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Amido e fécula Elisa Cristina Andrade Neves Faculdade de Engenharia de Alimentos Universidade Federal do Pará Amido e fécula ● Nomenclatura no Brasil ● Amido produto amiláceo extraído da parte aérea comestível da planta cereais, frutos milho, arroz, trigo ● Féculaamido extraído das raízes tuberosas, tubérculos e rizomas mandioca, batata, araruta ● Para mandioca goma, fécula, polvilho doce, polvilho azedo ● Starch sem distinção entre fonte botânica Amido e fécula ● Mais importante fonte de energia na alimentação mundial ● Polissacarídeos polímeros de alto peso molecular formado por unidades de glicose ● Carboidrato de reserva da planta ● Forma grânulos com dimensões microscópicas ● Insolúvel em água a temperatura ambiente suspensão branca opaca em repouso sedimentação do amido ● Reage com iodeto de potássio cor azul Amido de trigo Fontes de amido 1. Cereais 2. Raízes tuberosas 3. Tubérculos 4. Frutos 5. Rizomas Grãos de trigo e milho Amido e proteínas Endosperma Amido 6 Raiz de mandioca Casca Contra- casca Polpa Amido e fibras Casca Contra- casca Polpa parênquima XIlema ●Amilose estrutura linear unidades de glicose unidas por ligações α-1,4 ●Amilopectina estrutura ramificada, unidades de glicose unidas em α-1,4 e α-1,6 ●Proporção varia entre espécies botânicas, variedade e estágio de maturação propriedades físico-químicas e funcionais diferenciadas utilização em alimentos ou aplicações industriais Estrutura do amido Proporção amilose amilopectina *Cerosos” (waxy) quase totalmente de amilopectina Fonte de amido Amilose(%) Milho 25 Milho ceroso* zero Arroz 16 Arroz ceroso* zero Batata 18 Trigo 24 Amido Estrutura do amido Estrutura do amido Constituintes Trigo Arroz Milho Cevada Sorgo Aveia Água (%) 13,2 13,1 12,5 11,7 13,6 13,0 Proteína (%) 11,7 7,4 9,2 10,6 13,9 12,6 Lipídios (%) 2,2 2,4 3,8 2,1 4,2 5,7 Carboidratos (%) 69,3 75,4 71,0 71,8 64,8 62,9 Amido (%) 59,2 70,4 62,6 52,2 63,0 40,1 Fibras (%) 2,0 0,67 2,15 1,55 1,50 1,56 Cinzas (%) 1,5 1,2 1,3 2,25 2,0 2,85 Composição química dos grãos de cereais Características do grânulo de amido 12 ●Ponto central hilo início formação do grânulo deposição dos polímeros origem botânica ●Cruz de Malta microscopia óptica com luz polarizada o grau de orientação molecular interna birrefringência positiva ●Dimensões < 1 µm a > 100 µm origem botânica ●Formas esférica, oval, poligonal, alongada e outras ●Natureza semi cristalina Batata Mandioca 13 Características dos grânulos Fontes botânicas Diâmetro (µm) Morfologia Distribuição Milho 5-30 Arredondado ou poligonal Unimodal Trigo 2-10 (B) 20-35 (A) Arredondado(B) ou poligonal (A) Bimodal Arroz 3-8 Poligonal Unimodal Batata 5-100 Lenticular Unimodal Mandioca 4-35 Semi-esférico Unimodal MilhoArroz Batata TrigoMandioca 14 ● Glicêmico ou resistente 1. Amido glicêmico degradado a glicose por enzimas no trato digestivo ● Amido rapidamente (ARD) testes in vitro, hidrolisado em glicose dentro de 20 minutos pão branco aumenta índice glicêmico ● Amido lentamente digerível (ALD) no intestino delgado convertido em glicose entre 20 e 110 minutos massas alimentícias Classificação nutricional do amido 15 2.Amido resistente resiste à digestão no intestino delgado, fermentado no intestino grosso pela microflora bacteriana produção gases e liberação de ácidos graxos de cadeia curta, efeitos similares da fibra alimentar ● Tipos de AR ● AR1 fisicamente inacessível as enzimas grãos e legumes ● AR2 batata, banana verde ● AR3 retrogradado devido processamentos ● AR4 amido modificado ● AR5 complexo amilose-lipídeo ● Redução do índice glicêmico alimentossaciedade ● Aplicação ingredientes funcionais em produtos com baixa umidade pães, muffins, cereais matinais Classificação nutricional do amido Propriedades do amido 16 ● Dilatância ● Birrefrigência ● Gelatinização ● Retrogradação ● Claridade de pasta ● Susceptibilidade enzimática Dilatância 17 ●Amido estado natural insolúvel em água fria ●Suspensões concentradas fluido dilatante fluxo inversamente proporcional a pressão exercida ●Maior pressão menor fluidez Birrefringência 18 ●Cruz de Malta microscopia óptica com luz polarizada grau de orientação molecular interna birrefringência positiva ●Perda da birrefringência gelatinização Amido de mandioca ● Grânulos de amidoinsolúveis em água fria ● Gelatinização amido aquecidos em excesso de água, se dissolvem, liberando macromoléculas de amilose e amilopectina gel viscoso e característico ● Com gelatinização amido facilmente acessível à ação das enzimas digestivas Gelatinização ● Alterações durante aquecimento da suspensão aquosa de amido ● Rompimento das pontes de H ● Hidratação dos grupos –OH das glicoses das áreas cristalinas ● Grânulos incham e se rompem ● Lixiviação da amilose ● Perda da estrutura cristalina perda da birrefringência ● Rompimento dos grânulos sob agitação ● Viscosidade decresce ● Formacão de pasta ● Resfriamento ● Formação de gelaumento da viscosidade Gelatinização 21 Gelatinização do amido Gelatinização Fontes de amido T gelatinização (oC) Batata 56-66 Mandioca 58-70 Milho 62-72 Trigo 52-63 Arroz 61-77 Gelatinização do amido ● Formação de pasta viscoelástica túrbida ● Concentrações suficientemente altas gel elástico opaco Retrogradação do amido 24 ● Gelificação ● Armazenamento e resfriamento retrogradação cadeias de amilose tendem a interagir mais fortemente entre si, reassociar-se num estado mais ordenado gerando zonas mais cristalinas obrigando água a sair sinérese ● Viscosidade da pasta aumenta viscosidade de setback 25 Gelatinização e retrogradação do amido 26 Retrogradação do amido 27 Gelatinização e Retrogradação 28 Retrogradação do amido ● Negativos ● Endurecimento do pão ● Endurecimento do arroz cozido ● Sinérese de pasta se géis de amido ● Desenvolvimento de opacidade das pastas ● Positivos ● Produção de amido resistente ● Preparação de amido lentamente digerível ● Formação de filmes pela amilose 29 ● Transparência característica muito importante das pastas de amido e interesse para aceitabilidade dos produtos ● Recheios de tortas transparente ● Pudins pré-preparados opacos ● Amidos com alta tendência a retrogradação produzem pastas mais opacas Claridade de pasta 30 Claridade de pasta ● Amidos de milho, trigo ou arroz teores relativamente elevados de amilose pastas opacas e formam géis durante resfriamento ● Féculas de batata ou de mandioca pastas mais claras e menos opacas resfriarem apresentem determinado aumento de viscosidade, não chegam formar géis opacos ● Amido de milho cerosomenor tendência à retrogradação Gel de amido de milho Gel de amido de milho ceroso Gel de fécula de mandioca 31 Susceptibilidade enzimática ● Principais enzimas que atuam sobre amido ● α-amilse hidrolisam ligações α-1,4 em qualquer ponto da cadeia ● Produto final glicose, maltose, dextrinas ● β-amilase hidrolisam ligações α- 1,4 a partir da extremidade não redutora da cadeia produzindo dextrinas com ramificações a partir da amilopectina ● Glicoamilase semelhante a β-amilase, porém α-1,4 e α-1,6 32 Susceptibilidade enzimática 33 Susceptibilidade enzimática ● Principais enzimas que atuam sobre amido ● Pupulanase hidrolisam ligações α-1,6 de dextrinas produzindo maltose ● Isoamilase hidrolisam ligações α-1,6 produzindo maltose Amidos modificados 34 ● Atender as necessidades específicas da indústria de alimentos diferentes propriedades ligantes, espessantes substitutos de lipídeos ● Cadeias menores amidos de maior resistência mais estabilidade ● Modificações amidos de milho, batata, trigo e mandioca ● Tipos de modificações ● Modificações físicas ● Modificações químicas ● Modificações enzimáticas 35 Modificaçãofísica ● Pré-gelatinização extrusão, spray drying ● Fácil reidratação ● Solubilização em água fria ● Pudins e sopas instantâneas ● Espessantes em recheios molhos ● Farinha de tapioca, cuí 36 Modificações químicas ● Mudanças na funcionalidade dos alimentos ampliam utilização na indústria de alimentos 37 Modificações químicas ● Ligações intercruzadas introdução de ligações éster nas hidroxilas entre cadeias de amido aumento da estabilidade molecular em relação a cisalhamento mecânico, hidrólise ácida, submissão a altas temperatura alimentos infantis, temperos de saladas 38 Modificações químicas ● Oxidação amido tratado com agente oxidante oxidação das hidroxilas a carboxilas forma géis claros e menor viscosidade ● Polvilho azedo fermentação e secagem aos sol modificação por oxidação propriedade de expansão biscoito de polvilho e pão de queijo 39 Modificações químicas ● Dextrinização resulta da hidrólise ácida do amido maior solubilidade em água fria soluções menos viscosas e géis mais duros em temperatura mais baixas ● Balas de gomas e confeitos 40 Modificações enzimáticas ● Modificações enzimáticas produção de maltodextrinas, ciclodestrinas e oligossacarídeos Maltodextrinas Análises do amido Microscopia óptica de luz polarizada 42 ● Identificcar fonte botânica do amido ● Verificar pureza ● Verificar fraude ● Verificar presença de amido cru ou gelatinizado ● Birrefringência dos grânulos de amido crus presença da cruz de Malta e hilo ● Gelatinização perda de birrefringência 43 Microscopia óptica de luz polarizada 44 Microscopia óptica de luz polarizada ● Gelatinização perda de birrefringência Milho Batata Luz normal Luz polarizada 45 Microscopia óptica de luz polarizada ● Amido de trigo grânulos relativamente pequenos e esféricos e grânulos grandes em forma de lente, com superfícies lisas ou estriadas ● Hilo não visível na farinha de trigo 46 Batata Microscopia óptica de luz polarizada Mandioca 47 ● Identificar fonte botânica do amido ● Identificar alterações no grânulo cru, colapsado, gelatinizado, modificado, expansão ● Determinar dimensões dos grânulos ImageJ Microscopia eletrônica de varredura- MEV Cru Colapsado Gelatinizado 48 ● Preparo da amostra ● Se necessário realizar cortes nos sentidos longitudinal ou vertical, ou em metades ● Secar temperatura abaixo de gelatinização do amido ● Identificar porta amostras stubs ● Colar pedaço da fita de carbono, dupla fase nos stubs ● Para amostra em pó colocar pequena porção sobre fita adesiva e retirar excesso com soprador ● Colocar pedaços das amostra sobre fita anotar posição nos stubs ● Realizar metalização com ouro Método para MEV 49 Microscopia eletrônica de varredura- MEV Anotar posição dos stubs no carrossel Aumentos 50 a 6.000 vezes ● Condições utilizadas para realização da análise corrente de feixe de elétrons 90 A, voltagem de 20 kV e distância de trabalho 15 mm 50 Farinha de trigo Microscopia eletrônica de varredura- MEV 51 Características dos grânulos Fontes botânicas Diâmetro (µm) Morfologia Distribuição Milho 5-30 Arredondado ou poligonal Unimodal Trigo 2-10 (B) 20-35 (A) Arredondado(B) ou poligonal (A) Bimodal Arroz 3-8 Poligonal Unimodal Batata 5-100 Lenticular Unimodal Mandioca 4-35 Semi-esférico Unimodal MilhoArroz Batata TrigoMandioca 52 MEV Amido de trigo ● Diâmetros entre 22,3 e 5,4 μm bimodal ● 83% d < 10 μm ● Formatos ● Lenticular d > 10 μm ● Esférico d < 10 μm 53 MEV Farinha de tapioca Crosta e miolo de pão 54 Difração de raio X- DRX ● Cristalinidade ●Amilopectina responsável pela estrutura semi-cristalina dos grânulos de amido ●Áreas cristalinas mantém estrutura do grânulo controlam comportamento do amido na água 55 Difração de raio X- DRX ● Método do pó Ângulos de varredura de 4° a 75° [2θ], 56 Difração de raio X- DRX ● Forma e estrutura cristalina dos grânulos de amido características de cada fonte botânica ● Padrões de difração de raios-X ● Tipo A amidos de cereais, mandioca cadeias externas relativamente curtas das moléculas de amilopectina (< 20 unidades de glicose) ● Tipo B algumas raízes tuberosas, tubérculo, banana verde e em amidos de milho com alto teor em amilose cadeias externas maiores das moléculas de amilopectina de tubérculos (>22 unidades de glicose) ● Tipo C amidos de leguminosas e sementes combinação dos tipos A e B ● Tipo V amido com alta amilose e com lipídeo complexado 57 Difração de raio X- DRX B- Batata C- Feijão A- Milho V 58 Difração de raio X- DRX ● Índice de cristalinidade (%) razão entre área da região cristalina e área total coberta pela curva, composta pela soma da área da região cristalina e da área da região amorfa ● Método ajuste dos picos dos difratogramas de raios X Índice cristalinidade % = Área cristalina Área total x100 Eq. 1 Calorímetro diferencial de varredura (DSC) 59 ● Determinar propriedades térmicas mudanças físicas e químicas que envolvem processos endotérmicos (absorção de calor), exotérmicos (liberação de calor) ou mudanças de capacidade calorífica ● Cápsulas de alumínio fechadas, com 5ºC/min até 100ºC Calorímetro diferencial de varredura (DSC) 60 ● Propriedades térmicas ●Entalpia de gelatinização (Hgel) depressão reação endotérmica de gelatinização envolve fusão dos grânulos ●Temperatura inicial (To) ●Temperatura final (Tf) ●Temperatura de pico da gelatinização (Tp) 61 Aplicação do DSC Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier -IFTR 62 ● Determinar grupos funcionais identificar impureza, modificações ● Cada grupo absorve em frequência característica de radiação na região do infravermelho ● Pastilhas com KBr 63 Espectros de infravermelho (a) Amido de milho (b) Fécula de batata (c) Banana verde (d) Farinha de trigo 64 Espectros de infravermelho Mandioca Propriedades de pasta 65 ● Método Rapid Visco-Analyser RVA ● Triturar e peneirar (0,25 mm, US nº 60) amostras ● Pesar o indicado no programa (~3,0 g) de amostra em duplicada, ajustada para 14% de base úmida, com adição água indicada (~25 g) 66 Propriedades de pasta ● Programar ciclo de aquecimento e resfriamento padrão standard 1 ou extrusion ● 13 min de análise 50 ºC/60 segundos, rampa de aquecimento até 95 ºC em 4,8 min, mantendo 95°C até 7,2 min, decrescente até 50 ºC em 11 min, mantendo a 50°C até 13 min 67 Propriedades de pasta ● Parâmetros da curva obtida no RVA ● Temperatura de pasta (Tp) ● Viscosidade máxima à 95 ºC (VM) ● Tempo de pico (tp) ● Viscosidade mínima à 95 ºC (Vm) ● Quebra de viscosidade (breakdown) à 95 ºC (Q) diferença Vmax e Vmin ● Viscosidade final à 50 ºC (Vf) ● Tendência a retrogradação (setback)(R) diferença Vfinal e Vmin estimativa da estabilidade do gel de amido na estocagem e sinérese 68 Propriedades de pasta Curva obtida no RVA 70 Propriedades de pasta 71 Tpasta (ºC) Tpico (min) Vmax (cP) Vmim (cP) Quebra (cP) TRetrog (cP) Vfinal (cP) Arroz 82,10 5,8 2612 2217 395 2427 4645 Mandioca 64,32 3,52 6856 2101 4755 1123 3224 Milho 74,40 5,12 3348 2099 1248 1260 3359 Trigo 68,50 6,92 2982 2500 482 1129 3630 Batata 65,70 2,87 9576 1801 7774 2609 4410 F. trigo 66,35 5,0 2483 1264 1219 1625 2889 Propriedades de pasta -RVA Força do gel 72Texturômetro Probe 10 Dia Cylinder Derrm (P/10) Farinha de arroz Amido de milho Fécula de mandioca Goma Minolta ● Método de determinação ● Colorímetros sistema CIELab ● Nix color senser https://www.nixsensor.com/free-color-converter/ Parâmetros de cor Cor 74 Cor https://www.nixsensor.com/free-color-converter/ 75 Figura 1. Imagens das farinhas de mandioca, considerando cor e granulometria originais (A) e parâmetros de cor (L*, a* e b*) no sistema CieLab (B) Cor Características dos amidos 76 Aplicaçãode amidos 77 ● Indústria alimentícia ● Alterar ou controlar diversas características ● Textura ● Aparência ● Umidade ● Consistência ● Estabilidade na vida de prateleira 78 Aplicação de amidos 79 Panificação 1 3 2 4 Fermentação da massa de pão Forneamento do pão Amassamento
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