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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 Diagnóstico diferencial da dor torácica Dor torácica é a sensação de dor ou desconforto percebida de diversas formas, mas com localização na região anterior ou posterior do tórax. ANAMENSE Tipo/localização: Dor retroesternal ou epigástrica do tipo peso, aperto ou queimação; Irradiação/sintomas associados: Irradiação típica para o ombro, mandíbula ou face interna do braço esquerdo assoviados a náuseas, vômitos ou suor frio; Fatores melhora/piora: Melhora em repouso e piora com exercício físico ou estresse. 1. Dor TIPO A: DEFINITIVAMENTE ANGINOSA (3) 2. Dor TIPO B: PROVAVELMENTE ANGINOSA (2) 3. Dor TIPO C: PROVAVELMENTE NÃO ANGINOSA (1) 4. Dor TIPO D: DEFINITIVAMENTE NÃO ANGINOSA Equivalentes anginosos: dispneia, suor frio, dor epigástrica, sincope/desmaios Idosos, diabéticos, mulheres, obesos, transplantados. EXAME FÍSICO Maioria dos casos Normal Sinais de instabilidade Buscar diagnósticos diferenciais: • Simetria de pulso e pressão • Sopros • Atrito pericárdico ELETROCARDIOGRAMA Primeiro ECG: para todo paciente que chegar relatando dor torácica (meta < 10 minutos) ECG de 12 derivações seriado: em todos os pacientes que permanecem sintomáticos; Buscar alterações ST-T • Supra Inferior V3R, V4R, V7, V8. • DOR TIPO A + ECG NORMAL V7, V8 MARCADORES DE NECROSE MIOCÁRDICA Importância não só no diagnóstico como também no prognóstico da síndrome coronariana aguda; As troponinas são os marcadores de necrose miocárdica recomendados para o diagnóstico da SCA (ELEVAÇÕES > 5XVR VALOR PREDITIVO POSITIVO >90% PARA IAM) Se a Troponina Ultrassensível estiver disponível, nenhum outro marcador deve ser solicitado. Admissão: Troponina (ultrassensível) para os tipos de dor torácica (Dor Tipo A, B e C). 3ª hora: Troponina para pacientes com dor torácica (Dor Tipo A, B e C). 6ª hora: (Opcional) Troponina para pacientes com dor torácica (Dor Tipo A, B e C). Obs: Algumas situações, que não a doença arterial coronariana, podem elevar os valores de Troponina como: miocardite, pericardite (miopericardite), cardiopatia de Takotsubo, insuficiência cardíaca, embolia pulmonar e choque séptico. EXAMES COMPLEMENTARES • RX DE TÓRAX: na admissão de todos os pacientes com dor torácica (Dor Tipo A, B e C) e casos selecionados do Tipo D; • CATETERISMO CARDÍACO: está indicada em casos de pacientes com SCA sem supra de ST com angina refratária ou instabilidade hemodinâmica ou elétrica; • ECOCARDIOGRAMA: para pacientes com dor definitivamente anginosa e provavelmente anginosa (Dor Tipo A e B); e, como opção a ser considerada, nos casos de dor provavelmente não anginosa (Dor Tipo C). • ANGIO TC DE CORONÁRIAS: para pacientes com dor provavelmente anginosa ou não anginosa conforme enzimas cardíacas seriadas • ANGIO TC DE AORTA: para pacientes selecionados conforme características clínicas e suspeita de dissecção aórtica. • ANGIO TC DE ARTÉRIAS PULMONARES: para pacientes selecionados conforme características clínicas e suspeita de embolia pulmonar após Dímero-D; 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA A dissecção aórtica aguda é definida como a ruptura da camada íntima, resultando na separação das camadas da parede da artéria (íntima e média) e na consequente formação de uma falsa luz, que pode ou não se comunicar com a luz verdadeira. CLASSIFICAÇÃO Stanford - Tipo A: dissecções que envolvem a aorta ascendente; - Tipo B: dissecções que não envolvem a aorta ascendente (acometimento apenas da aorta descendente após a emergência da artéria subclávia esquerda); DeBakey - Tipo 1: origem na aorta ascendente estendendo-se até a aorta descendente. - Tipo 2: confinada à aorta ascendente - Tipo 3: origem na aorta descendente com extensão distal e, raramente, retrograda, podendo atingir a ascendente. - Tipo 3a: limitada à aorta torácica; - Tipo 3b: extensão abaixo do diafragma. FISIOPATOLOGIA Acredita-se que inúmeros fatores genéticos e adquiridos sejam responsáveis pelo desenvolvimento da degeneração da camada média da aorta. Os fatores de risco mais associados são: • Idade avançada, • Hipertensão arterial (presente em até 80% dos casos) • Doença aterosclerótica • Cirurgia cardíaca prévia (principalmente reparo aórtico) • Antecedente de dissecção. O local mais comum de dissecção é a aorta torácica ascendente (65%), seguido da porção descendente (20%), arco aórtico (10%) e aorta abdominal (5%). Obs: Cuidado para não se confundir quando o assunto abordado é a relação entre o aneurisma de aorta e a dissecção. O aneurisma pode estar presente antes da dissecção; porém, para o desenvolvimento de disseção, é necessária a presença de degeneração da camada média. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA • Dor torácica severa e aguda (“lacerante”); • Irradiação para o dorso, pescoço ou braço; • Pode apresentar sincope e sinais neurológicos focais; • Assimetria de pulsos e diferença de pressão arterial entre os membros superiores. 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 • Sopro de insuficiência aórtica aguda (diastólico) Dissecção Tipo B: irradiação em sentido caudal (em direção à extremidade inferior). Como a dissecção acomete a aorta descendente, a isquemia de órgãos (baço, rim, mesentérica) e dos membros inferiores pode estar presente EXAMES COMPLEMENTARES O diagnóstico baseia-se principalmente nos achados clínicos! O principal objetivo dos exames complementares é confirmar rapidamente o diagnóstico, além de determinar a classificação da dissecção. 1. EXAMES LABORATORIAIS Elevação súbita e acentuada do D-dímero (>500ng/dL); Portanto, valores de D-dímero < 500 ng/dL praticamente excluem o diagnóstico de dissecção de aorta. 2. ECG Na maior parte dos casos de dissecção, o ECG é normal ou apresenta alterações inespecíficas do segmento ST e da onda T. 3. RAIOX DE TÓRAX Alargamento de mediastino, derrame pleural perda do contorno aórtico, calcificação, opacificação da janela aórtico-pulmonar. 4. ECOCARDIOGRAMA TRANSESOFÂGICO É o exame preferível nos pacientes hemodinamicamente instáveis. 5. ANGIORESSONÃNCIA Preferível nos pacientes hemodinamicamente estáveis, apesar de ser o método de imagem não invasivo com maior acurácia, é pouco utilizado na prática. 6. ANGIOTOMOGRAFIA DE AORTA Exame de rápida execução e disponível em vários hospitais, o que confere vantagem na emergência. 7. ARTERIOGRAFIA Método invasivo que envolve injeção de contraste no interior da aorta. Atualmente seu uso está restrito para casos inconclusivos. TRATAMENTO Assim que levantada a hipótese, o paciente deve ser transferido imediatamente para UTI para iniciar o MOV. O tratamento inicial envolve controle da dor, da frequência cardíaca (FC) e da pressão arterial (PA). CONTROLE DA DOR; Morfina 10mg/ml EV Morfina 1 amp + AD 9 ML = 5 ml EV ACM *Cuidado: não fazer se hipotensão ou sinais de choque CONTROLE DA FC E PA: Betabloqueadores: Propanolol, Metoprolol, Esmolol Metoprolol 5mg EV em 5 min (Sem diluir) 10/10’ (máx 20mg) Objetivo: FC <60 bpm Nitroprussiato após o betabloqueio adequado (FC <60) NPS 50 mg (1 amp) + 250 ml SG 5% BIC 5 ml/h Objetivo: PAS de 100 a 120mmHg na 1ª hora. O NPS só deve ser administrado depois do BB pois como ele tem uma ação preferencialmente arterial, reduz de forma rápida a PA. E quando a pressão é reduzida, a resposta fisiológica do organismo na tentativa de manter o DC é elevar a FC, agravando a dissecção. 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 • TRATAMENTO DA DISSECÇÃO AÓRTICA TIPO A: sempre cirúrgico! • TRATAMENTO DA DISSECÇÃO AÓRTICA TIPO B: A princípio deve ser clinico, com abordagem endovascular em umsegundo momento. PERICARDITE AGUDA Sintomas e/ou sinais resultantes de inflamação do pericárdio que ocorrem em até 4-6 semanas, causada principalmente por etiologia viral. QUADRO CLÍNICO Pródromos virais: febre, mialgia, mal-estar, cefaleia, coriza, cefaleia, tosse, diarreia. • Dor torácica pleurítica, forte intensidade, que piora com a inspiração. • Irradia para o pescoço e trapézio; • Dor que alivia com a inclinação (prece maometona); • Atrito pericárdico EXAMES COMPLEMENTARES • ECG: supra de ST difuso, podendo poupar V1 e aVR, associado a um infra de PR. • ECO: pode mostrar presença de derrame pericárdico, sinais de tamponamento e alterações da contratilidade cardíaca. • LABORATÓRIO: leucócitos, VHS e PCR elevados. Troponina elevada sugere comprometimento do miocárdio (miopericardite); CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS TRATAMENTO 1º: AINES (Ibuprofeno, AAS, Indometacina) – 1 a 2 semanas; 2º: Colchicina (reduz efeitos colaterais dos AINES – 3 a 6 meses); 3º Corticoesteróides (casos refratários) - Aumentam as recidivas se usadas em pericardites virais como primeira opção. A dose inicial de prednisona é de 0,2-0,5mg/kg. 4º Imunossupressores: (pericardite incessante) PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO O termo pneumotórax refere-se à presença anormal de gás no espaço pleural, entre os pulmões e a parede torácica. É chamado de espontâneo aquele pneumotórax sem etiologia óbvia, como trauma ou causas iatrogênicas. O pneumotórax espontâneo pode ser subdividido em: Primário (sem doença de base) ou Secundário (com doença de base); O paciente característico da doença é do sexo masculino, jovem e longilíneo! QUADRO CLÍNICO • Dispneia aguda • Dor torácica pleurítica • Geralmente o pneumotórax é unilateral e a dor é ipsilateral à doença. 5 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 • MV e FTV abolidos; Timpanismo presente; Uma complicação extremamente temida é o pneumotórax hipertensivo. EXAMES COMPLEMENTARES • RX DE TÓRAX: presença de uma linha de pleura visceral como interface entre pulmão e ar no espaço pleural. Ausência de trama vasobrônquica na topografia do pneumotórax; • TC DE TÓRAX: é mais sensível e deve ser reservada para pacientes com diagnósticos inconclusivos. • USG DE TÓRAX: podemos observar o lung point – transição entre o pulmão sem o pneumotórax e a perda de deslizamento pleural e o sinal da estratosfera ou código de barras que é sugestivo de pneumotórax. TRATAMENTO O principal objetivo no tratamento do pneumotórax é evacuar o gás presente no espaço pleural e prevenir recorrência; O primeiro passo é a avaliação da presença ou ausência de estabilidade clínica e, caso haja, do tamanho do pneumotórax; • Pacientes instáveis drenagem pleural fechada. • Pacientes estáveis avaliar tamanho do pneumotórax.