habilidade do organismo de fabricar mais dessa proteína Outras medidas também determinam aspectos de qualidade protéica: 34 VALOR BIOLÓGICO: (VB) –baseado no balanço nitrogenado UTILIZAÇÃO DA QUANTIDADE LÍQUIDA DA PROTEÍNA (NPU) – Baseado no valor biológico e no grau de digestão TAXA DE EFICIÊNCIA PROTÉICA (PER) – Baseado no ganho de peso de um animal em crescimento testado, dividido pela sua ingestão de proteína. 3.6 Propriedades funcionais das proteínas As propriedades e a funcionalidade das proteínas dependem da sua composição aminoacídica e da disposição das ligações que estabilizam sua estrutura. Conforme as funções que desempenham, podem ser agrupadas em três grandes categorias: proteínas estruturais, proteínas cm atividade biológica e as proteínas com valor nutritivo; embora se deva assinalar que elas podem pertencer a vários grupos, visto que existam proteínas estruturais ou biologicamente ativas que também são nutritivas. As proteínas com valor nutritivo poderiam ser definidaas como aquelas que são digeríveis, não tóxicas e aproveitáveis pelo organismo, encontrando-se presentes em quantidades significativas tanto em produtos de origem animal como vegetal. As proteínas com atividade biológica compreendem as enzimas. O termo propriedade funcional é definido como toda propriedade não nutricional que influi no comportamento de certos componentes de um alimento. A maior parte das propriedades funcionais influencia nas características sensoriais, mas igualmente pode desempenhar papel importante nas propriedades físcas dos alimentos e de seus ingredientes durante o processamento, armazenamento, preparo e consumo. Podem ser classificados em dois grandes grupos: - Propriedades hidrodinâmicas: são aquelas que dependem das interações das proteínas com a água. Incluem-se propriedades nas quais essas interações são majoritárias como absorção e retenção de água, inchamento, adesão, dispersividade, solubilidade e viscosidade, além de outras, como geleificação, 35 precipitação e formaçãode diferentes estruturas, como fibras e massas protéicas, nas quais a relação proteína- proteína é dominante me detrimento das interações proteína-água. - Propriedades ligadas a características de superfície: Incluem-se neste item a capacidade de formação de espumas, as emulsões e todos os fenômenos relacionados com atensão superficial 3.6.1.Propriedades de Hidratação A textura e as propriedades reológicas dos alimentos dependem da interação da água com outros componentes alimentares, especialmente com macromoléculas como as proteínas e os polissacarídeos. Por isso é importante conhecer o comportamento das proteínas em presença de água. Esta pode modificar as propriedades físico-químicas dos produtos alimentícios e influi de forma crítica na aceitabilidade final do alimento como ocorre nos produtos com baixo teor de umidade, nos quais o fator determinante é a capacidade de retenção de água das proteínas. SOLUBILIDADE A solubilidade de uma proteínas é definida como a percentagem de proteínas que se mantém em solução ou dispersão coloidal sob condições específicas e que não sedimenta com forças centrífugas moderadas. Para que uma proteínas seja solúvel ela deve interagir com o solvente (pontes de hidrogênio, dipolo-dipolo e interações iônicas); por isso, pode-se definir também como o equilíbrio entre as interações proteína-proteína e proteína-solvente. A principal vantagem da boa solubilidade é que permite a dispersão rápida e completa de moléculas protéicas, o que conduz a um sistema coloidal disperso e com estrutura homogênea; tudo isso é essencial na elaboração de molhos, sopas desidratadas , bebidas, purês, etc. VISCOSIDADE 36 A viscosidade de um fluido é a medida de sua resistência a fluir ou a romper-se. Expressa-se mediante o coeficiente de viscosidade (µ) que depende diretamente da força do fluido (δ) e inversamente da velocidade relativa do fluxo (γ): µ = δ/γ O coeficiente de viscosidade independe da força ou da velocidade de fluxo nos fluidos newtonianos; contudo a maioria
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