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Trigo O trigo, desde a pré-história é um dos alimentos mais importantes para o homem, e hoje em dia, é cultivado em quase todas as regiões do planeta. Especialmente no Brasil, o trigo é produzido no sul, mas a sua produção não é suficiente para o consumo interno, bem como a farinha extraída destes grãos, não é de boa qualidade proteica para ser utilizada na panificação e é utilizada em sua maior parte para a confecção de bolos, massas leves e biscoitos. O Grão de trigo O Grão de trigo é composto de três partes, tendo cada parte diferente composição e utilização na panificação. 1. Endosperma: É a parte mais interna, corresponde a 85% do grão. É considerado um dos componentes mais importantes, pois a farinha é principalmente extraída dele. Quando mais de seu interior a farinha é extraída, mais branca e de melhor qualidade será. 2. Gérmen: É a parte intermediária corresponde a 2%, aproximadamente, do grão. O gérmen é a parte que originará a futura planta. Contém grande quantidade de gordura e de vitaminas. Por este motivo deve ser separado da farinha, evitando que o ranço da gordura transmita para a farinha um sabor desagradável. 3. pericarpo: É a parte externa, casca, corresponde a 13% do grão. A casca é o revestimento que protege o grão e, durante a moagem, é separada produzindo o que se conhece como farelo. Composição da Farinha de Trigo Carboidratos (Açúcar – 70 a 75%) Os carboidratos constituem a maior parte do endosperma do grão de trigo, sendo também o componente em maior proporção na farinha de trigo. Quando os grãos de amido são suspensos em água e a temperatura é aumentada gradualmente, em um determinado intervalo de tempo os grãos de amido incham e formam uma solução viscosa. Quando esta solução resfria haverá a formação de géis. A este fenômeno dá-se o nome de gelatinização. Proteínas (Glúten - 8 a 14%) O teor de proteínas na composição do trigo está relacionado com a qualidade e quantidade de glúten presentes. O glúten é uma proteína insolúvel em água composto de duas frações: glutelina e gliadina. Quando a farinha de trigo e os demais ingredientes da massa são misturados com a água e ocorre a homogeneização mecânica, há hidratação das proteínas, formando a rede de glúten: nesse momento, as proteínas se entrelaçam e formam uma rede ou malha fibrosa. Dessa rede de fibras resulta uma estrutura, que representa para o pão o que uma estrutura de ferro representa para um edifício, retendo grande parte da água que permanecerá no pão, mesmo depois de assado. O glúten é responsável pela capacidade de extensão e pela elasticidade da massa, isto é, pela capacidade que a massa tem de se estender e voltar ao normal, ou seja, reter maior umidade e armazenar o gás liberado durante a fermentação. É importante lembrar que somente a farinha de trigo desenvolve o glúten. Desta forma se utilizarmos qualquer outro tipo de farinha na produção de um pão, devemos empregar pelo menos 60% de farinha de trigo para garantir o crescimento e a textura do pão. Gordura (1,2 a 1,4%) A presença de uma quantidade mínima de gordura na farinha é natural, mas uma quantidade elevada é prejudicial à sua conservação. Proveniente do gérmen pode ficar rançosa e transmitir odor e sabor desagradáveis à farinha. Umidade A umidade é um dos fatores importantes que afetam a qualidade da farinha de trigo. As umidades inferiores a 11% - 12% são indesejáveis porque tornam os grãos quebradiços durante o transporte, armazenamento e operações de moagem. A umidade superior a 14% – 15% podem propiciar o brotamento dos grãos e o desenvolvimento de microrganismos e toxinas durante o armazenamento. Tipos de Farinha de Trigo Farinha de trigo especial É a farinha mais apropriada para a confecção de pães. É extraída da parte mais interna do endosperma e contém maior quantidade de proteína (entre 10,5% a 12%), portanto tem maior capacidade para formar glúten, demandando assim mais sova e maior flexibilidade. Absorve mais água, pois seu conteúdo de aminoácidos, gliadina e glutelina é maior que nas demais farinhas. (CANELLA-RAWS, 2006). Farinha de trigo duro (durum) É a farinha extraída de uma espécie de trigo durum, diferente do trigo tradicional. É mais cremosa, de textura extrafina e sedosa, de cor levemente amarelada. O grão deste trigo nasce geralmente em climas mais frios e é o tipo de trigo mais duro e resistente que existe. Possui um acentuado conteúdo de glúten em sua composição, e pode ser utilizado com sucesso na panificação quando combinado com a farinha de trigo comum. É mais utilizada na produção de massas e pastas. (CANELLA- RAWS, 2006). Farinha de trigo semi duro Apresenta médio teor de proteínas (média). É utilizada na produção de pães. Farinha de trigo mole Apresenta baixo teor de proteínas (fraca). Utilizada na confecção de bolos, biscoitos e bolachas. Farinha de trigo comum É obtida da parte externa do endosperma (mais grossa). Apresenta baixo teor de proteínas. Farinha de trigo integral É obtida a partir de grãos inteiros, portanto é uma farinha mais rica em: gordura, vitaminas, sais minerais e fibras. Contém menos quantidade de glúten e quanto utilizada em geral para a panificação é misturada com a farinha de trigo comum, pois sua rede de fibras “rasga” os alvéolos de glúten e faz com que a massa retenha menos gases, prejudicando assim a estrutura do pão. Por se tratar de uma farinha que é feita de grãos inteiros, a mesma possui muita gordura, o que vem a deixar esta farinha mais propensa a se tornar rançosa. Para isto devemos sempre estocar pequenas quantidades e estocá-las normalmente em lugar refrigerado e por um período curto de tempo. Farinha de Semolina (Sêmola di Grano Duro) É a farinha de trigo durum moída mais grossa. Por ser mais grossa, absorve menos água e se torna menos flexível. É muito utilizada para a confecção de massas e pastas. Farinha de Glúten A farinha de glúten é extraída da farinha de trigo comum em um processo de lavagem e enxágues. Como o glúten é insolúvel em água, este se hidrata e no processo de lavagem é separado dos demais compostos da farinha de trigo comum no processo de enxágue, obtendo-se assim o glúten puro. Assim que se adquire o glúten puro no processo de enxágue, o mesmo é desidratado e moído para ser utilizado posteriormente para enriquecer farinhas com a deficiência proteica. Gérmen de Trigo O Gérmen é a parte mais gordurosa do grão de trigo por se tratar da parte responsável pela germinação de uma nova planta. O gérmen é separado no processo de moagem para que a farinha de trigo comum tenha uma sobrevida maior, evitando assim sua oxidação que dará origem a um cheiro e sabor rançoso. O gérmen pode ser usado na preparação de pães, agregando sabor e cheiro de nozes. Deve-se conservar o gérmen sob refrigeração e comprar-se em pouca quantidade para que este não venha a se tornar rançoso. Farinha de Trigo com Adição de Fermento Químico São farinhas vendidas comercialmente com adição de fermento químico (bicarbonato de sódio, sal e ácido fosfórico). A quantidade de fermento contida nestas farinhas é apropriada para a confecção de bolos. A farinha de trigo comum utilizada contém quantidade de proteína mais baixa (6% à 8%) para que o bolo não perca em leveza e textura. Não é utilizada na panificação. (CANELLA-RAWS, 2006). Outros Tipos de Farinha • Farinha de casca de trigo (all bran). Mais marrom e é composta basicamente de fibras, carboidratos e cálcio. • Farinha de amaranto – não contém glúten. • Farinha de amêndoas – não contém glúten. • Amido de milho – não contém glúten. • Fécula de mandioca – não contém glúten. • Araruta – não contém glúten. • Farinha de arroz –não contém glúten. • Farinha de feijão – não contem glúten. • Farinha de aveia – não contém glúten, mas por ser processada industrialmente em moinhos onde há processamento de farinha de trigo comum, a mesma é então “diagnosticada” como se contivesse glúten, pois foi contaminada no processo de moagem. Em países como Estados Unidos, acha-se a farinha de aveia sem estar contaminada. • Farinha de cevada – contém glúten. • Farinha de centeio – contém glúten. • Farinha de grão de bico – não contém glúten. • Farinha de milho (fubá) – não contém glúten. • Farinha de soja – não contém glúten. • Fécula de batata – não contém glúten. • Farinha de linhaça – não contém glúten. • Tapioca – não contém glúten. • Triticale – grão hibrido (cruzamento de trigo com centeio) – contém glúten. • Farinha de castanha de caju. • Farinha de pistache. • Farinha de Teff. • Farinha de sorgo (sorghum). • Farinha de arroz marrom. Referências Bibliográficas REINHART, Peter. The Bread Baker´s Aprentice, Mastering de Art of Extraordinary Bread –Ten Speed Press. (Nov. 14, 2001). RENDELUCCI, Fábio. Água mole e dura: concentração de cátions cálcico e magnésio na água. UOL Educação. Disponível em < http://educacao.uol.com.br/quimica/ult1707u53.jhtm>. Acesso em 24 jul.2020. GLEZER, Maggie. Artisan Baking Across America. Artisan. (Oct. 2, 2000). VILLETE, Jerome. pains et Viennoiserie. L´Ecole Lenôtre. C.H.I.P.S.; 1 edition (August 1, 1995). VILLETE, Jerome. petits Gâteaux à l´heure du thé. L´Ecole Lenôtre. (Nov. 19, 2002). JACOB, Heinrich Eduard. Seis Mil Anos de pão. Editora Nova Alexandria. BERANBAUM, Rose Levy. The Bread Bible. Editora: W.W.Norton. (Oct. 17, 2003). Norton. Disponível em <www.roselevyberanbaum.com>. Acesso em 26 jul. 2020. Baking and pastry. Mastering the art and craft. CIA. Wiley. HOLLYWOOD, Paul. 100 Great Breads. Cassel Iustrated. TREUILLE, Erick; FERRIGNO, Ursula. Bread. DK.( Apr. 30, 2007). HAWLS, Sandra Canellas. pão, arte e ciência. Ed. Senac. (2006).
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