Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 AULA 01: BREVE HISTÓRICO DA PANIFICAÇÃO Os cereais desde a Antiguidade representam fonte importante na dieta humana. Os historiadores afirmam que o pão é tão antigo quanto a própria história dos primeiros humanos a se agruparem e estabelecerem moradia fixa. O cultivo de cereais data de registros de 9000 a. C., no Oriente Médio. Civilizações palestinas plantavam, estocavam e moíam cereais. Dentre os cereais cultivados, destaca-se o trigo. Este confere à massa do pão suas principais características, tornando-se o rei dos cereais utilizados para o seu fabrico, pelo desenvolvimento do glúten. Quando o homem deixou de ser nômade para se dedicar à agricultura, deu um importante passo para sua evolução. Isso aconteceu quando ele descobriu que alguns grãos que cresciam soltos pela natureza podiam ser plantados e cultivados. Eram vários os tipos de grãos, entre eles, a aveia, a cevada, o sorgo e o trigo. Naquela época, os grãos não eram iguais aos que se encontra hoje, eram o que chamamos de “grãos selvagens” que, ao longo dos séculos, foram se modificando. Os primeiros relatos da fabricação de pães eram baseados na mistura dos cereais moídos com água para a obtenção de uma pasta, sendo esta levada ao fogo, resultando em um produto sem fermentação, semelhante a tortilhas mexicanas ou ate mesmo a massas secas e duras como biscoitos. Por volta de 8000 a.C., as populações da antiga Mesopotâmia e da Ásia já cozinhavam massas de cereais umedecidos, assando-as sobre pedras. Em algum momento da história, uma levedura conseguiu agir sobre essa massa, e como resultado se obteve um produto mais leve, arado e saboroso após o preparo. No Egito, o pão era o alimento básico. Os pães preparados com trigo de qualidade superior eram destinados apenas aos ricos. Durante séculos, os celeiros 2 eram de propriedade dos governantes, que mantinham domínio dos cereais e do pão. Os faraós tinham sua própria padaria, a padaria real (que era, inclusive, enterrada com eles). Os celeiros também pertenciam aos faraós. Os egípcios se dedicavam tanto ao pão que eram conhecidos como “comedores de pão” e eram, com certeza, os melhores padeiros do mundo antigo. Os fornos, naquela época, às vezes ocupavam uma área do tamanho de um campo de futebol. Eles costumavam guardar um pedaço da massa do preparo para a massa do primeiro pão do dia seguinte. Mas o pão para os egípcios era muito mais importante. Com o pão também se pagavam os salários: um dia de trabalho valia três pães e duas canecas de cerveja. Assim como a troca de mercadorias e de serviços, a utilização do pão como pagamento ou complemento de um salário era costume que ainda continuaria por muitos séculos, até a Idade Média. Na antiga Grécia, os pães geralmente eram assados em fornos comunitários, aquecidos por toras de madeira, e o forneamento ocorria por turnos. Além disso, os gregos aperfeiçoaram a moagem dos grãos, que eram passados por peneiras ou panos para ser obtida melhor granulometria. A técnica possibilitava a produção de farinha em grande quantidade e também de melhor qualidade. Os primeiros padeiros surgiram, e estima-se que cerca de 72 tipos diferentes de pães e tortas tenham sido criados nesse período. Os romanos, por sua vez, expandiram o cultivo dos cereais e aumentaram o tamanho dos moinhos movidos por tração animal, o que possibilitou a produção em massa de pães e, consequentemente, o estabelecimento da profissão de padeiro. Em 30 a. C., Roma contava com mais de 300 padarias dirigidas por padeiros profissionais e nessa época foi criado o Colégio Oficial de Padeiros. Com a queda do império e a diminuição da disponibilidade dos cereais para a fabricação de farinha, a produção caiu e os padeiros praticamente desapareceram, ate que no terço final da Idade Média a profissão ressurgiu junto a nobreza, com a fabricação de pães provenientes de farinhas de melhor qualidade. 2 À população restavam farinhas derivadas de centeio, cevada e aveia, que originavam pães de menor volume e coloração escura, sendo o tipo de pão consumido que definia a classe social. O forneamento refletia uma organização de funções: havia uma pessoa que assava os pães e outras que os produziam, já que um único forno grande servia para atender a vários padeiros. Portanto, o trabalho do forneiro era distinto do executado pelo padeiro. Essa divisão ainda se mantém em algumas localidades. Com o passar do tempo, o pão foi se tornando um alimento praticamente indispensável para o ser humano. Por isso ele está presente em vários momentos da história, assim como nos costumes de diferentes povos. A Bíblia relata que os judeus não puderam esperar seus pães levedarem antes da fuga do Egito, levando assim, um pão de massa pesada e azeda; este episódio é lembrado até hoje como a Páscoa judaica, quando se come o chamado pão ázimo. Também na Bíblia, outro episódio torna o pão um símbolo sagrado, na Ceia, ao dividir o alimento com os apóstolos, Jesus afirmou que cada pedaço daquele pão era o seu próprio corpo. Na Europa, era costume a mãe oferecer um pouco de massa de pão em dote para a filha, com a ideia de que esta fizesse isso para sua filha, assim sempre se comeria um bom pão. Conta-se que os irmãos Fleischmann, austríacos, ao visitarem uma irmã nos Estados Unidos, em 1865, ficaram horrorizados com a qualidade do pão. Ao emigrarem definitivamente, dois anos depois, levaram no bolso um pouco do levedo usado na casa da mãe e iniciaram a indústria de produção do levedo prensado ou desidratado que existe, hoje, no mundo inteiro. Hoje, devido ao grande intercâmbio cultural, conhece-se uma infinidade de tipos de pães. Cada povo, cada região do mundo, tem seu pão típico. A baguette da França, o scone da Inglaterra, o parata da Índia, e outros muitos. Com essa variedade de pães, foi necessária e implantação de regras (legislações) para a produção destes. Os modos de preparo acompanharam a humanidade em sua história, estando inerente à cultura de cada país. 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA. A História do Pão. ABIP, 2015. Disponível em: < https://www.abip.org.br/site/699-2/>. Acesso em 25 maio 2020. NITZKE, J. A.; BIEDRZYCKI, A. História. 2017. Disponível em: < http://www.ufrgs.br/alimentus1/pao/index.htm>. Acesso em: 25 maio 2020. VIANNA, F. S. V.; REDOSCHI, G.; LAGE, M. F.; IKEMOTO, M. Y.; COELHO, S. T. Manual prático de panificação SENAC. São Paulo: SENAC, 2018. https://www.abip.org.br/site/699-2/ http://www.ufrgs.br/alimentus1/pao/index.htm
Compartilhar